Cassiano Martins 2, Juliano Ibaldo 2, Thiago Klaus 2 e Ana Paula Schwarz 3 RESUMO ABSTRACT

Documentos relacionados
Espalhamento e Atenuação de Feixes de Raios X Utilizados em Radiologia Odontológica

Condições de radiação em tomografia computadorizada para laboratórios sem o feixe padrão em radiologia diagnóstica convencional

2242, Cidade Universitária São Paulo SP Brasil. Palavras-chave: Tomografia Computadorizada; Sistema Tandem; CSR.

DETERMINAÇÃO DE CAMADAS SEMI-REDUTORAS EM FEIXES DE RADIAÇÃO X BASEADOS NA NORMA IEC 61267

Condições de radiação em tomografia computadorizada (TC): determinação e calibração de dosímetros

Produção e qualidade dos raios X - Parte 2. FÍSICA DAS RADIAÇÕES I Paulo R. Costa

CAMADAS SEMIRREDUTORAS DE RAIOS-X DE BAIXA ENERGIA: MEDIDAS COM CÂMARA DE EXTRAPOLAÇÃO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE O RIPPLE MEDIDO EM UM EQUIPAMENTO DE RAIOS X E O RIPPLE CALCULADO

Metodologia para determinação do KVp em radiologia odontológica periapical.

Caracterização e Implantação de Qualidades de Radiação Padronizadas - NBR IEC em um Irradiador de Animais

CONTROLE DE QUALIDADE DE CÂMARAS DE IONIZAÇÃO PLANAS UTILIZADAS COMO CÂMARAS MONITORAS EM FEIXES DE RADIODIAGÓSTICO

Determinação das condições de radiação em tomografia computadorizada (TC) para calibração de dosímetros

Procedimento para Avaliação da Radiação de Fuga. Professora Edna Carla da Silva

Equipamentos geradores de radiação para radioterapia

PLANO DE TRABALHO TECNOLOGIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

Tomografia Computadorizada

Comparação entre métodos de calibração de câmaras de ionização tipo lápis na grandeza P KL

Aplicação do material gesso como blindagem contra radiação X de baixas energias na área de radiodiagnóstico

Marcos A G Albuquerque Laboratório de Ciências Radiológicas, UERJ, Rio de Janeiro

Calibração de câmaras utilizadas em radiodiagnóstico para feixes de raios-x de baixa energia.

09 - ATENUAÇÃO DE RAIOS X COM BLINDAGEM DE POLIMETILMETACRILATO-PMMA E ALUMINIO - 03

FÍSICA MÉDICA PROVA TEÓRICO-PRÁTICO Situação/Cenário Clínico

FÍSICA DAS RADIAÇÕES 2

Programa de Residência em Área Profissional de Saúde Física Médica Física do Radiodiagnóstico

PLANO DE TRABALHO TECNOLOGIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

PLANO DE TRABALHO TECNOLOGIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

Análise dos efeitos da filtração adicional em feixes de raios X a partir dos cálculos de energia média por fóton em espectros de raios X

Aplicações médicas dos Raios-X

ESTUDO DA ATENUAÇÃO DE RAIOS X MÉDICOS COM BLINDAGEM DE CHUMBO E ALUMINIO

PLANO DE TRABALHO TECNOLOGIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

Protocolo técnico da comparação bilateral em Radiologia Diagnóstica: Parte 2.

Pequenas diferenças de atenuação dos tecidos mamários requerem o uso de equipamentos e técnicas especiais para detecção do câncer de mama

Impacto da pureza dos filtros de alumínio no valor de Camada Semi-Redutora em radiologia convencional e mamografia

CALIBRAÇÃO DE UMA CÂMARA DE EXTRAPOLAÇÃO PTW EM DOIS SISTEMAS PADRÕES SECUNDÁRIOS, COM FONTES DE 90 Sr+ 90 Y

Determinação do fator de correção para atenuação no ar para uma câmara de ionização de ar livre

Padronização de feixes de raios-x para uso em radiologia odontológica

Conhecimento da Potência de um Equipamento de Raios X

MÉTODO SIMPLIFICADO DE DETERMINAÇÃO DE ENERGIA EFETIVA DE FEIXES DE RADlAçÃQ-X. por

FÍSICA DAS RADIAÇÕES 2

A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DE QUALIDADE EM SERVIÇOS DE HEMODINÂMICA E CARDIOLOGIA INTERVENCIONISTA*

SISTEMAS DE IMAGEM MÉDICA

Radio 2011 Análise do Espectro de Energias de Radiações X de Referência Ajustadas para a mesma Camada Semirredutora

Introd. Física Médica

Estudo comparativo entre curvas de rendimento do tubo de raios-x industrial e médico utilizando o software CALDose_X

CURVAS DE SATURAÇÃO DE CÂMARAS DE IONIZAÇÃO TANDEM PARA A MEDIDA DE Hp(10)

Palavras-chave: Mamógrafo, DEP, mas e rendimento.

POR QUE SÃO IMPORTANTES AS MEDIÇÕES DE CONTROLE DE QUALIDADE EM EQUIPAMENTOS DE RAIOS X?

Estimativa de Dose Absorvida pelo Paciente relacionada à Anatomia Irradiada

Artigo Original. Josilene C. Santos 1 ; Alejandro H.L. Gonzales 1 ; Ricardo A. Terini 1 ; Paulo R. Costa 1

Teste de aceite de um activímetro a ser usado como referência na implantação de uma nova metodologia de calibração

INFLUÊNCIA DA METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DA CAMADA SEMI-REDUTORA EM RADIOLOGIA DIAGNÓSTICA*

Produção e qualidade dos raios X - Parte 1. FÍSICA DAS RADIAÇÕES I Paulo R. Costa

CONTROLE DE QUALIDADE EM EQUIPAMENTO DE MAMOGRAFIA

SEL PRINCÍPIOS FÍSICOS DE FORMAÇÃO DE IMAGENS MÉDICAS. Prof. Homero Schiabel

Técnicas de Imagiologia. Raios X. Patrícia Figueiredo IST, 1 o Semestre

Análise da dose de entrada na pele em mamografia no Norte do Rio Grande do Sul e Região Metropolitana do Rio de Janeiro

Estudo da distribuição de dose equivalente em órgãos e tecidos em procedimento de radiografia odontológica periapical.

Comparação de calibrações de câmaras de ionização para mamografia nas qualidades W/Mo e W/Al.

RELAÇÃO ENTRE A ESTIMATIVA DE DOSE DE RADIAÇÃO EM PACIENTES SUBMETIDOS A EXAMES DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DO ABDÔMEN E O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL

PRODUÇÃO DE RAIOS X. Produção de raios X Tubo de raios X. Produção de raio x Tubo de raios X

Dosimetria em TC com TLD e Câmaras de Ionização

Avaliação da eficiência de diferentes métodos de dosimetria pessoal em radiologia intervencionista vascular

Confiabilidade metrológica do procedimento de calibração em termos de kerma no ar com a câmara de ionização NE2575

Análise dos dados obtidos com uma Câmara de Ionização de Ar Livre Natália Fiorini da Silva

SIMULAÇÃO POR MONTE CARLO DOS FEIXES DE 6 E 15 MV DO CLINAC 2100 UTILIZANDO O CÓDIGO MCNP 4B

ANÁLISE DA VERACIDADE E REPETIBILIDADE DO TEMPO DE EXPOSIÇÃO EM EQUIPAMENTOS DE RAIOS X

Estudo de doses glandulares médias e na entrada da pele em mamógrafos na cidade de São Paulo Tânia A. C. Furquim

AVALIAÇÃO DA DOSE GLANDULAR MÉDIA EM FUNÇÃO DA ESPESSURA DA MAMA

VISA/MJM/2611/2009 RELATÓRIO DE LEVANTAMENTO RADIOMÉTRICO

APERFEIÇOAMENTO DE UM PROGRAMA DE CONTROLE DE QUALIDADE DO PATIENT DOSE CALIBRATOR DE ACORDO COM A NORMA IEC 60580

Dosimetria e Proteção Radiológica

Mapeamento de curvas de isoexposição geradas por equipamentos de radiodiagnostico móveis convencionais e dose em pacientes hospitalizados

FORMULAÇÃO DE UM COMPOSTO CERÂMICO DE REVESTIMENTO PARA PROTEÇÃO RADIOLÓGICA: RESULTADOS PRELIMINARES

OTIMIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE EXPOSIÇÃO EM RADIOLOGIA CONVENCIONAL 1 EXPOSURE OPTIMIZATION TECHNIQUES IN CONVENTIONAL RADIOLOGY

Desenvolvimento de um dispositivo artesanal para os testes de colimação e alinhamento do raio central em equipamentos médicos de raios X

Avaliação dos valores de taxa de kerma no ar dos sistemas de radiação X utilizados na calibração de instrumentos de medida em radiodiagnóstico

FÍSICA DAS RADIAÇÕES. Prof. Emerson Siraqui

DOSE EFETIVA E RISCO DE CÂNCER EM EXAMES DE PET/CT

CALIBRAÇÃO DE INSTRUMENTOS MEDIDORES DE RADIAÇÃO

Otimização da dose e da qualidade da imagem em mamografia digital

UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES SIMULADORES NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA IMAGEM EM MAMOGRAFIA DIGITAL

Dosimetria do paciente em radiodiagnóstico

DETECTORES DE RADIAÇÃO

fig. I Base Móvel opcional para o item 9 da fig. A

Base Móvel opcional para o item 9 da fig. A. fig. I

AVALIAÇÃO DA VARIAÇÃO DA TENSÃO (kv) NA DOSE ABSORVIDA EM VARREDURAS DE TC TORAX

CONTROLE DA QUALIDADE EM MAMOGRAFIA

TOMOSSÍNTESE MAMÁRIA. Tomossíntese Mamária. Tomossíntese

JORNADA GAUCHA DE RADIOLOGIA. Renato Dimenstein ABFM 026 /CNEN 004

Controle de Qualidade de Imagens Radiográficas Através da Simulação Computacional

Capítulo 9 Produção de Raios X e Qualidade

Alejandro H.L. Gonzales 1, Josilene C. Santos 1, Paulo R. Costa 1

Estudo da influência do espectro de cargas de trabalho no cálculo de blindagem em salas de radiologia convencional

PLANO DE TRABALHO: RADIOBIOLOGIA E RADIOPROTEÇÃO

Utilização de fototransistores SMT para dosimetria em tomografia computadorizada

CONTROLE DE QUALIDADE DE IMAGENS RADIOGRÁFICAS 1 QUALITY CONTROL OF RADIOGRAPHIC IMAGES

Índice da qualidade em tomografia computadorizada. Quality index on computed tomography. P C B Travassos 1,2, L A G Magalhães 1, J G P Peixoto 2

Rua Cobre, Bairro Cruzeiro Belo Horizonte/MG RESUMO

Transcrição:

Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 12, n. 1, p. 11-18, 2011. 11 ISSN 1981-2841 COMPARAÇÃO DA ATENUAÇÃO DO FEIXE DE RAIOS-X COM ESPESSURAS VARIADAS DE ALUMINÍO NACIONAL E ALUMÍNIO USADO EM CONTROLE DE QUALIDADE 1 COMPARISON OF ATTENUATION OF X-RAY BEAM WITH VARIOUS THICKNESSES OF NATIONAL ALUMINIUM AND ALUMINUM USED IN QUALITY CONTROL Cassiano Martins 2, Juliano Ibaldo 2, Thiago Klaus 2 e Ana Paula Schwarz 3 RESUMO Neste trabalho, apresentamos as características de atenuação de um conjunto de placas de alumínio de fabricação nacional. Em feixes de raios-x experimentais produzidos por um equipamento clínico com alvo de tungstênio. Para qualificar o feixe, foram utilizadas as energias 80, 90 e 100 kv. O filtro metálico é um componente vital para a qualidade do feixe de raios-x em radiodiagnóstico, geralmente de alumínio com 1 a 3 mm de espessura. A finalidade desses filtros é reduzir o número de raios-x de baixa energia que chegam ao paciente pois não contribuem com a qualidade diagnóstica, sendo absorvidos pelos tecidos superficiais, submetendo o paciente a uma dose desnecessária de radiação. As normalizações exigem que qualquer equipamento de raios-x tenha uma filtração mínima de 2,5 mm, e 0,5 mm de alumínio para mamografia. Quando comparados filtros de alumínio nacional e filtros de alumínio puro utilizados em controle de qualidade (CQ) resultou praticamente numa mesma curva de atenuação. Palavras-chave: filtragem inerente, filtro de raio-x, filtros de alumínio. ABSTRACT In this work it is presented the attenuation characteristics of a set of aluminum plates, national manufacturing. The x-ray beams were produced by a medical equipment with tungsten target, the energy used to describe the beam were 80, 90 e 100 kv. 1 Trabalho de Iniciação Científica - UNIFRA. 2 Curso de Física Médica - UNIFRA. 3 Orientadora - UNIFRA.

12 Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 12, n. 1, p. 11-18, 2011. An important component to the quality of the x-ray beam used in radiology is a metal filter, usually aluminum from 1 to 3mm thick. The purpose of these filters is to reduce the number of x-rays of low energy that reach the patient because they do not contribute to the diagnostic quality; they are absorbed by superficial tissues exposing the patient to an unnecessary dose of radiation. The normalizations require any x-ray equipment to have a minimum filtration of 2,5 mm, and 0,5 mm Aluminum for a mammography. In this work were compared national aluminum filters, and pure aluminum used in quality control (QC). The comparison of national aluminum with the QC, resulted in virtually the same attenuation curve. Keywords: inherent filtration, x-ray filter, aluminum filters. INTRODUÇÃO Os raios-x têm aplicação em diversas áreas. Na medicina, desde a grande descoberta por Roentgen em 1895, vem mostrando cada vez mais valor no diagnóstico, seja em uma pequena clínica no interior, em um pronto atendimento municipal ou no setor de radiologia de um hospital. Cada vez mais os médicos se baseiam no diagnóstico por imagem, seja uma simples radiografia de tórax, uma mamografia de rotina ou até mesmo uma tomografia computadorizada (CT) (BUSHONG, 1993). Componentes importantes para a qualidade do feixe de um equipamento de raios-x são os filtros metálicos, geralmente de alumínio (Al), de um a três mm de espessura colocados no feixe útil. O cálculo da menor exposição necessita conhecer o filtro semirredutor, conhecido como camada Semirredutora (CSR ou HVL - half-value layer) que define a qualidade do feixe de raios-x. A avaliação do HVL é anual (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2005) e faz parte de um conjunto de testes de controle de qualidade (QC) desenvolvidos em protocolos de controle de qualidade para radiografias e outras modalidades de diagnóstico por imagem. Quando se coloca o filtro adicional no feixe útil de raios-x, se reduz à dose ainda mais no paciente em função da filtração que retira os fótons de baixa energia (CURRY III; DOWDEY; MURRY, 1990, p. 89). Os filtros são estruturas lisas metálicas, geralmente alumínio (Al) ou Cobre (Cu), colocadas diante de um feixe de raios-x para que fótons de baixa energia sejam retirados do espectro que não contribuem com a produção da imagem, reduzindo consideravelmente a dose

Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 12, n. 1, p. 11-18, 2011. 13 de entrada na pele (DEP). Provavelmente o fator mais importante na proteção do paciente em um equipamento de raios-x seja a filtração. As normalizações exigem que todos os equipamentos de raios-x tenham uma filtração mínima equivalente a 2,5 mm de Al e 0,5 mm de Al nos equipamentos de mamografia (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 1998). Neste trabalho, adicionaram-se filtros de alumínio nacional no intuito de compará-los com filtros puros de alumínio utilizado em controle de qualidade. METODOLOGIA Para comparação de filtros, para controle de qualidade, os seguintes equipamentos e materiais (Tabelas 1 e 2) foram utilizados nos procedimentos experimentais. Tabela 1 - Equipamentos utilizados na realização dos procedimentos experimentais e suas características. Equipamento Raios-x clínico Gerador Câmara de ionização Características Marca/Modelo Intecal/MAAF Faixa de tensão: 40 130 kv mas: 1 400 ma: 50 300 Anodo Tungstênio (W) Baixa frequência Marca Radcal Modelo 9015 Volume sensível 6 cm 3 Tabela 2 - Materiais utilizados para a realização dos procedimentos experimentais. Equipamento Placas de Alumínio Nacional Placas de Alumínio kvp meter Características Espessuras: 0,5; 1,0; 2,0; 2,5; 3,0; 3,5; 4,0; 4,5; 5,0; 5,5; 6,0; 6,5 mm Al Área: 10 cm x 10 cm Pureza - 99,99% Espessuras: 0,5; 1.0; 1,5; 2,0 2,5; 3,0; 3,5; 4,0; 4,5; 5,0; 5,5; 6,0; 6,5 mm Al Área: 10 cm x 10 cm Marca Radcal Modelo 4082

14 Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 12, n. 1, p. 11-18, 2011. CARACTERIZAÇÃO DO FEIXE DE RAIOS-X Os feixes de raios-x emitidos pelo equipamento clínico descrito na tabela 1 foram caracterizados por meio da determinação da camada semirredutora e da tensão aplicada ao tubo de raios-x. A camada semiredutora foi determinada seguindo as recomendações estabelecidas pelas normas técnicas (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2005). As placas de alumínio foram fixadas a uma distância de 30 cm do ponto focal e a câmara de ionização a 60 cm de distância do ponto focal do equipamento de raios-x. Foram realizadas leituras de kerma no ar sem as placas de alumínio e posteriormente foram adicionadas as placas de alumínio. Os valores de camada semirredutora foram determinados para os valores nominais de tensão de 80, 90 e 100 kv usando-se uma corrente de 200 ma e 20 mas. Os valores de camada semirredutora (CSR) foram calculados de acordo com a expressão a seguir (Equação 1): leitura L o foi obtida a partir da média das leituras medidas sem as placas de Al, assim foi calculado a CSR. (1) em que, L o é a leitura da exposição sem placas de alumínio; L a a leitura de exposição imediatamente superior a L o /2; L b é igual a leitura de exposição imediatamente menor a L o /2; x a representa a espessura de Al correspondente à leitura L a ; x b representa a espessura de Al correspondente à leitura L b. Os valores de tensão aplicados ao tubo de raios-x foram determinados seguindo as recomendações estabelecidas pelas normas técnicas (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2005). Para esse procedimento o kvp meter foi posicionado a uma distância de 1,0m do ponto focal. Os desvios entre os valores nominais e os valores experimentais foram calculados utilizando-se a seguinte relação: d(%) = 100 kvp mon kvp médio kvp mon, (2) em que, o termo kvp médio refere-se a média de quatro leituras realizadas para cada valor de tensão e kvp mon corresponde a tensão nominal selecionada no equipamento de raios-x. Assim foi avaliada a curva de atenuação dos raios-x para diferentes

Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 12, n. 1, p. 11-18, 2011. 15 espessuras de alumínio nacional e diferentes espessuras de alumínio usado nos procedimentos de controle de qualidade como é mostrado na figura 1. CURVAS DE ATENUAÇÃO PARA OS DIFERENTES TIPOS DE ALUMÍNIO As curvas de atenuação experimentais para o alumínio foram obtidas posicionando as placas de alumínio a 30 cm de distância do ponto focal do equipamento de raios-x suspensas por tiras de fita adesiva, figura 1(i). Para a realização das medidas do feixe de raios-x transmitidos, foi realizada uma câmara de ionização posicionada a 1 m de distância do ponto focal e a 70 cm das placas de alumínio, figura 1(ii). Os valores de kerma no ar foram obtidos para a tensão de 65 kv, corrente de 200 ma e 25 mas. A primeira exposição foi realizada sem as placas de alumínio. Posteriormente, as placas de alumínio foram adicionadas em incrementos de 0,5 mm. A seguir, a figura do arranjo experimental utilizado para avaliação da HVL e levantamento dos dados da atenuação para os diferentes filtros. a b c (i) Posicionamento das placas. (ii) Posicionamento da câmara de íons. Figura 1 - Arranjo experimental utilizado na avaliação da camada semirredutora (HVL) e levantamento dos dados da atenuação dos raios-x, em que: (a) tubo de raios-x, (b) câmara de ionização, monitor e eletrômetro e (c) fita métrica. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 3, são apresentados os parâmetros que caracterizam os feixes de raios-x experimentais utilizados neste trabalho. A partir da comparação entre os valores de kvp nominais e experimentais é possível verificar uma variação entre 5 e 7%.

16 Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 12, n. 1, p. 11-18, 2011. Tabela 3 - Valores e desvio de kvp nominal e experimental e HVL referente aos feixes não atenuados. kvp Nominal (kv) Kvp experimental (kv) Desvio kvp HVL (mmal) 80 75,58 + 0,015 5,5 2,6 + 0,2 90 85,26 + 0,021 5,3 2,9 + 0,5 100 94,86 + 0,057 5,2 3,2 + 0,8 Na figura 2, mostra-se a atenuação do feixe de raios-x para diferentes tipos e espessuras de alumínio nacional. Assim, essa filtração adicional remove do espectro uma parcela significativa dos fótons de baixa energia. Na figura 3, é apresentada a curva de atenuação para o alumínio utilizado no controle de qualidade. kerma -(mgy) 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 0 1 2 3 4 5 6 7 espessura (mmal) Figura 2 - Atenuação da radiação dos raios-x em função da espessura de alumínio nacional para diferentes tensões de pico. kerma -(mgy) 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 0 1 2 3 4 5 6 7 espessura (mmal) Figura 3 - Atenuação da radiação dos raios-x em função da espessura de alumínio utilizado em controle de qualidade para diferentes tensões de pico.

Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 12, n. 1, p. 11-18, 2011. 17 Na figura 4, são comparadas as duas curvas de atenuação e constata-se que para os diferentes tipos de filtros os resultados da absorção dos raios-x para ambos são praticamente os mesmos. Al nacional Al controle de qualidade Kerma (mgy) Espessura (mma1) Figura 4 - Resultado da sobreposição da curva de atenuação da radiação dos raios-x em função da espessura de alumínio para os dois tipos de alumínio para diferentes tensões de pico. CONCLUSÃO A partir das medidas realizadas no experimento, assim como os dados coletados e comparações feitas entre as curvas de atenuação e camadas semirredutoras, pode-se concluir que o alumínio nacional comparado com o alumínio utilizado no controle de qualidade de clínicas e hospitais apresentou ótima resposta, pois sua curva de atenuação é similar ao alumínio controle. Para trabalhos futuros será importante utilizar os filtros de alumínio nacional para redução de dose em pacientes durante os procedimentos em radiodiagnóstico médico. REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Portaria MS/SVS n 453, de 1 de junho de 1998. Brasília: Diário Oficial da União, 2/6/1998. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Radiodiagnóstico Médico: Segurança e Desempenho de Equipamentos. Brasília, 2005.

18 Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 12, n. 1, p. 11-18, 2011. BUSHONG, S. C. Manual de radiología para tecnólogos. Título original: Radiologic Science for Technologists, 5th edition. Tradução de Diorki Servicios Integrales de Edición. 1. ed. Madri: Mosby/Doyma Libros, 1993. CURRY III, T. S.; DOWDEY, J. E.; MURRY Jr., R. C. Christensen s Physics of Diagnostic Radiology. 4. ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 1990.