Notícia de fato nº MPPR

Documentos relacionados
RECOMENDAÇÃO ADMINISTRATIVA N. 001/2014

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2015

PARECER N, DE RELATOR: Senador HUMBERTO COSTA. A proposição é estruturada em quatro artigos.

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 327, DE 2011

COMENTÁRIOS AO NOVO CRIME DE CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITALAR EMERGENCIAL

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA E DIREITOS DOS MÉDICOS. MÓDULO II - Código de Ética Médica Aula 25

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Seção III - Da Identificação dos Atos, Eventos e Procedimentos Assistenciais que Necessitem de Autorização da Operadora

CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RESOLUÇÃO Nº 77, DE 14 DE SETEMBRO DE 2004

A- SUBPROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA JURÍDICA Ato Normativo nº 978/2016-PGJ, de 05 de setembro de 2016 (Protocolado nº 122.

3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Ituiutaba Curadoria de Defesa de Infância e Juventude

REQUISIÇÃO DE DOCUMENTOS

Cheque Caução Lei Estadual nº /2011

DIREITO AMBIENTAL. Tutela processual civil do meio ambiente e instrumentos extrajudiciais de proteção. Inquérito civil Parte 2

PARECER CREMEC N.º 08/ /03/2014

DIREITO DO CONSUMIDOR

ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal - Decreto nº 6.029/07 Parte 2. Prof.

RESOLUÇÃO NORMATIVA - RN Nº 412, DE 10 DE NOVEMBRO DE 2016

PORTARIA. PPIC n /2016-7

PROCURADORIA-GERAL DO TRABALHO CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

CHAMAMENTO PÚBLICO N 002/2018

Seção II - Da Solicitação de Exclusão de Beneficiários de Contrato Coletivo Empresarial

Pós Penal e Processo Penal. Legale

PRONTUÁRIO MÉDICO OU DO PACIENTE PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA

DIREITO AMBIENTAL. Tutela processual civil do meio ambiente e instrumentos extrajudiciais de proteção. Termo de Ajustamento de Conduta Parte 5

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 46, DE 3 DE OUTUBRO DE 2014

ORIENTAÇÕES AOS MÉDICOS SOBRE OS REQUISITOS MÍNIMOS PARA A CONTRATUALIZAÇÃO COM OPERADORAS DE PLANOS DE SAÚDE

PORTARIA Nº 97 DE 06 DE OUTUBRO DE 2017.

Seção II - Da Suspensão Temporária do Atendimento no Prestador Hospitalar

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE PARANAGUÁ/PR

SUBSTITUTIVO ADOTADO PELA CCJC AOS PROJETOS DE LEI N os 215, E 1.589, DE 2015

EDITAL DE CONVOCAÇÃO PARA AUDIÊNCIA PÚBLICA

VISTA. Despacho. sobretudo acerca de eventual competência da Justiça Federal ou outras diligências (fl. 02).

INSTRUÇÃO PROMOTOR NATURAL: O

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM MATO GROSSO DO SUL

Pós Penal e Processo Penal. Legale

CURSO DE ÉTICA MÉDICA Cons. Cláudia Navarro Carvalho Duarte Lemos 1a. Secretária CRMMG

PÓS GRADUAÇÃO PENAL E PROCESSO PENAL Legislação e Prática. Professor: Rodrigo J. Capobianco

TERMO DE OBRIGAÇÕES A CUMPRIR

Pós Penal e Processo Penal. Legale

TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA

Representante Legal (assinatura) Registro no CRA nº Data do Registro Tipo do Registro ( )Principal

LEGISLAÇÃO DO MPE. Organização do Ministério Público. Lei Complementar 106/2003 Parte 7. Prof. Karina Jaques

RESOLUÇÃO Nº INSTRUÇÃO Nº CLASSE 19 BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL

INQUÉRITO CIVIL E SUA INSTAURAÇÃO

Questão 01) O inquérito policial consiste no conjunto de diligências efetuadas pela polícia judiciária para a

DIREITO ELEITORAL. Polícia Judiciária Eleitoral. Prof. Karina Jaques

DIREITO ELEITORAL. Polícia Judiciária Eleitoral - Parte 2. Prof. Roberto Moreira de Almeida

Prontuário do paciente (médico) é um documento único. constituído de um conjunto de informações, sinais e imagens

RESOLUÇÃO-RDC Nº 42, DE 25 DE OUTUBRO DE 2010

PARECER CONSULTA Nº

Tópicos da aula de hoje. Sigilo Médico. Curso de Pós-Graduação em Direito Médico e da Saúde Módulo: Responsabilidade Civil na Saúde AULA 19

RESOLUÇÃO CFFa nº 339, de 20 de outubro de 2006

Art. 135 A - Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial.

DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE ALAGOAS CONSELHO SUPERIOR RESOLUÇÃO CSDPE/AL N.º 01/2013

Considerando a necessidade de estabelecer os exames exigidos no artigo 160 e seus parágrafos do Código de Trânsito Brasileiro;

ORIENTAÇÕES OPERACIONAIS RN 412/16 CANCELAMENTOS DE PLANOS DE SAÚDE

; Palavras chave: Segurança do paciente; Plantão; Estabelecimento de Saúde

CAPÍTULO I DA DISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Considerando a necessidade de estabelecer os exames exigidos no artigo 160 e seus parágrafos do Código de Trânsito Brasileiro;

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA PROJETO DE LEI Nº 6.745, DE 2006

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE MATO GROSSO

CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA

DIREITO PROCESSUAL PENAL

No procedimento investigatório criminal serão observados os direitos e garantias individuais consagrados

Ministério Público. André Marinho

Conselho Nacional de Justiça

Estado de Mato Grosso MINISTÉRIO PÚBLICO 2ª Promotoria de Justiça Cível de Alta Floresta/MT

RECOMENDAÇÃO. Recomendação. Página 01/05

PARECER CREMEC N.º 01/ /01/2019

PROF. Leonardo Galardo DIREITO PROCESSUAL PENAL

RESOLUÇÃO N XXXXXXX INSTRUÇÃO N xxx-xx.20xx CLASSE 19 - BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL.

RESOLUÇÃO 87, DE 3 DE AGOSTO DE 2006, DO CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL CSMPF Regulamenta, no âmbito do Ministério Público Federal,

Artigo 1º Esta resolução dispõe sobre a Administradora de Benefícios.

II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;

DIREITO AMBIENTAL. Tutela processual civil do meio ambiente e instrumentos extrajudiciais de proteção. Inquérito civil Parte 3

INSTRUÇÃO NORMATIVA - TCU Nº 76, DE 23 DE NOVEMBRO DE 2016

RESOLUÇÃO NORMATIVA - RN Nº 346, DE 2 DE ABRIL DE 2014

PREFEITURA DE SÃO LUÍS

78ª Promotoria de Justiça de Goiânia Defesa do Patrimônio Público

RESOLUÇÃO Nº INSTRUÇÃO Nº CLASSE 19 BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 12, DE 6 DE AGOSTO DE 2014

Agenda Lei /14 Desafios

DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO PARANÁ Conselho Superior. Interessado: Corregedoria Geral da Defensoria Pública do Paraná

DIREITO PENAL. Lei da Interceptação Telefônica. Lei nº 9.296/1996. Prof.ª Maria Cristina.

EDITAL DE CHAMAMENTO PÚBLICO Nº 02/2013

POLÍTICA DE COMPRA E VENDA DE VALORES MOBILIÁRIOS. Política de Compra e Venda de Valores Mobiliários

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ CORREGEDORIA DA JUSTIÇA DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM

Por determinação deste Conselho fomos ao estabelecimento acima identificado verificar suas condições de funcionamento.

Número:

POLÍTICA DE COMPRA E VENDA DE VALORES MOBILIÁRIOS. Política de Investimentos Pessoais

Ordem dos Advogados do Brasil Seção do Estado do Rio de Janeiro Procuradoria

COMISSÃO PARITÁRIA Alinhamento Conceitual Saúde Suplementar. Outubro/2016

PROCESSO LICITATÓRIO 018/ /2018-CMR-DPL

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO Nº, de de Dispõe sobre as audiências públicas no âmbito do Ministério Público da União e dos Estados.

Transcrição:

Notícia de fato nº MPPR-0051.12.000423-2 Interessada: 3º Promotoria de Justiça de Fazenda Rio Grande PR. Natureza: Solicitação de sugestões de diligências nos autos originais de Notícia de Fato nº MPPR-0051.12.000423-3, remetidos pelo Ofício nº 308/2013. Ementa: VEDAÇÃO DE EXIGÊNCIA DE DEPÓSITO PRÉVIO, CAUÇÃO, OU OUTRA GARANTIA PARA ATENDIMENTO em prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde e Seguradoras Especializadas em Saúde - Entendimento da Resolução 44/03 da ANS e artigo 135-A do Código Penal. VEDAÇÃO DA EXIGÊNCIA DE DEPÓSITO PRÉVIO PARA ATENDIMENTO EM HOSPITAIS DA REDE PÚBLICA OU PRIVADA QUE REALIZEM ATENDIMENTO EMERGENCIAL, DE DOENTES EM ESTADO DE RISCO DE VIDA E/OU SOFRIMENTO INTENSO (incluído pela Lei 13674, de 09/07/2002) Dever da SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE AFIXAÇÃO DE CARTAZES - Entendimento da lei estadual nº 12.970/2000 e artigo 135-A do Código Penal. Dever anexo de informação e de exibição de cartazes ou equivalente pelo Hospital - Lei Federal n. 12.653/2012, artigo 2º - Descumprimento - infração penal, civil e administrativa. 1. Relatório A 3ª Promotoria de Justiça de Fazenda Rio Grande PR encaminhou a este Centro de Apoio o ofício nº 308/2013, acompanhado dos autos originais de Notícia de Fato nº MPPR-0051.12.000423-3, oriundo da referida Promotoria, com consulta formulada a este Centro de Apoio acerca de possíveis sugestões de 1

diligências para complementar as investigações, ante o termo de declarações da dirigente da instituição investigada, negando participação em atividades ditas prejudiciais. Em análise dos autos da notícia de fato, verificou-se que esta se iniciou a partir de ofício encaminhado pela Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor da Comarca de Curitiba, juntamente com cópia de uma minuta de Compromisso de Ajustamento de Conduta para ciência do Promotor de Justiça de Fazenda Rio Grande e para adoção das medidas pertinentes, relativamente à Clínica de Fisioterapia Alquino S/C Ltda. 1 Referida minuta é oriunda do Inquérito Civil nº 0046.11.003813-3, instaurado pela Promotoria de Justiça de Curitiba, no intuito de apurar se fornecedores de serviços hospitalares, bem como prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das operadoras de planos de assistência à saúde estão exigindo depósito prévio (p.ex. cheque caução) de pacientes em situações de emergência e urgência, bem como se possuem em seus locais de atendimento cartazes afixados com a informação de que é proibida a exigência de depósito prévio para internação de emergência, de urgência, de doentes em estado de risco de vida ou sofrimento intenso. A 3ª Promotoria de Justiça de Fazenda Rio Grande, com atribuição na defesa do consumidor, ao receber o ofício encaminhado pela Promotoria da Capital, encaminhou-o à 2ª Promotoria de Justiça de Fazenda Rio Grande, com atribuição na área da saúde pública. Contudo, como a empresa a ser investigada se trata de uma clínica privada de fisioterapia, a 2ª Promotoria de Justiça de Fazenda Rio Grande devolveu o procedimento para a 3ª Promotoria de Justiça. Posteriormente, a 3ª Promotoria de Justiça oficiou a mencionada clínica, na pessoa de seu representante legal, para o fim de comparecimento à Promotoria para prestar declarações. No termo de declaração constante na fl. 30, datado de 21/02/2013, a representante esclareceu que os pacientes da clínica são encaminhados diretamente pelo médico e que por este motivo não há atendimentos de emergência ou urgência, que tem conhecimento acerca dos direitos dos 1 A clínica referida é uma associada da AHOPAR Associação dos Hospitais do Paraná, conforme listagem que foi encaminhada pela Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor de Curitiba. 2

consumidores, não exigindo depósito prévio e que não há cartaz afixado na clínica que informe sobre a vedação legal da cobrança do depósito prévio para internações de emergência, haja vista ser uma Clínica de Fisioterapia. Em seguida, o Promotor de Justiça encaminhou o procedimento a este Centro de Apoio solicitando sugestões de diligências para complementar as investigações, ante o termo de declarações da dirigente da instituição investigação, negando a participação em atividades ditas prejudiciais. É o relatório. 2. Fundamentação É importante esclarecer que o IC instaurado pela Promotoria de Justiça da Capital teve como parâmetros a previsão legislativa existente na lei estadual 12.970/2000, modificada pela lei estadual 13.674/2002 e Resolução Normativa 44/03 da Agência Nacional de Saúde. que: A lei 12.970/2000, com alterações trazidas pela lei 13.674/2002, estabelece Art. 1º. Fica proibida a exigência de depósito prévio de qualquer natureza, para possibilitar internação de doente em situação de emergência, que resulte em estado de sofrimento intenso e/ou risco de vida ao paciente, em hospitais da rede pública ou privada. Art. 3º. Fica a Secretaria de Estado da Saúde responsável pela confecção e fixação de cartazes em todos os hospitais da rede pública ou privada, com os seguintes dizeres: "Lei nº 12.970 É proibida a exigência de depósito prévio para internação de emergência, de doentes em estado de risco de vida e/ou sofrimento intenso." (Incluído pela Lei 13674, de 09/07/2002) (...) determina: A Resolução Normativa 44/03 expedida pela ANS, em seu artigo 1º, assim 3

Art. 1º Fica vedada, em qualquer situação, a exigência, por parte dos prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde e Seguradoras Especializadas em Saúde, de caução, depósito de qualquer natureza, nota promissória ou quaisquer outros títulos de crédito, no ato ou anteriormente à prestação do serviço. Em ambas as normas citadas, há a vedação da exigência de depósito prévio de qualquer natureza, não apenas por hospitais, mas também por prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde e Seguradoras Especializadas em Saúde e não apenas em casos de emergência ou urgência, mas em qualquer situação. Assim, nos termos da citada Resolução da ANS, em relação à vedação da exigência de depósito prévio, tal proibição certamente se aplica à clínica de fisioterapia investigada pela 3ª Promotoria de Justiça de Fazenda Rio Grande. Cumpre informar também a edição da lei 12.653/12, que acrescentou o artigo 135-A ao Código Penal, tipificando como crime a exigência de depósito prévio de qualquer natureza como condição para o atendimento. Veja-se a redação: Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. Vide ainda o artigo 2º da referida lei federal: Art. 2 o O estabelecimento de saúde que realize atendimento médico-hospitalar emergencial fica obrigado a afixar, em local visível, cartaz ou equivalente, com a seguinte informação: Constitui crime a exigência de cheque-caução, de nota promissória ou de qualquer garantia, bem como do preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial, nos termos do art. 135-A do Decreto-Lei n o 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal. 4

Feitas essas considerações, e em face ao arcabouço de leis e normas que regulam o tema, conclui-se, porém, que no tocante ao dever de afixação de cartazes no local de atendimento, tal não se aplica à clínica de fisioterapia investigada. Isto porque, a obrigatoriedade de afixação de cartazes, prevista na lei estadual nº 12.970/2000 e art. 135-A do Código Penal, c/c artigo 2º da lei federal nº 12.653/2012, apenas está restrita aos hospitais da rede pública ou privada, que prestem atendimento emergencial. Em vista da proibição da exigência de depósito prévio que anteceda ao atendimento de pacientes, nos termos da lei estadual nº 12.970/2000, do artigo 135-A do Código Penal e do art. 1º da Resolução 44/03 da ANS, é pacífico o entendimento de que tal dever é imposto a todos os prestadores de serviço médico, independentemente da situação em que se dê o atendimento. Contudo, no tocante ao dever de afixação de cartazes informativos da vedação de exigência de depósito prévio ao atendimento, tal não se aplica à clínica de fisioterapia investigada. Isto porque, a lei estadual e o artigo 135-A, que tratam da afixação de cartazes, foram taxativos ao estabelecerem tal exigência apenas aos hospitais públicos e privados que atendam situações de emergência. Os estabelecimentos hospitalares a que se refere a Lei Estadual, que prestem serviços emergenciais podem ou não estarem associados à AHOPAR Associação dos Hospitais do Paraná. Logo, não se restringe a pesquisa a associados, mas a quaisquer nosocômios (hospitais) que prestem tais serviços. 3. Conclusão Tendo em vista a solicitação a este Centro de Apoio quanto às sugestões de diligências, sugere-se inicialmente que o Promotor de Justiça da Comarca de Fazenda Rio Grande que proceda à conversão da notícia de fato instaurada, e o 5

encerramento do Procedimento subsequente, de tudo registrado no PROMP, tendo em vista o disposto no artigo 5º, I, 2º do Ato conjunto nº 02, da PGJ e da CGMP, de 06/10/2010 2. Ato contínuo, opina-se à instauração de novo procedimento administrativo, com o objetivo de verificar se os estabelecimentos hospitalares públicos e privados que atendam situações de emergência, doentes em estado de risco de vida e/ou sofrimento intenso, localizados na comarca, associados ou não da AHOPAR Associação dos Hospitais do Paraná, estão adequados à legislação citada, não só quanto à vedação da cobrança de depósito prévio e outras garantias em atendimento de emergência, mas também quanto ao dever de exibição e afixação dos cartazes. No procedimento instaurado, poderá, dentre outras providências, se for o caso, expedir recomendação administrativa para a respectiva adequação da prática ilegal ou ainda, a proposição de celebração de um Compromisso de Ajustamento de Conduta. Para a obtenção de informações referentes aos hospitais públicos e privados, sugere-se ainda que sejam oficiadas as regionais respectivas da Secretaria Estadual de Saúde, a Secretaria Municipal de Saúde, e ainda a AHOPAR Associação dos Hospitais do Paraná, dentre outros que entender convenientes. Por fim, determino o retorno dos autos da Notícia de Fato nº MPPR 0051.12.000423-3 à comarca de Fazenda Rio Grande, bem como o encaminhamento de cópia deste despacho à Promotoria de Justiça de Defesa do 2 Artigo 5º - O Programa de Registro, Acompanhamento e Organização das Atividades Finalísticas Extrajudiciais do Ministério Público - PRO-MP requer, obrigatoriamente, o registro das seguintes rotinas padronizadas, assim entendidas: I Notícias de fatos: qualquer demanda dirigida aos órgãos da atividade-fim do Ministério Público, ou iniciada de ofício por estes, conforme as atribuições das respectivas áreas de atuação, que ainda não tenha gerado um feito interno ou externo, podendo ser formulada presencialmente ou não, entendendo-se como tal, a entrada de atendimentos, notícias, documentos ou representações. Nesta fase poderão ser restringidas informações ao público quanto aos interessados (requerentes e requeridos) e fatos noticiados; 2º. Os casos referidos no 1º que alcançarem solução no prazo deverão contar com decisão de encerramento do procedimento, cuja fundamentação contenha ressalva expressa de que não se trata de situação a ensejar a instauração de um dos procedimentos tratados nos incisos II a VI. 3º. Esgotado o prazo fixado no 1º e não havendo elementos suficientes para a decisão de encerramento, deverá o feito ser convertido em uma das rotinas descritas nos incisos II a VI. 6

Consumidor do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, que preside o Inquérito Civil 0046.11.003813-3 para as providências que entender cabíveis. Curitiba, 12 de março de 2013. Ciro Expedito Scheraiber Procurador de Justiça Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor 7