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Transcrição:

Levantamentos rápidos de biodiversidade no tema ictiofauna (peixes) nas sub-bacias dos Rios Imbé, Muriaé e Guaxindiba e elaboração de estratégias para a conservação no âmbito da região do Norte e Noroeste Fluminense. RELATÓRIO FINAL Guilherme Souza ASSOCIAÇÃO DOS PESCADORES E AMIGOS DO RIO PARAÍBA DO SUL/PROJETO PIABANHA Setembro, 2008

Levantamentos Rápidos da Ictiofauna Equipe Técnica Responsável Técnico Guilherme Souza (Biólogo / MSc. / Empreendedor Social Ashoka / Projeto Piabanha) CRB-2: 21.915/02-D Orientação Técnica Érica Pellegrini Caramaschi (Bióloga / Dra. / UFRJ) Apoio Técnico André Luís Moraes de Castro (Biólogo / MSc.) Daniel Muller.(Graduando do curso de biologia / UFRJ). Evódio Luiz Sanches Peçanha (Técnico / Projeto Piabanha) Renata Bartolette de Araújo (Bióloga / Doutoranda / Museu Nacional-UFRJ) 2

RESUMO Levantamentos rápidos de biodiversidade com a ictiofauna (peixes) das sub-bacias dos Rios Imbé, Muriaé e Guaxindiba, e elaboração de estratégias para a conservação no âmbito da região do Norte e Noroeste Fluminense. O presente estudo, financiado pelo Projeto Rio Rural/GEF e coordenado pela Conservação Internacional, teve como objetivo identificar através de levantamentos rápidos as espécies de peixes ainda encontradas nas sub-bacias dos rios Imbé, Muriaé e Guaxindiba, a fim de elaborar estratégias para a conservação no âmbito da região do Norte e Noroeste Fluminense. Ao todo, cinco municípios foram visitados (Laje do Muriaé, Varre-Sai, Madalena, Campos dos Goytacazes e São Francisco do Itabapoana), num total de 20 dias de coleta e vinte e oito pontos coligidos ao longo dos municípios estudados. As coletas foram executadas em corpos hídricos com características de brejos, de lagoas, de riachos de montanha e de planícies. A partir das amostras coligidas foram identificados 87 táxons, distribuídos em 6 ordens e 18 famílias. Dentre as espécies coletadas foram identificadas duas espécies ameaçadas de extinção, como a piabanha (Brycon insignis) e a grumatã (Prochilodus vimboides), ambas presentes na sub-bacia do rio Imbé, em Campos dos Goytacazes. De forma geral, o número de espécies ou morfotipos encontrado foi significativo se comparado às 169 espécies descritas para a bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul (Bizerril et.al., 1998). No entanto, pôde-se constatar que a riqueza de espécies acompanha o estado de preservação do curso d água. A maioria dos corpos hídricos visitados, com exceção dos trechos localizados próximos as nascentes, estão completamente descaracterizados devido à quase inexistência da vegetação marginal. Entre outros passivos ambientais observados, a ausência da vegetação é a que, provavelmente, exerce o maior impacto sobre a fauna de peixes devido ao empobrecimento do hábitat marginal, com supressão de refúgios e de aportes de matéria orgânica vegetal e ao assoreamento e turbidez da água aumentados pela erosão dos barrancos. O resultado do presente estudo indica potencial de recuperação da fauna de peixes na região, o que representa um subsídio importante para a elaboração de estratégias de conservação. Nesse contexto, são necessárias medidas de cunho sócioambiental nas regiões estudadas de forma a reverter a precária forma de utilização do uso do solo e dos recursos hídricos. Medidas que promovam a restauração e a proteção do meio ambiente e o ordenamento do uso do solo e da água são requisitos imprescindíveis para manter não só as populações de peixes viáveis, como também a sustentabilidade na zona rural.

ÍNDICE 1.0 Introdução...03 2.0 Objetivo...05 2.1 Objetivo específico...05 3.0 Metodologia...05 3.1 Equipe Técnica...05 3.2 Locais de Coleta...06 3.2.1 Características ambientais e econômicas do Município de Laje do Muriaé...06 de Varre-Sai...07 de Santa Maria Madalena...08 de Campos dos Goytacazes...08 de São Francisco do Itabapoana...09 3.3 Fatores abióticos mensurados ao longo das estações de coletas...10 3.4 Métodos de captura...10 3.5 Documentação fotográfica e preservação do material coletado...12 3.6 Instituição depositária do material coletado...14 4.0 Resultados...14 4.1 Município de Laje do Muriaé...15 4.1.1 Locais de coleta...15 4.1.2 Fatores abióticos das estações de coletas...18 4.1.3 Lista taxonômica das espécies coletadas no Município de Laje do Muriaé...19 4.2 Município de Varre-Sai...21 4.2.1 Locais de coleta...21 4.2.2 Fatores abióticos das estações de coletas...23 4.2.3 Lista taxonômica das espécies coletadas no Município de Varre- Sai...23 2

4.3 Município de Santa Maria Madalena (Alto Curso Rio Imbé)...25 4.3.1 Locais de coleta...27 4.3.2 Fatores abióticos das estações de coletas...27 4.3.3 Espécies coletados...27 4.4 Município de Campos dos Goytacazes (Baixo Curso do Rio Imbé)...29 4.4.1 Locais de coleta...29 4.4.2 Fatores abióticos das estações de coletas...31 4.4.3 Espécies coletadas...31 4.5 Município de São Francisco do Itabapoana...34 4.5.1 Locais de coleta...34 4.5.2 Fatores abióticos das estações de coletas...36 4.5.3 Espécies coletados...36 5.0 Impactos Observados e Considerações Finais...38 6.0 Referências Bibliográficas...45 ANEXOS 3

1. Introdução O histórico de ocupação da Mata Atlântica é longo. Dean (2004) cita que antes da chegada dos europeus já existia, no Domínio da Mata Atlântica, uma trajetória de lavradores-coletores e que estes já haviam iniciado, seja para fins de assentamentos, agricultura e guerra, o ciclo de perturbação dessa floresta. Ainda segundo o mesmo autor, após o ano de 1500 tal ciclo se intensificou, devido à segunda leva de invasores humanos, os portugueses. De acordo com o Mapa de Vegetação do Brasil, publicado pelo IBGE em 1993, o Domínio da Floresta Atlântica cobria originalmente uma área de 1.363.000 km!, equivalente a 16% do território nacional. No entanto, dados mais recentes publicados pelo Ministério de Meio Ambiente (2000), estimaram apenas 98.878km! de floresta remanescente, ou seja, 7,25% da cobertura original. Esta grande perda biológica ocorreu devido aos séculos de exploração promovidos pelas atividades de agricultura, pecuária e mineração. Todas elas foram desenvolvidas de forma desordenada e impactante, culminando na transformação da sociedade brasileira, outrora agrária, em uma sociedade industrializada que menospreza a fantástica biodiversidade do bioma em questão. Um interessante e notório exemplo foi o processo de transformação da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. As florestas naturais que ocupavam a maior parte da bacia antes da expansão da cafeicultura, foram reduzidas a 11% do território, em remanescentes isolados e que atualmente são mais expressivos apenas onde o relevo se torna montanhoso, como nas cristas da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira, principalmente na região de Itatiaia RJ (CEIVAP, 2001). Ainda segundo o mesmo relatório técnico, apesar da área de florestas na bacia do Paraíba do Sul já estar severamente reduzida, a destruição persiste, tanto por exploração de madeira e lenha, como por incêndios acidentais ou criminosos. Esta destruição de hábitats se reflete, de forma intensa e negativa, na formação e manutenção dos corpos hídricos e conseqüentemente na manutenção da fauna ictiica. A canalização das margens, barramentos, introdução de espécies exóticas, a deteriorização da qualidade da água, a destruição da floresta ripária, dentre outras ações, promovem as alterações dos hábitats e exercem um impacto negativo no ecossistema, podendo causar variações na distribuição espaço-temporal nas comunidades de peixes (Waite & Carpenter, 2000). 4

Apesar da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul já estar fortemente descaracterizada, poucos são os trabalhos realizados nos trechos fluminenses desta bacia; dentre estes se destacam os de Caramaschi et al., (1991), Bizerril et al., (1998), SEMADS/GTZ (2002) e Teixeira et al., (2005). Tendo em vista o baixo número de informações científicas sobre a ictiofauna na área de atuação do Programa Rio Rural GEF, a lista de espécies de peixes constitui se no primeiro e indispensável instrumento de ação para as políticas de conservação. Naturalmente a composição atual das assembléias de peixes não é a mesma do período em que a Floresta Atlântica ainda estava inalterada. Dessa forma, no presente estudo, Levantamentos Rápidos da Ictiofauna nas Sub-bacias dos Rios Guaxindiba, Imbé e Muriaé, não se teve a pretensão de levantar todas as espécies de peixes que ocorrem nessas sub-bacias, dada impossibilidade de recuperação de dados pristinos e a natural limitação espaço-temporal de uma amostragem rápida. O intuito foi determinar ao máximo, os táxons ainda existentes e, portanto, passíveis de alguma ação de conservação. Para tanto, espera-se que os dados aqui apresentados representem subsídios para que o Poder Publico e a sociedade civil tracem estratégias conservacionistas, que possam ser aliadas a práticas de desenvolvimento sustentável tendo como foco a conservação ambiental. 2.0 Objetivo Geral Executar levantamentos rápidos da ictiofauna nas sub-bacias dos rios Imbé, Muriaé e Guaxindiba e elaboração de estratégias para a conservação no âmbito da região do Norte e Noroeste Fluminense. 2.2 Objetivos Específicos Coletar espécimes nas sub-bacias selecionadas; Identificar as espécies encontradas; Elaborar a lista taxonômica e de distribuição das espécies pelas sub-bacias estudadas; Encaminhar o material biológico a uma coleção zoológica em instituição oficial. 5

3.0 Metodologia 3.1 Equipe Técnica A equipe técnica foi composta pelos seguintes integrantes: Guilherme Souza (Biólogo/MSc, Diretor Técnico do Projeto Piabanha), André Luiz Moraes de Castro (Biólogo/MSc/UFR), Renata Bertolleti (Bióloga, doutoranda Museu Nacional), Daniel Muller Ramos (Graduando em biologia UFRJ) e Evódio Sanches Peçanha (Auxiliar de Campo). A orientação científica teve apoio da Dra. Érica Pellegrini Caramaschi (UFRJ). 3.2 Locais das Coletas A ictiofauna coletada foi proveniente das campanhas de campo executadas nos municípios de Lajes do Muriaé (Sub-bacia do Rio Muriaé), Varre-Sai (Sub-bacia do Rio Muriaé), Santa Maria Madalena e Campos dos Goytacazes (Sub-bacia do Rio Imbé); e São Francisco do Itabapoana (Sub-bacia do Rio Guaxindiba). Estes municípios situam-se nas regiões noroeste e norte fluminense, os quais apresentam fitofisionomias de floresta ombrófila densa, floresta estacional semidecidual e formações pioneiras (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2008). As campanhas de campo ocorreram durante as seguintes datas: 19 a 22 de abril (Município de Laje do Muriaé), 26 a 29 de abril (Município de Varre-Sai), 17 a 20 de maio (Município de Santa Maria Madalena), 08 a 11 de junho (Município de Campos dos Goytacazes) e 15 a 18 de agosto (Município de São Francisco do Itabapoana), totalizando 20 dias de coleta e vinte e oito pontos coligidos ao longo dos municípios estudados. Dessa forma, foram oito localidades amostradas no Município de Laje do Muriaé, quatro no Município de Varre-Sai, cinco no Município de Santa Maria Madalena, cinco no Município de Campos dos Goytacazes e seis localidades no Município de São Francisco do Itabapoana. As coletas foram executadas em corpos hídricos com características de brejos, de lagoa, de riachos de montanha e de riachos de planície. Brejos podem ser definidos como áreas rasas permanentemente alagadas, com vegetação hidrófita baixa; lagoas constituem-se em uma depressões circulares, em geral com pequena profundidade e de água doce (SEMADS/GTZ, 2001). Riachos de montanha são caracterizados pela grande declividade do terreno, alta velocidade das águas, baixas temperaturas, maior 6

transparência da água, teores mais altos de oxigênio dissolvido, substrato de fundo mais grosseiro e canal relativamente reto (Oyakawa et al.,2006), os. Para riachos de planície cortam terrenos com menor declividade, águas com coloração mais turva, com temperaturas mais elevadas e com menores teores de oxigênio dissolvido. O leito é formado por maior quantidade de sedimentos finos (areias e argilas) e apresentam canal sinuoso, formando meandros (Oyakawa et al., 2006). 3.2.1 Características ambientais e econômicas do Município Laje do Muriaé Ambientais (Fundação SOS Mata Atlântica) O Município de Laje do Muriaé possui 10% de cobertura vegetal totalizando 2371.84 hectares (ha). Quase que a totalidade desta cobertura vegetal está localizada nas encostas e nos topos dos morros. Econômicos (Fundação CIDE). Os dados econômicos do ano de 2003 demonstraram que o PIB municipal concentrava-se na área do comércio e serviços (61,85%), seguindo-se da indústria (27,19%) e da agropecuária (10,97%). Atualmente o município participa com 0,02% do PIB estadual e com 2,26% do PIB da Região Noroeste Fluminense. No setor primário as principais atividades agrícolas são o cultivo do tomate e do arroz. A pecuária extensiva, de leite e de corte, é uma das principais atividades do município. O peso do setor secundário é dado pela indústria de alimentos, em função da agropecuária. No setor terciário sobressaem, por importância, as atividades da prestação de serviços e do comércio varejista. 3.2.2 Características ambientais e econômicas do Município de Varre-Sai Ambientais (Fundação SOS Mata Atlântica) Atualmente o Município de Varre-Sai conta com 9% de cobertura vegetal remanescente. Como no Município de Laje do Muriaé, os fragmentos vegetais se concentram, em sua maioria, nas encostas e topos dos morros. Econômicos (Fundação CIDE). 7

No ano de 2003, o PIB municipal concentrava-se na área do comércio e serviços, seguindo-se da agropecuária e da indústria. O município participa com 0,01 % do PIB estadual e com 1,95% do PIB da Região Noroeste Fluminense. A principal atividade do setor primário é o cultivo do café (quarto produtor estadual) e o tomate, que representam, juntos, 72% da produção agrícola do município. Na pecuária o destaque é para a avicultura, com 11 mil aves. O setor secundário, pouco expressivo, é representado pela indústria de produtos alimentares, em função da agropecuária. No setor terciário destacam-se as seguintes atividades, por importância: o aluguel, a administração pública e a prestação de serviços. 3.2.3 Características ambientais e econômicas do Município de Santa Maria Madalena Ambientais O município de Santa Maria Madalena possui 25% de remanescente florestal totalizando 20807.00 ha de mata (Fundação SOS Mata Atlântica) composta por floresta ombrófila densa montana e submontana e por campos de altitude. Santa Maria madalena é o município sede da principal unidade de conservação da região norte fluminense, o Parque Estadual do Desengano. A importância hídrica do Parque é inestimável. Numerosos cursos d água têm nascentes no seu interior, sendo alguns responsáveis pelo abastecimento de núcleos povoados nos municípios de Santa Maria Madalena, São Fidélis e Campos. O rio principal é o Rio Imbé, que deságua na Lagoa de Cima que, por sua vez, por meio de um sangradouro formado pelo Rio Ururaí, flui para a Lagoa Feia (http://www.ief.rj.gov.br). Econômicas (Fundação CIDE) Segundo os dados da Fundação CIDE, em 2003, o PIB municipal de Santa Maria Madalena concentrava-se na área do comércio e serviços, seguindo a agropecuária e a indústria. O município participa com 0,03% do PIB estadual e com 0,96% do PIB da Região Serrana. 8

No setor primário destaca-se a pecuária de bovinos, com 38 mil cabeças, a maioria dedicada à produção de leite. A produção é agrícola representada pelo cultivo da banana e do aipim. O setor secundário, pouco expressivo, tem na indústria extrativa mineral, dos produtos alimentares e do vestuário suas principais atividades. O setor terciário tem como destaques as atividades do aluguel, da administração pública e da prestação de serviços. 3.2.4 Características ambientais e econômicas do Município de Campos dos Goytacazes Ambientais (Fundação SOS Mata Atlântica) Devido ao intenso ciclo de produção de cana-de-açúcar, o município de Campos dos Goytacazes detém apenas de 6% de cobertura vegetal totalizando 24313.64 ha e grande parte desta cobertura vegetal está inserida no Parque Estadual do Desengano. Campos dos Goytacazes possui importantes lagoas, dentre estas merece destaque a lagoa de Cima formada pelos rios Imbé (70 km de extensão) e Urubu (40 km de extensão) juntos têm 986 km! de área de drenagem -, a lagoa de Cima tem área de 14,67 km!, largura máxima de 4 km e comprimento máximo de 7,5 km (SEMADS/GTZ, 2001). Econômica Segundo os dados da Fundação CIDE, em 2003, o PIB municipal concentrava-se na área do comércio e serviços (72,60%), seguindo-se da indústria (22,84%) e da agropecuária (4,56%). O município participa com 1,11% do PIB estadual e com 38,00% do PIB da Região Norte Fluminense. No setor primário este município destaca-se como primeiro produtor estadual de cana-de-açúcar. A pecuária extensiva de corte e de leite encontra-se bastante desenvolvida. Campos dos Goytacazes ocupa o primeiro lugar, no estado, na criação de gabo bovino e na produção de leite. No setor secundário, ressalta-se a importância da indústria de produtos alimentares, associada à produção de açúcar e leite. Ressaltamos também as indústrias de minerais não metálicos (cerâmicas e telhas em pequenas olarias). 9

No setor terciário, devido às características agroindustriais do município, prevalecem, por importância, as seguintes atividades: a prestação de serviços, as comunicações, o comércio varejista e o transporte. 3.2.5 Características ambientais e econômicas do Município de São Francisco do Itabapoana Ambientais Localizado na região norte fluminense, São Francisco do Itabapoana é o município sede da Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba. A Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba, com 3.260 hectares, é o último remanescente de Floresta Estacional Semidecidual e de Mata de Tabuleiro na região Norte e Noroeste do Estado. Econômica (Fundação CIDE) Em relação ao perfil econômico os dados da Fundação CIDE revelam que, em 2003, o PIB municipal concentrava-se na área do comércio e serviços, seguido da indústria e da agropecuária. O município participa com 0,06% do PIB estadual e com 2,11% do PIB da Região Norte Fluminense. No setor primário a principal atividade é a produção de cana-de-açúcar, que representa 92% da produção agrícola do município e o segundo lugar na produção estadual. Na pecuária destaca-se a criação de bovinos, com 72 mil cabeças, quarto criador estadual. O setor secundário tem na extração de minerais sua principal atividade industrial. O município apresenta depósitos de areia monazítica que adquirem relevância econômica com o desenvolvimento das usinas geradoras de energia nuclear no país, apresentando potencial para indústrias especializadas na extração e processamento de materiais radioativos. Sobressai também a indústria de alimentos, ligada a produção agrícola. O setor terciário tem como destaques as atividades do aluguel, da prestação de serviços e da administração pública. 10

3.3 Fatores abióticos mensurados ao longo das estações de coletas Em cada estação de coleta, o oxigênio dissolvido, a condutividade elétrica, a temperatura, a transparência e a vazão da água, quando possível, foram mensurados utilizando-se, respectivamente, oxímetro eletrônico com precisão de 0,01 mg/l de água com termômetro marca Sper Scientific 840041, condutivímetro eletrônico com precisão de 1µS marca PinPoint e Disco de Secchi. Em relação ao cálculo da vazão foi utilizada a metodologia descrita por Palhares et al., (2007) que consiste em mensurar a vazão do rio utilizando o método do flutuador. 3.4 Métodos de captura Foram utilizados cinco métodos de captura. O primeiro e o segundo envolveram o uso de rede de mão (3 m de comprimento x 1.5 m de altura, malha de 1 mm) (Figura 1) e gererê (armação de ferro: 1 m de comprimento x 0,70 m de altura, malha de 2 mm) (Figura 2) para capturar os indivíduos associados à vegetação marginal ou escondidos no leito do rio. O terceiro, o quarto e o quinto método envolveram o uso de arrastão (25 m de comprimento x 3 m de altura, malha 5 mm), redes de malhar (30 m de comprimento, 3 m de altura, malhas 50 mm entre nós adjacentes) (Figura 3) e tarrafa (1.5 metro de altura com malha de 10 mm) (Figura 4) objetivando capturar peixes maiores localizados em áreas de maior vazão. Em relação às redes de malhar, estas foram armadas no final da tarde e recolhidas no início da manhã do dia seguinte. Objetivando maximizar as coletas, a técnica de mergulho (apnéia) foi utilizada em riachos que apresentavam condições ideais para tal prática, com o intuito de melhor identificar os exemplares em seus diferentes microhábitats (vegetação marginal, folhiços, galhos, troncos e cascalhos e afins) (Figura 5). 11

Figura 1: Técnica de captura utilizando o apetrecho Rede-de-mão. Figura 2: Técnica de pesca utilizando o apetrecho gererê. Figura 3: Técnica de pesca utilizando o apetrecho rede-de-espera. 12

Figura 4: Técnica de pesca utilizando o apetrecho tarrafa. Figura 5: Técnica de mergulho objetivando a identificação visual, precedendo a coleta. 3.5 Documentação fotográfica e preservação do material coletado Os animais capturados foram antecipadamente anestesiados com óleo de cravo (10%) e em seguida fotografados com o equipamento câmera fotográfica digital Sony Cyber-Shot W-54. Uma vez fotografados, os peixes foram fixados em formol 10% e acondicionados em frascos plásticos com rótulo de identificação. Cada rótulo continha as seguintes informações: local da coleta com seu respectivo ponto de gps, data e apetrecho de pesca utilizado. Esta etapa ocorreu nas próprias estações de coletas (Figura 6). No laboratório do Projeto Piabanha, além de terem o fixador substituído por álcool 70%, os espécimes de cada estação foram separados morfotipos para posterior identificação (Foto 7), com o auxílio de chaves dicotômicas disponíveis nos trabalhos de BUCKUP (2004), COVAIN et. al., (2007), LUCENA et. al., (2002), LUCINDA et. al.,(2008), 13

MAZZONI et. al., (1994), MELO et. al., (2002), MELO (2001), REIS et. al., (2003), REIS et. al., (2006), TRAVASSOS (1944) e VIANNA (2004). As identificações ocorreram no Laboratório de Ecologia de Peixes da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Foto 8). Figura 6: Registro fotográfico dos exemplares em campo. Figura 7: Exemplar fixado, etiquetado e separado em morfotipos para posterior identificação sistemática. 14

Figura 8: identificação com o auxílio de chaves dicotômicas, no Laboratório de Ecologia de Peixes da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. 3.6 Instituição depositária do material coletado A instituição que recebeu o material científico foi a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Departamento de Ecologia. Av. Pau Brasil, 211-Prédio do CCS-Bl.A - Sub-solo - sala 10. CEP: 21941-590, através do Laboratório de ecologia de Peixes do Departamento de Ecologia/Instituto de Biologia. 4.0 Resultados Durante as cinco expedições de campo foram coletados 680 espécimes. A partir de amostras coligidas foram identificados 87 táxons, distribuídos em 6 ordens e 18 famílias (Gráfico 1) que serão apresentados, por município, a seguir. 15

Gráfico 1: Número de famílias encontradas, nas 3 sub-bacias amostradas, com seus respectivos números de táxons. 30 25 26 20 15 10 9 10 11 6 5 0 Clupeiidea Auchenipteridae 1 1 1 1 1 1 Clariidae Curimatidae Pseudopimelodidae Scianidae 4.1 Município de Laje do Muriaé 2 2 2 Erythrinidae Gmnotidae Prochilodontidae Callichthyidae Heptapteridae 3 3 3 4 Poeciliidae Anostomidae Cichlidae Loricariidae Trichomycteridae Crenuchidae Characidae 4.1.1 Locais de coleta As coletas de campo foram executadas em oito Estações que estão identificadas na figura 9 a seguir, seguido das suas respectivas coordenadas geográficas. 16

Figura 9: Estações de coletas no Município de Laje do Muriaé, Sub-bacia do Rio Muriaé. Coordenadas geográficas das Estações de coletas: Estação 1: afluente do Rio Bela Vista (riacho de montanha, Figura 10). Latitude 21 15'58.17" S, Longitude 42 10'56.00" O. Estação 2: Riacho Bela Vista (riacho de montanha, Figura 11). Latitude 21 15'57.76" S, Longitude 42 10'55.95" O. Estação 3: Riacho Bela Vista (riacho de montanha, Figura 12). Latitude 21 15' 49.97" S, Longitude 42 10'34.18" O. Estação 4: Riacho Bela Vista (riacho de montanha, Figura 13). Latitude 21 16'4.32" S, Longitude 42 10'6.38" O Estação 5: Rio do Campo (rio de planície, Figura 14). Latitude 21 14'15.35" S, Longitude 42 07' 21.39" O. Estação 6: Rio do Campo (rio de planície, Figura 15). Latitude 21 13' 48.08" S, Longitude 42 5' 35.75" O. Estação 7: Córrego do Irmão Rio do Campo (rio de montanha, Figura 16). Latitude 21 14'9.58" S, Longitude 42 9' 41.20" O. 17

Estação 8: Córrego da Fazenda da Lyra (rio de montanha, Figura 17). Latitude 21 14' 21.68" S, Longitude 42 10' 13.17"O. Figura 10: Estação de coleta 1 Figura 11: Estação de coleta 2 Figura 12: Estação de coleta 3 18

Figura 13: Estação de coleta 4 Figura 14: Estação de coleta 5 Figura 15: Estação de coleta 6 19

Figura 16: Estação de coleta 7 Figura 17: Estação de coleta 8 4.1.2 Fatores abióticos das estações de coletas A tabela abaixo (Tabela 1) contém os resultados dos fatores físico-químicos da água mensurados ao longo das estações de coletas. 20

Tabela 1: Fatores físico-químicos da água da Sub-bacia do Rio Muriaé / Município de Laje do Muriaé. Coloração da água Transpar ência (cm) Profundidade Média (cm) Largura Média (m) Vazão (l/seg.) Odo r da água Oxigênio Dissolvido (mg/l) Condutividade Temp. (Cº) Altit ude (m) Estação 1 Estação 2 Estação 3 Estação 4 Estação 5 Estação 6 Estação 7 Estação 8.............................. Clara 23 19,41 3,5 sem odor 5,3 038 / 0.11 21.7........................... Clara 45 67,11 3,5... marrom claro cor de barro 30 61,92 6,25... 28 77,8 7,5... Clara total 4,03 3... Clara total 10 1... sem odor sem odor sem odor sem odor sem odor 5,9 040/ 0.11 22.1 4,9 051/ 0.12 24,5 3,9 51/ 0.12 25 563... 332 160 118 7,5 56/0.12 25.1... 7,4 56/0.12 22... 4.1.3 Lista taxonômica das espécies coletadas no Município de Laje do Muriaé Neste município foram coletados 376 espécimes ao longo do rio principal, o Rio do Campo, e seus afluentes (Bela Vista, Córrego do Irmão e Córrego da Fazenda da Lyra). Ao todo foram 44 táxons, distribuídos em 4 ordens e 14 famílias organizadas na seguinte lista taxonômica: Ordem Characiformes Família Anostomidae Leporinus macrocephalus Garavello &Britski, 1988 Leporinus thayeri Borodin, 1929 Família Characidae Astyanax giton (Eigenmann, 1908) Astyanax intermedius Eigenmann, 1908 Astyanax janeiroensis Eigenmann, 1908 Astyanax parahybae Eigenmann, 1908 Astyanax taeniatus (Jenyns, 1842) Astyanax sp.1 (sensu Melo, 2001) Astyanax sp.2 Deuterodon parahybae Eignmann, 1908 Deuterodon cf parahybae 21

Deuterodon sp.1 Hyphessobrycon eques (Steindachner, 1882) Família Crenuchidae Subfamília Characidiinae Characidium cf alipioi Characidium sp.2 Characidium sp.5 Characidium sp.6 Characidium sp.7 Família Curimatidae Cyphocharax gilbert (Quoy & Gaimard, 1824) Família Erythrinidae Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Hoplerythrinus unitaeniatus (Spix e Agassix, 1829) Família Prochilodontidae Prochilodus lineatus (Valenciennes, 1837) Ordem Siluriformes Família Auchenipteridae Trachelyopterus striatulus (Steindachner, 1877) Família Callichthyidae Subfamília Callichthyinae Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) Família Heptapteridae Imparfinis minutus (Lutken, 1874) Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1849) Família Loricariidae Subfamília Hypostominae Hypostomus affinis (Steindachner, 1877) Subfamília Loricariinae Loricariichtys castaneus (Castenau, 1825) Hartia loricariformes (Steindachner, 1876) Rineloricaria sp.2 22

Subfamília Neoplecostominae Neoplecostomus microps (Steindachner, 1877) Família Pseudopimelodidae Microglanis parahybae (Steindachner, 1880) Família Trichomycteridae Trichomycterus immaculatus (Eigenmann & Eigenmann, 1889) Trichomycterus sp. 2 Trichomycterus sp. 3 Trichomycterus sp. 4 Trichomycterus sp. 6 Trichomycterus sp. 7 Ordem Cyprinodontiformes Família Poeciliidae Subfamília Poeciliinae Poeciclia vivípara Bloch & Schneider, 1801 Phalloceros sp. Ordem Perciformes Família Cichlidae Australoheros facetum (Jenyns, 1842) Crenicicla lacustris (Castelnau, 1855) Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1849) Subfamília Pseudocrenilabrinae Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) 23

4.2 Município de Varre-Sai 4.2.1 Locais de coleta As coletas de campo foram executadas em quatro Estações que estão identificadas na figura abaixo (Figura 18), seguido das suas respectivas coordenadas geográficas. Figura 18: Estações de coletas no Município de Varre-Sai, Sub-bacia do Rio Muriaé. Coordenadas geográficas das Estações de coletas: Estação 1: Rio Varre-Sai - propriedade da família Almeida - (riacho de montanha, contudo bastante descaracterizado, Figura 19); Latitude 20 54'26.74" S, Longitude 41 53' 4.83" O. Estação 2: Rio Varre-Sai localidade próximo ao lixão municipal (rio de planície, Figura 20); Latitude 20 54" 52.31" S, Longitude 41 51' 5.43" O. Estação 3: Rio Varre-Sai localidade a jusante do Cachoeirão - (rio de planície, Figura 21). Latitude 20 54' 30.23" S, Longitude 41 47' 16.59" O. 24

Estação 4: Córrego do Vale (riacho de montanha, Figura 22). Latitude 20 57' 9.04" S Longitude 41 51' 40.74" O. Figura 19: Estação de coleta 1. Figura 20: Estação de coleta 2. Figura 21: Estação de coleta 3. 25

Figura 22: Estação de coleta 4. 4.2.2 Fatores abióticos das estações de coletas A tabela abaixo (Tabela 2) contém os resultados dos fatores físico-químicos mensurados ao longo das estações de coletas. Tabela 2: Fatores físico-químicos da água mensurados na Sub-bacia do Rio Muriaé / Varre-Sai. Estações Coloração da água Transp. (cm) Profundidade Média (cm) Largura Média (m) Vazão (m"/seg.) Odor da água Oxigênio Dissolvido (mg/l) Condutividade (#S) Temp. (Cº) Altitude (m) Estação 1 clara total 17,66 1,5 0,136 sem odor 5,2 0.10 18,4 733 Estação 2 marrom claro 50 41,4 2,5 0,73 odor de esgoto 2 0.13 20,8 693 Estação 3 coloração barrenta 37 54,92 4,25 1,498 sem odor 5 0.10 20,1 633 Estação 4 clara total 24,66 1,5 0,26 sem odor 9,7 0.11 20.8 538 4.2.3 Lista taxonômica das espécies coletadas no Município de Varre-Sai Neste município foram coletados 91 espécimes ao longo do rio principal do município, o rio Varre-Saí, além de córrego situado nas mediações fora da cidade (Córrego do Vale). Ao todo foram 19 táxons, distribuídos em 5 ordens e 10 famílias organizadas na seguinte lista taxonômica: Ordem Characiformes Família Characidae Astyanax giton (Eigenmann, 1908) Astyanax janeiroensis Eigenmann, 1908 26

Astyanax taeniatus (Jenyns, 1842) Astyanax sp.1 (sensu Melo, 2001) Família Crenuchidae Subfamília Characidiinae Characidium sp.8 Characidium sp.9 Família Curimatidae Cyphocharax gilbert (Quoy & Gaimard, 1824) Família Erythrinidae Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Ordem Siluriformes Família Heptapteridae Pimelodella lateristriga (Muller & Troschel, 1849) Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1849) Família Loricariidae Subfamília Hypostominae Hypostomus affinis (Steindachner, 1877) Otocinclus affnis (Steindachner, 1877) Subfamília Neoplecostominae Neoplecostomus microps (Steindachner, 1877) Família Trichomycteridae Trichomycterus vermiculatus (Eigenmann, 1917) Trichomycterus sp. 3 Trichomycterus sp. 5 Ordem Gymnotiformes Família Gymnotidae Gymnotus carapo Linnaeus, 1758 Ordem Cyprinodontiformes Família Poeciliidae Subfamília Poeciliinae Poeciclia reticulata Peters, 1859 27

Ordem Perciformes Família Cichlidae Crenicicla lacustris (Castelnau, 1855) 4.3 Município de Santa Maria Madalena (Alto Curso Rio Imbé) 4.3.1 Locais de coleta As coletas de campo ocorreram em cinco Estações que estão identificadas abaixo (figura 23), seguido das suas respectivas coordenadas geográficas. Figura 23: Estações de coletas no Município de Santa Maria Madalena, Sub-bacia do Rio Imbé. Coordenadas geográficas das Estações de coletas: Estação 1: Rio Imbé localidade de Barra do Imbé - (riacho de planície, Figura 24). Latitude 21 57' 2.93" S, Longitude 41 50'10.07"O. Estação 2: Rio Imbé localidade Fazenda Boa Fé (rio de montanha, Figura 25). Latitude 21 57' 55.73" S, Longitude.41 54'12.74"O. 28

Estação 3: Riacho Boa Fé localidade Faz. Boa Fé - (riacho de montanha, Figura 26). Latitude 21 57 55.73" S, Longitude.41 54' 16.19" O. Estação 4: Riacho s/nome (riacho de montanha, Figura 27). Latitude 22 0' 22.24" S, Longitude 41 57'30 38" O. Estação 5: Riacho do Baiano localidade Fazenda do Baiano - (riacho de montanha, Figura 28). Latitude 22 0' 22.24" S, Longitude 41 55'.170" O Figura 24: Estação de coleta 1 Figura 25: Estação de coleta 2 29

Figura 26: Estação de coleta 3 Figura 27: Estação de coleta 4 Figura 28: Estação de coleta 5 30

4.3.2 Fatores abióticos das estações de coletas A tabela abaixo (Tabela 3) contém os resultados dos fatores físico-químicos mensurados ao longo das estações de coletas. Tabela 3: Fatores físico-químicos observados na Sub-bacia do Rio Imbé / Município de Santa Maria Madalena. Estações Coloração da água Transp. (cm) Profund. Média (cm) Largura Média (m) Vazão (m"l/seg.) Odor da água Oxigênio Dissolvido (mg/l) Conduti- vidade (#S) Temp. (Cº) Altitude (m) Estação 1 clara total 35,8 6,92 sem cheiro 7,8 0.09 20,8 440 Estação 2 clara 90 94,1 5,25 4,68 sem cheiro 8,8 0.10 19,2 206 Estação 3 clara total 25,5 5,75 1,32 sem cheiro 10 0.19 19,9 230 Estação 4 clara 95 82,66 15,25 1,17 sem cheiro 9,1 0.10 21 36 Estação 5 clara 57 32,94 2,37 - sem cheiro 8,9 0.11 20,3 308 4.3.3 Espécies coletados No município de Santa Maria Madalena foram coletados 91 espécimes ao longo do rio principal do município, o rio Imbé, assim como em três afluentes. Ao todo foram identificados 21 táxons, distribuídos em 4 ordens e 10 famílias organizadas na seguinte lista taxonômica: Ordem Characiformes Família Anostomidae Leporinus thayeri Borodin, 1929 Família Characidae Astyanax giton (Eigenmann, 1908) Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819) Deuterodon parahybae Eignmann, 1908 Oligosarcus hepsetus (Cuvier, 1829) 31

Família Crenuchidae Subfamília Characidiinae Characidium alipioi Travassos, 1955 Characidium sp. 4 Characidium sp.8 Família Erythrinidae Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Ordem Siluriformes Família Callichthyidae Subfamília Corydoradinae Scleromystax barbatus (Quoy & Gaimard, 1824) Família Heptapteridae Imparfinis minutus (Lutken, 1874) Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1849) Família Loricariidae Subfamília Hypostominae Hypostomus affinis (Steindachner, 1877) Subfamília Hypoptomatinae Parotocinclus bidentatus (Gauger e Buckup, 2005) Subfamília Neoplecostominae Neoplecostomus sp.1 Família Trichomycteridae Tricomycterus sp. Ordem Cyprinodontiformes Família Poeciliidae Subfamília Poeciliinae Poeciclia vivípara Bloch & Schneider, 1801 Poecilia reticulata Peters, 1859 Phalloceros sp. Ordem Perciformes Família Cichlidae 32

Crenicicla lacustris (Castelnau, 1855) Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1849) 4.4 Município de Campos dos Goytacazes (Baixo Curso do Rio Imbé) 4.4.1 Locais de coleta As coletas de campo foram executadas em cinco Estações que estão identificadas abaixo (Figura 29), seguido das suas respectivas coordenadas geográficas. Figura 29: Estações de coletas nos Municípios de Santa Maria Madalena e Campos dos Goytacazes, Sub-bacia do Rio Imbé. Coordenadas geográficas dos pontos de coletas: Estação 1: Lagoa de Cima localidade centro da Comunidade de Lagoa de Cima (Figura 30). Latitude 21 47' 35.6" S, Longitude 41 32'57.5" WO. Estação 2: Riacho Mãe d Água localidade Moranguaba, Faz. São Julião, (rio de montanha, Figura 31). Latitude 21 48' 37.7" S, Longitude 41 37'59.9" WO 33

Estação 3: Riacho Mãe d Água localidade Moranguaba, Faz. São Julião, (rio de montanha, Figura 32). Latitude 21 48 38.0" S, Longitude41 38 001 WO. Estação 4: Rio Imbé, localidade Conceição do Imbé (riacho de planície, Figura 33). Latitude 21 48 00.11" S, Longitude 41 35 14.38" WO. Estação 5: Rio Imbé Foz do Rio Imbé - (rio de planície, Figura 34). Latitude 21 47 35.6" S, Longitude 41 32 57.5" WO. Figura 30: Estação 1, Lagoa de Cima. Figura 31: Estação 2, Córrego Mãe D Água. 34

Figura 32: Estação 3, Córrego Mãe D Água Figura 33: Estação 4, Rio Imbé. Figura 34: Estação 5, Foz do Rio Imbé. 35

4.4.2 Fatores abióticos das estações de coletas A tabela abaixo (Tabela 4) contém os resultados dos fatores físico-químicos mensurados ao longo das estações de coletas. Tabela 7: Fatores físico-químicos da água da Sub-bacia do Rio Imbé / Município de Campos dos Goytacazes. Coloração da água Transp. (cm) Profund. Média (cm) Largura Média (m) Vazão (l/seg.) Odor da água Oxig. Dissolv. (mg/l) Conduti vidade (#S) Temp. (Cº) Altitude (m) Estação 1 marrom clara 51 200...... sem odor 4,8 0.10 21,6 7 Estação 2 total total 18 5... sem odor 9,3 0.10 20,3 10 Estação 3 total total 50 4... sem odor 9 0.10 20,1 12 Estação 4 marrom clara 50 200...... sem odor 4,2 0.11 21,9 9 Estação 5 marrom clara 45 200 25... sem odor 4,5 0.11 22,0 8 4.4.3 Espécies coletadas No município de Campos dos Goytacazes foram coletados 165 espécimes ao longo do rio Imbé, do seu afluente córrego Mãe d Água e na lagoa de Cima, o que resultou na identificação de 56 táxons, distribuídos em 6 ordens e 18 famílias organizadas na seguinte lista taxonômica: Ordem Clupeiformes Família Engraulidae Anchoviella sp. Ordem Characiformes Família Anostomidae Leporinus conirostri Steindachner, 1875 Leporinus copelandii Steindachner, 1875 Leporinus thayeri Borodin, 1929 Família Characidae Astyanax giton (Eigenmann, 1908) Astyanax cf fasciatus Astyanax intermedius Eigenmann, 1908 Astyanax cf hastatum 36

Astyanax janeiroensis Eigenmann, 1908 Astyanax cf parahybae Eigenmann, 1908 Astyanax taeniatus (Jenyns, 1842) Astyanax sp.1 (sensu Melo, 2001) Deuterodon parahybae Eignmann, 1908 Hyphessobrycon bifasciatus Ellis, 1911 Hyphessobrycon cf fasciatus Hyphessobrycon eques (Steindachner, 1882) Hyphessobrycon luetkenii (Boulenger, 1887) Mimegoniates microlepis (Steindachner, 1877) Metynnis sp. Oligosarcus hepsetus (Cuvier, 1829) Probolodus heterostomus (Eignmann, 1908) Sub-família Bryconinae Brycon insignis Steindachner, 1877 Família Crenuchidae Subfamília Characidiinae Characidium alipioi Travassos, 1955 Characidium cf alipioi Characidium sp. 1 Characidium sp. 2 Characidium sp. 3 Família Curimatidae Cyphocharax gilbert (Quoy & Gaimard, 1824) Família Erythrinidae Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Hoplerythrinus unitaeniatus (Spix e Agassix, 1829) Família Prochilodontidae Prochilodus lineatus (Valenciennes, 1837) Prochilodus vimboides Kner, 1859 Ordem Siluriformes Família Auchenipteridae Trachelyopterus striatulus (Steindachner, 1877) 37

Família Callichthyidae Subfamília Callichthyinae Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) Subfamília Corydoradinae Corydoras nattereri (Steindachner, 1877) Scleromystax barbatus (Quoy & Gaimard, 1824) Família Clariidae Clarias garipinus (Burchell, 1822) Família Heptapteridae Pimelodella lateristriga (Muller & Troschel, 1849) Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1849) Família Loricariidae Subfamília Hypostominae Hypostomus affinis (Steindachner, 1877) Subfamília Loricariinae Loricariichtys castaneus (Castenau, 1825) Rineloricaria sp.1 Sub-família Hypoptopomatinae Parotocinclus bidentatus Gauger e Buckup,2005 Parotocinclus sp.1 Família Pseudopimelodidae Microglanis parahybae (Steindachner, 1880) Família Trichomycteridae Trichomycterus sp. 1 Subfamília Sarcoglanidinae Microcambeva sp. Ordem Gymnotiformes Família Gymnotidae Gymnotus carapo Linnaeus, 1758 38

Família Sternopygidae Eignmannia sp. Ordem Cyprinodontiformes Família Poeciliidae Subfamília Poeciliinae Poeciclia vivípara Bloch & Schneider, 1801 Phalloceros sp. Ordem Perciformes Família Cichlidae Australoheros facetum (Jenyns, 1842) Crenicicla lacustris (Castelnau, 1855) Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1849) Subfamilia Pseudocrenilabrinae Tilapia rendalli (Boulenger, 1896) Família Scianidae Pachyurus adspersus (Steindachner, 1879) 39

4.5 Município de São Francisco do Itabapoana 4.5.1 Locais de coleta As coletas de campo foram executadas em cinco Estações que estão identificadas na figura abaixo (Figura 35), seguido das suas respectivas coordenadas geográficas. Figura 35: Estações de coletas no Município de São Francisco do Itabapoana, Subbacia do Rio Guaxindiba. Estações de coleta com suas respectivas coordenadas geográficas: Estação 1: Brejo da Cobiça (Figura 36, riacho de brejo). Latitude 21 25 56.12 S, Longitude 41 5 11.69 WO. Estação 2: Afluente do brejo da Cobiça (Figura 37, riacho de brejo). Latitude 21 27 08.04 S, Longitude 41 06 00.57" WO. Estação 3: Brejo da Cobiça (Figura 38, riacho de brejo). Latitude 21 22 16.95 S, Longitude 41 05 45.04 WO. Estação 4: Brejo da Cobiça (Figura 39, riacho de brejo). Latitude 21 22 14.98 S, Longitude 41 05 45.04 WO. 40

Estação 5: Rio do Pesque Pague Alegria Brejo da Cobiça (Figura 40, riacho de brejo).latitude 21 26 51.53 S, Longitude 41 8 37.990 WO. Estação 6: Lagoa Azul Fazenda São Pedro (Figura 41, lagoa / brejo). Latitude 21 23 56.70 S, Longitude 41 03 42.39 WO. Estação 1 (Figura 36) Estação 2 (Figura 37) 41

Estação 3 (Figura 38) Estação 4 (Figura 39) Estação 5 (Figura 40) 42

Estação 6 (Figura 41) 4.5.2 Fatores abióticos das estações de coletas A tabela abaixo (Tabela 5) contém os resultados dos fatores físico-químicos mensurados ao longo das estações de coletas. Tabela 5: Fatores físico-químicos da água da Sub-bacia do Rio Guaxindiba / Município de São Francisco do Itabapoana. Estação 1 Estação 2 Estação 3 Estação 4 Estação 5 Estação 6 Coloração da água Transp. (cm) Profund. Média (cm) Largura Média (m) Vazão (l/seg.) transparente total 40 15... escura 10 70 5... transparente total 60 2,5... transparente total 60 2... escura 20 70 3... azul total 60 40... Odor Da água sem cheiro gás sufídrico sem cheiro gás sufídrico gás sufídrico gás sufídrico Oxig. Dissolv. (mg/l) Conduti vidade (#S). Temp. (Cº) Altitude (m) 6,6 890/0.96 21 9 3,7... 22 10 5,5... 21 9 5,8 4,95/ 0.65 21 10 5,9... 21 11... 01/6.3 21 10 4.5.3 Espécies coletados Ao todo foram coletados 125 espécimes ao longo das seis estações coligidas perfazendo um total de 14 táxons, distribuídos em 4 ordens e 7 famílias organizadas na seguinte lista taxonômica: 43

Ordem Characiformes Família Characidae Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) Hyphessobrycon bifasciatus Ellis, 1911 Hyphessobrycon reticulatus Ellis, 1911 Hyphessobrycon sp. Oligosarcus hepsetus (Cuvier, 1829) Família Erythrinidae Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Hoplerythrinus unitaeniatus (Spix e Agassix, 1829) Ordem Siluriformes Família Auchenipteridae Trachelyopterus striatulus (Steindachner, 1877) Família Callichthyidae Subfamília Callichthyinae Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) Família Heptapteridae Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1849) Ordem Cyprinodontiformes Família Poeciliidae Subfamília Poeciliinae Poeciclia vivípara Bloch & Schneider, 1801 Ordem Perciformes Família Cichlidae Aequidens sp. Australoheros facetum (Jenyns, 1842) Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1849) 44

5.0 Impactos Observados e Considerações Finais Considerando os diferentes tipos de impactos ambientais observados durante as coletas de campo, a supressão da mata ciliar foi a que mais chamou atenção. A ausência da mata ciliar é generalizada ao longo dos cinco municípios estudados. Salvo as regiões de topos de morros dos municípios de Laje do Muriaé, Varre-Sai, Santa Maria Madalena e Campos dos Goytacazes, as áreas de planícies estão praticamente desflorestadas, com exceção de estreitos e esparsos fragmentos ciliares no rio Imbé, quando o mesmo percorre trechos dos municípios de S. M. Madalena (Figura 42) e C. dos Goytacazes (Figura 43). Figura 42: Trechos de mata ciliar preservada, município de Santa Maria Madalena, RJ. Figura 43: Trechos de mata ciliar preservada, município de Campos dos Goytacazes, RJ. 45

No trecho correspondente ao município de Campos dos Goytacazes, os fragmentos florestais remanescentes, em conjunto com a mata que compõe o Parque Estadual do Desengano, ainda possibilitam a existência de uma significativa biodiversidade ictíica. Ali foram encontradas espécies de médio e grande porte que merecem destaque, como a grumatã (Prochilodus vimboides, hábito alimentar ilíofaga), a curimatã (Prochilodus lineatus, hábito alimentar iliófaga), os piaus branco e vermelho (Leporinus conirostris, Leporinus copelandii, hábitos alimentares onívoros), a traíra (Hoplias malabaricus, ictiófaga) e a piabanha (Brycon insignis, onívora). Todas as espécies citadas acima dão suporte, em conjunto com a espécie Cyphocarax gilbert (sairú), a uma expressiva pesca artesanal, que ocorre na Lagoa de Cima e no rio Imbé (Figura 44). A existência dessas populações pode ser um forte indicador de que a integridade ambiental no rio persiste e aponta para a possibilidade de haver uma nítida dependência ecológica entre as espécies citadas e a mata ripária. Um bom exemplo da dependência aludida diz respeito à presença da piabanha. Na fase juvenil, a piabanha é ictiófaga e insetívora, alimentando-se de peixes e insetos, e, eventualmente, frugívora (frutas e sementes). Quando adulta, a espécie come frutos, sementes, insetos e pequenos peixes (Girardi et al.,1993) e é potencialmente dispersora de sementes, o que acentua sua relação com a vegetação ciliar. Segundo pescadores locais a piabanha tem o fruto da árvore mololô como um item preferencial em sua dieta (Figura 45). Figura 44: Pescador artesanal segurando um exemplar de piabanha. 46

Figura w 45: Mololô fruto típico da mata ciliar do rio Imbé. Pizango-Paima et al., (2001), após analisar o conteúdo estomacal de 205 exemplares da espécie Brycon cephalus, espécie pertencente ao mesmo gênero da piabanha, coletados em um rio amazônico, ao longo de um ano, encontraram diferentes tipos de alimentos. Os itens de origem vegetal estavam distribuídos como sementes (51,4%), flores (26%) e frutos (9,5%). Gama (1999), estudando a produção de serrapilheira (galhos, folhas, flores, frutos e sementes) da vegetação ciliar da Serra do Imbé, em Campos dos Goytacases, no Estado do Rio de Janeiro, encontrou diferentes valores de aporte de serrapilheira expostos da seguinte forma: 8,96 t /ha 1 ano 1 para o córrego Penação e 5,88 t / ha 1 ano 1 para o córrego Opinião, ambos afluentes do rio Imbé. Dentre as frações selecionadas para ambos os córregos, a fração de folhas foi a que mais contribuiu para a produção de serrapilheira local, GAMA (1999). Dessa forma, tais valores demonstram que o aporte de nutrientes para o rio Imbé é bastante expressivo e enriquece o ambiente aquático. Outro indicativo de qualidade ambiental deveu-se à presença da espécie Mimegoniates microlepis em um dos afluentes do rio Imbé, o córrego Mãe d Água, em Campos dos Goytacazes. Esta espécie se alimenta quase que exclusivamente de insetos terrestres originários da mata adjacente (Sabino & Castro,1990), o que vem reforçar a idéia da importância da mata ciliar para a ictiofauna. Uma situação bastante comum, observada em vários trechos do rio Imbé, é o grande número de galhos e troncos de árvores caídos dentro do rio, possibilitando condições favoráveis para abrigar diferentes espécies de peixes (Figura 46). 47

Figura 46: Galhos servindo como área de abrigo para os peixes. Amaral (1993) cita que troncos e galhos caídos servem também de estruturas de sustentação para a fixação de protozoários sésseis, algas e pequenos invertebrados formando o perifíton que são utilizados como alimento para alevinos de várias espécies. Conseqüentemente, estes locais apresentam ictiofauna bastante diversificada e servem não apenas como refúgios, mas também como dispersores de espécies para outros ambientes. Numa bacia hidrográfica, a alternância de tipos de habitats aumenta a heterogeneidade ambiental e a biodiversidade regional (Barrela & Petrere, 1993). Os resultados levantados pelo presente estudo Campos dos Goytacazes 56 espécies/morfoespécies, Laje do Muriaé 44 espécies/morfoespécies, Madalena 21espécies/ morfoespécies, Varre-Sai 19 espécies/morfoespécies e São Francisco do Itabapoana 14 espécies/morfoespécies, permitiram verificar que a maior diversidade foi encontrada nos pontos onde a mata ciliar apresentou-se melhor conservada, enquanto que no local desmatado a riqueza de espécies foi menor. Sabino (1990) observou que os riachos que cortam a Floresta Atlântica em áreas pouco alteradas, como no Parque Estadual de Intervales (rio Saibadela) e na Estação Ecológica da Juréia (rio Espraiado), ao sul do Estado de São Paulo, apresentam uma riqueza em torno de 25 a 30 espécies de peixes. Por outro lado, em locais onde a floresta foi retirada coexistem apenas 8-10 espécies. Ainda em relação às áreas degradadas, Sabino & Castro (1990) destacaram que modificações na floresta alteraram de forma negativa os ambientes aquáticos, com efeitos sobre a estrutura das comunidades de peixes de riachos da Floresta Atlântica. Em áreas onde a mata ciliar é retirada, por 48

exemplo, há modificação das fontes de alimentação e os peixes que dependem de alimentos terrestres seriam prejudicados. Sem vegetação marginal, as águas dos riachos também ficam mais expostas à luz solar, com conseqüente aumento de luminosidade e temperatura. Populações de peixes sensíveis a estes fatores podem ser drasticamente reduzidas ou mesmo extintas localmente, como as espécies pertencentes ao gênero Trichomycterus. Numa correlação dos dados acima descritos com os dados levantados, ao todo foram encontradas 2 espécies e 7 morfoespécies (gênero Trichomycterus), ao longo das duas sub-bacias amostradas (Imbé e Muriaé). A maioria foi coletada em ambientes onde a mata ciliar cobre total ou parcialmente as margens dos rios pesquisados. As exceções ocorreram em uma única estação, a Estação 4, no córrego do Vale, localizada no município de Varre-Sai, onde, apesar da vegetação marginal ser constituída em sua maioria por gramíneas, foram encontrados três representantes do gênero Trichomycterus: Trichomycterus vermiculatus, Trichomycterus sp. 3 e Trichomycterus sp. 5. As ocorrências podem estar relacionadas às condições físico-químicas da água favoráveis (Tabela 2). Tanto o gênero Trichomycterus vermiculatus quanto o Trichomycterus sp. 5, tiveram o córrego do Vale como área exclusiva de ocorrência. A morfoespécie Trichomycterus sp. 3 foi encontrada na Estação 3, localizada no município de Laje do Muriaé. Esta localidade apresentou uma significativa mata ciliar, cobrindo inclusive toda a estação mencionada. Apesar de ser o município com maior área coberta por vegetação, Santa Maria Madalena, que retém 25% do remanescente florestal (20807.00 ha) e, cujo principal recurso hídrico é também o rio Imbé, apresentou, surpreendentemente, a terceira taxa de diversidade. Segundo os moradores locais, a variedade de peixes ali encontrada não é maior porque existe uma grande cachoeira, localizada entre os municípios de Madalena e Campos dos Goytacazes. Supõe-se que seu gradiente de declividade seja acentuado, impedindo a migração de algumas espécies rio acima. No município de Varre-Sai foi evidenciado um fato marcante. O rio Varre-Sai, quando passa pelo centro da cidade, recebe um grande aporte de efluentes domésticos, que podem funcionar inclusive como barreira química entre os trechos a montante e a jusante, o que aparentemente compromete a ictiofauna local. No trecho a montante foram identificadas apenas 4 espécies e, um quilômetro a jusante da cidade, foram coletadas apenas 2 espécies. A poluição se intensifica neste trecho devido ao lixão municipal, 49