CONCEITOS E UNIDADES USUAIS EM FERTILIDADE DO SOLO

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CONCEITOS E UNIDADES USUAIS EM FERTILIDADE DO SOLO 1. Introdução Em química e fertilidade do solo tem-se utilizado diferentes unidades para expressar os resultados analíticos obtidos com amostras de solo, planta, adubos e corretivos. Muitas destas unidades são conceitualmente obsoletas ou ambíuas. Além disso, a diversidade de unidades dificulta a comparação e interpretação dos resultados. Em 1960 foi aprovado em París o Système International d Unités (SI), que tem sido reulamentado por diversas entidades internacionais, com o propósito de uniformizar as unidades adotadas nos diversos ramos da ciência. O Brasil aderiu ao SI em 1980, o qual é, atualmente, reconhecido como oficial,sendo que a sua reulamentação compete ao Instituto Nacional de Peso e Medidas (INPM). No entanto, sua adoção pelo meio técnico-científico é ainda irreular. Na Ciência do Solo, especificamente, o SI foi oficialmente adotado a partir de 1993, por ocasião da realização do XXIV Conresso Brasileiro de Ciência do Solo, em Goiânia. Nesta prática são apresentadas as unidades de SI de uso mais eneralizado nas análises químicas de solo, material veetal, adubos e corretivos. Como a efetiva adoção destas unidades requer um período de adaptação, paralelamente apresenta-se a sua equivalência com aquelas unidades que têm sido utilizadas tradicionalmente. São indicados também os cálculos de conversão entre as unidades. 2. Unidades do Sistema Internacional Inicialmente será apresentada uma síntese dos conceitos e unidades do SI diretamente aplicáveis à fertilidade do solo. No SI as unidades arupam-se em três cateorias: as unidades de bases, as unidades derivadas e as unidades suplementares Aquelas de maior interesse para a fertilidade do solo encontram-se na duas primeiras cateorias, sendo que as de uso mais freqüente são apresentadas no Quadro 1. As unidades derivadas são expressões alébricas das unidades de bases. O ajuste destas unidades às dimensões dos múltiplos e submúltiplos é feito adicionando-lhes prefixos. Os prefixos recomendados pelo SI de maior interesse para a fertilidade do solo são apresentados no Quadro 2. Além destas unidades são aceitas alumas outras, estranhas ao SI, por serem de uso consarado. Aquelas relacionadas com as randezas de interesse para a fertilidade do solo estão relacionadas no Quadro 3.

Quadro 1. Unidades do SI relativas às randezas mais utilizadas em fertilidade do solo. Grandeza Unidade Símbolo Unidades de base Comprimento metro m Massa quilorama k Tempo seundo s Temperatura termodinâmica Kelvin K Quantidade de matéria mol mol Unidades derivadas Área metro quadrado m 2 Volume metro cúbico m 3 Velocidade metro por seundo m/s Densidade quilorama por metro cúbico k/m 3 Volume específico metro cúbico por quilorama m 3 /k Concentração em quantidade de matéria mol por metro cúbico mol/m 3 Quadro 2. Prefixos recomendados pelo SI de maior interesse para fertilidade do solo. Fator Prefixo Símbolo Fator Prefixo Símbolo 10-9 nano n 10 1 deca da 10-6 micro µ 10 2 hecto h 10-3 mili m 10 3 quilo k 10-2 centi c 10 6 mea M 10-1 deci d 10 9 ia G Quadro 3. Unidades estranhas ao SI que tem sua utilização aceita. Grandeza Unidades Símbolo Equivalência no SI Tempo minuto hora dia min h d 1 min 60 s 1 h 3600 s 1 d 86400 s Volume litro L 1 L 1 dm 3 10-3 m 3 Massa tonelada t 1 t 10 3 k Área hectare ha 1 ha 1 hm 2 10 4 m 2 2

De acordo com o exposto a unidade de comprimento é o metro e seus múltiplos, sendo estes de uso eneralizado: km hm dam m dm cm mm As unidades micron (µ) e Anstron (Å 10-10 m) não são mais aceitos. Para medições nesta ordem de dimensão o SI recomenda a utilização do micrômetro (1 µm 1 10-6 m) e do nanômetro (1 nm 10-9 m) sendo que 1nm 10. Å. Entre as randezas derivadas, a área e o volume são de uso freqüente em fertilidade do solo. A unidade de área (superfície) é o metro quadrado. No entanto, na maioria das situações relacionadas a ciências arárias o uso do hectare (1ha 10. 000 m 2 ) é mais conveniente. Embora hectare seja uma unidade de área (superfície), quando tratamos de aspectos relativos à fertilidade de solo, tais como determinação de doses de adubação e de corretivos, está unidade, intuitivamente, refere-se a volume de solo. Isto porque, o solo é um corpo tridimensional, as plantas exploraram, de fato, um volume de solo e porque os métodos analíticos, que eram as recomendações de adubação e corretivos, são calibradas com base em um volume de solo. Usualmente as amostras são coletadas na camada de 0 a 20 cm solo. Assim, conforme ilustra a fiura abaixo, o volume da amostra que é representativo do volume de um hectare corresponde a 2.000 m 3 : 1 ha 10 000 m 2 Camada 0,2 m 1 ha 10 000 m 2 x 0,2 m 1 ha 2 000 m 3 1 ha 2 000 000 dm 3 Na continuidade do curso veremos que esta é uma relação muito útil para os cálculos de adubação e corretivos. Embora a unidade de volume seja metro cúbico, também aceita-se o empreo do litro e seus múltiplos e submúltiplos, principalmente quando trata-se de matéria no estado líquido: kl hl dal L dl cl ml Recomenda-se que o símbolo de litro seja escrito com letra maiúscula (L) assim como na composição dos múltiplos e submúltiplo. Deve-se lembrar que: 1 L 1 dm 3 10-3 m 3, e considerando-se uma densidade iual 1 k / dm 3, então: 1 L 1 k 3

Embora a unidade de massa seja o quilorama (k), os seus múltiplos e submúltiplos são simbolizados pelos prefixos associados ao símbolo de rama: k h da d c m De acordo com o SI o termo tonelada (1 t 10 3 k) pode ser empreado, o que é equivalente ao mearama (1 M 10 6 10 3 k), que é mais recomendável. No entanto, deve-se ter cautela no uso da unidade mearama para não haver confusão do seu símbolo com o do elemento químico manésio (M). A principal alteração introduzida pelo SI na forma de apresentação dos resultados de análise de solo e de planta, deve-se a mudanças conceituais relacionadas às randezas quantidade de matéria (uma randeza de base) e concentração (uma randeza derivada). Quando se conhece a composição química da matéria (H 2 O, por exemplo) a quantidade de matéria é expressa pelo mol. Quando sua composição, no entanto, não é conhecida (matéria orânica do solo, por exemplo) utiliza-se as unidades de massa para expressar a quantidade de matéria. O mol, é definido como: a quantidade de matéria de um sistema que contem as mesmas unidades elementares, quantas forem os átomos contidos em 12 do 12 C. Assim, corresponde a um mol qualquer quantidade de matéria que contenha 6,022 x 10 23 (n de Avorado) entidades. Desse modo o mol é uma unidade de randeza da quantidade de matéria do mesmo modo que o metro é uma unidade de randeza do comprimento. Pode-se ter um mol de átomos, de moléculas, de íons, de prótons e de elétrons (portanto de cara elétrica), ou de qualquer outra entidade. Deste modo a unidade mol deve ser acompanhada da entidade considerada. A massa de qualquer quantidade de matéria correspondente a um mol (6,022 x 10 23 entidades) é denominada de massa molar (M). Tem-se, portanto a massa molar para moléculas - massa molecular - (p. ex. H 2 O 18 /mol), para elementos - massa atômica - (p. ex. K 39 /mol) e também para íons (p. ex. OH - 17 /mol), para elétrons e outros. Deste modo, o termo peso atômico e peso molecular estão em desuso. Como exemplo, perunta-se: Qual o número de mols de átomos que se tem em 100 de Ca? Se um mol de átomos de Ca tem 40 / mol, então: 100 de Ca 40 / mol 2,5 mols de atomos de Ca Qual a massa de Ca existente em 3,5 mols do elemento? 3,5 mols. 40 / mols 140 de Ca Quanto a concentração, as unidades foram divididas em duas situações: quando se conhece a composição química do composto ou seja sua massa molar e quando não se conhece. 4

Quando se conhece a massa molar, o termo molaridade e normalidade foram substituídos por concentração em quantidade de matéria, ou simplesmente concentração, Neste caso, por definição a concentração é a relação entre quantidade de matéria (mol) do soluto e o volume da solução. A unidade de concentração é mol / m 3, sendo aceito o uso dos múltiplos, tais como exemplo, mmol/dm 3. O volume da solução também pode ser expresso em L, assim, aceita-se: mol / L; µmol / ml; etc. Ressalta-se que a denominação de concentração molar deve ser evitada por causa de ambiüidade com o conceito de massa molar e a denominação molaridade (M mol / L). Assim uma solução de CaCl 2 0,01 M (molar) é corretamente especificada como 0,01 mol / L ou 10 mmol / L.. Diante das definições das randezas quantidade de matéria e concentração os conceitos de equivalente-rama, de normal e de normalidade (N equivalente-rama por litro) não são mais aceitos. A restrição ao uso de normalidade para expressar concentração deve-se ao fato do equivalente de uma substância variar de acordo com a reação em que ela participa. Tomando por exemplo o ácido fosfórico (H 3 PO 4 ). O equivalente-rama de um ácido é a razão entre a sua massa molar e o número de hidroênios ionizáveis que possui. Assim, na reação H 3 PO 4 + KOH KH 2 PO 4 + H 2 O, apenas um H é ionizado portanto, o equivalente-rama será Eq H PO 3 4 massa molar H ionizado 98 1 98 Já na reação: H 3 PO 4 + 3 AOH A 3 PO4 + H 2 O, onde três H são ionizados o equivalente-rama será Eq H PO 3 4 massa molar H ionizado 98 3 32,7 Deste modo soluções H 3 PO 4 1N nas duas reações tem suas concentrações expressas em: 98 /L ou 1 mol/l na primeira solução, e 32,7 /L ou 0,33 mol/l na seunda solução. Assim, para que a normalidade seja utilizada sem equívocos seria preciso especificar a reação e o fator de equivalência. Também encontra-se dificuldade em estabelecer o equivalente de elementos químicos que apresentam diferentes estados de oxidação. Ainda com respeito as unidades de concentração, não é mais recomendável o uso da percentaem (%), assim como, de parte por milhão (ppm) ou parte por bilhão (ppb). Estas unidades eram dificuldade porque podem expressar relações de massa/massa, massa/volume, volume/volume ou volume/massa e sua utilização requer esta especificação. Em luar de percentaem recomenda-se a utilização de unidades que mostrem explicitamente a relação entre as randezas envolvidas, como /k, m/ e µ/ (relação de massa/massa) ou /L (relação de massa/volume). Como veremos a seuir, uma unidade conveniente para expressar percentaem é da / k ou da / dm 3 considerando que, está relação preserva o valor numérico da unidade. Aceita-se, no entanto, o uso de percentaem para comparações fracionais bem definidas, isto é, quando se determina proporções, como nos casos de textura ou da saturação de bases.. 5

Para a ordem de randeza de ppm devem ser utilizadas as unidades m / k ou µ / (para relações massa / massa) e m / L, µ / ml, m / dm 3 (para relações massa / volume). Quando não se conhece a massa molar a concentração em massa expressa a quantidade de massa por unidade de volume e a unidade é k/m 3. Aceitam se os múltiplos, sendo que para a unidade de volume também pode ser utilizado o L. Ao final destas considerações deve-se ressaltar que em eral as medidas são caracterizadas por três dimensões: [valor numérico] [unidade] [fração ou forma química medida], sendo que, não se aceita a forma química separando-as nem valores numéricos na unidade. Assim, 500 m de P / k é corretamente expresso como 500 m / k de P. 3. Análise de solo O material de solo utilizado para análises químicas é, em eral, a terra fina seca ao ar (TFSA), que é por definição operacional o material de solo seco ao ar, à sombra e passado por peneira com malha de 2 mm. As análises são processadas a partir de um determinado peso ou volume deste material. Nos laboratórios de rotina, onde são realizadas análises para fins de avaliação da fertilidade a TFSA é medida em volume. Em eral utiliza-se para a maioria das determinações uma alíquota de 10 cm 3 (0,01 dm 3 ). Na análise de solo são feitas determinações dos elementos em três formas: totais, disponíveis e trocáveis. 3.1. Formas totais. Corresponde à determinação dos teores totais dos elementos químicos numa alíquota de solo. Como exemplo, são determinados os teores totais de P, Fe, Al, Si, Ca e M, sendo seus valores expressos na forma de óxidos P 2 O 5, Fe 2 O 3, Al 2 O 3, Si 2 O 4, CaO e MO, respectivamente. Estas análises são utilizadas com maior freqüência para caracterizar unidades de solo para fins de classificação. Para a avaliação da fertilidade as análises de totais mais freqüentes são para matéria orânica (MO), N e S, sendo os teores destes dois elementos expressos por suas formas elementares. De acordo com o SI a unidade para expressar os teores totais é /dm 3, quando a alíquota de solo analisada é medida ou /k, quando é pesada. A percentaem (%) é a unidade que tem sido utilizada tradicionalmente para teores totais, no entanto esta não é aceita pelo SI. Conforme demonstrado a seuir, um valor percentual expresso como unidades do SI (/k), tem seu valor numérico multiplicado por 10. 6

% % 100 10 1000 ou 10 k 100 cm 0,1 dm 10 dm 3 3 3 Uma alternativa para adotar uma unidade reconhecida pelo SI, sem alterar o valor númerico é expressar os teores totais em termos de da/k; da/dm 3 ou ainda da/l para soluções como se demonstra a seuir. % 10 k 1 da k Ressalta-se que a percentaem pode ser utilizada quando trata-se de uma composição fracional (proporção). Assim, utiliza-se percentaem para expressar a saturação de bases, saturação de alumínio e a constituição textural do solo, como será visto ao lono da disciplina. 3.2. Formas disponíveis As formas disponíveis dos nutrientes no solo, são obtidas por meio de extratores químicos e correspondem àquelas formas potencialmente absorvíveis pela plantas. Este conceito é fundamental para avaliar a fertilidade do solo e será amplamente estudado nesta disciplina. Nas análises químicas para avaliação da fertilidade, atualmente são determinados os teores disponíveis de P e K. A unidade aceita pelo SI para expressar estes teores são: m/k, µ/ quando a amostra é medida em peso de solo, ou m/dm 3, µ/cm 3 quando a amostra é medida em volume de solo. Observe que estas unidades uardam uma relação de 1/10 6, portanto elas substituem diretamente a unidade ppm (parte por milhão) que tem sido tradicionalmente utilizada para expressar os teores disponíveis, mas não é aceita pelo SI. Assim, por exemplo um teor disponível de 5 ppm de P (peso/volume) corresponde a 5 m/dm 3 de P. Quando uma das unidades do SI que mantêm a relação de um para um milhão é multiplicada por dois tem se o teor expresso em k/ha, como se demonstra a seuir: m 1k x 2 6 k 10 k 2 k 2 x 10 6 1k k 1ha m 1k 6 k 10 dm 3 ou 2 k x 2 6 2 x 10 dm 3 1k 1ha Esta relação substituí a unidade pp2m, eventualmente utilizada no sistema de unidades tradicionais para expressar k/ha. 3.3. Formas trocáveis 7

Compreende aquelas formas obtidas por uma reação de troca entre constituintes de uma solução extratora e cátions retidos no complexo sortivo do solo. O fenômeno de troca iônica será tratado no capítulo sobre propriedades físico-químicas do solo, durante as aulas teóricas. Nas análises químicas para avaliação de fertilidade determinam-se os teores trocáveis dos cátions Al 3+, Ca 2+, M 2+, Na +, K + (em situações específicas), H + e a capacidade de troca catiônica (CTC), como expressão da quantidade total de cátions adsorvidos ao complexo sortivo do solo. Devido ao fato da reação de troca ser estequiométrica, tradicionalmente os teores trocáveis, assim como a CTC do solo, têm sido expressa em termos de equivalente-rama e a unidade normalmente utilizada tem sido meq (milequivalente) por 100 cm 3 ou 100 de solo. As restrições impostas pelo SI ao uso do conceito de equivalente inviabilizou o uso destas unidades. No entanto, devido ao conceito de mol possibilitar expressar a quantidade de matéria em termos de cara neativa (elétrons), os teores trocáveis, seundo o SI, devem ser expressos como mol c (mol de cara) por k ou dm 3 de solo. Tomando-se os cátions Ca 2+, K + e Al 3+ demonstra-se no quadro abaixo que os conceitos de equivalente e mol são diferentes, portanto o de equivalente e mol de cara são iuais: Elemento mol mol de cara M Valência funcional Peso equivalente N Eq-rama Ca 2+ 1 2 40 2 20 2 K + 1 1 39 1 39 1 Al 3+ 1 3 27 3 9 3 N-NO - 3 ou 1 1 14 1 14 1 + N-NH 4 o que pode ser demonstrado a partir do Ca: 40 Eq Ca 2 20 40 Eq em1 mol de Ca 20 2 Considerando a ordem de randeza dos valores dos teores trocáveis as unidades utilizadas seundo o SI, são: cmol c / k ou cmol c / dm 3 mmol c / k ou mmol c / dm 3 centimol de cara por k ou por decímetro cúbico de solo milimol de cara por k ou por decímetro cúbico de solo Quando utiliza-se a unidade mmol c o valor em equivalente milirama (meq), tradicionalmente utilizado fica multiplicado por 10, enquanto que utilizando-se cmol c este valor não se altera. Estas relações podem ser facilmente demonstradas: se: Eq-rama mol c, então meq mmol c 8

meq 1mmolc (unidade tradicional) 100 100 10 mmol 1000 10 mmol k 1cmol k 1 c c c 4. Análise de tecido veetal Para a análise de tecido veetal utiliza-se a matéria seca (MS), que é definida como o tecido veetal seco a 70 ºC, até peso constante em estufa com circulação forçada de ar e finamente moído. Em eral recomenda-se que a MS seja triturada em partículas menores que um milímetro. As amostras são analisadas a partir de um determinado peso de MS, usualmente 200 a 500 m. Em laboratórios de rotina determina-se, via de rera, os teores dos macronutrientes (N, P, K, Ca, M, S) e dos micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn, Mo, Zn). Como a alíquota de MS é pesada, os resultados são expressos em relação a unidade de massa. De acordo com o SI, os teores dos macronutrientes devem ser expressos em /k de MS. Como estes teores eram tradicionalmente apresentados em percentaem (%), para não haver alteração na ordem do valor numérico, na escala utilizada, recomenda-se a utilização da unidade da/k, conforme demonstrado anteriormente. Os teores dos micronutrientes devem ser expressos em m / k, o que preserva a relação de 1 : 10 6 que corresponde a unidade ppm (parte por milhão), que tem sido utilizada tradicionalmente. 5. Análise de fertilizantes e corretivos Embora usualmente, análises de fertilizantes e corretivos não são processadas em laboratórios de rotina para solo e planta, trataremos das unidades adotadas para apresentar os teores de nutrientes nestes materiais. Os teores de nitroênio, enxofre e micronutrientes em fertilizantes, corretivos e em resíduos em eral, são expressos em percentaem (%) das formas elementares (N, S, B, Cu etc.) Enquanto isto, os teores de fósforo, potássio, cálcio e manésio, são expressos em percentaem dos óxidos P 2 O 5, K 2 O, CaO e MO, respectivamente. A utilização destas formas deve-se ao fato de que no início da química arícola as análises eram feitas por calcinação e dosavam-se os constituintes formados pelos óxidos. Embora seja recomendado, a adoção das formas elementares para expressar os teores dos nutrientes nos fertilizantes e corretivos, encontra resistência na tradição e na própria leislação brasileira que fundamenta-se no uso das formas dos óxidos expressos em percentaem. A adoção das formas elementares deve ser processada radualmente pois ocorrem randes mudanças em valores numéricos de teores já consarados comercialmente. O superfosfato simples por exemplo, que apresenta 20 % de P 2 O 5, corresponde a 87 /k de P ou 8,7 da/k de P (8,7 % de P). 9

6. Conversões entre unidades e entre formas químicas Alumas conversões entre unidades e formas químicas são freqüentes em um laboratório de análises químicas de solo e planta e na área de fertilidade do solo em eral. Trataremos a seuir de aluns exemplos. As conversões entre formas químicas são freqüentes. Estas podem ser feitas considerando as massas molares ou os pesos equivalentes. Como o conceito de equivalente não é aceito pelo SI os exemplos apresentados serão com base nas massas molares. 1. Converter N para NO - 3 e vice-versa. - 1 mol de N 1 mol de NO 3 14 Y X X Y Y. 14 14 X. X Y. 4,43 Y X. 0,23 2. Converter P em P 2 O 5 e vice-versa. 2 mols de P 1 mol de P 2 O 5 142 Y X Y X X. 142 142 Y. Y X. 0,437 X Y. 2,29 3. Converter Ca em CaCO 3 e vice-versa 1 mol de Ca 1 mol de CaCO 3 40 100 Y X X Y. 100 40 Y X. 40 100 X Y. 2,5 Y X. 0,40 10

4. Converter K em K 2 O e vice- versa. 2 mols de K 1 mol de K 2 O 78 94 Y X 78 Y X. 94 94 X Y. 78 Y X.0,83 X Y.1,21 A conversão entre outras formas químicas, como de Fe para Fe 2 O 3 ou Al para Al 2 O 3, seuem o mesmo procedimento. Tanto durante o procedimentos de análises químicas de solo e planta, quanto na fase de interpretação dos resultados são requeridas conversões entre unidades. Além das conversões entre unidades do SI, serão exemplificadas conversões entre alumas unidades tradicionalmente utilizadas, e que eventualmente aparecem no dia-a-dia do laboratório e na literatura. 1. O teor de N total de um solo está expresso como 0,3 %. Qual é a unidade correspondente no SI e qual o valor em m / k. Conforme demonstrado anteriormente: % da / k, loo 0,3 % 0,3 da / k transformando-se da em m tem-se: 0,3 da / k 3.000 m / k de N 2. Com freqüência encontram-se teores de K disponível expresso em ppm. Assim, expresse o teor de 117 ppm (peso / volume) de K em unidade equivalente do SI e também em termos de cmol c / dm 3. 117 ppm (peso / volume) 117 m / dm 3 1 mol K 39 1 mmol K 39m 117 m / dm 117 39 3 mmol / dm de K 3 3 1 mmol de K 1 mmol c, assim, 3 mmol / dm 3 de K 3 mmol c / dm 3 transformando mili para centi, tem-se: 3 mmol c / dm 3 0,3 cmol c / dm 3 11

3. Você encontra em um artio científico antio o teor de P disponível expresso em uma forma pouco usual: 2,37 m / 100 de P 2 O 5. Qual seria este teor expresso em uma unidade aceita pelo SI, para esta fração de P do solo. O primeiro passo pode ser a conversão da forma química P 2 O 5 para P, o que pode ser feito com base na relação entre as massas molares, conforme demonstrado anteriormente: 2 mols de P 1 mol de P 2 O 5 142 Y X Y 2,37 x 142 Y 2,37 x 0,437 m Y 1,0348 m / 100 de P A unidade recomendada pelo SI é m / k, assim: ou seja: 1,0348 m 100 1,0348 m 0,1 k 10, 348 m k 2,37 m / 100 de P 2 O 5 eqüivale a 10,348 m / k de P 4. Aplicaram-se 110 k de K 2 O em um hectare, sendo o fertilizante incorporado uniformemente numa camada de 0,20 m. Que concentração de K espera-se obter no solo, quer em termos de massa do elemento como em quantidade de matéria em termos de cara. Com base na relação das massas molares converte-se K 2 O em K: 2 mols de K 1 mol de K 2 O 78k 94k Y X Y 78 X 94 Y 110 Y 91,3 k / ha de K Assumindo-se um hectare como o volume de 2. 10 6 dm 3, tem-se: x 0,83 91,3 k ha 91.300.000 m 2.000.000 dm Um mol de K (39) tem um mol de caras, portanto: 45, 65 m de K 39 (massa molar K) m 45.65 dm 3 3 de K 1,17 mmol c 0,117 cmolc 12

Assim: 110 k / ha de K 2 O 45,65 m / dm 3 de K 0,117 cmol c / dm 3 de K Estes exemplos mostram alumas possibilidades de conversões e transformações usuais em fertilidade do solo. 13