ASPECTOS GERAIS DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA E SITUAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO

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Transcrição:

ASPECTOS GERAIS DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA E SITUAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO GENERAL ASPECTS ON CANINE VISCERAL LEIHSMANIASIS AND SITUATION IN THE SÃO PAULO STATE HELIO LANGONI 1 RESUMO: A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) ou Leishmaniose Visceral Americana (LVA) é uma zoonose de significado para a saúde pública. Verifica-se no Estado de São Paulo a sua expansão geográfica, a partir dos primeiros casos autóctones em cães, notificados em 1998, e o conseqüente aumento da sua ocorrência no homem. O cão doméstico é o seu principal reservatório na área urbana, entre outros animais como raposas e marsupiais. O principal agente no Brasil é Leishmania chagasi, e como vetores o mais importante Lutzomyia longipalpis, considerando-se ainda a participação da Lutzomyia cruzi no Mato Grosso do Sul. A doença clínica no cão é polimorfa, sendo as lesões de pele, emagrecimento e linfoadenopatia os sinais mais significativos. Para o controle da enfermidade são recomendadas várias ações que devem ser associadas, iniciand o-se com a notificação de sua ocorrência, incluindo-se a vacinação de cães sob o controle de médicos veterinários, o controle de flebotomíneos, a eutanásia de cães positivos, a utilização de coleiras antiparasitárias, de repelentes, e atividades de educação em saúde e para a posse responsável. O tratamento está proibido de acordo com portaria interministerial. PALAVRAS CHAVE: Leishmaniose Visceral Canina, Estado de São Paulo. ABSTRACT: Canine Visceral Leishmaniasis (CVL) or American Visceral Leishmaniasis (AVL) is an important zoonosis to the public health. In the São Paulo State its geographic expansion had been verified since the first autochthonous case in dogs, notified in 1998, 1 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu, Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública. Distrito de Rubião Jr, s/n 18618000 - Botucatu, SP Brasil Telefone: (14) 38116270; Fax: (14) 38116075 E-mail: hlangoni@fmvz.unesp.br 1

and the consequent increase of the occurrence of the disease in human beings. Domestic dog is the main reservoir in urban area, among other anima ls, like fox and marsupia ls. The main agent in Brazil is Leishmania chagasi, and the most important vector Lutzomyia longipalpis, besides of the participation of Lutzomyia cruzi in Mato Grosso do Sul State. The clinical disease in dogs is polymorph, being the skin lesions, thinning and lymphadenopathy the most significant signs. For the disease control are recommended several associated actions, initiating with the notification of its occurrence, including the dogs vaccination under the veterinary control, sand fly control, euthanasia of positive animals, the utilization of antiparasitary dog-collar, repellents, and health education activities and for responsible care. The treatment is prohibited according to the interministerial regulation. KEY WORDS: Canine Visceral Leishmaniasis, São Paulo State. INTRODUÇÃO A Leishmaniose Visceral Americana (LVA), conhecida também como Leishmaniose Visceral Canina (LVC), ou calazar, é uma zoonose de grande impacto na saúde pública, caracterizada por elevada taxa de morbidade e letalidade. É uma zoonose infecto-parasitária cuja característica principal, e que compromete o seu controle, é a diversidade epidemiológica, em função da grande variabilidade de espécies hospedeiras e reservatórios, de vetores e de características ambientais que interagem e possibilitam a manutenção e difusão da enfermidade. A LVC apresenta significativa expansão geográfica, com aumento de casos humanos em função das mudanças e seu perfil de transmissão, pois inicialmente a enfermidade predominava em ambientes rurais e periurbanos e, hoje, a sua expansão ocorre na região urbana (LINDOSO & GOTO, 2006), verificando-se grande aumento da sua incidência em grandes centros urbanos, caracterizando-se em grande problema de saúde pública. O cão é o principal reservatório doméstico de Leishmania spp. (SÃO PAULO, 2006) pois apresenta intenso parasitismo cutâneo, estreito contato com o homem e 2

principalmente por servir de fonte de alimento, atraindo a presença do vetor, Lutzomyia longipalpis que face às condições ambientais como temperatura, umidade e presença de matéria orgânica te m condições de se perpetuar facilitando a transmissão para outros animais e para o homem. Outro aspecto important e é o intenso deslocamento de indivíduos com os seus animais de estimação (FORATTINI, 1992), contribuindo para a disseminação da doença. Lutzomyia cruzi foi considerado como vetor da LVA na cidade de Corumbá-MS (GALATI et al., 1997). A Região de Araçatuba foi pioneira em diagnosticar casos clínicos autóctones de LVC no Estado de São Paulo (LUVIZOTTO et al., 1999). A transmissão autóctone da doença não havia sido registrada até 1998, apesar de registros anteriores sobre a ocorrência de LVA em Diadema e São Paulo, sem a identificação, entretanto, dos elos da cadeia de transmissão quanto a vetores e reservatórios (IVERSON et al., 1982). Algumas áreas estudadas deste Estado não apresentam indícios da ocorrência da doença em cães, como no município de Botucatu (LANGONI et al., 2001), entretanto é imprescindível a adoção de medidas de vigilância epidemiológica por parte dos municípios, considerando-se a franca expansão desta zoonose e a possibilidade de diagnóstico de casos alóctones (LANGONI et al., 2005). Etiologia As leishmanioses têm como agentes etiológicos protozoários intracelulares do gênero Leishmania, ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae. Há 21 espécies de Leishmania, transmitidas por cerca de 30 espécies de flebotomíneos. Cinco delas causam as três principais formas de leishmaniose em humanos: L. tropica e L. major, a leishmaniose cutânea: L. braziliensis e L. mexicana, a leishmaniose muco-cutânea; e o complexo L. donovani, no qual se encontra a Leishmania (Leishmania) donovani e a Leishmania (Leishmania) infantum no Velho Mundo, e a Leishmania (Leishmania) chagasi no Novo Mundo, inclusive no Brasil que causam a leishmaniose visceral. Lainson et al. (1987) baseados em diferenças ecológicas e epidemiológicas, acreditam que a L. chagasi seja realmente uma espécie autóctone da América do Sul, pois encontraram altas taxas de infecção em canídeos originários da Amazônia. Em função de suas características bioquímicas e moleculares muito semelhantes, alguns pesquisadores 3

acreditam que a L. chagasi e L. infantum são a mesma espécie (MAURÍCIO et al., 2000). Lukes et al. (2007) acreditam que L. chagasi pode ter origem na América do Sul, mas ter se modificado após migração para a Ásia. As leishmanias são parasitos heteroxenos, completando seu ciclo de vida em dois hospedeiros, sendo um vertebrado (como canídeos, roedores ou humanos) e o outro invertebrado como dípteros hematófagos da família Phlebotomidae, pertencente ao gênero Phlebotomus, com várias espécies vetoras no Velho Mundo, e gênero Lutzomyia, com espécies vetoras no Novo Mundo (GALATI et al., 1997). Vetores No Novo Mundo o seu vetor é a Lutzomyia longipalpis, pequeno mosquito de 2 a 3 mm, de hábitos peridomésticos e intradomiciliares, que como todo flebotomíneo faz seu ciclo larvar na matéria orgânica úmida, e não na água, o que dificulta o seu controle (SANTA ROSA & OLIVEIRA, 1997). Há evidências da possível participação de outras espécies de Lutzomyia, tais como a Lutzomyia evansi e Lutzomyia cruzi, atuarem como vetores (TRAVI et al., 1996). O ciclo de vida consiste em dois diferentes estágios de desenvolvimento. Nos vertebrados a Leishmania existe como uma amastigota esférica e imóvel, com aproximadamente 2,5 a 5 µm de diâmetro, que se multiplica no interior dos fagolisossomsos presentes nos macrófagos do hospedeiro. O mosquito ingere macrófagos contendo amastigotas durante o seu repasto sangüíneo. Estas são liberadas no interior da glândula salivar do mosquito, e diferenciam-se em promastigotas procíclicas flageladas, e prendem-se ao epitélio da glândula salivar. Pelo processo de metaciclogênese, dividem-se e adquirem virulência, transformando-se em uma forma infectante metacíclica, as quais se desprendem do epitélio da glândula salivar e migram para a faringe e cavidade bucal. Durante o próximo repasto sangüíneo, as promastigotas metacíclicas são passadas para o hospedeiro vertebrado. Estas são incorporadas por fagolisossomos, dentro dos quais se diferenciam em formas amastigotas. Estas se multiplicam, eventualmente rompem os macrófagos infectados, e são liberadas para serem fagocitadas por outros macrófagos, iniciando novo ciclo (CUNNINGHAM, 2002). 4

Reservatórios Ocorrem dois ciclos epidemiológicos no calazar: o ciclo silvestre, cujos reservatórios são as raposas (Dusicyon vetulus e Cerdocyon thous) e marsupiais (Didelphis albiventris e D. marsupialis), e o ciclo doméstico ou peridoméstico, onde o cão (Canis familiaris) é o principal reservatório, provavelmente devido ao seu maior parasitismo cutâneo. No Brasil, esta espécie encontra-se infectada em quase todos os focos de calazar humano (LAINSON, 1983). Aspectos clínicos nos cães As alterações clínicas na LV mais freqüentemente observadas em cães são a linfadenopatia, alterações dermatológicas, hepato e esplenomegalia, emaciação e onicogrifose. Anemia, lesões oculares, hipertemia, emese, diarréia, sinais respiratórios, epistaxe, comprometimento renal e hepático, artrites e alterações neurológicas também podem ser constatados (FEITOSA et al., 2000). Podem estar associados quadros de demodicose, piodermite, hemoparasitos e outras manifestações decorrentes de infecções secundárias à imunossupressão (SLAPPENDEL & FERRER, 1998). Em alguns cães a doença pode permanecer latente, levando inclusive à cura espontânea. No Brasil, a forma assintomática da doença geralmente representa 40 a 60% de uma população soropositiva, e há evidências que as taxas de prevalência são maiores que as obtidas por estudos sorológicos. A existência de cães assintomáticos parasitados com ou sem anticorpos tem sido observada em infecções naturais e experimentais (FARREL, 2002). Aspectos clínicos no homem O paciente pode apresentar febre irregular de longa duração, sinais de desnutrição proteicocalórica, hepatoesplenomegalia e alterações na pele, que são os principais sintomas da LVA nos seres humanos. A evolução é crônica e pode ser fatal, se não diagnosticada e tratada precoce e adequadamente, sendo que crianças menores de cinco anos e idosos são os mais freqüentemente acometidos. Pode ainda estar associada à severa desnutrição (BADARÓ & DUARTE, 1997). No Brasil, a leishmaniose visceral americana (LVA) é doença de notificação compulsória, sendo disciplinada a investigação epidemiológica para definir as medidas de 5

controle. O programa de controle coordenado pelo Ministério da Saúde tem como objetivo reduzir as taxas de letalidade, grau de morbidade e risco de transmissão, mediante controle da população de reservatórios, do vetor e pelo diagnóstico e tratamento precoce dos casos humanos da doença (BRASIL, 2006). No Estado de São Paulo, a doença era conhecida apenas pelos casos importados, porém, em 1999, foi confirmado o primeiro caso humano autóctone no município de Araçatuba. Até dezembro de 2003, mais de 300 casos humanos foram confirmados na região Oeste do Estado de São Paulo, com 35 municípios classificados como de transmissão e, destes, 20 apresentam casos humanos autóctones (SECRETARIA, 2004). Nos anos de 2004, 2005 e 2006 foram registrados 134, 155 e 247 casos humanos, respectivamente (CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, 2008). A LVA tem sido apontada como doença reemergente, caracterizando nítido processo de transição epidemiológica, apresentando incidência crescente nos últimos anos nas áreas onde ocorria tradicionalmente, assim como expansão geográfica para os estados mais ao sul do país. Esta incidência crescente e um franco processo de urbanização pode ser observada em cidades localizadas em regiões distintas, como o Nordeste e Sudeste. Cidades como: Boa Vista e Santarém (Região Norte); Teresina, São Luiz, Natal e Aracaju (Região Nordeste); Montes Claros e Belo Horizonte, Araçuaí, Sabará, Perdões e Rio de Janeiro (Região Sudeste) e Cuiabá (Região Centro-Oeste) que já vivenciaram ou vivenciam, recentemente, epidemias de LV humana e canina (ALVES & BEVILACQUA, 2004). Ocorrência e controle Verifica-se um aumento do número de casos da doença em humanos que, quando não tratada, leva até 90% dos pacientes ao óbito. Em 2001, foram 2.806 infecções confirmadas no Brasil. Em 2006, esse número aumentou para 4.526 casos aumento de 61,3%. A taxa de mortalidade também subiu em um ritmo semelhante. Cresceu de 169 mortes pela doença para 308 no mesmo período (82,3%). A leishmaniose visceral está presente hoje em 20 Estados. A pior situação, em 2006, foi a do Ceará, com confirmação de 897 casos da doença. Em São Paulo, a infecção apresenta trajetória de aumento. Em 2001, 94 pessoas estavam infectadas. Em 2006, esse 6

número foi a 247. Pode-se dizer que em cinco anos houve um aumento de 61% na ocorrência dos casos de leishmaniose visceral humana. Quanto a LVC no Estado de São Paulo, ela era conhecida somente pelos casos importados. Porém, em 1998, no município de Araçatuba, região oeste do Estado, foram detectados cães positivos (LUVIZOTTO et al., 1999), confirmando a sua transmissão em área urbana. Até meados de 2006, em 68 municípios das regiões administrativas de Araçatuba, Bauru, Marília, Presidente Prudente e São João da Boa Vista, encontrou-se o vetor Lutzomyia longipalpis, e em 45 deles constatou-se a transmissão da enfermidade em cães, e em 34 foram detectados também casos humanos (SÃO PAULO, 2006). Após conhecimento da existência de cães com suspeita de Leishmaniose Visceral Americana autóctone, na área urbana, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo estabeleceu um trabalho interinstitucional, com órgãos de vigilância, no sentido de conhecer a situação epidemiológica da LVA no Estado de São Paulo, e de propor e implementar as medidas de controle necessárias, junto aos municípios. Constatou-se que a doença não estava restrita ao Município de Araçatuba e não estava acometendo apenas os cães, mas também o ser humano. Inicialmente foram detectados quatro casos humanos autóctones no município de Araçatuba. O terceiro caso notificado era o mais antigo, com início de sintomas em maio de 1998, antes mesmo da suspeita dos casos caninos, tratandose portanto de um diagnóstico tardio, com evolução para óbito. Os três primeiros casos estavam localizados na mesma área do Município, distando cerca de 2 km entre si. Apenas o último caso, entre os quatro, tratava-se de paciente de outro extremo da cidade. As atividades de vigilância realizadas por inquérito sorológico ou coletadas de cães suspeitos atendidos em clínicas veterinárias, na UNESP de Araçatuba ou Serviços de Zoonoses dos municípios vizinhos revelo u, nos dados provisórios até julho de 1999, a ocorrência de 1898 cães positivos, sendo do município de Araçatuba 1712, vindo a seguir o Guararapes, com 60, Birigui com 55, Pereira Barreto com 36, e outras cidades da região, com menor número de casos. Além desses casos, outros municípios já mostravam cães postitivos, como São José do Rio Preto, General Salgado, Promissão, Bauru e Lins (Divisão de Zoonoses/CVE/SES). Uma série histórica, de acordo com os dados do SINAN/SVS/MS, mostra para o Brasil a notificação de 1944 casos humanos de leishmaniose visceral em 1990, 3885 casos em 1995, 4858 casos em 2000, e 3597 em 2005, e 3433 até 18 de 7

setembro de 2007. No Estado de São Paulo, 88 casos em 2000, e 84, 125, 179, 155 e 165 em 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005, respectivamente. Em 2006, até 18 de setembro, houve registro de 254 casos. Observa-se franca disseminação da LV para inúmeros municípios do Estado de São Paulo. O Departamento de Saúde Coletiva, da Secretaria Municipal da Saúde do município de Bauru confirmou, em agosto de 2008, cinco novos casos da doença, sendo três deles crianças com idade de até 10 anos e dois de crianças de um ano. Com esses casos, Bauru totaliza 31 registros em 2008, com seis óbitos. De acordo com Camargo-Neves e Gomes (2002) e Camargo-Neves (2004), verifica-se realmente expansão da doença em função da adaptação do vetor em áreas urbanas, entretanto nos municípios considerados endêmicos que mantém as atividades preconizadas pelo Programa de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral Americana (PVCLVA) no Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2000), não há aumento significativo do número de casos. Especificamente, no Estado de São Paulo, de acordo com os dados do Centro de Vigilância Epidemiológica, segundo os casos humanos registrados por regiões das Direções Regionais de Saúde (DIR), tem-se o total de casos autóctones e óbitos como segue, anualmente, a partir de 1999 até 30 de julho de 2008 (Tabela 1). Tabela 1. Casos autóctones e óbitos da LVA humana, no Estado de São Paulo, 1999 a 30 de julho de 2008.* Ano Casos Óbitos 1999 17 5 2000 15 0 2001 57 3 2002 115 13 2003 155 22 2004 134 13 2005 155 14 2006 247 10 2007 247 21 2008 116 11 8

*Dados adaptados do CVE-SES-SP A seguir apresenta-se a soma de casos autóctones e óbitos da LVA, para alguns municípios do Estado de São Paulo, onde o primeiro número se refere ao total de casos, e o segundo número de óbitos: Araçatuba (279;27), Birigui (93;8), Pereira Barreto (36;6), Penápolis (54;6), Bauru (226;27). As manifestações clínicas da leishma niose são variáveis e dependem da associação entre as características de virulência da espécie de leishmania infectante, e da resposta imunológica do hospedeiro. De acordo com Ferreira (2002), os protozoários estão entre os patógenos mais importantes que causam infecções em hospedeiros imunocomprometidos. A aids produz a forma mais grave de imunossupressão conhecida, e mais de 100 microrganismos causadores de infecções oportunistas nestes pacientes têm sido identificados, sendo muitos deles protozoários intracelulares (FERREIRA, 2002). Estas infecções aceleram o curso da aids, pela capacidade de muitos microrganismos estimularem citocinas tipo Th2, como por exemplo a IL-4 e IL-10 (MORROW et al., 1989). Casos de co-infecção de HIV-leishmania têm sido relatados em mais de 25 países, particularmente os localizados às margens do Mar Mediterrâneo (BORGES et al., 1999). No Brasil, cerca de 80 casos de co-infecção de HIV-leishmania foram documentados. A maioria deles refere-se à forma mucocutânea da doença, e poucos casos com a forma visceral (FERREIRA & BORGES, 2002). A aids permite a disseminação do parasito para praticamente todos os órgãos e sistemas, enquanto a leishmaniose acelera o curso da infecção do HIV pela diminuição do período de latência da infecção viral (FERREIRA, 2002) e da expectativa de vida dos pacientes (ZHAO et al., 2004). Em pacientes coinfectados, no decorrer do primeiro episódio da doença visceral, a taxa de óbito é de cerca de 20% e após um ano, no qual a doença reincide uma ou mais vezes, é de aproximadamente 70% (FERREIRA, 2002). A ocorrência da enfermidade em cães também se alastra no Estado de São Paulo, de forma assustadora. Em Cotia e Embu, vizinhas da capital, a leishmaniose canina já é endêmica. Segundo dados das vigilâncias em saúde e zoonoses de cada município, foram encontrados por volta de 30 casos em Embu e 26 em Cotia. Em ambas, ainda não há registros de doença humana, mas os donos de animais infectados são notificados sobre a recomendação da eutanásia (Revista da Folha, 11/11/2007). 9

O Grupo de Estudos em Leishmaniose, Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD), Superintendência de Controle de Endemias (SUCEN), e a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) atualizaram a classificação dos municípios do Estado, segundo a situação epidemiológica para a LVA até abril de 2008, e dos 645 municípios paulistas, 51,9% (335) estão classificados como silenciosos não receptivos vulneráveis; 33,0% (213) silenciosos não receptivos não vulneráveis; e 10,7% (69) foram registrados com transmissão da LVA canina destes, em 49% (7,6%) a doença também atinge seres humanos e em dois (Jaú em 2004 e Parapuã, 2008), foi registrado um caso humano respectivamente, sem a detecção da enzootia canina. Em Parapuã, o vetor Lutzomyia longipalpis já foi detectado em 2007, enquanto no município de Jaú o vetor ainda não foi encontrado (BEPA, 2008). Municípios situados na região metropolitana de São Paulo (Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e Suzano), mantêm-se em investigação, assim como a capital paulista, em decorrência da notificação de um caso humano. Registra-se também a investigação de uma suspeita de transmissão humana em Tupã, na macrorregião de Marília. Ressalta-se que neste município já foi detectado o vetor Lutzomyia longipalpis e confirmada a transmissão de LVA em cães (BEPA, 2008). Desta forma restam as medidas de controle e entre elas está a eliminação de cães soropositivos, que não leva à comprovada diminuição das taxas de casos humanos. Defende-se, portanto, que somente a eutanásia, sem o controle do vetor, não é suficiente para impedir que a infecção se alastre. Referente à transmissão vetorial, ressalta-se que a L. longipalpis, até julho de 2006, havia sido detectada na zona urbana de 68 municípios das regiões administrativas de Araçatuba, Bauru, Marília, Presidente Prudente e São João da Boa Vista (especificamente no município de Espírito Santo do Pinhal (SÃO PAULO, 2006). Há vacina disponível no mercado, que deve ser aplicada sob o controle de médico veterinário, em cães que moram ou freqüentam áreas endêmicas, aplicada a partir dos quatro meses de idade, com exame sorológico prévio negativo para LVC. A primeira aplicação é de três doses, a cada 21 dias, e deve ser repetida uma dose anualmente. Recomenda-se ainda o uso de coleira antiparasitária e repelente de insetos em cães, a partir dos três meses. Os jardins e quintais devem ser mantidos limpos, para se evitar a 10

reprodução do mosquito vetor. Os canis devem ser protegidos com tela de trama fina para se evitar a entrada do mosquito. Evitar deixar o cão exposto ao ar livre entre 18 horas e 23 horas, período em que há maior atividade dos flebotomíneos transmissores. Deve -se ter cuidado ao adquirir cães de áreas endêmicas. Importante ainda são as ações de educação em saúde, enfocando também a importância da posse responsável. O tratamento de cães está proibido de acordo com a portaria interministerial 1.426 de 11 de julho de 2008, cabendo penalidades aos infratores. O Sistema Único de Saúde (SUS) vem apoiando os município s que apresentam a transmissão do parasito, por meio da implementação de estrutura física e técnicas de vigilância epidemiológica e entomológica dos municípios, para que estes executem ações de vigilância e controle, dirigidas aos casos humanos suspeitos, com ênfase na atenção básica de saúde, assim como as atividades relacionadas à vigilância entomológica do controle químico, além da vigilância e controle dos reservatórios (SÃO PAULO, 2006). Consideramos que a LVC é um problema para a saúde pública, pelos aspectos da cadeia epidemiológica de transmissão para o homem, e o papel do meio ambiente na manutenção de vetores. Desta forma, são necessárias várias medidas para o seu controle e o envolvimento de todos os segmentos da sociedade, e dos órgãos públicos, como institutos de pesquisa, universidades e centros de controle de zoonoses. Referências ALVES, W.A.; BEVILACQUA, P.D. Reflexões sobre a qualidade do diagnóstico da leishmaniose visceral canina em inquéritos epidemiológicos: o caso da epidemia de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 1993-1997. Cad. Saúde Públ., v.20, n.1, p.259-265, 2004. BADARÓ, R.; DUARTE, M.I.S. Leishmaniose visceral. In: VERONESI, R.; FOCACCIA, R. Tratado de infectologia. Rio de Janeiro: Atheneu, 1997. p.1234-59. BEPA. Boletim Epidemiológico Paulista. Publicação Mensal sobre Agravos à Saúde Pública. Grupo Técnico de Implantação da Agência Paulista de Controle de Doenças, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. v.5, n.52, 2008. 11

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