Objetivo Pedagógico e Metas de Ensino de uma Escola Waldorf - Tobias Richter TRABALHOS MANUAIS 9º AO 11º ANO ASPECTOS PRINCIPAIS E METAS PEDAGÓGICAS GERAIS O ensino de trabalhos manuais no ensino médio se baseia nas capacidades que os alunos vêm adquirindo desde o primeiro ano escolar, principalmente no contato com produtos têxteis. Nas épocas de cestaria e de artesanato têxtil, os alunos percorrem duas áreas que exigem, em escala crescente, criatividade individual, de um lado, e traba-lho preciso, de outro, passando de um material mole e flexível para outro resistente e duro. Assim, os alunos estão sujeitos a três exigências: os movimentos precisam ter sentido e devem ser executados com habilidade; é preciso desenvolver gosto individual e criatividade na confecção dos objetos de uso prático; cada fase da produção precisa ser permeada pelo pensar. A imaginação e a mobilidade intelectual são treinadas e sujeitas à verificação pela realidade. O trabalho com lã, linha, pano, junco ou papel (papelão) tem, desde o início, caráter artesanal. Todos os principais objetos, por mais simples que sejam, são destinado ao uso diário. A relação entre cada atividade e a vida humana precisa estar evidente. Mostrando o mundo do trabalho, as tecnologias, o ensino deve abrir a visão para as condições materiais, para as relações recíprocas entre função, material e forma, e para os problemas das relações entre homem, máquina, produção, economia e ecologia. Lidando, em teoria e na prática, com o material, é necessário que se desenvolvam a capacidade do pensar técnico, da compreensão dos processos vitais na natureza, de inventar, planejar e organizar e de uma atitude crítica em relação ao consumo. Este lidar com o material também deve contribuir para o desenvolvimento pessoal, os conhecimentos técnicos e a orientação profissional. A partir do 9 ano, as matérias artesanais são geralmente ministradas em épocas, e diferem de acordo com a localização e o enfoque da escola. A partir do 11 ano, o ensino da cartonagem leva à encadernação. Em todas as atividades, a meta é: Precisão no planejamento, no trabalho e no controle Isso se aspira sob dois aspectos: por um lado, a forma precisa atender à função desejada e estar em harmonia com todos os sentidos do homem, por outro, na execução artesanal e técnica, isto é,. na medida certa, na escolha do processo mais racional e na execução de acordo com o material empregado.
9 ANO - CESTARIA De acordo com o desenvolvimento físico dos alunos (a estatura final foi, via de regra, atingida), a postura interna (verticalidade, resistência) é favorecida, na altura e largura, pela confecção de um cesto. Vivência do sentido do tato. Conhecimento dos materiais e das ferramentas. Algumas técnicas elementares: Tipos de fundo, formar uma estacada, arremate das bordas. Confecção livre de um cesto com escolha livre das técnicas de acordo com o uso final e com a harmonia. Exercícios de imaginação: Seguir um ou mais fios trançados, em combinações simples ou complicadas. Esboços. Descrição do próprio trabalho. Costura - Critérios e princípios gerais de ensino: O aluno vem a conhecer a necessidade de calcular e confeccionar um objeto com exatidão. Ele descobre várias regularidades, relativas a números e medidas, e desenvolve uma compreensão para o trabalho e para as capacidades de outras pessoas (daquelas, por exemplo, que produzem o seu próprio seu vestuário). Diferenças entre costura sob medida e confecção. Eventualmente, se possível, visita a uma fábrica. Tomar as medidas (conhecimento do próprio corpo). Desenvolver o molde, alterar o molde. Escolha de material: qualidade, tipo de tecido, estrutura. Cortar, alinhavar, alfinetar, provar, costurar. Arrematar: fechos, barras, aplicações, decotes. Conhecer a máquina de costura elétrica. Casinha à mão e à máquina. Criatividade útil: Forma, cores, combinação de cores. Confecção de uma ou várias peças.
10º ANO FIAÇÃO Os alunos devem conhecer a evolução da humanidade desde a antigüidade até a industrialização do ramo têxtil. (Isso explica que, ao rigor, essa matéria faz parte do ramo da Tecnologia.) É particularmente importante a coordenação dos movimentos da mão e do pé, que, portanto, deve ser bastante treinada. (Cf. M. Karutz, "Zur Lebenskun-de", ///, Die Spinnepoche, Stuttgart 1992) Preparação do material desde a: Limpeza até a tintura da lã ou seda. Conhecer os materiais. Criação individual. Transformação das fibras com fuso e roca. Montagem de uma roca. Fiação da linha para um produto. Vários tipos de lã, seda; vivenciar as propriedades dos materiais. Vários tipos de criação. Determinar, às vezes, a grossura do fio. Evolução da roca à máquina de fia, visita a museus A fiação. Eventualmente: tecer (senão 11 ano). BATIQUE, PINTURA EM SEDA OU OUTROS TRABALHOS TÊXTEIS Trabalho artístico livre, sempre considerando o uso prático. É importante ter uma idéia clara da pessoa ou do ambiente para os quais uma peça for produzida, p. ex., temperamento, idade ou estilo.molde, cor, forma, técnica etc. devem ser escolhidos de acordo. Preparo do material. Preparo das cores. Apresentação das fases de produção. Diversas técnicas. Criação, esboço.
Execução técnica de: panos, xales, almofadas, cobertores, cortinas, peças de vestuário etc. 11 ANO TECELAGEM A tecelagem representa uma combinação das aulas de Trabalhos Manuais e de Tecnologia. Neste sentido, conhecimentos sobre a evolução histórica da tecelagem também deveriam ser transmitidos. Convém planejar uma grande variedade de tipos de tecidos, de acordo com a capacidade dos alunos. Do pano fino ou xale, via peças de vestuário maiores - e almofadas, cobertores, tapetes etc., até a produção de gobelinos. (Também possível no 10 ano vide "Tecnologia" - se o assunto principal for "Encadernação e Cartonagem".) Os elementos da tecelagem A combinação de trama e urdidura. As ligações fundamentais. Conhecer vários tipos de teares. Projeto de um tecido próprio. Calcular: comprimento das tramas número das tramas quantidade de linha para o tecido. Trabalho no tear: Colocação dos fios. Passar as tramas (com ajuda de outros). Tecer em teares de duas ou quatro hastes. Confeccionar um pano. Eventualmente: Visita a uma tecelagem manual. CARTONAGEM E ENCADERNAÇÃO (TAMBÉM POSSÍVEL NO 12 ANO) Essas duas épocas, cartonagem e encadernação, são inter-relacionadas. Conhecer os novos materiais e aprender a perceber e diferenciar as suas qualidades leva a uma refinação dos sentidos e do julgamento. (Qualidades: p. ex. som, cor, aspereza, cheiro, elasticidade, toque). A técnica severa da encadernação, com suas operações interdependentes, exige e desenvolve a disciplina no pensar e no agir. Ela oferece ao aluno a
oportunidade de ter presente, diante de si, todos os passos de uma seqüência evolutiva, e de acompanhálos para frente e para trás, de controlá-los e melhorá-los. Nenhum passo pode ser dado se o anterior não tiver sido bem dado. O aluno deduz da própria seqüência as leis que levam às várias fases do processo de produção. Cartonagem: Manuseio dos novos materiais: papel, papelão, tecido, couro como cobertura, colas. Durante os trabalhos práticos, o aluno vem a conhecer as ferramentas, aparelhos e máquinas necessários (prensas, cortadeiras etc.). Os vários processos são estruturados de acordo com um modelo, ou de acordo com idéias do próprio aluno: Molduras, suportes para escrever, pastas, caixinhas e álbuns. Encadernação: "Do papel ao livro perfeito" (em caso ideal inclusive o corte dourado) Processamento das folhas impressas ou manuscritas, inclusive a dobradura. Brochar até a fita de papelão. Tomo em linho. Tomo em semicouro, em couro, em pergaminho. O conteúdo do livro é decisivo para a escolha da técnica e do material da encadernação, bem como para seu aspecto artístico. Considerações relativas ao material acompanham o trabalho.