COMPORTAMENTO DE LARANJEIRAS- -DOCES NO NORTE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

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Transcrição:

FITOTECNIA COMPORTAMENTO DE LARANJEIRAS- -DOCES NO NORTE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ROSILENE FERREIRA SOUTO (1) ; LUTHERO RIOS ALVARENGA (2) ; MARIA GERALDA VILELA RODRIGUES (3) ; ALMIR PINTO DA CUNHA SOBRINHO (4) e JOÃO LUIZ PALMA MENEGUCCI (5) RESUMO Avaliou-se a altura e diâmetro da copa e a produção de 16 diferentes clones de copas de laranjeiras-doces (Citrus sinensis L. Osbeck), sob regime de irrigação superficial por sulco, na Fazenda Experimental do Gorutuba, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais-EPAMIG, localizada em Nova Porteirinha, região Norte do Estado. Utilizaram-se seis plantas por clone, enxertadas sobre limoeiro Cravo (Citrus limonia Osbeck), em espaçamento de 7 m x 6 m, em solo aluvial. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com quatro repetições. As avaliações de altura e diâmetros longitudinal e transversal da copa foram realizadas semestralmente e as de produção de frutos, anualmente, no período de 94 a 98. Verificou-se a ocorrên- (1) EPAMIG/CTTP, Caixa Postal 351, 380001-970 Uberaba (MG). (2) EPAMIG/SEDE, Caixa Postal 515, 30180-902 Belo Horizonte (MG). (3) EPAMIG/CTNM, Caixa Postal12, 38440-000 Janaúba (MG). (4) Embrapa Mandioca e Fruticultura, Caixa Postal 7, 44380-000 Cruz das Almas (BA). (5) Embrapa Mandioca e Fruticultura lotado na EPAMIG/CTTP, Caixa Postal 351, 380001-970 Uberaba (MG). COMUNICAÇÃO

458 ROSILENE FERREIRA SOUTO et al. cia de alternância da produção. Os clones de Natal foram mais produtivos e o clone Valência CNPMF 27 foi o menos produtivo. Valência, a Pêra E6, e Pêra EEL tiveram os maiores pesos médios de frutos, todos acima de 220 g. Não foi observada diferença estatística significativa, no sexto ano pós-plantio, para diâmetros longitudinal e transversal da copa das cultivares testadas. Valência apresentou a maior altura, 3,95 m, enquanto a Pêra CNPMF E6 ficou com a menor, 2,55 m. Termos de indexação: citros, produção, clones, cultivares SUMMARY PERFORMANCE OF SWEET ORANGES IN THE NORTH OF MINAS GERAIS STATE, BRAZIL Growth and fruit yield of 16 different sweet orange (Citrus sinensis L. Osbeck) varieties under irrigation were evaluated in the North of Minas Gerais State. Six plants of each variety grafted on Rangpur lime (Citrus limonia Osbeck) were planted at 6 x 7 m, and arranged in a randomized block design with four replications. Height and diameter of tree canopy were evaluated every semester and the production once a year, during 1994-1998. Alternate fruit bearing was observed for citrus trees. The clone of Natal showed the highest fruit yield, meanwhile the Valência CNPMF 27 clone showed the lowest yield. The clone of Valência, Pêra E6 and Pêra EEL presented the highest mean fruit weight, which was > 220 g. There was not a statistical difference for longitudinal and transversal diameter of tree canopies when the plants were six-year-old. Tree height was greatest for Valência (3.95 m), and least for Pêra CNPMF E6 (2.55 m). Index terms: citrus, orange tree, production, clones, cultivars.

COMPORTAMENTO DE LARANJEIRAS DOCES NO NORTE... 459 1. INTRODUÇÃO O Brasil é o maior produtor mundial de laranjas, com, aproximadamente, 22,7 milhões de toneladas produzidas em 1999, correspondendo a 35% do total mundial (FAOSTAT. AGRICULTURE PRODUCTION..., 2000). Apesar da sua magnitude, a citricultura nacional baseia-se em um restrito número de cultivares. Isso obriga a ampliação da base genética dos pomares de citros, bem como a obtenção de novos cultivares (PAS- SOS et al., 1997; TEÓFILO SOBRINHO et al., 1992). Além dessa estreita base genética dos pomares cítricos, outro empecilho é a concentração das áreas de cultivo em regiões tradicionalmente produtoras de citros (PASSOS et al., 1997). Uma das principais metas do melhoramento cítrico é a busca de variedades e clones produtivos e, para isso, é necessário o estudo do comportamento desse material em diferentes localidades (DOMINGUES et al., 1999). Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento vegetativo e a produção de diferentes clones de variedades de laranjeiras doces, sob regime de irrigação superficial por sulco, durante oito anos. 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado em 1991, na Fazenda Experimental do Gorutuba (FEGR), pertencente ao Centro Tecnológico do Norte de Minas-CTNM, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), localizada em Nova Porteirinha, situada a 515 m de altitude, 15 o 18' 18'' de latitude sul e 43 o 18' 18'' de longitude oeste, em um solo com: matéria orgânica, 3 dap/kg; argila, 26,5 dap/kg; areia, 52,6 dap/kg, e silte, 20,7 dap/kg, e clima tipo Aw, segundo a classificação de Köppen, ou seja, um clima tropical de savana, com inverno seco e verão chuvoso. As

460 ROSILENE FERREIRA SOUTO et al. chuvas podem ser insuficientes em quantidade (750 a 1.250 mm anuais) e, sobretudo, não têm distribuição adequada, ocorrendo deficiência hídrica acentuada no período seco de maio/junho a setembro, tornando a irrigação uma prática indispensável (Figura 1) 250,0 Precipitação pluvial (mm).. 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0. MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR R Meses Figura 1. Indice pluviométrico (mm) em função do mês em 1987-98. Janaúba (MG). M. ço Utilizaram-se 16 clones de laranjeiras-doces [Citrus sinensis (L.) Osbeck], Valência IAC 36, Pêra D4, Natal 112 IAC, Natal 112 CNPMF, Pêra M01, Pêra Bianchi, Pêra Olímpia, Pêra CNPMF E6, Pêra Vacinada, Pêra EEL, Valência CNPMF 27, Pêra CNPMF D6, Pêra CNPMF D9, Pêra D6, Pêra E6 e Valência, todas enxertadas sobre o porta-enxerto limoeiro Cravo (Citrus limonia Osbeck), em espaçamento de 7 m x 6 m. Adotou-se o delineamento experimental de blocos inteiramente casualizados, com quatro repetições e três plantas úteis por parcela. Usou-se uma bordadura geral para todas as parcelas, na periferia da área total. Efetuaram-se os tratos culturais seguindo as recomendações para a cultura. Para irrigação, empregou-se o sistema superficial por sulco, com turno de rega semanal, e a lâmina determinada por meio de tanque classe A. As capinas foram realizadas manualmente e com herbicidas, uma vez que a área estava infestada com tiririca (Ciperus rotundus). No controle fitossanitário, aplicaram-se defensivos para controlar pulgões, cochonilhas

COMPORTAMENTO DE LARANJEIRAS DOCES NO NORTE... 461 e ácaro-da-falsa-ferrugem. Houve necessidade de controlar a gomose, aplicando-se Fosetyl-Al, calda e pasta bordalesa. As adubações foram realizadas baseadas nos resultados nas análises de fertilidade do solo e nas análises foliares, seguindo as recomendações técnicas (COMISSÃO..., 1989). Avaliaram-se, anualmente, de 1994 até 1998, os dados de crescimento vegetativo, medindo-se a altura da planta (m) e o diâmetro transversal e longitudinal da copa, que foram usados para determinar o diâmetro médio da copa (m). Na avaliação da produção, anotaram-se o peso total e o número de frutos por planta. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO As produções anuais, obtidas a partir do somatório da produção das variedades, no período de 1994 a 1998, ou seja, dos quatro até os oito anos de idade, mostram uma pronunciada alternância de produção, tendo sido menores nos anos pares e, maiores, nos ímpares (Figura 2). Produção total anual do experimento (kg/planta) Produção total anual do experimento (kg/planta) 2000 1800 1600 1400 1200 1200 1000 800 600 400 200 200 0 0 1994 1995 Ano Ano 1996 1997 1998 Figura 2. Produções médias totais anuais de laranjeiras-doces em 1994-98. FEGR, Nova Porteirinha (MG)

462 ROSILENE FERREIRA SOUTO et al. A produção média dos clones do cultivar Valência, de 1994 a 1998, foi de, aproximadamente, 73 kg/planta, variando de 90 a 58 kg/planta no Valência IAC 36 e Valência CNPMF 27 respectivamente (Figura 3). Essas produções podem ser consideradas baixas em comparação com a esperada, de 200 kg/planta, referida para o cultivar Valência (FIGUEIREDO, 1991). A maior produção média, nos cinco anos de produção, foi alcançada pelo cultivar Natal, com uma média de 106 kg/planta (Figura 3). Embora tenha tido superior, essa produção também pode ser tida como baixa em relação à esperada, de 250 kg/planta, citada para o Natal (FIGUEIREDO, 1991). 120 Produção (kg/planta) 100 80 60 40 20 C C A* C A C C BC C C C C C BC 0 Valência Pêra D4 Natal 112 112 IAC Pêra E6 Pêra D6 Pêra M01 Pêra Pêra Bianchi Pêra Olimpia Pêra Pêra Pêra CNPMF E6 Natal 112 112 CNPMF Pêra Pêra Vacinada Figura 3. Produção média de frutos cítricos (kg/planta) em 1994-98. FEGR. Nova Porteirinha (MG). * Médias seguidas de letras iguais, em colunas diferentes, não diferem entre si Pêra E Limeira E Valência Valência CNPMF CNPMF 27 Valência IAC IAC 36 Pêra CNPMF D6 Pêra CNPMF D9

COMPORTAMENTO DE LARANJEIRAS DOCES NO NORTE... 463 Os clones do cultivar Pêra apresentaram produção intermediária entre o Natal e o Valência, com resultados bastante distintos e cuja média foi de, aproximadamente, 81 kg/planta (Figura 3). Assim como as médias dos cultivares anteriores, essa também pode ser considerada baixa quando comparada com a produção de 250 kg/planta, esperada para esse cultivar (FIGUEIREDO, 1991). Entretanto, foram superiores àqueles obtidos por clones de Pêra em Anápolis (GO) (OGATA e MEN- DONÇA, 2000). Os resultados obtidos por TEIXEIRA et al. (1978), com os cultivares Hamlin, Natal, Piralima, Westin, Lima tardia, Valência tardia, Pêra, Baianinha e outros, aos sete anos de idade, em 1982, na mesma região, também foram inferiores aos citados por FIGUEIREDO (1991). Entre- Peso médio dos frutos (g) 250 200 150 100 50 Peso médio frutos (g) A A B A B 0 Valência Pêra D4 Pêra D4 Natal IAC Natal 112 IAC Pêra E6 Pêra Pêra D6 D6 Pêra M01 Pêra Pêra Bianchi Figura 4. Peso médio de frutos cítricos produzidos do período 1994-98. FEGR, Nova Porteirinha (MG). Pêra Olímpia Olimpia * Médias seguidas de letras iguais, em colunas diferentes, não difrerem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Pêra Pêra CNPMF E6 E6 Natal Natal 112 112 CNPMF Pêra Vacinada Pêra Vacinada Pêra ELL Pêra ELL Valência CNPMF 27 27 Valência IAC 36 36 Pêra CNPMF D6 D6 Pêra CNPMF D9 D9

464 ROSILENE FERREIRA SOUTO et al. tanto, foram superiores aos melhores resultados obtidos neste trabalho, em 1997, quando as plantas estavam com sete anos de idade. O peso médio dos frutos dos cultivares Valência e Pêra foi de 230 g e de 220 g respectivamente (Figura 4). Esses dados foram superiores aos valores citados para esses cultivares e, mesmo, a menor média, de 189 g obtida neste experimento pelo Pêra CNPMF E6 ainda superou o valor de 145 g Pêra (FIGUEIREDO, 1991) e também o peso médio de clones testados em Anápolis (GO) (OGATA e MENDONÇA, 2000), bem como o obtido por variedades de Pêra com 15 anos de idade em Cordeirópolis (SP) (DOMINGUES et al., 1999). Embora não tenham sido avaliadas características físicas e químicas dos frutos, observou-se que eles tinham casca grossa, rugosa e pálida, concordando com a informação de ORTOLANI et al. (1991) de que condi- 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,5 Valência Pêra Pêra D4 Natal Natal 112 112 IAC IAC Pêra Pêra E6 E6 Pêra Pêra D6 D6 Pêra Pêra M01 Pêra Pêra Bianchi Pêra Pêra Olímpia Olimpia Pêra CNPMF E6 Pêra CNPMF E6 Natal Natal 112 112 CNPMF Pêra Pêra Vacinada Pêra Pêra E Limeira E Limeira Valência CNPMF 27 Valência CNPMF 27 Valência Valência IAC IAC 36 36 Pêra CNPMF Pêra CNPMF D6 Pêra Pêra CNPMF D9 Diâmetro médio copa (m) (m) Figura 5. Diâmetro médio da copa de variedade de citros aos seis anos de idade. FEGR, Nova Porteirinha (MG)

COMPORTAMENTO DE LARANJEIRAS DOCES NO NORTE... 465 ções climáticas megatérmicas, associadas à disponibilidade de água, favorecem a produção de laranjas muito grandes, com casca grossa, de coloração pálida e insípidas. A avaliação do diâmetro médio das plantas aos seis anos de idade não mostrou diferenças estatísticas significativas entre cultivares e clones (Figura 5). Quanto ao parâmetro altura das plantas, notou-se diferença significativa entre os cultivares e os clones avaliados. O Valência teve o maior valor e, o Pêra CNPMF E6, o menor, de altura de planta (Figura 6). Apesar de não ter sido avaliada estatisticamente, verificou-se a emissão freqüente de brotos vegetativos, durante o ano todo. Altura (m) 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0 A Valência 4,5 C C C BC BC C C 4,0 C C C 3,5 C C C 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 Altura (m) Pêra D4 Natal 112 CNPMF Valência Pêra E6 Pêra D4 Pêra D6 Natal 112 CNPM Pêra M01 Pêra Bianchi Pêra E6 Pêra D6 Pêra Olimpia Pêra CNPMF E6 Pêra M01 Natal 112 CNPMF Pêra Bianchi Pêra Vacinada Pêra Olímpia Pêra ELL Pêra CNPMF E6 Valência CNPMF 27 Natal 112 CNPMF Valência IAC 36 Pêra Vacinada Pêra E Limeira Pera CNPMF D6 Pêra CNPMF D9 Valência CNPMF 27 Valência IAC 36 Pêra CNPMF D6 Pêra CNPMF D9 Figura 6. Altura de plantas cítricas aos seis anos de idade. FEGR, Nova Porteirinha (MG). * Médias seguidas de letras iguais, em colunas diferentes, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

466 ROSILENE FERREIRA SOUTO et al. 4. CONCLUSÕES 1. As laranjeiras semi-ácidas avaliadas apresentaram produção inferior à esperada, embora o crescimento vegetativo tenha sido normal aos cultivares estudados. 2. A maior produção média de frutos (kg/planta) em 1994-98, foi obtida pelos cultivares Natal e seus clones, seguidos do Pêra e seus clones e do Valência. 3. Em relação ao peso médio dos frutos, os cultivares Valência, Pêra e Natal, e seus respectivos clones, apresentaram valores superiores aos padrões obtidos nas regiões citrícolas tradicionais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMISSÃO ESTADUAL DE FERTILIDADE DO SOLO. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 4. a aproximação. Lavras: CFSEMG, 1989. 176p. DOMINGUES, E.T.; TEÓFILO SOBRINHO, J.; TULMANN NETO, A.; MATTOS JUNIOR. D. de Seleção de clones de laranja Pêra e variedades assemelhadas quanto à qualidade do fruto e ao período de maturação. Laranja, Cordeirópolis, v.20, n.2, p.433-455, 1999. FAOSTAT. AGRICULTURE PRODUCTION: Orange production. Disponível em <http://apps.fao.org/> 2000. FIGUEIREDO, J.O.de. Variedades comerciais. In: RODRIGUEZ, O.; VIÉGAS, F.; POMPEU JUNIOR, J. et al. (Eds). Citricultura brasileira. 2.ed. Campinas: Fundação Cargill, 1991. p.228-264. OGATA, T.; MENDONÇA, J.L. de. Avaliação de clones de laranja Pêra, em Anápolis. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.22, n.1, p.24-26, abr. 2000.

COMPORTAMENTO DE LARANJEIRAS DOCES NO NORTE... 467 ORTOLANI, A. A.; PEDRO JÚNIOR, M.J.; ALFONSI, R.R. Agroclimatologia e o cultivo de citros. In: RODRIGUEZ, O.; VIÉGAS, F.; POMPEU JUNIOR, J. et al. (Eds). Citricultura brasileira. 2.ed. Campinas: Fundação Cargill, 1991. p.153-195. PASSOS, O. S.; ROCHA, A.F.M.; SOARES FILHO, W.S.; CUNHA SOBRI- NHO, A. P. Variedades cítricas no Nordeste Brasileiro: novas alternativas. Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz das Almas, v.19, n.1, p.103-112, 1997. TEIXEIRA, S.L.; ALVARENGA, L.R. de; CAIXETA, T.J.; GAMA, A.M.P. da. Competição de cultivares. Relatório 74/77: projeto fruticultura. Belo Horizonte: EPAMIG, 1978. p.137-140. TEÓFILO SOBRINHO, J.; POMPEU JUNIOR, J.; FIGUEIREDO, J.O. de; DEMETRIO, C.G.B.; BARBIN, D. Competição entre quinze clones de laranjeira 'Pera' na região de Limeira. Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz das Almas, v.14, n.1, p.41-48, 1992.