Do Estatuto da Criança e do Adolescente Lei n /90

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Transcrição:

Do Estatuto da Criança e do Adolescente Lei n. 8.069/90

CONSELHO TUTELAR

Lei n. 12.696/12 Esta Lei alterou os artigos 132, 134, 135 e 139 da lei n. 8069/90 para dispor sobre os Conselhos Tutelares.

Redação Anterior Art. 132. Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local para mandato de três anos, permitida uma recondução

Redação Nova Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da administração pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de escolha.

Redação Anterior Art. 134. Lei municipal disporá sobre local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto a eventual remuneração de seus membros. Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar.

Redação Nova Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o direito a: I - cobertura previdenciária; II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal; III - licença-maternidade; IV - licença-paternidade; V - gratificação natalina. Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continuada dos conselheiros tutelares.

Redação Anterior Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante, estabelecerá presunção de idoneidade moral e assegurará prisão especial, em caso de crime comum, até o julgamento definitivo.

Redação Anterior Art. 139. O processo eleitoral para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será estabelecido em Lei Municipal e realizado sob a presidência de Juiz eleitoral e a fiscalização do Ministério Público.

Redação Nova Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público. 1o O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial. 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. 3o No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor.

Redação Nova Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade moral.

Conceito de Conselho Tutelar Trata-se órgão autônomo e não jurisdicional, de âmbito local, cuja função é zelar, dentro de sua competência, pelos direitos da criança e adolescente.

Conceito de Conselho de Direitos órgão deliberativo responsável pela gestão de políticas públicas para crianças e adolescentes organizados em todos os níveis da federação

Conselho Tutelar X Conselho de Direitos FUNÇÃO DE ZELAR PELA OBSERVÂNCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES. FUNÇÃO DE DELIBER SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS À INFANCIA.

Conselho Tutelar X Conselho de Direitos ÂMBITO MUNICIPAL. ÂMBITO NACIONAL, ESTADUAL E MUNICIPAL.

Conselho Tutelar X Conselho de Direitos COMPOSTO POR REPRESENTANTES DO POVO ESCOLHIDOS MEDIANTE ELEIÇAO. COMPOSTO POR REPRESENTANTES DA SOCIEDADE E DO GOVERNO.

Competência do Conselho Tutelar Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;

Art. 98 do ECA Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III - em razão de sua conduta.

Art.105 do ECA Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art. 101.

Art. 101 do ECA Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; VII - acolhimento institucional

Competência do Conselho Tutelar Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: I - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;

Art. 129 do ECA Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar; VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado; VII - advertência;

Competência do Conselho Tutelar Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança; b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.

Competência do Conselho Tutelar Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente; V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;

Competência do Conselho Tutelar Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional; VII - expedir notificações; VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;

Competência do Conselho Tutelar Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente; X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, 3º, inciso II, da Constituição Federal; XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural.

Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência constante do art. 147.

Art. 147 do ECA Art. 147. A competência será determinada: I - pelo domicílio dos pais ou responsável; II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou responsável. 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, continência e prevenção. 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente. 3º Em caso de infração cometida através de transmissão simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado.

Impedimentos De acordo com o art. 140 do ECA, são impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. Estendendo-se este impedimento, de acordo como parágrafo único deste mesmo artigo, em relação à autoridade judiciária e ao representante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital.

Alterações 1. O mandato de conselheiro tutelar não é mais de 3 anos admitida uma recondução. Agora é de 4 anos admitida uma recondução; As eleições para conselho tutelar foram unificadas pela Lei n. 12.696/2012. De acordo com o 1º do art. 139 do ECA o processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial. Desse modo, como haverá eleição presidencial em outubro de 2014, deverá ocorrer eleição para conselhos tutelares em outubro de 2015, com posse em 10 de janeiro de 2016 ( 2º, art. 139). A eleição seguinte ocorrerá em outubro de 2019 e assim por diante.

A Lei n. 12.696/2012 deveria trazer disposições disciplinando regras de transição. A tentativa ocorreu por meio do seu art. 2º, dispositivo vetado pela Presidente da República. Desta forma os mandatos dos conselheiros tutelares em curso atualmente permanecem com prazo de 3 anos, pois seguem as disposições legislativas estabelecidas à época da eleição. Quanto ao prazo, a Lei n. 12.696/12 não se aplica aos mandatos em curso. O novo prazo de 4 anos não poderá, portanto, ser utilizado para elastecer os mandatos em vigor antes da mudança no ECA. O novo prazo de 4 anos passará a reger os mandatos dos conselheiros eleitos em 2015.

Alterações 2. O conselho tutelar integra a administração pública local/municipal;

Alterações 3. Não há mais prisão especial para conselheiro tutelar como previa a redação antiga do art. 135, ECA;

Alterações 4. O Conselho Tutelar continua sendo composto por 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local.

Alterações 5. A eleição do conselheiro tutelar ocorrerá a cada 4 anos, no primeiro domingo de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial.

Alterações 6. A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha.

Alterações 7. Aos conselheiros é assegurado cobertura previdenciária; licença-maternidade e paternidade; férias remuneradas e gratificação natalina.

Alterações 8. Na eleição para o conselho tutelar, é vedado doar, oferecer, prometer ou entregar bem d qualquer natureza, inclusive brindes d pequeno valor.

Alterações 9. A antiga redação do ECA previa que lei municipal poderia dispor sobre eventual remuneração. A lei nova exige disposição quanto ao tema. 9.1) A remuneração era uma faculdade a ser prevista em lei municipal. Com a nova redação, a lei municipal DEVE DISPOR sobre a remuneração. 9.2) A nova redação do art. 134 do ECA dispõe que os conselheiros tutelares devem ser remunerados. Não há mais a faculdade como antes.

Considerações Finais: 1.A nova lei não teve vacatio legis. 2. As modificações introduzidas nos artigos 139 e 132 tiveram dupla função: unificar as eleições dos diversos Conselhos e estabelecer regras mais rígidas para o respectivo processo. 3.Sobre o processo eleitoral, fixou a competência para a disciplina da lei, mas estabeleceu duas importantes diretrizes: Realização sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e Fiscalização do Ministério Público.

Dos Atos Infracionais e Das Medidas Sócio-educativa

Princípios: 1) Da Dignidade da Pessoa Humana: -Na Constituição de 1988 arts.5º, 6º, 196, 203, 208 e 227 -No ECA arts. 3º, 4º, 7º, 11, 15 e 53

Art. 3º do ECA Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-selhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

Art. 4º do ECA Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

Art. 7º do ECA Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.

Art. 11 do ECA Art. 11. É assegurado atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, garantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde

Art. 15 do ECA Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

Art. 53 do ECA Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - direito de ser respeitado por seus educadores; III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV - direito de organização e participação em entidades estudantis; V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.

2) Do Devido Processo Legal arts.5º, LIV e LV da CRFB e arts.106, 110 e 111 do ECA

Art. 106 do ECA Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

Art. 110 ECA Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal.

Art. 111 ECA Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias: I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente; II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa; III - defesa técnica por advogado; IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei; V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente; VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento.

3) Princípio da Proteção Integral Arts.1º e 6º do ECA

4) Princípio da Prioridade Absoluta arts. 4º do ECA e 227 da CRFB

Art. 4º do ECA Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

Do Ato Infracional 1- conceito: (art. 103 do ECA) Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal 2- Diferença entre crime e contravenção penal (art. 1º da LICP e art. 33 do CP) 3- Princípio da Legalidade (art. 1º do CP e art. 5º, XXXIX da CRFB)

Do Ato Infracional 4- conceito de criança e adolescente (art.2º, caput do ECA-: Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade )

Das Medidas Sócio-educativas e Da Inimputabilidade Penal Art.s 228 da CRFB; 27 do CP e 104 do ECA

Adolescentes X Criança Art. 112 caput do ECA: (MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS) Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: Art. 105 do ECA: (MEDIDAS PROTETIVAS) Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art. 101.

Art. 101, caput do ECA Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; VII - acolhimento institucional; VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; IX - colocação em família substituta.

A criança autora de ato infracional, não poderá ser conduzida perante a autoridade policial, mas sim, perante o Conselho Tutelar ou Autoridade Judiciária, quando, sem maior formalismo e procedimento judicial, se recomendável, receberá as medidas protetivas

Competência para aplicação da medida sócio-educativa Súmula n. 108 do STJ : A aplicação de medida sócioeducativa ao adolescente pela prática de ato infracional, é da competência exclusiva do Juiz Art. 180, inciso III do ECA: Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo anterior, o representante do Ministério Público poderá:... III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-educativa.

MP e medida sócio-educativa Art. 127 do ECA: Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.

REMISSÃO Art. 126 do ECA: Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional. Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo

Das Medidas Protetivas

Não apenas a prática de ato infracional, mas outros distúrbios de comportamento podem colocar a criança ou o adolescente em situação de risco. A exata dimensão e, acima de tudo, a origem de tais problemas devem ser, antes de mais nada, devidamente apuradas, através da intervenção de profissionais das áreas da pedagogia, pediatria e psicologia, cujos serviços podem ser requisitados pelo ConselhoTutelar ou autoridade judiciária Importante não perder de vista que as medidas de proteção relacionadas no art. 101, do ECA (assim como as socioeducativas), devem ser aplicadas de acordo com as necessidades pedagógicas específicas da criança ou do adolescente que assim precisam ser devidamente apuradas.

Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. Estão aqui relacionados alguns dos princípios que devem nortear a aplicação de medidas de proteção (também aplicados às medidas socioeducativas, por força do disposto no art. 113, do ECA). A estes devem se somar aqueles relacionados no parágrafo único do dispositivo e outros, universalmente consagrados, como os princípios do interesse superior da criança e do jovem; da privacidade; da intervenção precoce; da intervenção mínima; da proporcionalidade e da atualidade; da responsabilidade parental; da prevalência da família; da obrigatoriedade da informação, da oitiva obrigatória e da participação da criança ou do adolescente na definição da medida a ser aplicada, dentre outros.

Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação das medidas: I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal Embora diga o óbvio, este princípio, não por acaso relacionado em primeiro lugar, realça a necessidade de fazer com que toda e qualquer iniciativa tomada no sentido da proteção infanto-juvenil reconheça a criança e o adolescente como sujeitos de direitos, e não meros objetos de intervenção estatal e/ou de livre disposição de seus pais. Para tanto, é fundamental que a as medidas de proteção (e também socioeducativas) sejam aplicadas no sentido da plena efetivação dos direitos que lhe são prometidos pela lei e pela CFRB, a partir de uma análise criteriosa e responsável de quais são, concretamente, seus interesses para o que deve ser levada em conta a opinião da criança ou adolescente

II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são titulares Este princípio, que também deve incidir quando da aplicação de medidas socioeducativas a adolescentes em conflito com a lei, na verdade reafirma o que já se encontra expresso no art. 1º do ECA, evidenciando assim a necessidade de que toda e qualquer norma estatutária seja interpretada e aplicada da forma mais favorável às crianças e adolescentes, de modo a proporcionar-lhes a proteção integral da forma mais eficaz e célere possível.

III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta expressamente ressalvados, é de responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e da possibilidade da execução de programas por entidades não governamentais O dispositivo deixa claro que cabe ao Estado (lato sensu) a implementação de políticas intersetoriais destinadas à plena efetivação dos direitos infanto-juvenis, não lhe sendo lícito pura e simplesmente delegar a responsabilidade pela execução dos programas de atendimento às entidades não governamentais. De qualquer sorte, a responsabilidade pelo custeio de tais políticas e programas é do Poder Público podendo qualquer deles (ou todos) ser demandado na busca da efetivação do direito assegurado a crianças e adolescentes, tanto no plano individual quanto coletivo, pela lei e pela Constituição Federal.

IV - interesse superior da criança e do adolescente: a intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto O princípio do superior interesse da criança é consagrado pela normativa internacional e há muito vem sendo invocado quando da aplicação de medidas de proteção a crianças e adolescentes. A descoberta da solução que, concretamente, melhor atenda aos interesses da criança e do adolescente, no entanto, é uma tarefa complexa, que pressupõe a realização de uma avaliação técnica interprofissional criteriosa e a estrita observância dos parâmetros e, acima de tudo, os princípios instituídos pela Lei nº 8.069/1990 e outras normas jurídicas aplicáveis. É também importante não perder de vista que a intervenção estatal não visa apenas solucionar os interesses de momento de uma determinada criança ou adolescente (embora as medidas aplicadas devam corresponder às necessidades atuais), mas sim tem por objetivo encontrar soluções concretas e definitivas, cujos benefícios irão acompanhar o destinatário da medida para toda sua vida.

V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada O dispositivo evidencia a necessidade de sigilo em todos os processos e procedimentos, tanto judiciais quanto administrativos (mesmo quando instaurados pelo Conselho Tutelar ou outros órgãos públicos) destinados à salvaguarda dos direitos infanto-juvenis, aos quais devem ter acesso apenas as autoridades e profissionais diretamente envolvidos no atendimento, além dos pais, responsável e das próprias crianças e adolescentes atendidas. A violação do sigilo pode, em tese, importar em infração administrativa (como na hipótese do art. 247, do ECA) e/ou gerar a obrigação de indenizar (cf. art. 5º, do ECA e arts. 186, 927 e 944, do CC).

VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja conhecida Cabe ao Poder Público organizar seus programas e serviços no sentido do atendimento prioritário à população infantojuvenil, de modo a obter a efetiva e integral solução dos problemas existentes da forma mais rápida possível. A demora no atendimento, por si só, já importa em violação dos direitos infanto-juvenis, sendo passível de enquadramento nas disposições do art. 208 e 216, do ECA.

VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do adolescente O objetivo da norma é fazer com que os diversos órgãos e autoridades coresponsáveis pela plena efetivação dos direitos infanto-juvenis estabeleçam protocolos de atendimento para as diversas modalidades de violação de direitos usualmente verificadas, de modo a evitar a superposição de ações e intervenções desnecessárias (assim como a omissão daqueles que deveriam atuar), que poderiam trazer sérios prejuízos às crianças e adolescentes atendidos. Um exemplo clássico diz respeito ao atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, que devem ser ouvidos, preferencialmente, uma única vez, se possível por intermédio de equipe interprofissional habilitada, nos moldes do facultado pelo art. 156, inciso I, do CPP (produção antecipada de provas)

VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o adolescente se encontram no momento em que a decisão é tomada As medidas de proteção e socioeducativas devem ser aplicadas fundamentalmente de acordo com as necessidades pedagógicas da criança ou adolescente, e estas podem variar de tempos em tempos. Esta é a razão pela qual as medidas originalmente aplicadas devem ser constantemente reavaliadas, sendo substituídas sempre que não mais forem necessárias ou não estiverem surtindo os resultados desejados.

IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e o adolescente O papel da família é verdadeiramente insubstituível, não podendo ser delegado ao Estado (lato sensu), ao qual incumbe assegurar aos pais ou responsável a orientação e o apoio necessários para que estes assumam suas responsabilidades.

X - prevalência da família: na promoção de direitos e na proteção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou extensa ou, se isto não for possível, que promovam a sua integração em família substituta A proteção integral infanto-juvenil tem como verdadeiro pressuposto a realização de um trabalho junto à família da criança ou adolescente, seja para impedir o afastamento seja para permitir o restabelecimento do convívio familiar. Excepcionalmente, quando isto não for possível, por qualquer razão plenamente justificada, deverá ser tentada a colocação da criança ou adolescente em família substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28, do ECA.

XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de compreensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos seus direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma como esta se processa O dispositivo decorre do princípio da condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos (art. 100, par. único, inciso I, do ECA), bem como do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da CF), sendo necessário dialogar e informar tanto a criança e o adolescente (sempre respeitados seu estágio de desenvolvimento e sua capacidade de compreensão), bem como seus pais ou responsável, dos motivos que levaram à intervenção e seus desdobramentos, valendo lembrar que não basta a aplicação de medidas e/ou o encaminhamento para programas de atendimento de maneira meramente formal, mas sim é necessário zelar para que o atendimento efetuado tenha êxito e surta os efeitos desejados.

XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela autoridade judiciária competente, observado o disposto nos 1º e 2º do art. 28 desta Lei [437]. Como decorrência natural de sua condição de sujeitos de direitos (cf. art. 100, par. único, inciso I, do ECA), a criança e o adolescente (assim como seus pais ou responsável) devem ser ouvidos e participar da definição da medida que lhes será aplicada, devendo para tanto receber a devida orientação técnica (cf. art. 101, incisos II e IV, do ECA), respeitada sua maturidade e estágio de desenvolvimento

Art. 101, caput do ECA: Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: autoridade competente para aplicação de medidas de proteção será a autoridade judiciária ou o Conselho Tutelar, a depender do nível de intervenção. Sobre o caráter resolutivo da atuação do Conselho Tutelar

O rol de medidas do art. 101, do ECA, é meramente exemplificativo, podendo ser aplicadas medidas outras que se mostrem adequadas às necessidades pedagógicas da criança ou adolescente, conforme art. 100, caput, do ECA.

Art. 101, I do ECA: encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade mostra a preocupação do legislador em realizar as intervenções necessárias com a criança ou o adolescente junto à sua família. Isto não significa, no entanto, que o encaminhamento da criança ou adolescente a seus pais ou responsável (notadamente quando constatado que este se encontra numa situação de rua ou tenha fugido de casa, por exemplo) deva ocorrer de forma automática e/ou sem maiores cautelas. Como nos demais casos, antes da aplicação desta medida é necessário submeter a criança ou o adolescente atendidos a uma avaliação interprofissional, de modo a descobrir o porquê da situação, que pode ter se originado por grave omissão ou abuso dos pais ou responsável e determinar alguma intervenção (ainda que a título de mera orientação) junto a estes.

Deve a medida, enfim, estar amparada por um verdadeiro programa de atendimento, que contemple inclusive previsão de recursos para eventual deslocamento dos pais ou responsável pela criança ou adolescente até o local em que esta se encontre, de modo que aqueles mesmos a tragam de volta a seu local de origem, quando se constatar que esta providência é viável, sem a necessidade de deslocamento de técnicos da área social para promover o recâmbio (o que por sinal encontra respaldo no disposto no art. 100, par. único, inciso IX, do ECA). Em qualquer caso, o transporte deve ser efetuado por motorista habilitado dos quadros da Prefeitura, em veículo adequado, que garanta condições de segurança aos transportados, de preferência com a participação de um educador social ou outro servidor para tanto qualificado.

Art. 101, inciso II do ECA: orientação, apoio e acompanhamento temporários Mais uma vez se faz necessário que a medida esteja vinculada a um programa de atendimento, devidamente registrado no CMDCA (cf. art. 90, 1º, do ECA). Observe-se a preocupação do legislador em enaltecer o caráter transitório de tal medida e da vinculação da criança ou adolescente ao programa respectivo. Todos os programas aplicáveis a crianças, adolescentes e famílias devem conter etapas e metas a serem por todos atingidas, numa perspectiva emancipatória. A boa medida (e/ou programa de atendimento) não é aquela que se estende indefinidamente no tempo, mas sim aquela que, após determinado período, permite o desligamento de seu destinatário, por seus próprios méritos e por não mais se fazer necessária a intervenção.

Art. 101, III ECA: matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental Apesar de expressar apenas ao ensino fundamental, como o rol de medidas do art. 101, do ECA, é meramente exemplificativo, nada impede a aplicação de medida similar para inclusão de crianças na educação infantil e adolescentes no ensino médio.

Art. 101, IV do ECA: IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxilio à família, à criança e ao adolescente Lei nº 10.836/2004, de 09/01/2004 criou o Programa Bolsa Família regulamentado pelo Decreto nº 5.209/2004, de 17/09/2004

Art. 101, V, do ECA: - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial As internações terapêuticas somente devem ocorrer em situações extremas e excepcionais, mediante expressa indicação médica e, no caso de crianças e adolescentes, devem também contar com a expressa autorização dos seus pais ou responsável, não sendo necessária autorização judicial. Existe apenas a obrigatoriedade da comunicação ao Ministério Público das internações psiquiátricas involuntárias e das voluntárias que se tornaram involuntárias, no prazo de 72 (setenta e duas) horas após a efetivação daquelas ou, no mesmo prazo, após o paciente ter se manifestado contrariamente à continuidade do tratamento. Depois de oficialmente comunicado, o Ministério Público fica encarregado do controle e acompanhamento da internação até a alta do paciente, podendo intervir, pela via administrativa ou mesmo judicial, para coibir eventuais abusos praticados. Em qualquer caso, a internação terapêutica deve durar o menor período de tempo possível e contar, o quanto possível, com o apoio e a participação da família do paciente.

Art. 101, VI ECA: inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos Tais programas - cuja obrigatoriedade decorre nada menos que em razão de disposição constitucional expressa - devem ser implementados e mantidos com recursos próprios do setor de saúde, que para tanto precisa adequar e priorizar seu orçamento. A responsabilidade pela oferta de tratamento especializado (se necessário, em regime de internação hospitalar, em entidade particular, é de responsabilidade solidária dos 03 (três) entes federados que, se demandados individualmente, poderão ingressar com ações regressivas entre si

Art. 101, VII ECA: acolhimento institucional O acolhimento institucional, que outrora foi considerado a solução para todos os problemas que afligiam a população infanto-juvenil, é hoje reconhecido como um mal, que atenta contra o direito à convivência familiar de crianças e adolescente e, portanto, deve ser o quanto possível evitado e, mesmo se num determinado momento se mostre necessário, o período de permanência da criança ou adolescente na unidade deve ser o menor possível. A própria entidade de acolhimento, na execução do programa de atendimento respectivo (art. 90, inciso IV, do ECA), deve preparar a criança ou o adolescente para o seu desligamento (seja para o retorno à família de origem ou colocação em família substituta), desde o primeiro momento Como alternativas ao acolhimento institucional, faz-se necessário o desenvolvimento de programas de promoção à família, de acolhimento familiar e etc.

O acolhimento institucional jamais pode ser visto como a solução definitiva para os problemas enfrentados pela criança ou adolescente. Uma vez aplicada a medida (que deve sempre ocorrer em ultima ratio), sua duração deve se estender pelo menor período de tempo possível, cabendo ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária, a tomada (e em caráter de urgência) das providências necessárias a permitir o retorno da criança ou adolescente à família de origem ou, caso isto não seja comprovadamente possível, caberá a esta última (autoridade judiciária), seu encaminhamento para família substituta. Entendimento semelhante é aplicável à medida de acolhimento familiar.

Art. 101, VIII ECA: inclusão em programa de acolhimento familiar O acolhimento familiar pressupõe a existência de um programa de atendimento específico, no qual pessoas ou casais sejam devidamente selecionados, habilitados e cadastrados, para que possam receber crianças e adolescentes em sua guarda, enquanto é realizado um trabalho destinado à reintegração familiar ou, quando isto não for possível, enquanto não é localizada uma família substituta capaz de acolher a criança ou adolescente de forma definitiva.

Art. 101, IX ECA: colocação em família substituta A colocação em família substituta é medida excepcional, secundária em relação à manutenção da criança ou adolescente em sua família de origem (embora preferível ao acolhimento institucional), sendo de competência exclusiva da autoridade judiciária, que ocorre sob as modalidades de guarda, tutela ou adoção.

Art. 101, 1º ECA: O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade O acolhimento institucional é medida de proteção, e como tal não permite a privação de liberdade da criança ou adolescente a ela submetido, ainda que comprovada a prática de ato infracional. Assim sendo, se um adolescente acusado da prática de ato infracional tiver de ser submetido à medida de acolhimento institucional, isto não poderá ocorrer a título de sanção e/ou de forma coercitiva, como ocorre com as medidas socioeducativas, mas sim porque tal medida se faz necessária em razão de grave abuso ou omissão familiar sendo aplicada unicamente a título medida protetiva, sem importar em sua privação de liberdade.

2º. Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa O dispositivo visa impedir que crianças e adolescentes sejam afastados de suas famílias por simples decisão administrativa do Conselho Tutelar, ou mesmo por decisão judicial tomada nos famigerados procedimentos de verificação de situação de risco para aplicação de medida de proteção que não têm forma predefinida e duram por prazos extremamente extensos. Para que uma criança ou adolescente seja afastado de sua família será necessária a deflagração de procedimento judicial necessariamente contencioso (seja via processo cautelar, ação civil pública destinada à proteção de direito individual, ação ordinária com pedido liminar ou qualquer outro meio judicial idôneo), no qual conste a acusação formal da prática de um ato grave, que justifique a tomada de tão drástica medida, e seja oportunizado aos pais/responsável legal o regular exercício de seus direitos fundamentais ao contraditório, ampla defesa e devido processo legal. Como o dispositivo evidencia, a depender do ocorrido, antes de afastar a criança/adolescente de sua família, deve-se verificar a possibilidade afastamento do agressor da moradia comum. Em qualquer caso, o processo deve tramitar e ser julgado com a mais absoluta prioridade

Art. 101, 3º ECA: Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que executam programas de acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros: I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou de seu responsável, se conhecidos; II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com pontos de referência; III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua guarda; IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio familiar A previsão da obrigatoriedade da existência de uma guia de acolhimento visa evitar que as entidades mantenham crianças e/ou adolescentes institucionalizadas sem a devida formalização do ato e a regularização de sua situação. O controle judicial sobre os colhimentos institucionais deve ser total, na perspectiva de abreviar ao máximo o período de permanência na instituição

Art. 101, 4º ECA : Imediatamente após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendimento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciária competente, caso em que também deverá contemplar sua colocação em família substituta, observadas as regras e princípios desta Lei O plano individual de acolhimento visa estabelecer algumas metas a serem cumpridas pela entidade de atendimento (se necessário, com o apoio do Conselho Tutelar, Justiça da Infância e da Juventude e responsáveis pela política municipal de garantia do direito à convivência familiar), de modo a permitir a reintegração familiar ou, se esta comprovadamente se mostrar inviável, a colocação da criança ou adolescente acolhido em família substituta da forma mais célere possível. Embora não tenha sido estabelecido um prazo determinado para apresentação do referido plano, a expressão imediatamente contida no dispositivo evidencia a preocupação com que ele seja elaborado desde logo, sem prejuízo da possibilidade de sua modificação, ao longo da execução da medida

Art. 101, 5º: O plano individual será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável O dispositivo evidencia a necessidade de a entidade de acolhimento institucional ou familiar dispor de uma equipe técnica interprofissional, que deverá articular ações com os técnicos a serviço da Justiça da Infância e da Juventude e responsáveis pela política municipal de garantia do direito à convivência familiar. Para elaboração do Plano Individual de Atendimento, sempre que possível deverá se proceder à oitiva da criança e do adolescente assim como de seus pais ou responsável.

Art. 101, 6º ECA: Constarão do plano individual, dentre outros: I - os resultados da avaliação interdisciplinar; II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta supervisão da autoridade judiciária Estão aqui relacionados alguns elementos mínimos que deverão constar do Plano Individual de Atendimento, valendo notar a preocupação do legislador em prever atividades a serem desenvolvidas também junto aos pais ou responsável, na perspectiva de promoção da reintegração familiar

Art. 101, 7º: O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido Mesmo inserida em programa de acolhimento institucional, a criança ou adolescente tem o direito de manter contato com seus pais e parentes biológicos, ressalvada a existência de ordem expressa e fundamentada de autoridade judiciária competente. O referido contato deve não apenas ser facultado, mas sim precisa ser estimulado, com a articulação de ações entre a entidade de acolhimento e os responsáveis pela política municipal destinada à garantia do direito à convivência familiar, de modo a permitir a reintegração familiar da forma mais célere possível. O contato da criança ou adolescente com seus pais ou responsável, em qualquer caso, deve ser precedido de uma avaliação técnica criteriosa, que contemple a oitiva e orientação dos pais/responsável e da própria criança ou adolescente, e está sujeito a eventuais restrições impostas fundamentadamente pela autoridade judiciária, notadamente diante da existência de suspeita de maus-tratos ou abuso sexual

Art. 101, 8º ECA: Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o responsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo A reintegração familiar poderá ser efetuada de forma gradual (com autorização para que os pais possam levar a criança ou adolescente para casa nos finais de semana, por exemplo), e deverá incluir acompanhamento posterior, por prazo determinado, na perspectiva de assegurar a readaptação familiar. É necessário que os pais sejam informados (intimados) do relatório e possam sobre ele se manifestar.

Art. 101, 9º ECA: Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família de origem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar, para a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda O objetivo da norma é evitar que a criança ou adolescente permaneça acolhido por longos períodos sem ter sua situação definida. Uma vez constatada a absoluta impossibilidade de reintegração familiar, após esgotados todos os esforços de reestruturação e reintegração familiar (que devem ser devidamente descritos no relatório), a destituição do poder familiar tem por objetivo fazer com que a criança ou adolescente seja considerada em condições de ser adotada (sem prejuízo da possibilidade de sua colocação sob tutela ou guarda, inclusive em sede de programa de acolhimento familiar). É necessário que os pais sejam informados (intimados) do relatório e possam sobre ele se manifestar.

Art. 101, 10 ECA: Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos complementares ou outras providências que entender indispensáveis ao ajuizamento da demanda Caso entenda que não existem elementos suficientes para propositura imediata da ação, o representante do Ministério Público deverá instaurar procedimento administrativo, nos moldes do previsto no art. 201, inciso VI, do ECA. O representante do Ministério Público pode se recusar a ingressar com a ação de destituição do poder familiar caso entenda que não restou demonstrado, de forma satisfatória, a presença de algum dos requisitos do art. 24, do ECA e/ou art. 1638, do CC, assim como se constatar que a intervenção estatal destinada à orientação, apoio e promoção à família foi efetuada de maneira meramente formal, sem o devido empenho dos técnicos e responsáveis pelos programas e serviços respectivos. Em qualquer caso, pode requerer a realização de estudos complementares e é mesmo salutar que mantenha contato pessoal com os pais para melhor formar sua convicção acerca da real necessidade/utilidade da propositura da ação. Caso continue convicto de que não existe justa causa para destituição do poder familiar, deve promover o arquivamento do procedimento, com a posterior remessa ao Conselho Superior do Ministério Público De qualquer sorte, vale observar que o Ministério Público não é o único legitimado para propositura de ações de destituição do poder familiar (cf. art. 201, 1º, do ECA).