ACÓRDÃO PUBLICADO EM SESSÃO NOS TERMOS DO ART. 57 3º DA RESOLUÇÃO TSE PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO DISTRITO FEDERAL

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ACÓRDÃO PUBLICADO EM SESSÃO NOS TERMOS DO ART. 57 3º DA RESOLUÇÃO 23.405 TSE PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO DISTRITO FEDERAL ACÓRDÃO Nº 5891 Classe : 38 REGISTRO DE CANDIDATURA Num. Processo : 1130-36 Requerente : COLIGAÇÃO RESPEITO POR BRASÍLIA PT - PP (PT / PP) Candidato : MARCO ANTONIO LEAL DA SILVA, CARGO DEPUTADO DISTRITAL, Nº 11193 Advogados : DR. CLAUDISMAR ZUPIROLI - OAB/DF Nº 12.250 E OUTROS Impugnante : MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL Relatora : DESEMBARGADORA ELEITORAL MARIA DE FÁTIMA RAFAEL DE AGUIAR EMENTA ELEIÇÕES 2014. REGISTRO DE CANDIDATURA. IMPUGNAÇÃO. TENTATIVA DE CRIME CONTRA A VIDA. INELEGIBILIDADE. AUSÊNCIA DE QUITAÇÃO ELEITORAL. PROCEDENTE. 1. A condenação transitada em julgado por crime contra a vida, ainda que na forma tentada, enseja aplicação do artigo 1º, I, e, item 9, da LC 64/90, uma vez que os requisitos legais objetivos encontram-se presentes. 2. As hipóteses de inelegibilidade incluídas ou alteradas pela LC 135/2010 têm aplicação imediata, pois as condições de elegibilidade serão aferidas no momento do pedido de registro da candidatura. 3. Registro indeferido. Acordam os desembargadores eleitorais do TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO DISTRITO FEDERAL, MARIA DE FÁTIMA RAFAEL DE AGUIAR - relatora, CLEBER LOPES DE OLIVEIRA, CRUZ MACEDO, JOSAPHÁ FRANCISCO DOS SANTOS, OLINDO MENEZES e LEILA ARLANCH - vogais, em julgar procedente a impugnação e indeferir o pedido de registro de candidatura, nos termos do voto da relatora. Decisão UNÂNIME, de acordo com a ata de julgamento e as notas taquigráficas. Brasília (DF), em 6 de agosto de 2014. Desembargadora Eleitoral MARIA DE FÁTIMA RAFAEL DE AGUIAR Relatora

RELATÓRIO Trata-se de pedido de registro de candidatura de Marco Antônio Leal da Silva, para o cargo de Deputado Distrital nas eleições de 2014, formulado pela Coligação Respeito por Brasília PT-PP (PT, PP). A Secretaria Judiciária, após análise dos documentos apresentados pelo Requerente, certificou a falta da quitação eleitoral, por terem sido suspensos os seus direitos políticos em decorrência de condenação pela prática do crime de homicídio, na modalidade tentada (artigos 205, caput, 30, caput, II, ambos do Código Penal Militar (fls. 15-19). O Ministério Público Eleitoral apresentou impugnação ao registro de candidatura, em razão da condição irregular do candidato, nos termos do art. 1º, I, e, item 9, da LC nº. 64/90 (fls. 23-24). O Impugnado foi regularmente intimado (fls. 49-50) e apresentou contestação (fls. 54-62). Aduziu, em síntese, que o princípio da anterioridade deveria ser respeitado, uma vez que a sentença que o condenou e a decisão do STJ que negou provimento ao Agravo Regimental ocorreram antes da edição da LC n 135/2010, que alterou a redação da LC n 64/90. Sustentou, ainda, que a tentativa não pode ser valorada na mesma escala do crime consumado, porquanto a gravidade daquela modalidade é menor do que a do crime exaurido. Desse modo, requereu a aplicação da LC n 64/90 sob o enfoque da Lei Penal, que não confere o mesmo tratamento às diversas faces dos crimes contra a vida, e ressaltou que a sentença reconheceu que a infração por ele cometida tem menor potencial ofensivo. Por fim, destacou que a jurisprudência orienta no sentido de que a aplicação do art. 1º, I, e, item 9, da LC n 64/90 abrange taxativamente os crimes contra a vida com os elementos de sua definição legal e permite a ponderação das circunstâncias e contingências fáticas na aplicação da norma. É o relatório. VOTOS A Senhora Desembargadora Eleitoral MARIA DE FÁTIMA RAFAEL DE AGUIAR - relatora: O Ministério Público Eleitoral impugna a candidatura de Marco Antônio Leal da Silva, em razão da existência de decisão transitada em julgado pela prática de crime militar (art. 205, caput, c/c art. 30, II, do Código Penal Militar tentativa de homicídio), em que foi cominada a pena de 2 (dois) anos de reclusão. Informa que o Impugnado foi beneficiado com a suspensão condicional da pena e, no dia 13.8.2012, obteve o indulto pleno. Nesse contexto, sustenta que a inelegibilidade prevista no artigo 1º, I, e, item 2

9, da LC n 64/90, deve ser aplicada ao caso, desde a referida data, pois conforme a jurisprudência do TSE 1, o indulto equivale ao cumprimento da pena. Com razão o Ministério Público. A respeito da inelegibilidade, o art. 1º, I, e, item 9, da LC nº. 64/90, assim prescreve: Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: (...) e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) (...) 9. contra a vida e a dignidade sexual. (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) Depreende-se do texto transcrito que a condenação pela prática de crime contra a vida, com decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, enseja a inelegibilidade. Em exame dos autos constata-se que Impugnado foi efetivamente condenado por decisão transitada em julgado (fl. 25) por tentativa de homicídio (art. 205, caput, c/c art. 30, caput, II, do Código Penal Militar), tipificado como crime contra a vida. Verifica-se, ainda, que o Impugnado foi beneficiado com a suspensão condicional da pena e, no dia 13.8.2012, obteve o indulto pleno. Apesar de o crime não ter se consumado, essa circunstância não afasta a inelegibilidade. Consoante os ensinamentos de Cezar Roberto Bitencourt, o Código Penal adota a teoria objetiva, segundo o qual a punibilidade da tentativa fundamenta-se no perigo a que é exposto o bem jurídico 2. Embora o Código Penal Militar dê tratamento diferenciado ao crime tentado, a reprovação social da conduta decorrente do perigo ao bem jurídico, no caso, a vida, justifica a incidência da inelegibilidade. 1 ELEIÇÕES 2008. Embargos de declaração no agravo regimental no recurso especial. Registro de candidatura ao cargo de vereador. Condenação criminal. Concussão (art. 316 do Código Penal). Indulto condicional. Sentença que atesta o cumprimento das condições. Período de prova. Aperfeiçoamento após 24 (vinte e quatro) meses. Causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da Lei Complementar nº 64/90. Incidência a partir da data de aperfeiçoamento do indulto. Extinção de punibilidade pelo cumprimento do indulto. Cumprimento da pena. Equivalência. Inexistência de omissão. Embargos rejeitados. 1. Se a questão jurídica relevante para deslinde da causa foi suficientemente debatida, os embargos devem ser rejeitados, pois o recurso não se presta para mero debate teórico. 2. A extinção da punibilidade, pelo cumprimento das condições do indulto, equivale, para fins de incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da Lei Complementar nº 64/90, ao cumprimento da pena. (Embargos de Declaração em Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 28949, Acórdão de 16/12/2008, Relator(a) Min. JOAQUIM BENEDITO BARBOSA GOMES, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 16/12/2008 ) 2 Código Penal Comentado. Cezar Roberto Bitencourt São Paulo: Saraiva, 2002, p. 44. 3

O direito eleitoral diverge do direito penal em vários aspectos. Cada qual tem regras, normas e princípios próprios, de modo que no âmbito eleitoral não se pode dar ao crime contra a vida o mesmo tratamento dispensado pelo Código Penal Militar, com o objetivo de afastar a inelegibilidade, como pretende o Impugnado, pois o DL nº. 64/90 não distingue o crime tentado do consumado. O Impugnado aduz que a sentença condenatória reconheceu que a infração era de menor potencial ofensivo. Todavia, em nenhum momento na sentença a conduta do agente foi considerada como de menor potencial ofensivo. Ao contrário, ao analisar as condições e circunstâncias o Magistrado classifica o crime como grave, art. 69 do Código Penal Militar e a forma tentada do crime, a pena foi abrandada. Cumpre salientar que o art. 1º, 4º, da LC n 64/90 exclui a incidência da inelegibilidade em relação aos crimes culposos e àqueles definidos em lei como de menor potencial ofensivo, bem como aos crimes de ação penal privada. No entanto, o crime pelo qual o Impugnado foi condenado não é definido em lei como sendo de menor potencial ofensivo, mesmo em sua modalidade tentada. O Impugnado alega, ainda, que o ato que declarou a suspensão de seus direitos políticos ocorreu antes da promulgação da Lei Complementar n 135/2010, que alterou a redação da alínea e e incluiu o item 9 ao artigo 1º, I, da LC 64/90. Assim, sustenta que, em respeito ao princípio da anterioridade, referidas modificações não poderiam ser aplicadas ao presente caso. Todavia, segundo o entendimento pacífico da jurisprudência do TSE, as hipóteses de inelegibilidades incluídas ou alteradas pela LC 135/2010 têm aplicação imediata, pois as condições de elegibilidade serão aferidas no momento do pedido de registro da candidatura. Confira-se: Registro. Inelegibilidade. Condenação criminal. 1. A Lei Complementar nº 135/2010 aplica-se às eleições de 2010, porque não altera o processo eleitoral, de acordo com o entendimento deste Tribunal na Consulta nº 1120-26. 2010.6.00.0000 (rel. Min. Hamilton Carvalhido). 2. As inelegibilidades da Lei Complementar nº 135/2010 incidem de imediato sobre todas as hipóteses nela contempladas, ainda que o respectivo fato seja anterior à sua entrada em vigor, pois as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro de candidatura, não havendo, portanto, falar em retroatividade da lei. 3. Tendo sido o candidato condenado, por órgão judicial colegiado, pela prática do crime capitulado no art. 1º, IV, do Decreto-Lei nº 201/67, incide, na espécie, a causa de inelegibilidade a que se refere o art. 1º, inciso I, alínea e, da Lei Complementar nº 64/90, acrescentada pela Lei Complementar nº 135/2010. 4. Não compete à Justiça Eleitoral verificar a prescrição da pretensão punitiva e declarar a extinção da pena imposta pela Justiça Comum. 4

Agravo regimental não provido. (Agravo Regimental em Recurso Ordinário nº 417432, Acórdão de 28/10/2010, Relator (a) Min. ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 28/10/2010) (g.n) Por fim, alegou o Requerente que, segundo a jurisprudência, a aplicação do artigo 1º, I, e, item 9, da LC 64/90 permite a ponderação das circunstâncias e contingências fáticas na aplicação da norma. No caso, o precedente por ele destacado orienta no sentido de que a inelegibilidade ou restrição ao direito de ser votado não deve ser aplicada àquele que teve a extinta a punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva da ação, hipótese diversa da ora analisada, em que houve a extinção da pretensão executória pela concessão do indulto. Deve-se esclarecer que, independente do delito cometido, a extinção da punibilidade pela prescrição punitiva afasta a imposição de inelegibilidade. Esse entendimento é pacífico na jurisprudência do TSE: INELEGIBILIDADE - CONDENAÇÃO CRIMINAL - PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. Afastados, ante a prescrição da pretensão punitiva, os efeitos do título condenatório, descabe cogitar da inelegibilidade prevista na Lei Complementar nº 64/1990, com a redação decorrente da Lei Complementar nº 135/2010. (Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 28680, Acórdão de 19/09/2013, Relator(a) Min. MARCO AURÉLIO MENDES DE FARIAS MELLO, Publicação: DJE - Diário de Justiça eletrônico, Tomo 212, Data 06/11/2013, Página 46) (g.n) Entretanto, o caso em tela não se coaduna com o precedente destacado, pois não ocorreu a extinção da punibilidade pela prescrição punitiva. Cumpre ressaltar que a matéria aqui enfrentada já foi objeto do Mandado de Segurança n 108074, em que o ora Requerente teve a segurança denegada, nos termos do Acórdão reproduzido às fls. 36-39. Em situação semelhante à dos autos, este Tribunal Eleitoral reconheceu a inelegibilidade de candidato beneficiado por indulto. Confira-se a ementa do julgado: MANDADO DE SEGURANÇA. INELEGIBILIDADE. INDULTO. CUMPRIMENTO DA PENA. ORDEM DENEGADA. O impetrante foi beneficiado com indulto, o que, segundo a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral TSE, equivale a cumprimento da pena, incidindo a inelegibilidade decorrente do art. 1º, I, e, 9, da LC 64/1990, com a redação dada pela LC 135/2010. 2. Segurança denegada. Assim, considerando que o Impugnado foi beneficiado por indulto dia 13.8.2012, a inelegibilidade perdurará até o dia 13.8.2020. Pelas razões expostas, julgo procedente a impugnação para INDEFEFIR o pedido de registro da candidatura de MARCO ANTÔNIO 5

LEAL DA SILVA ao cargo de Deputado Distrital pela Coligação RESPEITO POR BRASÍLIA PT PP, nas eleições de 2014. Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos. É como voto. O Senhor Desembargador Eleitoral CLEBER LOPES DE OLIVEIRA - vogal: vogal: O Senhor Desembargador Eleitoral CRUZ MACEDO - O Senhor Desembargador Eleitoral JOSAPHÁ FRANCISCO DOS SANTOS - vogal: - vogal: O Senhor Desembargador Eleitoral OLINDO MENEZES ARLANCH - vogal: A Senhora Desembargadora Eleitoral LEILA DECISÃO Julgar procedente a impugnação e indeferir o pedido de registro de candidatura, nos termos do voto da relatora. Unânime. Em 6 de agosto de 2014. 6

CERTIDÃO Certifico que o acórdão em referência foi publicado na sessão do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal realizada em de de 2014, às h, nos termos do 3º, do art. 57, da Resolução TSE nº 23.405, de 27 de fevereiro de 2014. Matrícula 7