A GESTÃO PARA RESULTADOS COMO FERRAMENTA ADMINISTRATIVA NAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR



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Transcrição:

A GESTÃO PARA RESULTADOS COMO FERRAMENTA ADMINISTRATIVA NAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR Banca Examinadora Prof. Orientador Luiz Carlos Merege Prof. Marilson Alves Gonçalves Prof. Peter Kevin Spink

À Juliana e Ana Thereza, pelo amor, estímulo e paciência Aos meus pais, pelos valores e educação À Sra. Nena e ao Sr. Galves, pelo exemplo de solidariedade FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO LUIZ RODOVIL ROSSI JR. A GESTÃO PARA RESULTADOS COMO FERRAMENTA ADMINISTRATIVA NAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR Dissertação apresentada ao Curso MBA da FGV/EAESP Área de Concentração : Organização, Recursos Humanos e Planejamento, como requisito para obtenção de título de Mestre em Administração. Orientador : Prof. Dr. Luiz Carlos Merege SÃO PAULO 1998

ROSSI Jr., Luiz Rodovil. A Gestão para Resultados como Ferramenta Administrativa nas Organizações do Terceiro Setor: São Paulo: EAESP/FGV, 1998. 73p. ( Dissertação de Mestrado apresentada ao curso de Master in Business Administration da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas, Área de Concentração: Organização, Recursos Humanos e Planejamento) Resumo: Trata de apresentar a gestão para resultados como ferramenta administrativa na aplicação do planejamento estratégico na organização do terceiro setor. Parte da premissa que o desempenho de uma organização que não visa o lucro só poderá ser otimizado e apresentado corretamente através de objetivos claros vinculados à missão e com a elaboração e o monitoramento de metas e indicadores de desempenho quantificáveis que levantem informações que sirvam de referência para planos de ação. Palavras-Chaves: Terceiro setor; planejamento estratégico; gestão para resultados; eficiência e eficácia; missão, objetivos estratégicos, planejamento de metas e monitoramento de indicadores de desempenho. ÍNDICE

Introdução... 01 Primeira Parte : Terceiro Setor... 05 1. Significado... 06 2. Motivos de crescimento... 08 2.1 Parceiro do Estado... 10 2.2 Parceiro de empresas... 12 2.3 Promotor de empregos... 14 2.4 Promotor da cidadania, valores e satisfação pessoal... 18 Segunda Parte : Resultados como Veículo para a Credibilidade... 22 Terceira Parte : Gestão para Resultados... 36 1. Planejamento, ação e controle... 37 2. A ferramenta administrativa de gestão para resultados... 39 2.1. Missão... 41 2.2. Diagnóstico do ambiente... 45 2.3. Objetivos estratégicos... 46 2.4. Indicadores de desempenho... 48 2.5. Metas de desempenho... 51 2.6. Monitoramento do desempenho... 53 2.7. Planos de ação... 54 3. Exemplo de aplicação... 56 Considerações Finais... 62 Bibliografia... 66 Anexos... 73 AGRADECIMENTOS

Almir Pereira Júnior, Antonio Jacinto Caleiro Palma, Clovis Bueno de Azevedo, Ines Pereira, Liane Marcondes, Maria Célia Cruz, Maria Rita Loureiro Durand, Mário Aquino Alves, Marilson Alves Gonçalves, Peter Spink e Rebeca Raposo pelos ensinamentos. Faezeh Shaikhzadeh Santos, João Roncati, Marcos Kisil, Oded Grajew Roberto Galassi Amaral pela atenção e auxílio. e Luiz Carlos Merege, pelos ensinamentos e orientação.

Qualquer coisa que você possa fazer ou sonhar, comece. A ousadia contém genialidade, poder e mágica. Goethe

INTRODUÇÃO 1

Cresce a confiança depositada nas organizações de um setor em constante e forte expansão no Brasil e no mundo: o chamado terceiro setor. Neste setor as organizações são privadas e sem fins lucrativos e complementam as iniciativas do setor governamental e do setor privado no atendimento de diversas necessidades da sociedade e na formação de um sistema econômico mais justo e democrático. Nestas organizações se encontram, em sua grande maioria, os indivíduos que valorizam o ser humano de uma maneira intensa e que estão inconformados com as desigualdades sociais e econômicas que a lógica da economia de mercado acaba ignorando, e que o Estado do bem-estar social se mostrou incapaz de resolver. O crescimento da consciência comunitária encontra, nestas organizações, um ambiente favorável a sua aplicabilidade. Os valores predominantes, bastante adequados para o desenvolvimento dos que trabalham nestas organizações, são: democracia, transparência, coletividade, flexibilidade e criatividade. As organizações do terceiro setor conseguem, pela qualidade intrínseca de sua missão, motivar e comprometer seus colaboradores, facilitando a criação de um ambiente participativo e recompensador. Quem nelas trabalha sabe que está construindo sua felicidade pessoal e social e que lá existe uma via de mão dupla onde quem ajuda está se ajudando. A busca da eficiência e eficácia no atendimento da missão das organizações do terceiro setor é o principal escopo deste trabalho. Estas organizações, que 2

não têm o lucro como objetivo, tendem a não dar prioridade ao desempenho e aos resultados, além destes serem difíceis de medir e controlar. A crescente consciência por parte das organizações do terceiro setor da necessidade de demonstrar resultados para todas as partes interessadas, os stakeholders, aliada a uma maior competição por recursos nem sempre facilmente disponíveis, propiciou uma abertura cada vez maior nestas organizações para a utilização de métodos administrativos profissionais, habitualmente utilizados no setor privado ou mesmo público. A gestão para resultados é a ferramenta administrativa apropriada para um gerenciamento focado em resultados, que une a missão aos planos de ação que fazem parte do dia a dia da organização, e que também serve como importante instrumento de comunicação do desempenho tanto interna como externamente. A gestão para resultados já é utilizada no setor privado e é especialmente útil para as organizações do setor público e do terceiro setor, que normalmente carecem de indicadores quantitativos para justificar com resultados mensuráveis a sua atuação. A primeira parte deste trabalho define o terceiro setor e apresenta através de informações coletadas em seminários, livros, e artigos de jornais e revistas, os principais motivos de seu crescimento: a parceria com os setores público e privado e a constatação do potencial das organizações da sociedade civil em gerar empregos e em promover a cidadania, valores e a satisfação pessoal. 3

A segunda parte é a apresentação de entrevistas com importantes dirigentes de organizações do terceiro setor que confirmam a importância fundamental de apresentar resultados como veículo para a credibilidade das organizações do terceiro setor, ao mesmo tempo que validam a gestão para resultados como uma ferramenta administrativa adequada para este fim. A terceira parte apresenta a ferramenta de gestão para resultados. Inicialmente é destacada a importância do ciclo planejamento, ação e controle estar implantado na organização que pretende ser eficiente e eficaz. A seguir, é explicada a ferramenta administrativa gestão para resultados e todas as etapas necessária para sua implantação: declaração da missão, diagnóstico do ambiente, definição dos objetivos estratégicos, desenvolvimento dos indicadores, determinação das metas de desempenho com o uso de referenciais, monitoramento dos indicadores de desempenho e a prática e o acompanhamento dos planos de ação. A terceira parte é concluída com um exemplo de aplicação da ferramenta gestão para resultados e, por fim, são apresentadas as considerações finais. 4

PRIMEIRA PARTE TERCEIRO SETOR 5

1. Significado O terceiro setor compreende as organizações sociais que não são nem estatais nem privadas, ou seja, mesmo sendo privadas não visam o lucro e, por outro lado, mesmo sendo motivadas por objetivos sociais, não são estatais. Estas organizações da sociedade civil abrangem as fundações, institutos, organizações não governamentais, organizações ambientalistas, associações de bairro, cooperativas, entidades assistenciais e instituições religiosas de assistência. Gilberto Dimenstein no livro Aprendiz do futuro: cidadania hoje e amanhã, define assim o terceiro setor: O conjunto de atividades das organizações da sociedade civil, portanto das organizações criadas por iniciativas privadas de cidadãos, com o objetivo de prestação de serviços ao público ( saúde, educação, cultura, habitação, direitos civis, desenvolvimento do ser humano, proteção do meio ambiente). Alardeado como um novo setor da economia na mais franca expansão, pode ser o equilíbrio buscado entre as atividades capitalistas - por gerar empregos - e as de assistência social - por não ter o lucro como meta principal, mas o bem-estar da sociedade, neste problemático final de milênio para as economias tradicionais. O que principalmente agrupa estas organizações em um setor é serem iniciadas e administradas por indivíduos que acreditam que mudanças são necessárias e que eles mesmos podem fazer alguma coisa para que estas mudanças aconteçam. 6

No livro Privado porém público: o terceiro setor na América Latina, Rubem César Fernandes coloca como razão de ser das organizações do terceiro setor o exercício e a promoção aos valores que ultrapassam a utilidade, enquanto um fim em si mesmos: Palavras como gratidão, lealdade, caridade, amor, compaixão, responsabilidade, solidariedade, verdade, beleza, etc. são moedas de troca correntes que alimentam o patrimônio do setor. Quanto mais sonoras e convincentes forem, maiores recursos advirão para as atividades que o compõem. Sua existência oferece um índice de vitalidade social de valores morais, estéticos e religiosos. No mesmo livro, Dr. Marcos Kisil, diretor regional para a América Latina e Caribe da W. K. Kellogg Foundation, menciona as seguintes características para analisar as organizações do terceiro setor, quando comparadas com outros tipos de organizações: Elas não têm fins lucrativos, são formadas, total ou parcialmente, por cidadãos que se organizam de maneira voluntária, o corpo técnico normalmente resulta de profissionais que geralmente se ligam à organização por razões filosóficas e tem um forte compromisso com o desenvolvimento social, são organizações voltadas para a ação, são flexíveis, inovadoras, rápidas e próximas às comunidades locais, e geralmente fazem um papel intermediário: ligam o cidadão comum com entidades e organizações que podem participar da solução de problemas identificados. 2. Motivos do crescimento 7

Nos últimos anos percebemos um despertar no Brasil para os benefícios de um terceiro setor fortalecido. Os seminários, cursos, livros e artigos na mídia impressa tem se multiplicado e partem de entusiastas de todos os setores da economia, que independente de suas ideologias, promovem o crescimento do terceiro setor. Em pesquisa para mensurar o tamanho do terceiro setor no Brasil, coordenada por Leilah Landim do ISER - Instituto de Estudos da Religião em conjunto com a Universidade John Hopkins dos Estados Unidos, é constatado um crescimento da mão-de-obra ocupada pelas organizações não governamentais no Brasil entre 1991 e 1995 de 45,16%. Este número se torna ainda mais relevante se compararmos com o crescimento no mesmo período de 9,76% no setor público e 27,09% no setor privado. O potencial de crescimento é percebido com a verificação que no Brasil o terceiro setor ainda representa 8,8% de toda atividade social enquanto que nos Estados Unidos é 33%, na Inglaterra 34% e na França 30%. Nos Estados Unidos existem 32 mil fundações com patrimônio aproximado de US$ 32 bilhões, distribuindo anualmente cerca de US$ 8,3 bilhões em verbas. Lá as contribuições individuais superam os US$ 100 bilhões anuais e respondem por 90 % dos fundos doados às entidades. A estes valores adiciona-se ainda o valor das horas de contribuições voluntárias que esta calculado em US$ 176 bilhões. Uma pesquisa realizada com a coordenação da John Hopkins University apresentou dados do terceiro setor para sete países: Estados Unidos, Japão, 8

reino Unido, Alemanha, França, Itália e Hungria. Esta pesquisa aponta que o terceiro setor movimenta anualmente US$ 340 bilhões nos Estados Unidos, US$94 bilhões no Japão, US$ 21 bilhões na Itália, US$ 4 bilhões na Hungria e cerca de US$ 40 bilhões na Alemanha, no Reino Unido e na França. O terceiro setor gera nestas economias emprego remunerado para cerca de 12 milhões de pessoas sendo que 7 milhões só nos Estados Unidos. São várias as razões para o crescimento: reconhecimento pelo Estado da necessidade de fazer parcerias com organizações da sociedade civil para o atendimento das diversas carências da sociedade; reconhecimento por parte das empresas privadas da necessidade e vantagens em mostrar sensibilidade aos problemas sociais; reconhecimento do potencial de absorção por parte das organizações da sociedade civil de mão de obra dispensada pelo Estado e pela iniciativa privada; percepção da maior satisfação e realização pessoal dos que trabalham nas organizações da sociedade civil e da capacidade elevada destas organizações em promover a cidadania e os valores éticos. Estes motivos de crescimento do terceiro setor foram identificados em diversos congressos, seminários, livros e artigos de jornais e revistas. 2.1 Parceiro do Estado 9

O crescimento do terceiro setor acontece principalmente pela evidente incapacidade atual do Estado em suprir as necessidades da sociedade. A tendência é que a reforma do Estado e a conseqüente diminuição de seu tamanho, como solução para seu enorme déficit, abra caminho a uma parceria cada vez maior com o terceiro setor no atendimento da sociedade. Luiz Carlos Bresser Pereira, ministro da Administração Federal e Reforma do Estado e professor da Fundação Getúlio Vargas, em artigo no jornal Folha de São Paulo, prevê: O século 21 será o século da propriedade pública nãoestatal, uma forma de defesa dos direitos sociais mais eficiente, porque mais competitiva e flexível ( a burocracia estatal é, por definição, monopolista), e mais democrática, porque diretamente submetida ao controle social. O Estado que está surgindo da crise garantirá os direitos sociais ao financiar as organizações públicas não-estatais. Dessa forma, continuará a ser um Estado social, mas deixará de ser um estado burocrático. Como parte do projeto de reforma do Estado encaminhado pelo ministro Bresser Pereira foram criadas as Organizações Sociais. Elas são uma forma de organização pública não-estatal constituídas pelas associações civis sem fins lucrativos destinada a absorver atividades publicizáveis mediante qualificação específica. Publicização é um movimento em direção ao terceiro setor no sentido de responsabilizá-lo, através de um contrato de gestão, pela execução de serviços que não envolvem o exercício do poder de Estado, mas devem ser subsidiados pelo Estado, como é o caso dos serviços de educação, saúde, 10

cultura e pesquisa científica. É portanto uma parceria entre Estado e sociedade para seu financiamento e controle. O modelo institucional das organizações sociais apresenta vantagens claras sobre as organizações estatais atualmente responsáveis pela execução de atividades não-exclusivas. Do ponto de vista da gestão de recursos, as organizações sociais não estão sujeitas às normas que regulam a gestão de recursos humanos, orçamento e finanças, compras e contratos na administração pública. Há portanto ganhos significativos de agilidade e qualidade na seleção, contratação, manutenção e desligamento de funcionários, e nas aquisições de bens e serviços. A avaliação da gestão de uma organização social se dá mediante o cumprimento de metas estabelecidas no contrato de gestão, ao passo que nas entidades estatais o que predomina é o controle dos meios. O ministro do trabalho Edward Amadeo, em artigo Cresce a importância das ONG no jornal Gazeta Mercantil sobre o seminário A contribuição do terceiro setor para o desenvolvimento sustentado do País, destaca o crescimento e a importância das organizações sociais e sem fins lucrativos à medida que se reconhece a impossibilidade do setor público e privado de suprirem as necessidades sociais. Para ele as metas sociais do governo incluem a busca da ação integrada, a descentralização do governo federal e a interação entre a sociedade e o Estado. A primeira dama Ruth Cardoso, no livro 3º Setor: desenvolvimento social sustentado, organizado por Evelyn Ioschpe, mostra sua convicção que o 11

conceito de terceiro setor descreve um espaço de participação e experimentação de novos modos de pensar e agir sobre a realidade social. Ela reconhece que a ação do terceiro setor no enfrentamento de questões diagnosticadas pela própria sociedade, oferece modelos de trabalho que representam modos mais eficazes de resolver problemas sociais: A grande contribuição do terceiro setor, é a busca e experimentação, ainda que em pequena escala, de soluções inovadoras para os problemas que ele se propõe a enfrentar. As organizações da sociedade civil ganharam uma competência no modo de se relacionar e intervir junto a grupos sociais específicos. Para serem bem sucedidas, iniciativas voltadas para estes grupos mais frágeis e vulneráveis requerem regras e modos de atuação que só se constróem através da ação e experimentação. Foi a crença na existência, relevância e potencialidade de um terceiro setor, não-lucrativo e não-governamental, que inspirou o desenho do programa que Ruth Cardoso coordena através do Conselho da Comunidade Solidária. 2.2 Parceiro de empresas O professor Luiz Carlos Merege, economista, professor titular da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo e coordenador do CETS, Centro de Estudos do Terceiro Setor da FGV, em artigo O terceiro setor e a nova ética empresarial na Revista da Indústria da FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, destaca também a importância crescente que será dada no julgamento das 12

empresas ao balanço social, e não só aos seus resultados econômicosfinanceiros. O balanço social já faz parte da campanha publicitária de algumas empresas que tem se engajado em causas sociais ou ambientais. A tendência é que esta conduta tenha um efeito multiplicador a partir do reconhecimento da sociedade, do serviço público que estas empresas estão cumprindo. Oded Grajew, empresário e coordenador geral da Cives, Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania, em artigo da revista Caros Amigos, cita uma publicação americana, Melhores Empresas para Você Trabalhar, que será feita também no Brasil, que indica as empresas que tem responsabilidade social. Esta indicação acaba influenciando a escolha dos formandos talentosos na busca de emprego e ainda: Muitos fundos de investimento hoje só tem ações de empresas consideradas responsáveis. São as que tem critério, pensam no meio ambiente, tem auditoria social etc. E as pessoas só colocam seus recursos nelas por causas desses valores sociais. As empresas se interessam em ser socialmente responsáveis. Porque dá mais lucro. Stephen Kanitz, professor e consultor, criador do prêmio Bem Eficiente, em artigo Capitalismo beneficente, na revista Veja, fala da necessidade de aprimorar o capitalismo para que ele produza bens e serviços de que as pessoas precisam. A este respeito acredita que alguns empresário estão indo para esta direção: Estão gastando tempo, recursos organizacionais e dinheiro em atividades beneficentes e filantrópicas simplesmente porque 13

acreditam que as empresas precisam produzir também bens que a sociedade quer. 2.3 Promotor de empregos O professor Luiz Carlos Merege em artigo na revista Isto É, além de ressalvar a importância do apoio mútuo entre os setores público, privado e terceiro setor, aponta o crescimento deste último: Um fenômeno está mudando a cara do capitalismo. Trata-se da formalização de um setor que até recentemente permaneceu sem identidade. Além de ganhar visibilidade, este setor quando mensurado em termos econômicos, tem causado surpresas aos estudiosos. A sua participação no PIB e o seu peso no mercado de trabalho são bastantes significativos. O que mais chama a atenção é que enquanto no Estado e no setor privado o emprego vem minguando em todos países, o crescimento do emprego nesse setor é um fato que gera esperança na nossa era de exclusão social. O economista americano Jeremy Rifkin, autor de mais de uma dúzia de livros sobre tendências econômicas e questões relacionadas à ciência, tecnologia e cultura, apresenta em seu livro O fim dos empregos a sua visão sobre a importância do terceiro setor na geração de empregos no futuro próximo: Até agora, o mundo tem estado tão preocupado com o funcionamento da economia de mercado que a idéia de dar mais atenção à economia social tem sido pouco considerada, tanto pelo público quanto pela política governamental. Isto deve mudar nos próximos anos, quando ficar cada vez mais claro que um terceiro setor transformado oferece a única arena viável para canalizar de modo construtivo a mão-de-obra excedente, descartada 14

pelo mercado global. A globalização do setor de mercado e a diminuição do papel do setor governamental significarão que as pessoas serão forçadas a se organizarem em comunidades de interesses próprios para garantirem seu próprio futuro. O sucesso da transição para uma era pós-mercado dependerá em grande parte da capacidade de um eleitorado motivado, trabalhando em coalizões e movimentos, para transferir efetivamente, tanto quanto possível, os ganhos de produtividade do setor de mercado para o terceiro setor, para fortalecer os vínculos comunitários e as infra-estruturas locais. Apenas com a construção de comunidades locais fortes e auto-sustentadas as pessoas em todos os países serão capazes de resistir às forças do deslocamento tecnológico e da globalização do mercado que ameaçam o sustento e a sobrevivência de grande parte da família humana. No seminário internacional Sociedade e Reforma do Estado, promovido pelo Ministério da Administração e Reforma do Estado, houve um consenso entre os especialistas e expositores que a participação da sociedade civil na reforma do Estado deve ser valorizada e reforçada. Um dos palestrantes, Claus Offe, sociólogo alemão, professor da Universidade Humboldt, em Berlim, aponta que as ideologias acabaram e, que as entidades comunitárias como as organizações não governamentais e as igrejas, vão formar ao lado do estado e do mercado, uma nova ordem social. Em entrevista para a revista Veja ele diz: Os problemas de um país não vão ser resolvidos apenas pela ação do Estado ou do mercado. É preciso um novo pacto, que ressalve o dever do Estado de dar condições básicas de cidadania, garanta a liberdade do mercado e da competição econômica e, para evitar o conflito entre estes 15

dois interesses, permita a influência de entidades comunitárias. As organizações não governamentais atuam como uma válvula de escape nas deficiências do Estado e do mercado. É a entidade de direitos civis que vai defender os interesses dos cidadãos junto à Justiça e ao Congresso. É a solidariedade de uma organização religiosa que vai ajudar muitos desempregados excluídos pelo mercado. Peter Drucker em Sociedade pós-capitalista, relata que as organizações sem fins lucrativos tornaram-se as maiores empregadoras dos Estados Unidos. Um em cada dois adultos americanos, cerca de 90 milhões de pessoas ao todo, trabalha pelo menos três horas por semana como pessoal não remunerado, isto é como voluntário, para uma organização sem fins lucrativos, para igrejas e hospitais, para agências de serviços de saúde, para serviços comunitários, para serviços de reabilitação, para abrigos de pessoas maltratadas e para serviços de tutela em escolas nas áreas centrais das cidades. Ele prevê que no ano 2000 o número dessas pessoas que trabalham sem remuneração deverá chegar a 120 milhões, e suas horas médias de trabalho a cinco por semana. Para ele a principal razão para esse crescimento na participação de voluntários nos Estados Unidos não é o aumento da necessidade, mas a busca por parte dos voluntários de compromisso e contribuição. Destaca ainda que a sociedade pós-capitalista e a forma de governo póscapitalista exigem um novo setor social, tanto para satisfazer as necessidades sociais como para restaurar um senso significativo de cidadania e comunidade. Lembra que o governo tem conseguido muito pouco como 16

executor nesta esfera e que as ações não-governamentais de organizações comunitárias autônomas produziram ótimos resultados: A primeira conclusão a ser tirada é que o governo deve deixar de ser um executor e gerente na esfera social e limitar-se a definir a política. Isto significa que na esfera social, assim como na econômica, existe a necessidade de terceirizar. O governo é o maior empregador de trabalhadores em serviços, mas seus funcionários são os menos produtivos. E enquanto eles forem funcionários públicos, sua produtividade não poderá subir. Uma repartição pública age necessariamente como uma burocracia. Ela precisa subordinar a produtividade a regras e regulamentos. Precisa focalizar os formulários adequados ao invés dos resultados, caso contrário em pouco tempo ela se transforma numa quadrilha de ladrões. Portanto, o incentivo às organizações comunitárias autônomas no setor social é um passo importante na reformulação do governo para que este recupere seu desempenho. Mas a maior contribuição que essas organizações podem dar é como novos centros de cidadania. O megaestado praticamente destruiu a cidadania. Para restaurá-la, o governo pós-capitalista precisa de um terceiro setor em adição aos dois já conhecidos. 2.4 Promotor da cidadania, valores e satisfação pessoal José Mindlin, empresário e membro do conselho da Fundação Vitae, em artigo na Folha de São Paulo, Filantropia, exercício de cidadania, considera o apoio financeiro privado à cultura, à educação e a programas sociais uma obrigação social e acrescenta : Aliás a contribuição da sociedade não se deve limitar ao suprimento de recursos financeiros. É da maior importância 17

que haja também uma participação pessoal nas iniciativas financiadas. Nos EUA, essa participação, que se traduz por tempo dedicado às atividades filantrópicas - tempo que representa um valor -, é equivalente e, por vezes, até mesmo maior do que a contribuição financeira. Criou-se lá, e felizmente começou a surgir aqui, mas em escala ainda insuficiente, o que vem sendo chamado de terceiro setor. Temos pela frente como vê, um grande desafio, mas inegavelmente um desafio estimulante. Como membro do conselho da Vitae, uma das muitas instituições filantrópicas que existe entre nós, posso confirmar a satisfação que essa atividade proporciona. Oded Grajew, empresário e coordenador geral da Cives, Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania em artigo na Folha de São Paulo, Educação para a cidadania preocupado com o grau de alienação dos jovens: No Brasil, o país campeão mundial de desigualdade social, os filhos de famílias mais privilegiadas acabam se afastando dos problemas da comunidade, isolados no gueto da escola, do transporte e da segurança privados, cercados pelos muros dos condomínios fechados. O serviço comunitário oferece ao jovem a oportunidade de romper o isolamento, de conhecer e se identificar com o lugar onde vive e com as pessoas que moram na localidade. Os jovens que prestam serviços comunitários aumentam seu senso de responsabilidade e solidariedade e descobrem novo sentido às suas vidas. Adquirem conhecimentos para trabalhar no terceiro setor e ampliar programas e número de organizações sociais. 18

Oded Grajew em outro artigo da Folha de São Paulo, ONGs, um passo adiante, fala também da satisfação do trabalho nas organizações do terceiro setor: A cada dia surgem novas organizações e empresas engajadas em empreendimentos sociais. Estar envolvido com o trabalho das organizações sociais dá um sentido à vida e traz muita gratificação. Sabemos estar contribuindo para aliviar as carências de muitas pessoas, famílias e comunidades. No livro Reiventando o Governo de David Osborne e Ted Gaebler, é feita uma análise das forças e fraquezas na prestação de serviços à sociedade de cada um dos setores privado, público e terceiro setor. O autor aponta que o terceiro setor é o melhor quando se trata de implementar normas morais e reforçar a responsabilidade individual pela conduta já que suas organizações existem tipicamente para cumprir uma missão e quase sempre têm um forte sentido dos valores e o desejo de respeitá-los na prática. Os quadros a seguir foram extraídos do livro citado acima e permite uma visão ampla do perfil dos setores público, privado e do terceiro setor: QUALIDADES DESEJADAS NOS PRESTADORES DE SERVIÇOS AO PÚBLICO ( A = existente em alto grau ) ( B = existente em baixo grau ) ( M = existente em grau moderado) Setor Setor Terceiro Público Privado Setor 19

Qualidades do setor público: Estabilidade A B M Capacidade de tratar assuntos circunstanciais A B M Imunidade ao favoritismo A M B Qualidades do setor privado: Capacidade de reagir a mudanças rápidas B A M Capacidade de inovar M A M Tendência a repetir o sucesso B A M Tendência a abandonar o obsoleto ou mal sucedido B A M Capacidade de assumir riscos B A M Capacidade de gerar capital M A B Habilitação profissional M A M Utilização das economias de escala M A B Qualidades do terceiro setor: Capacidade de atender populações diferenciadas B M A Compaixão e comprometimento M B A Abordagem holística dos problemas B B A Capacidade de gerar confiança M B A TAREFAS MAIS ADEQUADAS A CADA SETOR ( E = efetiva ) ( I = inefetiva ) ( D = dependente do contexto ) SETOR PÚBLICO Setor Setor Terceiro Público Privado Setor 20

Administração de políticas E I D Regulamentação E I D Eqüidade E I E Prevenção da discriminação E D D Prevenção da exploração E I E Promoção da coesão social E I E SETOR PRIVADO Atividades econômicas I E D Investimento I E D Geração de lucros I E I Auto-suficiência I E D TERCEIRO SETOR Atividades sociais D I E Atividades que exigem voluntários D I E Atividades que geram pouco lucro D I E Promoção da responsabilidade individual I D E Promoção da comunidade D I E Promoção do comprometimento com o bem-estar social D I E 21

SEGUNDA PARTE RESULTADOS COM VEÍCULO PARA A CREDIBILIDADE A credibilidade é fundamental para a sustentabilidade das organizações do terceiro setor, que operam na sua grande maioria com recursos provenientes de seus parceiros. Em entrevistas com diversos dirigentes de organizações do terceiro setor ficou clara a necessidade da apresentação de resultados como um meio de aumentar sua credibilidade. Todos os entrevistados são profissionais de 22