APELADO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA GABINETE DO DESI NIBARGADOR JOÃO ALVF,' DA SILVA ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N" 200.2005.019445-1/001 RELATOR : Marcos William de Oliveira Juiz convocado APELANTE : Marcos dos Anjos Pires Bezerra (Em causa própria) : Espólio de Tarcísio de Miranda Monte, representado por sua inventariante (Adv. Tarcísio de Miranda Monte Filho e Outro) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA. FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CONTRATO VERBAL. AUSÊNCIA DE PROVAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA AVENÇA VERBAL INCIDÊNCIA DO ART. 333,1, DO CPC. DESPROVIMENTO DO APELO. Na ação de arbitramento, quando não houver contrato formal e escrito convencionando honorários advocaticios, perfeitamente cabível exigir do autor (advogado) prova do fato constitutivo do seu direito, ou seja, da própria avença verbal. VISTOS, relatados e discutidos estes autos, em que figuram como partes as acima nominadas. ACORDA a Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator, integrando a presente decisão a súmula de julgamento de fl. 276. RELATÓRIO Trata-se de apelação cível interposta contra sentença do Juizo da 94 Vara Cível da Comarca da Capital, que.julgou improcedente o pedido formulado na Ação Ordinária, interposta por Marcos dos Anjos Pires Bezerra em face do Espólio de Tarcísio de Miranda Monte.
Em suas razões (fls. 249/253), o apelante alega que jamais houve contrato escrito de prestação de serviços advocatícios, devido existir uma grande amizade e confiança entre as partes. Aduz, também, que a juntada de cópias de ações na qual o apelante trabalhou comprova o efetivo serviço prestado. Requer o arbitramento do valor dos honorários advocatícios devidos a ele. Devidamente intimada, a apelada apresentou contrarrazões (fls. 258/261), rechaçando os termos do recurso e pleiteando a manutenção in totuni da sentença. Instada a se pronunciar., a Procuradoria de Justiça opinou pelo desprovimento do recurso apelatório. (fls. 267/268). É o breve relatório. VOTO Colhe-se dos autos que o promovente ajuizou a demanda sob exame visando a fixação do montante eventualmente devido pelo falecido, SrQ Tarcísio de Miranda Monte, à título de honorários advocaticios, em virtude do autor ter patrocinado algumas causas para ele. O feito teve seu trâmite regular, sobrevindo a decisão ora impugnada, que, conforme relatado, julgou improcedente o pedido inicial. É contra essa decisão que se insurge a apelante. Primeiramente, é de bom alvitre esclarecer que o apelante e o falecido, Sr Q Tarcísio de Miranda Monte, não firmaram contrato formal e escrito de prestação de serviços advocatícios. Em regra, o ônus da prova é encargo atribuído a cada parte a fim de que demonstrem os fatos de seu interesse objetivando formar o convencimento do magistrado. Portanto, o não. atendimento do ônus de provar coloca a parte em desvantajosa posição para a obtenção do ganho da causa. A produção probatória, no tempo e na forma prescrita em lei, é ônus da condição de parte. O Código Civil brasileiro, no seu artigo 333, é claro quando diz que cabe ao autor o ônus da prova do seu direito, in
"Art. 333. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;" Assim, analisando detidamente Os autos, verifico que o apelante apenas se limitou a alegar que prestou serviços advocaticios e emprestou dinheiro ao de cujos, porém não trouxe prova cabal aos autos que demonstrem as suas alegações. É necessário observar que o magistrado a alto determinou a e\ pedição de ofícios para os bancos do Brasil e Sudameris (fls. 191/193), a pedido do autor (petição de fls. 176/177), e o primeiro respondeu atestando que não foram encontrados lançamentos que se possam comprovar a existência de depósitos efetuados pelo apelante (fl. 203). Ademais, como bem salientou o juiz na sua decisão, o próprio autor afirma que recebeu valores "esporádicos e incertos" (fl. 03), sem fazer a efetiva demonstração desses recebimentos. Portanto, para se ter direito aos honorários pleiteados, o autor deveria ter comprovado, de fato, a existência de um contrato verbal entre ele e o falecido, o que não ficou tiemonstrado nos autos. Não há como conceber o raciocínio de que, quando não houver contrato formal e escrito, convencionando honorários, milita em favor do advogado uma presunção legal (art. 22, 2 2 da Lei ri`.2 8.906/1994) no sentido de ter ele direito aos honorários convencionais, a serem apenas e tão-somente calculados e chancelados em ação de arbitramento, onde não se pode exigir prova dos fatos. constitutivos do seu direito, ou seja, da própria existência da convenção, mas tãosomente do trabalho realizado. O dispositivo não comporta essa interpretação. Sobre o tema, o STJ e o TJ/PB já decidiram que é necessário que o autor comprove o fato constitutivo de seu direito, in "AÇÃO DE COBRANÇA DE HONORÁRIOS ADVOCATICIOS - CONTRATO VERBAL - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO - ÔNUS DA PROVA DO AUTOR -INTELIGÊNCIA DO ART.333, I DO CPC -DESPROVIMENTO. - O não atendimento do ônus de provar coloca a parte em desvantajosa posição para a obtenção do ganho da causa. A produção probatória, no tempo e na forma prescrita em lei, e ônus da condição de parte." "EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA - AÇÃO DE ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATICIOS - ART. 22, 2 9, DA LEI N. 11I'B AC 200.20117.735594-5/001 - Dt.s. Saulo 'enriques de Sá Benn ides - 10/11 2009.
8.906/94 - ESTATUTO DA ADVOCACIA E OAB - AUSÊNCIA DE CONTRATO FORMAL E ESCRITO - ACORDO VERBAL - CONTRATAÇÃO DOS HONORÁRIOS CONVENCIONAIS NÃO COMPROVADA - AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE OS CASOS CONFRONTADOS - EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NÃO CONHECIDOS. 1. Na acão de arbitramento de honorários advocaticios, ausente o acordo formal e escrito, é licito exigir do autor (advogado) a comprovacão do fato constitutivo do seu direito, porquanto restando demonstrado que o acordo verbal firmado entre as partes não prevê a contraprestacão pelos serviços prestados pelo profissional, nos termos do art. 22, 2, da Lei n. 8.906/94, não há que se presumir que o advogado sempre terá direito aos honorários convencionais, além dos honorários sucumbenciais. 2. Não merece prosperar a alegação de divergência jurisprudencial entre julgados decididos a partir de premissas fáticas diversas, porquanto os embargos de divergência têm como pressuposto de admissibilidade a existência de similitude fática entre os casos confrontados. 3. Embargos de divergência não conhecidos."' "HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO DE ARBITRAMENTO. 1 - Na ação de arbitramento, quando não houver contrato formal e escrito convencionando honorários advocaticios, é perfeitamente cabível exigir do autor (advogado) prova do fato constitutivo do seu direito, ou seja, da própria avenca verbal. 2 - Convenção (pacto), ainda que verbal, é exteriorização livre da vontade e portanto, não se presume, prova-se, notadamente em se tratando de contraprestação por serviços (atuação profissional). O art. 22, 2" da Lei n-9 8.906/1994 não tem esse alcance. 3 - Dissídio pretoriano não demonstrado. Ausência de violação de lei federal. 4 - Recurso especial não conhecido." Por estes motivos, firme nos argumentos acima alinhados e em harmonia com o Parecer Ministerial, nego provimento ao recurso de apelação, para manter intacta a sentença vergastada. É como voto. DECISÃO A Câmara decidiu, por votação unânime, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. 51. 1 Eirey.p 410189,RS - N1in. NlaNami [veda 52-21;06/2010. 2.S1) - Wsp 41 0 ISWRS \ hn. hynand,, - T4-05/05.'2008
Presidiu o julgamento o Exmo. Desembargador João Alves da Silva. Participaram do julgamento o relator, Dr. Marcos William de Oliveira, Juiz Convocado com jurisdição limitada, o Excelentíssimo Desembargador Frederico Martinho da Nobrega Coutinho e o Excelentíssimo Desembargador Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. Presente o representante do Ministério Publico, na pessoa da Excelentíssimo Sr. Dr. José Roseno Neto, Procurador de Justiça. Sala das Sessões da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, em 17 de maio de 2911 (c ata do julgamento). João Pessoa, 2( maio 2011.,,..... 1 Marc60A111 m de Oliveira 1,------ Re ator