ANÁLISE CUSTO/VOLUME/LUCRO APLICADA EM UM POSTO DE COMBUSTÍVEIS



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Transcrição:

ANÁLISE CUSTO/VOLUME/LUCRO APLICADA EM UM POSTO DE COMBUSTÍVEIS SOUZA, Sérgio Paulo de (G-PG/FINAN) Carlos Vicente Berner (Orientador) RESUMO: A contabilidade se utiliza de várias ferramentas para o controle do patrimônio. Uma delas é essencial para o controle gerencial, denominada de Análise Custo/Volume/Lucro ou Análise CVL, que proporciona informações gerenciais de grande importância para tomada de decisões, possibilitando prever o impacto nos resultados a serem obtidos com possíveis mudanças nos processos de compra e venda. Atualmente podemos notar que a maioria das pequenas empresas tem grandes dificuldades para superar um ano de existência, na maioria dos casos isso acontece devido à falta de um controle gerencial, controle esse que pode obter grande sucesso se partindo da Análise Custo/Volume/Lucro. Dividida em três principais componentes ela nos permite verificar em valores, unidades ou gráficos, o impacto projetado nos resultados com alterações ocorridas ou previstas no volume de vendas, preços de venda, custos e despesas. Um dos componentes é a Margem de Contribuição (MC), um elemento fundamental para que sejam tomadas decisões corretas em determinado período, como por exemplo, que produto merece maior prioridade de divulgação. Outro componente importante é o Ponto de Equilíbrio (PE), que também é um importante elemento que auxilia o gestor no desempenho de suas funções de planejamento e tomada de decisões. O terceiro componente da Análise CVL é a Margem de Segurança (MS), que mostra o ponto de venda em que o lucro começa a ser obtido. A análise CVL permite ao gestor prever o impacto no lucro projetado, e isto faz com que suas decisões caminhem para melhores resultados. INTRODUÇÃO Para lidar com preços de venda e custos é necessário utilizar ferramentas gerenciais que otimizam esses processos, gerando melhores resultados para a organização. Dentre várias ferramentas gerenciais da área de custos, temos a Análise Custo/Volume/Lucro também conhecida por Análise CVL. Essa ferramenta é composta de três componentes que trazem informações relevantes para que a empresa possa competir no mercado. As relações custo-volume-lucro quando postas no gráfico do ponto de equilíbrio podem ser de grande utilidade para a gerência na atividade de planejamento das operações, porque as relações entre as três variáveis permitem que, através de simulações, a gerencia possa saber, com antecipação, os resultados de certas decisões e de determinadas atividades. (LEONE, 1997, p.359) Componentes da Análise Custo/Volume/Lucro: MC- Margem de Contribuição PE Ponto de Equilíbrio

2 MS- Margem de Segurança A Análise CVL nos permite averiguar, por exemplo: - Se o preço dos insumos pago a fornecedores possibilita o ganho de uma margem de contribuição suficiente para cobrir os demais gastos; - Quando é necessária a redução de custos e despesas fixos, ou seja, é possível ter uma estimativa dos gastos fixos que a empresa pode contrair em determinado período; - Quantas unidades é preciso vender em determinado período para não obter prejuízo; - Quando é necessário fazer a alteração no preço de venda. Margem de Contribuição A Margem de Contribuição é o valor das vendas de um produto, serviço ou mercadoria, deduzido dos custos e despesas variáveis, ou seja, o quanto a empresa tem para pagar seus custos e despesas fixos, para posteriormente obter o lucro líquido. Exemplo: A margem de Contribuição é o quanto resta do preço, ou seja, do valor de venda de um produto são deduzidos os custos e despesas por ele gerados. De outra forma, representa a parcela excedente dos custos e despesas que os produtos provocam. A empresa só começa a gerar lucro quando a margem de contribuição dos produtos vendidos superar os custos e despesas fixos do exercício. (MEGLIORINI, 2002, p. 138) Se um produto é vendido a $ 10, tendo ele um custo variável de $ 3,50, logo concluímos que a margem de contribuição unitária é $ 6,50. Apresentando a empresa um total de $ 6.500 de custos e despesas fixos, será necessário vender 1.000 unidades desse produto para cobrir esses gastos. As unidades vendidas acima dessa quantidade irão contribuir para o lucro do período. A margem de contribuição pode ser descrita pela seguinte expressão: MC= V CV onde,

3 MC= Margem de contribuição V= Venda CV= Custo variável A Margem de Contribuição possibilita ao gestor tomar decisões corretas em curto prazo, auxiliando, por exemplo, a administração a decidir qual produto merece maior prioridade de divulgação ou quais segmentos produtivos devem ser ampliados ou restringidos. Ponto de Equilíbrio O Ponto de Equilíbrio representa o ponto em que a receita é suficiente para cobrir os custos variáveis e fixos e, consequentemente, o lucro operacional é nulo. (...) Nada mais é do que aquele momento em que a empresa não apresenta lucro nem prejuízo. Esse momento é aquele em que foi atingido um nível de vendas no qual as receitas geradas são suficientes apenas para cobrir os custos e as despesas. O lucro começa a ocorrer com vendas adicionais, após ter atingido o Ponto de Equilíbrio. (MEGLIORINI, 2002, p.151) O ponto de equilíbrio (PE) pode dado em unidades físicas ou em valor, onde essa quantidade de unidades vendidas é suficiente para a empresa cobrir seus custos e despesas fixos e variáveis, com resultado nulo, isto é, sem gerar lucro nem prejuízo. Ponto de Equilíbrio Contábil No PEC Ponto de Equilíbrio Contábil é informada a quantidade de produtos ou quantas unidades de medida devem ser vendidas para que o resultado seja zero. O Ponto de Equilíbrio Contábil é aquele em que a margem de contribuição se torna capaz de cobrir todos os custos e despesas fixos de um período. Não se leva em consideração o custo de oportunidade do capital investido na empresa e os juros de empréstimos efetuados, bem como que nos custos e despesas fixos se inclui a depreciação que não representa desembolso. (MEGLIORINI, 2002, p. 154)

4 O PEC pode ser determinado a partir da seguinte fórmula: PEC unid= Custos Fixos $ Margem de Contribuição Unitária $ Exemplo: Uma empresa apresente os seguintes valores: Custo fixo mensal: 10.400,00 Preço de venda: 300,00 Custo variável unitário: 170,00 PEC = 10.400,00 = 10.400,00 = 80 unidades. 300,00 170,00 130,00 Comprove no demonstrativo: (+) Vendas (80 x 300,00) $ 24.000,00 (-) Custos variáveis (80 x 170,00) $ 13.600,00 (=) Margem de Contribuição $ 10.400,00 (-) Custos fixos $ 10.400,00 (=) Resultado do período $ 0,00 Ponto de Equilíbrio Financeiro O PEF Ponto de Equilíbrio Financeiro representa o volume de vendas que uma determinada empresa precisa realizar, em quantidade ou valor, sendo suficiente para pagar os custos e despesas variáveis, os custos fixos (exceto a depreciação) e outras dívidas para saldar no período, como empréstimos e financiamentos. Para obter este Ponto de Equilíbrio, consideram-se como custos e despesas somente os gastos que geraram desembolso no período, desconsiderando, portanto, a depreciação contida nos custos e despesas fixos. Consideramse também, outros desembolsos que não necessariamente estão inclusos nos custos e despesas, como, por exemplo, amortização de empréstimos. (MEGLIORINI, 2002, p. 155)

5 O PEF pode ser determinado a partir da seguinte fórmula: PEF = Custos Fixos ($) Depreciações ($) + Dívidas do Período ($) Margem de Contribuição Unitária ($) Utilizando o exemplo anterior, considere que a empresa tenha o valor da depreciação do período seja $ 850 e que ela tenha uma parcela de empréstimo de $ 1.500 a ser paga: PEF= 10.400 850 + 1.500 = 11.050 = 85 unidades. 130 130 Comprove no demonstrativo: (+) Vendas (85 x 300,00) $ 25.500,00 (-) Custos variáveis (85 x 170,00) $ 14.450,00 (=) Margem de Contribuição $ 11.050,00 (-) Custos fixos - depreciação $ 9.550,00 (-) Empréstimos $ 1.500 (=) Resultado do período $ 0,00 O valor da depreciação é deduzido dos custos fixos, pois o referido custo não gera desembolso financeiro. Ponto de Equilíbrio Econômico O objetivo de toda empresa está na fórmula do PEE Ponto de Equilíbrio Econômico. Para obter o lucro desejado a empresa pode utilizar o PEE para fixar metas de vendas a serem atingidas. Diferencia-se do Ponto de Equilíbrio Contábil ao considerar que, além de suportar os custos e despesas fixos, a margem de contribuição deve, também, cobrir o custo de oportunidade do capital investido na empresa. (MEGLIORINI, 2002, p. 155) O PEE pode ser determinado a partir da seguinte fórmula: PEE= _Custos Fixos ($) + Lucro Desejado ($)_ Margem de Contribuição unitária ($)

6 3.250. Seguindo o mesmo exemplo, considere que a empresa estime um lucro de $ PEE= _10.400 + 3.250_ = _13.650_ = 105 unidades. 130 130 Comprove no demonstrativo: (+) Vendas (105 x 300,00) $ 31.500,00 (-) Custos variáveis (105 x 170,00) $ 17.850,00 (=) Margem de Contribuição $ 13.650,00 (-) Custos fixos $ 10.400,00 (=) Resultado do período $ 3.250,00 Observe que vendendo 105 unidades do produto, sem alteração no preço de venda, a empresa obtém um lucro de $ 3.250. No cálculo do Ponto de Equilíbrio, parte-se da hipótese que o comportamento dos custos e preços são estáveis, ou seja, mantêm-se constantes dentro das limitações de produção e de vendas. Assim, são ignorados outros fatores que certamente acabam afetando com diferentes intensidades os resultados encontrados. (MEGLIORINI, 2002, p. 159) Margem de Segurança A Margem de Segurança é representada pelo volume de vendas que supera o ponto de equilíbrio, isto é, o quanto as vendas podem cair sem que a empresa tenha prejuízo. A MS Margem de Segurança pode ser obtida em quantidade, em valor ou percentual, utilizando as seguintes fórmulas: - MS ($)= Vendas Totais ($) (realizadas ou projetadas) Vendas Totais ($) (Ponto de equilíbrio); - MS em unidades= Vendas Totais em unidades (realizadas ou projetadas) Vendas Totais em unidades (Ponto de equilíbrio); - MS (%)= MS ($) / Vendas Totais ($);

7 Conforme exemplo do item 6.2.1 as vendas deveria alcançar $24.000 (80 unidades) para se obter lucro $0, ou seja, o ponto de equilíbrio. Consideremos as vendas efetivas $31.500 (105 unidades), logo temos: MS ($)= 31.500 24.000= 7.500 MS em unidades= 105 80= 25 unidades MS (%)= 7.500 / 31.500= 23,81% ESTUDO DE CASO Histórico da Empresa A empresa tem sua sede na cidade de Primavera - SP, e uma filial na cidade de Rosana SP, onde foram colhidos os dados para elaboração deste estudo. Sua atividade é a comercialização de combustíveis derivados do petróleo. Além da venda de combustíveis, a empresa comercializa filtros e lubrificantes, entretanto esta pesquisa se restringe a linha de combustíveis, pelo fato dos outros produtos serem considerados irrelevantes no faturamento da empresa. As atividades na cidade de Rosana SP foram iniciadas em julho de 1981, com dois sócios, ambos tendo participação de 50% no capital social. Hoje a empresa conta com apenas um, que detém 100% do capital social. Os produtos comercializados pela empresa que serão abordados neste estudo são: gasolina, etanol e diesel. Cálculo da Margem de Contribuição O primeiro passo para realização da análise, é o cálculo da margem de contribuição, onde será demonstrado o quanto a empresa contribui para pagar os gastos fixos.

8 O Custo de compra e os preços de vendas foram obtidos com base em notas fiscais cedidas pela empresa para realização do estudo. Como houve variação nos preços dentro do mês em estudo, foi considerado a média do preço no período. Quadro 1 Margem de Contribuição unitária Jun/10 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA Jun/10 Fatores/combustíveis Gasolina Etanol Diesel Preço de venda 2,66 1,45 2,05 Custo de compra 2,19 1,14 1,76 MC unitária ($) 0,47 0,31 0,29 MC unitária (%) 17,67% 21,38% 14,15% Quadro 2 Margem de Contribuição unitária Jul/10 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA Jul/10 Fatores/combustíveis Gasolina Etanol Diesel Preço de venda 2,69 1,68 2,08 Custo de compra 2,23 1,43 1,78 MC unitária ($) 0,46 0,25 0,30 MC unitária (%) 17,10% 14,88% 14,42% Comparando os dois períodos em análise, é possível notar uma queda na MC do Etanol, em razão da majoração no preço de compra, a empresa optou por diminuir a margem para causar um menor impacto em seus clientes. No mês de junho, a cada litro vendido de etanol, R$ 0,31 era o ganho da empresa (Margem de contribuição unitária), no mês de julho esse valor caiu para R$ 0,25. Quadro 3 Margem de Contribuição Total Jun/10 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO TOTAL Jun/10 MC unitária ($) 0,47 0,31 0,29 - MC unitária (%) 17,67% 21,38% 14,15% - Volume vendido (litros) 14.523 19.856 25.611 59.990 % do volume total 24,21% 33,10% 42,69% 100,00% MC total ($) 6.825,81 6.155,36 7.427,19 20.408,36 Percentual da MC total 33,45% 30,16% 36,39% 100,00% Quadro 4 Margem de Contribuição Total Jul/10

9 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO TOTAL Jul/10 MC unitária ($) 0,46 0,25 0,30 - MC unitária (%) 17,10% 14,88% 14,42% - Volume vendido (litros) 16.975 17.548 24.688 59.211 % do volume total 28,67% 29,64% 41,69% 100,00% MC total ($) 7.808,50 4.387,00 7.406,40 19.601,90 Percentual da MC total 39,84% 22,38% 37,78% 100,00% O produto Diesel no mês de junho era o maior responsável pelo pagamento das despesas e custos fixos. Tal fato não se comprova pelo fato de possuir 42,69% do volume de venda, e sim por sua margem de contribuição total representar 36,39% da Margem de contribuição da empresa. Observe que no período seguinte, mesmo detendo 41,69% do volume de vendas, o diesel não possui a maior margem de contribuição para a empresa. No mês de julho a gasolina passa a ter a maior margem de contribuição. Pode-se deduzir que o etanol contribuiu para isso, em razão de seu preço ter um aumento relevante no período, sendo a gasolina optada pelos clientes portadores de veículos flex s. Despesas e custos fixos do período Nos quadros a seguir, são apresentados as despesas e custos fixos de junho e julho de 2010, conforme relatórios apresentados pela empresa. Cabe aqui ressaltar que a maior parte desses dados não está lançada no sistema da empresa, são apenas anotados em um caderno na forma de fluxo de caixa, sendo esses valores o mais próximo da realidade possível de acordo com o controle da empresa. Quadro 5 Despesas e custos fixos Jun/10 DESPESAS E CUSTOS FIXOS Jun/10 Energia Elétrica R$ 502,47 Água R$ 101,16 Telefone R$ 68,55 Materiais de expediente R$ 68,30 Salários R$ 6.280,20 Encargos sociais R$ 2.637,68 Pró-labore R$ 3.000,00

10 IPTU R$ 47,50 Depreciação R$ 255,70 Total do período R$ 12.961,56 Fonte: o autor Quadro 6 Despesas e custos fixos Jul/10 DESPESAS E CUSTOS FIXOS Jul/10 Energia Elétrica R$ 647,46 Água R$ 115,21 Telefone R$ 78,25 Materiais de expediente R$ 61,26 Salários R$ 6.280,00 Encargos sociais R$ 2.637,60 Pró-labore R$ 3.000,00 IPTU R$ 47,50 Depreciação R$ 255,70 Total do período R$ 13.122,98 Fonte: o autor Considera-se alguns gastos semifixos como fixos, em razão do estudo de caso ser realizado em uma empresa de revenda, não entrando nenhum dos itens no custo do produto. Cálculo do Ponto de Equilíbrio O ponto de equilíbrio determina, numa linguagem direta, o quanto a empresa precisa vender para pagar seus gastos fixos, isto é, sua receita será suficiente para pagar as despesas e custos fixos do período e o lucro será zero. Quadro 7 Cálculo do Ponto de Equilíbrio Contábil Jun/10 CÁLCULO DO PONTO DE EQUILIBRIO CONTÁBIL Jun/10 Receita com vendas 38.631,18 28.791,20 52.502,55 119.924,93 Volume vendido (litros) 14523 19856 25611 59990 % Volume vendido 24,21% 33,10% 42,69% 100,00% Custo de compra 31.805,37 22.635,84 45.075,36 99.516,57 Margem de Contribuição ($) 6.825,81 6.155,36 7.427,19 20.408,36 Despesas e Custos Fixos - - - 12961,56 Ponto de equilibrio (litros) 9.223,71 12.610,75 16.265,81 38.100,27

11 Ponto de equilíbrio ($) 24.535,06 18.285,59 33.344,91 76.165,56 Quadro 8 Cálculo do Ponto de Equilíbrio Contábil Jul/10 CÁLCULO DO PONTO DE EQUILIBRIO CONTÁBIL Jul/10 Receita com vendas 45.662,75 29.480,64 51.351,04 126.494,43 Volume vendido (litros) 16975 17548 24688 59211 % Volume vendido 28,67% 29,64% 41,69% 100,00% Custo de compra 37.854,25 25.093,64 43.944,64 106.892,53 Margem de Contribuição ($) 7.808,50 4.387,00 7.406,40 19.601,90 Despesas e Custos Fixos - - - 13122,98 Ponto de equilibrio (litros) 11.364,34 11.747,95 16.528,00 39.640,28 Ponto de equilíbrio ($) 30.570,06 19.736,55 34.378,23 84.684,85 O valor apurado no ponto de equilíbrio mostra que a empresa terá lucro em ambos os períodos, pois sua receita é superior ao valor do PEC. A titulo de exemplo, a empresa vendeu 24.688 litros de diesel no período, na proporção do cálculo do PEC, 16.528 litros seria o suficiente para contribuir com os gastos fixos, isto é, 8.160 litros acima do PEC. A fórmula aplicada para o cálculo do ponto de equilíbrio nos quadros acima é: CF/ (MC total / Volume vendido (litros)). Como o estudo não é realizado somente em um produto é necessário encontrar a MC unitária (média entre os três produtos), e posteriormente aplicar o rateio com base no percentual do volume vendido de cada produto. Para cálculo do PEF Ponto de Equilíbrio Financeiro, basta aplicar a mesma fórmula, deduzindo das despesas e custos fixos o valor da depreciação, pois esta não gera desembolso financeiro para a empresa, e somando as dívidas do período aos custos fixos, quando for o caso. Cálculo esse que não será realizado nesse estudo por não ser o objetivo principal do trabalho. Cálculo do Ponto de Equilíbrio Econômico Ferramenta essa de grande importância para a gestão da empresa, em virtude desta apresentar projeções para os resultados, podendo o gestor atribuir metas aos seus subordinados para alcançar seu objetivo.

12 A empresa estima um lucro de R$ 8.000,00 para o período. Qual o valor da receita a ser atingido? Quadro 9 Cálculo do Ponto de Equilíbrio Econômico CÁLCULO DO PONTO DE EQUILIBRIO ECONÔMICO Receita com vendas 45.662,75 29.480,64 51.351,04 126.494,43 Volume vendido (litros) 16975 17548 24688 59211 % Volume vendido 28,67% 29,64% 41,69% 100,00% Custo de compra 37.854,25 25.093,64 43.944,64 106.892,53 Margem de Contribuição ($) 7.808,50 4.387,00 7.406,40 19.601,90 Desp. e Custos Fixos + lucro desejado - - - 21122,98 Ponto de equilibrio econômico (litros) 18.292,24 18.909,70 26.603,75 63.805,69 Ponto de equilíbrio econômico ($) 49.206,12 31.768,30 55.335,81 136.310,22 Para a empresa atingir o lucro desejado, ela precisa superar as vendas do mês de julho em R$ 9.815,79, que é a diferença das vendas calculadas no PEE, das vendas do referido mês (136.310,22 126.494,43). Para o cálculo do PEE, foi utilizada a seguinte fórmula: CF + lucro desejado / (MC total / Volume vendido (litros)) Acompanhe a projeção com base no PEE: Quadro 10 Apuração do Resultado projetado APURAÇÃO DO RESULTADO PROJETADO Receita com vendas 49.206,12 31.768,30 55.335,81 136.310,22 Custo de compra 40.791,69 27.040,87 47.354,68 115.187,24 Margem de Contribuição 8.414,43 4.727,43 7.981,13 21.122,98 Despesas e custos fixos - - - 13122,98 Resultado do Exercício - - - 8.000,00 Fonte: o autor Cálculo da Margem de Segurança A margem de segurança representa o volume de vendas que excede o ponto de equilíbrio. Pode ser representada em unidade, valor ou percentual. Quadro 11 Cálculo da Margem de Segurança Jun/10

13 CÁLCULO DA MARGEM DE SEGURANÇA Jun/10 Volume vendido (litros) 14523 19856 25611 59990 Vendas PE (litros) 9.223,71 12.610,75 16.265,81 38.100,27 Margem de Segurança (litros) 5.299,29 7.245,25 9.345,19 21.889,73 Preço de venda 2,66 1,45 2,05 - Margem de Segurança ($) 14.096,11 10.505,61 19.157,64 43.759,36 Quadro 12 Cálculo da Margem de Segurança Jul/10 CÁLCULO DA MARGEM DE SEGURANÇA Jul/10 Volume vendido (litros) 16975 17548 24688 59211 Vendas PE (litros) 11.364,34 11.747,95 16.528,00 39.640,29 Margem de Segurança (litros) 5.610,66 5.800,05 8.160,00 19.570,71 Preço de venda 2,69 1,68 2,08 - Margem de Segurança ($) 15.092,68 9.744,08 16.972,80 41.809,56 No mês de junho a margem de segurança da empresa é de R$ 43.759,36. Esse valor representa o quanto as vendas podem cair sem a empresa opere com prejuízo. No período seguinte a empresa não evoluiu, pois sua margem de segurança reduziu em aproximadamente 2 mil reais, fato esse passivo de ação por parte do gestor. CONCLUSÃO A área de custos disponibiliza aos gestores de empresas, ferramentas gerenciais de grande importância para auxílio nas decisões a serem tomadas dentro da organização. A Análise CVL abordada nesse estudo, proporciona informações importantes neste sentido. A compreensão aprofundada dessa ferramenta, e a análise de cada componente, proporciona subsídios ao gestor, diminuindo assim as dificuldades no gerenciamento das atividades financeiras, e fazendo com que a organização se mantenha no mercado, que está cada vez mais competitivo. O primeiro componente abordado neste estudo, a Margem de contribuição, demonstrou o quanto cada produto contribui para o pagamento das despesas e

14 custos fixos, informação esta que tranquilizará o gestor quando esse valor for superior aos gastos fixos, pois indica que a empresa está operando com lucro. O segundo componente analisado, o Ponto de Equilíbrio, permitiu ao gestor saber qual o volume de vendas necessário para que a empresa não tenha prejuízo, isto é, quantos litros ela precisa vender no período. Como detalhado no estudo, pode-se obter essa informação em unidade, percentual, ou valor, ficando a critério da gestão. O terceiro componente, a Margem de Segurança, como o próprio nome diz, demonstrou o quanto as vendas podem cair, sem que a empresa opere com prejuízo. A queda desse valor ou desse índice preocupa o gestor, que deverá aplicar ações que aumente esse índice para passar a operar com melhores resultados. REFERÊNCIAS BRIMSON, James A. Contabilidade por Atividades. São Paulo: Atlas, 1996; BERTÓ, Dalvio José; BEULKE, Rolando. Gestão de Custos. São Paulo: Editora Saraiva, 2006; COGAN, Samuel. Custos e preços: formação e análise. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002; CRC-SP/IBRACON. CUSTOS: Ferramentas de Gestão. São Paulo: Atlas, 2000; DUTRA, René Gomes. Custos Uma Abordagem Prática. 5ª Ed. São Paulo: Atlas, 2003; LEONE, George S. G. Curso de Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 1997; LEONE, George Sebastião Guerra. Custos: planejamento, implantação e controle. São Paulo: Atlas, 2000; MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9ª Ed. São Paulo: Atlas, 2008; MEGLIORINI, Evandir. Custos. São Paulo: Markon Books, 2002; WERNKE, Rodney. Análise de custos e preços de venda: (ênfase em aplicações e casos nacionais). São Paulo: Saraiva, 2006;