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ANO 4 NÚMERO 45 FEVEREIRO DE 2016 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS O ano começa com elevados graus de incerteza quanto ao cenário econômico do país ainda com pendências políticas que se não ultrapassadas tendem a agravar ainda mais a situação da economia brasileira que ainda sofre efeitos totalmente desfavoráveis do cenário econômico internacional. A discussão sobre os problemas econômicos internos mais recentes, que são diversos, deixa de lado uma variável extremamente relevante sobre os resultados fiscais do governo que é a dívida pública. Por essa razão a primeira parte dessa carta apresenta uma breve reflexão sobre a dívida pública e sobre os problemas que ela tem criado para o gerenciamento das contas públicas no país. Na segunda parte da Carta tratamos do desemepenho recente da Balança Comercial Brasileira, que tem apresentado saldos expressivos após uma queda no período 2012-2014. O setor externo expressa, de forma concentrada, a crise que vive hoje a economia brasileira. Resultados aparentemente positivos escondem os problemas estutrurais e conjunturais que só poderão ser equacionados com mudanças profundas no modus operandi da nossa economia. 2 Crise Econômica e a Dívida Pública Prof. Flávio Riani A crise econômica brasileira atual pode ser debitada a duas causas mais contundentes: Uma delas relaciona-se à própria atividade econômica que devido a algumas políticas equivocadas do governo no passado recente e a um cenário internacional nebuloso com quedas nas demandas por commodities brasileiras, têm afetado negativamente a produção nacional, diminuindo as oportunidades de emprego, renda, consumo e como consequência a arrecadação tributária que é quase totalmente vinculada a esses fatores. A outra causa dessa crise está vinculada às finanças públicas devido à pressão que o governo sofre para gerar elevados resultados primários para pagamento dos encargos da dívida pública. Não fosse a dívida e seus encargos não haveria crise fiscal. Assim, a crise atual tem no déficit primàrio a sua causa principal. A preocupação não é com o déficit em si mesmo, mas com o fato de que a não geração do superavit primário inviabiliza o pagamento dos serviços da dívida. EXPEDIENTE Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais: Grão-Chanceler Dom Walmor Oliveira de Azevedo Reitor Professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães Vice-Reitora Professora Patrícia Bernardes Assessor Especial da Reitoria Professor José Tarcísio Amorim Chefe de Gabinete do Reitor Professor Paulo Roberto Souza Chefia do Departamento de Economia Professora Ana Maria Botelho Coordenação do Curso de Ciências Econômicas Professora Ana Maria Botelho Coordenação Geral Professor Flávio Riani e Professor Ricardo F. Rabelo Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais: Prédio 14, sala 103 Avenida Dom José Gaspar, 500 Bairro Coração Eucarístico CEP: 30535-901 Tel: 3319.4309 www.pucminas.br/iceg/conjuntura icegdigital@pucminas.br

2.1 A questão da dívida pública Ao longo dos últimos 30 anos o gerenciamento das finanças públicas no Brasil se resumiu em gerar superávits primários para pagamento dos encargos das dívidas. Para a obtenção desses resultados houve uma brutal elevação da carga tributária e uma forte contenção nos gastos básicos do governo. A carga tributária de hoje ( 35%) é superior a de 20 anos atrás. O resultado prático dessa política foi o elevado volume de recursos públicos (federais, estaduais e municipais) destinados a pagamentos de parte dos encargos da dívida. Na quase totalidade dos anos o resultado primário alcançado não foi sequer capaz de pagar os juros da dívida. Tomando-se como referência o período de 2002 a 2015, a tabela 1 mostra que o governo gerou superávits primários em todos os anos porém, em patamares muito inferiores ao necessário para o pagamentos dos encargos da dívidas (juros,taxas,etc). No período mais recente, ou seja, em 2014 e 2015 não foram gerados resultados primário e todos os encargos foram incorporados na totalidade aos estoques da dívida, aumentados ainda pelos financiamentos dos déficits verificados nesses anos. Tab.1 - Brasil - Encargos da Dívida Pública 2002-2015 - RS bilhões - Val. Correntes Anos Juros Res.Primário Valor Renegociado Devidos Juros pagos Incorporado ao Estoque da Dívida 2002 113 57 56 2003 145 55 90 2004 128 72 56 2005 158 81 77 2006 162 76 86 2007 162 88 74 2008 166 104 62 2009 171 65 106 2010 195 102 93 2011 236 128 108 2012 213 104 109 2013 248 91 157 2014 311-32 343 2015 501-111 612 Total 2.909 880 2.029 Fonte: BACEN

Pelos dados da tabela 1, apura-se que no período analisado o governo pagou, em valores correntes, R$ 880 bilhões de juros da dívida num total devido de R$ 2.909 bilhões. O resultado foi um acréscimo no estoque da dívida de R$ 2.029 trilhões devidos, não pagos e refinanciados. O resumo abaixo destaca o total corrente da parcela de juros pagos pelo governo, o período em tela, que atingiu R$ 880 bilhões. Atualizando esses valores pelo IPCA anual, tendo como base 2015, eles atingem a bagatela de R$1.451 bilhões. Valor esse equivalente a 36,9% estoque bruto da dívida em dez.2015, a aproximadamente a 27,8% do PIB brasileiro ou cerca de 17 orçamentos do Estado de Minas Gerais. Juros Pagos R$ Valor Corrrente 880 Valor Constante (A) 1.451 (IPCA-2015=100) Est.Dívida Bruta (Dez.2015)-B 3.927 % A/B 36,9 O processo permanente de rolagem de grande parte dos serviços da dívida mostra que o governo, por mais esforço que se faça, será incapaz de gerar superávits primários capazes de sequer pagar os juros da dívida. Assim, a tendência é o permanente crescimento do estoque da dívida num processso iterminável. Tal situação tende a penalizar cada vez mais a sociedade brasileira, principalmente aquela parcela que depende fundamentalmente dos serviços básicos do governo, pois para alcançar superávits os recursos serão mais escassos para atender os anseios desse segmento. Enquanto isso o setor financeiro beneficia-se cada vez mais dessa situação. Um resumo de dados recentes da movimentação e perfil da dívida pública brasileira compõe a tabela 2. Tab.2 - Brasil -Composição e Estoque da Dívida Pública Valores correntes - R$ bilhões Itens 2013 2014 2015 R$ % R$ % R$ % Dívida Bruta Total 2.747 100,0 3.252 100,0 3.927 100,0 Dívida Interna 2.598 94,6 3.063 94,2 3.665 93,3 Dívida Externa 149 5,5 189 5,8 262 6,7 Dívida Mobiliária 1.990 72,4 2.141 65,8 2.609 66,4 Fonte: Bacen Inicialmente os dados revelam que entre 2013 e 2015, ou seja, em dois anos o estoque da dívida pública bruta brasileira elevou-se em R$ 1,2 TRILHÃO.

O estoque de R$ 3,9 trilhões de dívida bruta registrados em dezembro de 2015 equivale a aproximadamente 70% do PIB estimado para aquele ano. Os dados revelam também a grande predominência das dívidas internas na composição da dívida, bem como a participação relativa da dívida mobiliária (títulos). 2.1.1 Dívida Pública: o centro do problema fiscal do governo no Brasil Levando-se em consideração os dados da dívida apresentados na parte anterior pode-se perceber porque ela é o centro da crise fiscal no Brasil. A taxa média de juros incidente sobre ela gira em torno de 21% anual. Numa avaliação básica preliminar pode-se estimar que os encargos da dívida (juros) requererão do governo o equivalente a aproximadamente R$ 800 milhões para pagamento de juros. Ou seja, para fazer esse pagamento o governo precisaria gerar um resultado primário equivalente a esse valor. Agrega-se ainda o fato de que o prazo médio de vencimento da dívida brasileira é de aproximadamente 4,6 anos. Assim, além dos juros da dívida o governo deveria pagar o montante aproximado de R$ 820 bilhões relativos à amortização da dívida. Esses dados deixam claro que não existe nenhum ajuste capaz de gerar tais recursos. Fica também evidente que nenhuma reforma seja tributária, política ou previdenciária resolverá ou minimizará o problema fiscal no Brasil se algo não for feito em relação a dívida pública. Caso contrário, estaremos sacrificando cada vez mais nossa sociedade com cargas tributárias mais elevadas e menos benefícios para a população, tudo para gerar resultados primários superavitários para satisfazer os desejos de nossos credores. 3- A Balança Comercial em 2015/16: os bons resultados Prof. Ricardo F. Rabelo A balança comercial teve em 2015 resultados positivos importantes. O saldo de todas as nossas transações comerciais internacionais foi de US$ 19,69 bilhões, o maior valor desde 2011, quando o superávit comercial somou US$ 29,79 bilhões. A partir de 2011 houve uma tendência de queda, mas com saldo positivo Em 2012 tivemos um resultado positivo de, respectivamente, US$ 19,39 bilhões e no ano seguinte de US$ 2,28 bilhões. Em 2014, chegou-se ao fundo do poço, com um déficit importações maiores do que vendas externas de US$ 4,05 bilhões. A reversão desta tendência em 2015 tem como fator mais importante, a desvalorização cambial que estimula as exportações, em especial de manufaturados. Neste ano, registrou-se uma influência positiva do cambio nas exportações de automóveis e têxteis Outro fator importante, segundo o MDIC, para a a melhora da balança comercial foi a queda do preço do petróleo. O Brasil é grande importador de petróleo com vendas

pouco expressivas, o que torna a redução do preço um grande estímulo para a queda do valor pago pela importação, favorecendo a elevação do saldo da balança comercial. Gráfico 1 Balança Comercial Brasileira 2014-2015 (US$ Milhões FOB) 250000 225101 229154 200000 191134 171449 150000 US$ Milhões 100000 50000 19685 2014 2015 0-4054 -50000 Exportação Importação Saldo Categorias Fonte:MDIC A conta petróleo, que envolve também derivados e combustíveis, apresentou déficit de US$ 5,73 bilhões em 2015, valor reduzido se comparado com o resultado negativo de US$ 16,93 bilhões em 2014. Isoladamente este fator gerou um acréscimo de US$ 11,2 bilhões no saldo comercial de 2015. 3.1 O fluxo de comércio internacional em 2015 Apesar do saldo positivo da Balança Comercial, este resultado não reflete um bom desempenho das exportações brasileiras. Em 2015, as exportações totalizaram US$ 191,13 bilhões, com média diária de US$ 764 milhões o que significou uma queda de 14,1% sobre 2014. Em termos de valor agregado os manufaturados tiveram queda de 8,2% e os semimanufaturados de 7,9% sendo que os produtos básicos, de menor valor agregado, tiveram queda maior, de 19,5%. Dessa forma, a queda dos preços das "commodities" com cotação internacional, como minério de ferro, alimentos e petróleo teve grande peso negativo no resultado final da balança comercial de 2015.

Esse resultado negativo não significa, no entanto, que o Brasil teve queda de produção e de vendas. De acordo com dados do MDIC, as vendas externas de minério de ferro, do complexo soja e de óleos brutos de petróleo bateram recordes em termos de quantidade. O problema se situa, portanto, na queda de preços internacionais. Nesse mesmo. período, o preço do minério de ferro recuou 48,7% frente ao ano de 2014, do complexo soja caiu 24,2% e de óleos brutos de petróleo caiu 49,4%. Gráfico 2 Exportação brasileira por fator agregado 2015/2014 - US$ milhões FOB 120000 100000 US$ Milhões 80000 60000 40000 2014 2015 20000 0 Básicos Semimanuf Manufaturados Categorias Fonte:MDIC Com os preços reduzidos, as receitas de exportação tiveram grande queda, apesar do recorde em termos de "quantum" exportado. Essa diferença fica ainda mais clara quando se atribuem os preços das 'commodities' de 2014, às exportações atuais: estase seriam US$ 37 bilhões a mais em 2015. As importações tiveram queda expressiva em 2015, refletindo a redução da atividade econômica interna. O valor total ficou em US$ 171,45 bilhões em 2015, ou US$ 685 milhões por dia útil redução de 24,3% em relação a 2014, segundo o MDIC. A queda nas importações atingiu praticamente todos os setores da atividade econômica, com redução de gastos com combustíveis e lubrificantes (-44,3%), matériasprimas (-20,2%), bens de consumo (-19,6%) e máquinas e equipamentos para produção (- 20,2%).

3.2 Mercados externos compradores Segundo os dados do MDIC, a China manteve sua posição de maior importador de produtos brasileiros em 2015. Neste ano, o país asiático importou US$ 35,6 bilhões do Brasil, batendo novamente os Estados Unidos que importou US$ 24,2 bilhões. Na sequencia, Argentina (US$ 12,8 bilhões) e Países Baixos (US$ 10 bilhões) mantiveram também suas posições como grandes importadores do Brasil. 3.3 Mercados Externos Vendedores A China manteve-se também como o maior exportador para o mercado brasileiro em 2015. Suas exportações totalizaram US$ 30,7 bilhões, seguido dos Estados Unidos (US$ 26,8 bilhões), da Alemanha (US$ 10,4 bilhões) e da Argentina (US$ 10,3 bilhões). 3.4 Os bons resultados continuam em 2016 Em janeiro deste ano balança comercial brasileira apresentou superávit de 923 milhões de dólares, ao contrário do déficit de 3,17 bilhões de dólares registrado no mesmo período de 2015. Esses dados positivos escondem, no entanto, o grande recuo das exportações, que caíram 13,8 por cento em relação a 2015 significando a 11,246 bilhões de dólares pela média diária. Em termos de valor agregado as exportações tiveram retração de forma generalizada, com recuo anual de 21,3 por cento em semimanufaturados, de 14,7 por cento em produtos básicos e de 8,3 por cento em manufaturados. Já as importações apresentaram uma queda ainda maior, de 35,8 por cento, a 10,323 bilhões de dólares. Em termos de valor agregado, as importações também sofreram declínio em todas as categorias, com recuo de 60,6 por cento em combustíveis e lubrificantes e de 35,4 por cento em bens intermediários. Bens de consumo, por sua vez, caíram 28,8 por cento, enquanto a queda em bens de capital foi de 21,8 por cento