Interessado: Secretaria de Estado da Educação Objeto: Inspeção Especial - Convênio. EMENTA: Direito Constitucional, Administrativo e Financeiro. Inspeção Especial Convênio. Regularidade com Ressalvas. Aplicação de Multa. Recomendação. PARECER Nº 01056/13 Cuidam os presentes autos de inspeção especial do convênio 0340/11, celebrado entre a Secretaria do Estado da Educação, com interveniência da Secretaria de Estado do Desenvolvimento e da Articulação Municipal, e o Município de Malta, objetivando a aquisição de equipamentos (notebook, datashow, suporte de teto, computador, impressora, caixa amplificada, microfone sem fio, ventilador, TV, microsystem, DVD); mobiliário (mesa para computador, cadeira, armário, estante, birô, carteiras, lousa); copa cozinha (fogão industrial, freezer horizontal, liquidificador industrial, gelágua, cadeiras plásticas, roupeiros e filtros) para 14 escolas municipais. A d. Auditoria, após examinar os elementos de informação que integram os presentes autos, constatou a permanência de diversas irregularidades em seu relatório preliminar de 73/75. Em respeito aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, seguiu-se a notificação do gestor da Secretaria de Estado de Educação e do gestor da Prefeitura Municipal de Malta, às fls. 77/79. 1/5
Defesa apresentada pelo Sr. Harrison Targino, fls. 80/86. O Sr. Ajácio Gomes Wanderley não se pronunciou. Análise de defesa às fls. 89/91. Cota ministerial às fls. 93/94, pugnando pela renovação da citação postal do Sr. Ajácio Gomes Wanderley. Regularmente citado às fls. 96/97, o Gestor não apresentou qualquer manifestação. Nova cota ministerial às fls. 100/101, pugnando pela citação editalícia do interessado. Citação editalícia comprovada fls. 102/105, o Sr. Ajácio Gomes Wanderley mais uma vez não apresentou qualquer manifestação. Em seguida, vieram os autos a este Ministério Público Especial para análise e emissão de parecer. É o relatório. Passo a opinar. Segundo o magistério do ilustre administrativista Hely Lopes Meirelles 1, convênios administrativos são acordos firmados por entidades públicas de qualquer espécie, ou entre estas e organizações particulares, para realização de objetivos de interesse comum dos partícipes. Da celebração de um convênio decorre uma série de obrigações, dentre as quais se insere aquela de prestar contas do destino e aplicação dos recursos recebidos, porquanto deflui da natureza mesma da gestão de verbas públicas o dever de prestar contas. 1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 25 ed. São Paulo: 2000. p. 371. 2/5
É dever constitucional de quem gerencia verbas públicas prestar contas e atribuição constitucional da Corte de Contas apreciá-las, conforme se depreende do parágrafo único do artigo 70 e do art. 71: Art. 70. Parágrafo único - Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, gerencie ou administre dinheiro, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: I. omissis. II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas..., e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público. Tecidas essas breves considerações, passa-se à análise das peculiaridades do vertente caso. A Auditoria, em seu relatório de análise de defesa (fls. 89/91), apontou como persistentes as seguintes irregularidades: 4.1 Pelo Convenente: 4.1.1 Não foi apresentado o relatório da Contrapartida Solidária, infringindo as Cláusulas 2º, 3º - II b e 7º do Termo de Convênio; 4.1.2 prestação de contas apresentada fora do prazo estabelecido na Cláusula 7º - b, ou seja, até 30/11/2011; 3/5
4.1.3 Ausência de atestos de recebimento das mercadorias nas Notas Fiscais; 4.2. Pelo Concedente: 4.2.1 A 2º parcela foi liberada em 29/03/2012, quando deveria ter sido até 31/12/2011, conforme disposto na cláusula 3º, I, a (Decreto Estadual nº 29.463/08, art. 11, VIII); 4.2.2 Alteração do cronograma de liberação das parcelas e prestação de contas do convênio sem a necessária formalização do termo aditivo; 4.2.3 Ausência do relatório mensal da Comissão de Acompanhamento, atestando o cumprimento da Contrapartida Solidária, previsto na Cláusula 3º, I, a (Decreto Estadual nº 29.463/08, art. 11, parágrafo 4º); 4.2.4 Liberação da 2º parcela sem o Relatório acima mencionado Cláusula 3º, I,a. Após serem devidamente notificados, apenas o Sr. Harrison Targino, gestor da Secretaria de Estado de Educação apresentou defesa. Entretanto, seus argumentos não foram suficientes para comprovar o saneamento das falhas apontadas pela Auditoria. Já o Sr. Ajácio Gomes Wanderley, Prefeito Municipal de Malta, foi citado por diversas vezes, inclusive por edital, e não veio aos autos para trazer qualquer esclarecimento. Vê-se, desse modo, que as eivas encontradas subsistiram, porém, sem o condão de macular todo o convênio, em virtude de se tratarem de falhas meramente formais. Cabe, ainda, recomendação ao gestor no sentido de evitar a reincidência das eivas em futuros procedimentos. Diante do exposto, opina o Parquet: 4/5
1. REGULARIDADE COM RESSALVAS do Convênio ora em análise. 2. APLICAÇÃO DE MULTA ao Sr. Harrison Targino e ao Sr. Ajácio Gomes Wanderley, com fulcro no art. 56 da LOTCE; 3. Seja feita RECOMENDAÇÃO aos órgãos convenentes no sentido de guardar estrita observância às normas relativas aos convênios, bem como às normas consubstanciadas na Constituição Federal, sobremaneira, aos princípios norteadores da Administração Pública e as normas infraconstitucionais pertinentes. É como opino. João Pessoa, 15 de outubro de 2013. Marcílio Toscano Franca Filho, Prof. Dr. iur Procurador do Ministério Público junto ao TCE/PB 5/5