II DA NOVA SISTEMÁTICA NO PROCESSO LEGISLATIVO DA CÂMARA MUNICIPAL DE TERESINA E A POSSIBILIDADE DE MANIFESTAÇÃO DA ASSESSORIA JURÍDICA LEGISLATIVA

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Transcrição:

PARECER AJL/CMT Nº 0202/2013 Teresina (PI), 07 de novembro de 2013. Assunto: Projeto de Lei nº 198/2013 Autor: Vereador Levino dos Santos Filho Ementa: Dispõe sobre a vistoria de veículos licenciados no município de Teresina PI, englobando o Sistema de Controle de Poluição Veicular e o Sistema de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso, e dá outras providências. Conclusão: Parecer contrário à tramitação da matéria I RELATÓRIO O nobre Vereador Levino dos Santos apresentou o Projeto de Lei nº 0198/2013 que dispõe sobre a vistoria de veículos licenciados no Município de Teresina PI, englobando o Sistema de Controle de Poluição Veicular e o Sistema de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso, e dá outras providências. O objetivo da proposição, segundo noticia a justificativa, se norteia a tratar sobre a obrigatoriedade de realização de vistoria dos veículos que circulam pelo Município de Teresina, por meio da criação de um Sistema de Inspeção Ambiental Veicular e do Sistema de Licenciamento e Regularização dos Veículos, de forma a reduzir partículas e gases de efeito estufa de veículos, tudo em conformidade com o disposto na Resolução nº 418/09 do CONAMA e Instrução Normativa nº 06/2010 do IBAMA. É, em síntese, o relatório. 1 II DA NOVA SISTEMÁTICA NO PROCESSO LEGISLATIVO DA CÂMARA MUNICIPAL DE TERESINA E A POSSIBILIDADE DE MANIFESTAÇÃO DA ASSESSORIA JURÍDICA LEGISLATIVA Ab initio, impende salientar que a emissão de parecer por esta Assessoria Jurídica Legislativa não substitui o parecer das Comissões especializadas, porquanto estas são compostas pelos representantes do povo e constituem-se em manifestação efetivamente

legítima do Parlamento. Dessa forma, a opinião jurídica exarada neste parecer não tem força vinculante, podendo seus fundamentos serem utilizados ou não pelos membros desta Casa. De qualquer sorte, torna-se de suma importância algumas considerações sobre a possibilidade e compatibilidade da nova sistemática adotada para o processo legislativo no âmbito desta Casa de Leis de Teresina. A Resolução Normativa n. 036/2011, a qual dispõe sobre as atribuições dos Assessores Jurídicos Legislativos, assim estabelece em seu art. 9º, 1º, inciso I: Art. 9 Ficam criados 05 (cinco) cargos de Assessor Jurídico Legislativo, privativos de bacharéis em Direito, dentro do Quadro Efetivo de Pessoal da Câmara Municipal de Teresina, a serem providos na forma do que dispõe o art. 37, I e II, da Constituição Federal e 75, I e II, da Lei Orgânica do Município de Teresina. 1 São atribuições dos Assessores Jurídicos Legislativos: I emitir pareceres, por escrito, das proposições que tramitam no Departamento Legislativo, quando lhes forem solicitados, bem como, prestar assessoria e consultoria à Presidência, Mesa Diretora e as Comissões Permanentes e Especiais;[...] (grifo nosso) 2 Assim sendo, a referida Resolução estabelece expressamente a possibilidade de emissão de parecer escrito sobre as proposições legislativas, exatamente o caso ora tratado. A sistemática ressalte-se, não é exclusividade de Teresina, sendo adotada por diversas outras Câmaras Municipais brasileiras. Ainda assim, a opinião técnica desta é estritamente jurídica e opinativa, não podendo substituir a manifestação das Comissões Legislativas especializadas, pois a vontade do Parlamento deve ser cristalizada através da vontade do povo, aqui efetivada por meio de seus representantes eleitos. E são estes mesmos representantes que melhor podem analisar todas as circunstâncias e nuances (questões sociais e políticas) de cada proposição. Por essa razão, em síntese, a manifestação deste órgão de assessoramento jurídico, autorizada por norma deste Parlamento Municipal, serve apenas como norte, em caso de concordância, para o voto dos edis mafrenses, não havendo substituição e

obrigatoriedade em sua aceitação e, portanto, não atentando contra a soberania popular representada pela manifestação dos Vereadores. III EXAME DE ADMISSIBILIDADE Adentrando na análise da proposição legislativa propriamente, observa-se que o projeto encontra-se em conformidade com a técnica legislativa, estando de acordo com a legislação aplicável. Com efeito, por força do art. 59, parágrafo único, da Constituição da República Federativa do Brasil 1988 CRFB/88 cabe à Lei Complementar dispor sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Obedecendo a essa determinação constitucional, o legislador aprovou a LC nº. 95/1998 que assim dispõe: Art. 10. Os textos legais serão articulados com observância dos seguintes princípios: 3 I - a unidade básica de articulação será o artigo, indicado pela abreviatura "Art.", seguida de numeração ordinal até o nono e cardinal a partir deste; II - os artigos desdobrar-se-ão em parágrafos ou em incisos; os parágrafos em incisos, os incisos em alíneas e as alíneas em itens; III - os parágrafos serão representados pelo sinal gráfico " ", seguido de numeração ordinal até o nono e cardinal a partir deste, utilizando-se, quando existente apenas um, a expressão "parágrafo único" por extenso;(grifo nosso) Desse modo, observa-se que a proposição legislativa em comento encontra-se de acordo com a supracitada Lei Complementar. Além disso, cumpre destacar que o projeto de lei está redigido em termos claros, objetivos e concisos, em língua nacional e ortografia oficial, estando devidamente subscrito por seu autor, além de trazer o assunto sucintamente registrado em ementa, tudo na conformidade do disposto nos artigos 99 e 100 do Regimento Interno da Câmara Municipal de Teresina - RICMT.

A distribuição do texto também está dentro dos padrões exigidos pela técnica legislativa, não merecendo qualquer reparo, restando, pois, cumpridos os requisitos de admissibilidade. IV - ANÁLISE SOBRE O PRISMA LEGAL E CONSTITUCIONAL A proposição em epígrafe, de iniciativa do ilustre Vereador Levino dos Santos Filho, visa a instituir a obrigatoriedade da realização de vistoria dos veículos que circulam pelo Município, prevendo, para tanto, a criação de um Sistema de Controle de Poluição Veicular e o Sistema de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso Apesar da relevância da matéria, no entanto, observa-se que a proposição em epígrafe, nos termos em que foi apresentada, não tem como se desenvolver, em razão de vícios insanáveis, a seguir discriminados. 4.1. DO VÍCIO DE INICIATIVA 4 O objetivo principal do Projeto de lei, conforme exposto, é o de tornar obrigatória a inspeção e certificação de veículos da frota licenciada, ou não, no Município, determinando as regras a serem seguidas e o procedimento a ser adotado, com vistas a combater a poluição ambiental. Sobre a matéria, não obstante o art. 23, inciso VI, da Constituição Federal, afirmar que compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas, deve-se ressaltar que o art. 22, inciso XI, da Carta Magna, diz que compete à União legislar privativamente sobre trânsito e transporte. Assim, há de se distinguir que a proposição em comento traz regulamentação sobre matéria de sistema de licenciamento, ou seja, não se trata de norma de organização do serviço de trânsito, sobre a qual pode o Município legislar, e sim de normas de trânsito, que estão previstas no Código de Trânsito Brasileiro.

Com efeito, o art. 104 do Código de Trânsito Brasileiro estabelece de modo expresso que compete ao CONTRAN disciplinar a matéria versada no Projeto em análise, conforme disposto, in verbis: Art. 104 Os veículos em circulação terão suas condições de segurança, de controle de emissão de gases poluentes e de ruído avaliadas mediante inspeção, que será obrigatória, na forma e periodicidade estabelecidas pelo CONTRAN para os itens de segurança e pelo CONAMA para emissão de gases poluentes e ruído. A Inspeção Veicular Ambiental já foi disciplinada pelo CONAMA, por meio da Resolução nº 418/09, estabelecendo critérios para a elaboração de Planos de Controle de Poluição Veicular PCPV e para a implantação de Programas de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso - I/M pelos órgãos estaduais e municipais de meio ambiente. Assim, em consulta a Resolução nº 418/09 do CONAMA, verifica-se que esta estabelece regras para a criação do citado Programa de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso I/M, em seu art. 13, a seguir transcrito: Art. 13. Caberá ao órgão estadual de meio ambiente a responsabilidade pela execução do Programa de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso - I/M, conforme definido no PCPV. 1º Os municípios com frota total igual ou superior a três milhões de veículos poderão implantar Programas de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso - I/M próprios, mediante convênio específico com o estado. 2º Os demais municípios ou consórcios de municípios, indicados pelo Plano de Controle de Poluição Veicular, também poderão implantar Programas de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso - I/M próprios, mediante convênio específico com o estado, cabendo a este a responsabilidade pela supervisão do programa. 5 Ao fazer uma comparação entre as disposições autorizativas da Resolução do CONAMA com o Projeto de lei ora analisado, verifica-se que este vai além da mera instituição de Programa de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso I/M, trazendo normas referentes a licenciamento de veículos, o que afronta diretamente o art. 22, inciso XI, da Constituição Federal. Nesse sentido, já proferiu decisão o Supremo Tribunal Federal pela inconstitucionalidade de lei estadual semelhante, nos seguintes termos:

"Ação direta. Lei 6.347/2002, do Estado de Alagoas. Competência legislativa. Trânsito. Transporte. Veículos. Inspeção técnica veicular. Avaliação de condições de segurança e controle de emissões de poluentes e ruídos. Regulamentação de concessão de serviços e da sua prestação para esses fins. Inadmissibilidade. Competência legislativa exclusiva da União. Ofensa ao art. 22, XI, da CF. Ação julgada procedente. Precedentes. É inconstitucional a lei estadual que, sob pretexto de autorizar concessão de serviços, dispõe sobre inspeção técnica de veículos para avaliação de condições de segurança e controle de emissões de poluentes e ruídos." (ADI 3.049, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 4-6-2007, Plenário, DJ de 24-8-2007.) No mesmo sentido: ADI 1.972-MC Rel. p/ o ac. Min. Nelson Jobim, julgamento em 16-6-1999, Plenário, DJ de 9-11- 2007; ADI 1.666-MC, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 16-6-1999, Plenário, DJ de 27-2-2004. (grifo nosso) Dessa forma, a criação de uma inspeção veicular para o controle da emissão de poluentes e ruídos em Teresina, nos termos em que foi sugerida, não tem como prosperar, haja vista que a Resolução do CONAMA traz apenas a autorização para a criação de um Programa, não autorizando o Estado ou ao Município trazer regras específicas sobre licenciamento de veículos. 6 4.2. DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES Ainda, no que se refere à determinação da instituição de dois Programa pelo Poder Executivo, quais sejam o Sistema de Controle de Poluição Veicular e o Sistema de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso, observa-se que, do modo trazido pelo Projeto de lei em epígrafe, viola o princípio basilar da independência dos Poderes. redações: Com efeito, os artigos 3º e 4º, em seus respectivos capita, trazem as seguintes Art. 3º O Poder Executivo elaborará o Sistema de Controle de Poluição Veicular do Município de Teresina SCPV Teresina/PI (...) Art. 4º O SCPV Teresina/PI deverá ser periodicamente avaliado e revisto pelo Poder Executivo Municipal (...)

Desta feita, fica evidente que o legislador quis trazer uma obrigatoriedade ao Poder Executivo, afrontando diretamente o art. 2º da Constituição Federal, que traz como princípio fundamental da República Federativa do Brasil a independência e a harmonia entre os Poderes. V CONCLUSÃO Por essas razões, esta opina pela IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA da tramitação, discussão e votação do Projeto de lei ordinária ora examinado. É o parecer, salvo melhor e soberano juízo das Comissões e Plenário desta Casa Legislativa. GRAZIELLA VIANA DA SILVA ASSESSORA JURÍDICA LEGISLATIVA MATRÍCULA 06917-5 - CMT 7