JOSÉ DE ARIMATÉA ISAIAS FERREIRA



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Transcrição:

0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS - CCHL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA MESTRADO EM HISTÓRIA DO BRASIL JOSÉ DE ARIMATÉA ISAIAS FERREIRA TRILHANDO NOVOS CAMINHOS: A CIDADE DE PIRIPIRI E AS MUDANÇAS PROPORCIONADAS PELA CHEGADA DA FERROVIA 1930-1950 Teresina PI 2010

1 JOSÉ DE ARIMATÉA ISAIAS FERREIRA TRILHANDO NOVOS CAMINHOS: A CIDADE DE PIRIPIRI E AS MUDANÇAS PROPORCIONADAS PELA CHEGADA DA FERROVIA 1930-1950 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História do Brasil do Centro de Ciências Humanas e Letras, da Universidade Federal do Piauí UFPI, como requisito para a obtenção do título de Mestre em História, sob orientação do Prof. Dr. Solimar Oliveira Lima. TERESINA PI 2010

2 F383t Ferreira, José de Arimatéa Isaias Trilhando novos caminhos: a cidade de Piripiri e as mudanças proporcionadas pela chegada da ferrovia 1930-1950/ José de Arimatéa Isaias Ferreira:2010. 145 fls Dissertação (mestrado em História) UFPI. Orientador: prof. Dr. Solimar Oliveira Lima 1. Ferrovias História Piripiri (PI) 2. Ferrovia Modernização. a. título. c.d.d. 385.098 1

3 JOSÉ DE ARIMATÉA ISAIAS FERREIRA TRILHANDO NOVOS CAMINHOS: A CIDADE PIRIPIRI NAS DÉCADAS DE 30, 40 E 50 DO SÉCULO XX E A AS MUDANÇAS PROPORCIONADAS PELA CHEGADA DA FERROVIA Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em História do Brasil do Centro de Ciências Humanas e Letras, da Universidade Federal do Piauí UFPI, como requisito para a obtenção do título de Mestre em História, sob a orientação do Prof. Dr. Solimar Oliveira Lima. Este exemplar corresponde à redação Final da Dissertação avaliada pela Banca Examinadora em 27 agosto de 2010. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Solimar Oliveira Lima (Orientador) Universidade Federal do Piauí Prof. Dr. Marcelo de Sousa Neto (Examinador Externo) Universidade Estadual do Piauí Profa. Dra. Áurea da Paz Pinheiro (Examinadora Interna) Universidade Federal do Piauí Prof. Dr. Francisco Alcides do Nascimento (Suplente) Universidade Federal do Piauí

4 À todas as pessoas, que de uma forma ou de outra, lutam pela preservação da história de sua cidade e consequentemente, um pedacinho de sua própria história.

5 AGRADECIMENTOS Ao contrário da cidade antiga, a metrópole contemporânea se estende ao infinito, não circunscreve nada senão sua potência devoradora de expansão e circulação. Ao contrário da cidade antiga, fechada e vigiada para defender-se de inimigos internos e externos, a cidade contemporânea se caracteriza pela velocidade da circulação. São fluxos de mercadoria, pessoas e capital em ritmo cada vez mais acelerado, rompendo barreiras, subjugando territórios. (ROLNIK, 2004) Cursar um Mestrado parecia algo muito distante de meus planos. Pelo menos não até o ano de 2007. Sempre me pareceu algo tão longe, tão inalcançável, tão fora de minha realidade que não havia planos nesse intuito. Mas os pensamentos acima desapareceram e eu me vi inserido no programa de Mestrado, nesse turbilhão (Parafraseando Marshall Berman) de novas informações, novas leituras, novas perspectivas, mas especificamente no curso de Mestrado em História do Brasil, da Universidade Federal do Piauí. Agora este trabalho é o último passo neste desafio, desafio marcado por leituras, pesquisas, construção do texto. Agora este se apresenta concluído. Porém, ao contrário do que muitos pensam, não foi um trabalho solitário, mas o resultado da colaboração de várias pessoas, que de um uma forma mais efetiva ou não, ajudaram na sua realização. Em razão disso, gostaria de agradecer ao Destino (muitos poderiam chamar de Deus), que me deu a oportunidade de nessa minha vida ter podido conhecer pessoas tão boas, gentis e generosas que muito me ajudaram, não só em aspectos materiais, mas principalmente em incentivos, carinho, ensinamentos, lições que com certeza ajudaram muito na formação do que eu sou hoje como pessoa.

6 Ao Professor Dr. Solimar Oliveira Lima, principalmente por sua grande paciência nos meus momentos de sumiços e sua eterna confiança na conclusão deste trabalho, mesmo quando eu mesmo não a tinha. Amizade, incentivo, compromisso são algumas características que ficaram nessa relação de orientador e orientando e que sempre vou lhe ser muito grato por toda sua ajuda e como disse antes, por sua enorme paciência e competência. Ao Professor Dr. Marcelo de Sousa Neto, que, gentil e prontamente, aceitou o convite para a apreciação deste trabalho. Mas muito mais do que isso, meu agradecimento vai por todos esses anos de amizade e companheirismo. À Professora Dra. Áurea da Paz Pinheiro, que, com seu jeito direto conseguiu de certa forma me direcionar na construção de meu objeto de estudo e consequentemente a encontrar o caminho dessa construção. Ao Professor Dr. Francisco Alcides do Nascimento, que, em minha trajetória de pesquisa, sempre foi exemplo de Integridade e compromisso com o trabalho e fonte de conhecimentos e esclarecimentos. Exemplo de professor e incentivador, sempre tendo uma palavra amiga de apoio e sempre acreditando na realização deste trabalho. À Professora Dra.Teresinha de Jesus Mesquita Queiroz, por ser exemplo de profissionalismo, dedicação, cultura, amizade, desprendimento e por sempre ter uma palavra de apoio e incentivo. Ao Professor Dr. Edwar Castelo Branco, pelo compromisso com o saber histórico e por lutar pela formação contínua do profissional da história. À Professora Dra. Claudete Miranda Dias, que com toda sua doçura, simplicidade e objetividade foi de grande importância para a realização deste trabalho, na compreensão da nossa realidade como brasileiro e principalmente como piauiense. Agradeço aos meus pais, Maria de Lourdes e Herondino, que me deram a vida e me ensinaram os princípios e valores mais sinceros da educação e cidadania e que, mesmo com suas simplicidades, puderam me transmitir valores pautados no respeito, amizade e no trabalho. Me ensinaram a ser humano e digno com todas as pessoas e que caráter se constrói em casa, na harmonia de um lar feliz.

7 Gostaria de agradecer aos meus irmãos Sílvio e Nildo. O primeiro mostrando o valor do trabalho e que os sonhos sempre devemos tentar realizá-los, mesmo indo contra o mais racional dos pensamentos. O segundo, apesar da distância material, sempre foi um incentivador e exemplo de que talvez nas piores situações é que se encontra o início da realização de uma vida feliz, digna e plena. Não posso deixar de agradecer às minhas irmãs Silvana e Neuma. Silvana exemplo máximo de mãe, de carinho, de abnegação. Sempre com seu sorriso pronto a nos incentivar mesmo nas horas de desanimo. Agradeço aqui seu carinho para comigo desde sempre, desde o tempo em que ficava esperando ela chegar do colégio trazendo balas do João Brito. Minha irmã Neuma é uma das culpadas por eu está aqui escrevendo estas palavras, pois naquele final de 2007 foi uma das pessoas que praticamente me obrigaram a fazer a prova da seleção do mestrado, mesmo com todo meu receio. Uma irmã sempre disposta a ajudar. Para ela não existem obstáculos intransponíveis nem tempo ruim, sempre é momento de sorrir, de alegria e de ir em frente. A Everardo de Sousa Melo, este que já me ajudou de diversas formas, foi um hábil motorista em uma tempestade horrível na estrada entre Piripiri e Teresina, em um domingo à tarde, véspera da prova escrita da seleção do mestrado. Conselheiro, digitador, financiador de livros, guia turístico, etc, etc, e etc. Uma pessoa brilhante, amiga, sincera e sempre um ombro mais do que amigo. Com certeza a pessoa que mais esteve próxima durante a confecção deste trabalho. Ao meu amigo Prof. Msc. Pedro Pio Fontineles Filho, exemplo de conhecimento historiográfico e confidente nas horas vagas, culpado por horas e horas de risos e momentos felizes. À Professora Dra. Cláudia Cristina da Silva Fontineles, além de exemplo de profissional e de conhecimento, uma excelente amiga e que sempre esteve disposta a ajudar, sendo talvez, este, seu principal defeito. Com Marcelo e eu formamos um misterioso e inquebrável trio nos tempos da graduação. Velhos tempos, belos dias. À Professora Msc. Clarice Helena Santiago Lira, mais uma que compartilhou comigo todo este caminho, desde o início. Espontaneidade, alegria,

8 sorrisos, broncas quando necessário, uma pessoa simples que sempre teve que lutar muito nessa vida e que conseguiu vencer com seus próprios méritos. Aos amigos de Piripiri, Margarida, Carlos, Elenice, Raimundo, Glorinha e Telma, sempre presentes nos bons momentos da vida, sempre dispostos a ajudar e incentivar. Aos sobrinhos Adhemar, Thaís, Andressa, Thales e Vitória, razão de felicidade, alegria e esperança para toda família. Devo agradecer, também, aos colegas de minha turma de Mestrado, que juntos combatemos o bom combate e agora estamos colhendo os frutos deste. Um sincero agradecimento a Miridam Rejane e Thiago Silveira, estes foram desde sempre meus fieis escudeiros, conhecem desde o início esse trabalho e participaram ao longo de toda sua confecção. Obrigado pelos bons momentos que passamos nas tardes de Arquivo Público e em outras esferas espaciais, sempre com muitas risadas. Aos meus alunos do Curso de Graduação em História, da Universidade Estadual do Piauí, por me mostrarem que a relação entre professor e aluno perpassa pelo compromisso, respeito e amizade. A todos os profissionais da Universidade Estadual do Piauí, que, de alguma maneira, têm contribuído para a solidificação dos meus valores como profissional. Às instituições Universidade Estadual do Piauí, Secretaria Estadual de Educação, 3ª Gerência Regional de Educação de Piripiri, Universidade Federal do Piauí e Secretaria da Câmara Municipal de Piripiri. Á Cidade de Piripiri, por ser muito mais que um recorte espacial do presente estudo. Cidade que me fez entender, mesmo inconscientemente, que as cidades só existes pela fricção entre as dimensões material e imaterial, entre vivências e experiências.

9 Na verdade o que se destaca é que a modernidade representa o novo que chega e passa a fazer parte da vida cotidiana dessa gente. Esse aparecimento do novo produz imagens que passam a povoar a mente das pessoas de novas idéias e novas ações, de novos costumes e novos valores, revelando, assim, novas relações, símbolos e evidências. Porém é tudo isso que passa a dar ao homem a própria razão de viver; é o fantasmagórico através dos sonhos, do medo, da crença, do lúdico.[...] As crianças tinham muito medo do trem por causa de seu tamanho e de sua velocidade. Para alguns, era um animal gigante que saindo da mata corria velozmente sobre os trilhos, para outras era um monstro que engolia, devorava as pessoas e animais. Pensavam assim por causa do forte barulho que o movimento das rodas sobre os trilhos. O próprio chão tremia parecendo movimentar as pessoas que se sentiam atraídas por um imã existente na locomotiva. Nessa sensação de medo, o coração só faltava sair pela boca. Maria Cecília de Almeida Nunes

10 FERREIRA, José de Arimatéa Isaias. Trilhando novos caminhos: A cidade de Piripiri e as mudanças proporcionadas pela chegada da ferrovia 1930-1950. Teresina, 2010. (Dissertação). 131 p. Mestrado em História Universidade Federal do Piauí. RESUMO O presente estudo analisou o processo de desenvolvimento da cidade de Piripiri nas décadas de 30, 40 e 50 do século XX assim como a relação desta modernização com a Estrada de Ferro Central do Piauí, que chegou na cidade no anos de 1937 e foi desativada durante os anos de 1980. A cidade de Piripiri experimenta, a partir da década de 1930, um período próspero de desenvolvimento urbano patrocinado principalmente por ações governamentais, que influencia diretamente em seu espaço. A cidade pequena e pacata, como quase todas as demais cidades interioranas do estado piauiense, se percebe em pouco espaço temporal inserido em um processo de crescimento urbano e populacional, dinamizando suas estruturas internas e suas relações com as demais cidades vizinhas, com a capital Teresina e principalmente, devido a chegada da ferrovia, com Parnaíba. No sentido de apresentar esse período e esta relação entre a cidade e a ferrovia, o trabalho se centraliza especificamente em duas temáticas: A ferrovia e a Cidade de Piripiri. A Ferrovia, desde sua instalação, serviu como fronteira do espaço urbano da cidade de Piripiri e ao mesmo tempo como modificador deste, a partir do momento que novas ruas e bairros foram criados em suas imediações. Neste mesmo contexto surgiram,através de ações governamentais, diversas melhorias e instituições que objetivaram no desenvolvimento de sua infra-estrutura, como serviço de água, energia elétrica, serviços bancários, cinemas além do próprio crescimento e organização do espaço urbano, que deram à população da cidade a oportunidade de desfrutar de serviços até então existente somente nas cidades maiores. Palavras-chave: Cidade. Ferrovia. Modernização.

11 ABSTRACT This present study investigated the development process of the city of Piripiri during the decades of 1930, 1940, 1950 of the twentieth century as well as the relation of this modernization with the Estrada de Ferro Central do Piaui which arrived in this city in the year of 1937 and it was deactivated during the 1980s. During the 1930s, the city of Piripiri gained a long period of prosperity within its own space and it was mainly attributable to government support. Piripiri; which is a small and serene city just like any other urban city in the state of Piaui, received attention in a short period of time embedded in a process of development of urban growth and population optimizing its own internal structures and relationship with neighbouring cities, especially with its capital Teresina due to the arrival of the railway to Parnaiba. To the extent of presenting this period of time and this relation between the city and the railway, this research concentrates on two relevant themes: The railway and the city of Piripiri. The railway, since the very beginning, served as a border for the urban space of the city of Piripiri and at the same modifying Piripiri from the moment that new streets and neighbourhoods were developed surrounding it. Within this same context, there were new governmental initiatives and institutions that supported the development of infrastructure services such as hydro, electricity, bank services and cinemas besides their own growth and organization of urban space, gave the population of Piripiri the opportunity to benefit from services that until then were only available in bigger cities. Keywords: City. Railway. Modernization.

12 LISTA DE FOTOGRAFIAS Foto 1 Embarque nos vagões da Estrada de Ferro Central do Piauí em Parnaíba... Foto 2 Trabalhadores na construção da E.F.C.P... Foto 3 Construção de ponte sobre o Rio Santo Antônio em Piripiri... Foto 4 Inauguração da Estação Ferroviária da cidade de Piripiri... Foto 5 Vista aérea da Estação Ferroviária... Foto 6 Quadro de horários da Estação Ferroviária... Foto 7 Publicação dos horários dos trens no Piauí... Foto 8 Último motor utilizado pela Usina Elétrica... Foto 9 Prédio da antiga Usina Elétrica...... Foto 10 Grupo Escolar Padre Freitas na década de 1940... Foto 11 Avenida Tomaz Rebelo na década de 1940... Foto 12 Avenida Tomaz Rebelo no final da década de 1950... Foto 13 Inauguração do Primeiro Sistema de Abastecimento de água... Foto 14 Mapa da primeira divisão geográfica da cidade... Foto 15 Mapa da segunda divisão geográfica da cidade... Foto 16 Mapa da Região central da cidade... Foto 17 Mercado público de Piripiri na década de 1950... Foto 18 Antiga Igreja Matriz de Piripiri... Foto 19 Demolição da Antiga matriz da cidade na década de 1950... 35 44 46 60 61 68 69 73 74 78 87 88 92 93 95 96 94 100 101

13 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Extensão ferroviária brasileira e de outros países... Tabela 2 Rede de Viação Cearense - Receitas e Despesas... Tabela 3 Estrada de Ferro Central do Piauí Receitas e Despesas... Tabela 4 Situação econômica das Ferrovias Nordestinas... Tabela 5 Tráfego Ferroviário Nordestino... Tabela 6 Estações da Estrada de Ferro Central do Piauí... Tabela 7 Exportações piauienses... Tabela 8 Receita anual do Estado do Piauí na década de 1930 e 1940... Tabela 9 Demografia Piauiense... Tabela 10- Demografia Piripiriense... 33 38 38 39 39 41 47 49 88 90.

14 SUMÁRIO RESUMO... IX ABSTRACT... X INTRODUÇÃO... 16 CAPÍTULO I A PRIMEIRA ESTAÇÃO: O CAVALO DE AÇO ABRINDO CAMINHOS... 20 1.1 A ferrovia como símbolo da modernidade... 29 CAPÍTULO II SEGUNDA ESTAÇÃO: A FERROVIA E A CIDADE SE ENCONTRAM... 58 2.1 A chegada da ferrovia à Piripiri... 60 2.2 Reorganização Urbana da cidade de Piripiri... 75 2.3 Política, demografia e o espaço urbano... 83 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 103 REFERÊNCIAS E FONTES... 107

15 INTRODUÇÃO A cidade de Piripiri se localiza na região norte do estado do Piauí, possuindo hoje mais de 62 mil habitantes (segundo estimativas Censo IBGE para 2010). Em termos demográficos, ocupa atualmente a quarta maior cidade do estado. Sua economia tem como base a agricultura, pecuária e um desenvolvido comércio, além de um pequeno pólo industrial, principalmente na área de confecções. Possui também uma grande diversidade no setor de prestação de serviços, sejam públicos ou privados. É uma cidade relativamente nova, se comparada à algumas cidades vizinhas como Barras, Pedro II e Piracurura. Completou neste ano de 2010, cem anos de emancipação política, ocorrida em 04 de julho de 1910 e com um pouco mais de um século e meio de história desde a construção de suas primeiras moradias no ano de 1844. A cidade de Piripiri hoje possui um dos mais desenvolvidos centros urbanos da região norte do Estado. Sua importância em termos regionais continua em ritmo de crescimento. Sua infra-estrutura, sempre se modificando, é uma das melhores do estado do Piauí. Seu desenvolvimento contínuo ao longo de todo o século XX, com destaque a partir da década de 1930, se fez notar e deu à cidade uma nova estrutura física, um aspecto moderno e dinâmico e uma sociedade em constante mudanças. Estudar cidades, e principalmente, estudar o desenvolvimento de suas estruturas econômicas, arquitetônicas e todas as suas formas de urbanização é eleger fatos ao longo de sua história que por ventura poderiam ser responsáveis

16 pelo desencadeamento desse desenvolvimento e conseqüentemente o resultado deste na vida e no cotidiano da população e na infra-estrutura econômica, social e política da própria cidade. É entender as diferentes formas com que o meio urbano se expande, cresce e juntamente a esse crescimento, as conseqüências em relação aos setores mais próximos ou envolvidos nesta expansão. Neste sentido, este trabalho faz uma análise de cidade e transporte a partir do momento que elege a chegada da ferrovia à cidade de Piripiri, como um dos pontos fundamentais na aceleração de seu desenvolvimento urbano. Portanto, o presente estudo tem o objetivo principal de compreender a relação construída a partir da chegada do trem a Piripiri com o seu desenvolvimento urbano, econômico e social. Tendo como pressuposto que a ferrovia facilitou e/ou acelerou a chegada de fatores que influenciaram diretamente na infra-estrutura espacial da cidade, como escolas, bancos, instituições governamentais, serviços públicos, surgimento de bairros, abertura e melhoramento de ruas e praças. Assim, também é objetivo deste trabalhar e analisar a organização urbana da cidade, apontando as primeiras ações no sentido de planejar a cidade, tornandoa mais funcional em relação aos setores econômicos e sociais e também, um lugar agradável à sua população. Como também analisar o desenrolar destas transformações urbanas que a cidade vai experimentar ao longo do tempo e perceber que no decorrer das três décadas seguintes após a inauguração da ferrovia, Piripiri vai usufruir de melhorias que, muito provavelmente, demorariam muito mais tempo a chegar caso a cidade não fosse cortada pelos trilhos da Estrada de Ferro Central do Piauí (E.F.C.P.). Além da ferrovia, tentamos mapear outros aspectos que podem ser considerados geradores do crescimento urbano de Piripiri, pois podemos verificar que apesar da grande importância da ferrovia para a cidade de Piripiri, ela, isoladamente não teria esse poder. Assim, neste trabalho, também se privilegiou outras ações governamentais que foram de fundamental importância na junção de elementos que modificariam a cidade nas décadas de 30, 40 e 50 do século XX. Estas três décadas foram escolhidas principalmente com base na situação econômica da cidade de Piripiri e também do próprio Estado do Piauí. Assim, ao longo desses 30 anos se verificou com mais nitidez os resultados do

17 processo de desenvolvimento da cidade e os efeitos que podemos relacionar à ferrovia. Portanto, determinando este período podemos assim identificar de que forma a cidade se transformaria após aquela festa de inauguração da estação, na tarde de onze de fevereiro de 1937. É importante ressaltar que o recorte temporal está estabelecido nestas três décadas, mas não exclui, em dados momentos, recuos ou avanços, onde identificam-se as primeiras e tímidas ações desse crescimento ou seus resultados em anos posteriores a ele, afinal, como verificamos, as transformações ocorridas na cidade não ocorreram isoladamente nem de forma imediata, mas são um conjunto de ações que se sobrepõe, se intercalam e que ao longo dos anos vão se mostrando como resultados de um processo lento mas perceptível. A idéia para discutir o presente tema foi engendrada durante os anos de trabalho como professor do Ensino Fundamental e Médio na cidade de Piripiri, nos anos de 2000 a 2006, como uma forma de contribuir para a preservação da história da cidade e mostrar que é possível, se fazer história no interior do Piauí. Assim como outras cidades do interior do estado, notamos a pequena quantidade de material escrito sobre Piripiri e o pouco conhecimento a respeito de sua história por parte de sua população. Dessa forma pretendemos mostrar, através deste trabalho, as transformações que a cidade passou décadas atrás e que resultaram na Piripiri atual, como também mostrar que a ferrovia, atualmente abandona, já foi responsável por grande parte das inovações que chegavam à cidade e, por fim, colaborar na organização de uma bibliografia a respeito da cidade, atualmente tão escassa até os dias atuais e que nos últimos anos pouco ou quase nada de novo foi posto à disposição da população piripiriense. Como fundamento teórico, este trabalho subsidia-se por propostas a partir das análises na relação entre modernidade e modernização e também sendo subsidiadas por leituras relacionadas às reflexões sobre Cidade, utilizando como referenciais teóricos as discussões feitas por Marshall Berman (2007) que embora não fale propriamente de cidade, tem grande importância a partir do momento que se verifica que as cidades do século XX estão todas, de uma certa forma, mais ou menos envolvidas no turbilhão modernizante em que se busca, através dessa modernização, se adequar à uma nova realidade sempre a se alcançar e finalmente,

18 num determinado período de tempo se sentir moderno, se sentir inserido no que há de mais novo, mesmo que isso seja apenas uma ilusão temporária, afinal, o moderno está sempre a frente, sempre por vir. Para uma melhor compreensão quanto aos aspectos urbanos, deste trabalho utiliza-se de um conjunto de obras e estudiosos que trabalham o tema cidade, como também urbe, urbanização e modernização, entre eles: Ítalo Calvino (1989), Dilma Andrade Paula (2000), Raquel Rolnik (1994), Maria Stella Bresciani (2009), Francisco Alcides Nascimento (2002), Ana Lúcia Duarte Lana (1996). Sobre a temática transporte, ferrovia e trabalho ferroviário destacamos os pesquisadores Benedito Genésio Ferreira (1989), Francisco Foot Hardman (2005), Josemir Camilo Melo (2008), Márcio Rogério Silveira (2007), Liliana Petrillo Segnini (1982), Douglas Apprato Tenório (1996) e Manoel Rodrigues Ferreira (1981). As obras acima foram de grande importância para dar uma base concreta ao campo bibliográfico deste trabalho, pois nos mostram diversas formas de análise da relação entre ferrovia, cidade e desenvolvimento urbano em diversas partes do Mundo e do Brasil e em tempos cronológicos diversos. Este estudo concretizou-se também a partir de análises de documentos localizados na própria cidade de Piripiri, como Decretos Municipais; Leis propostas pelo legislativo local, como também ofícios do governo municipal; as atas das sessões da Câmara Municipal de Piripiri que muito colaboraram na elaboração deste trabalho. Vale ressaltar o trabalho da Câmara Municipal de Piripiri na preservação destes documentos, mas também verificamos que seu modo de arquivamento não é o ideal, o que pode por em risco a existência dos mesmo em um rápido espaço de tempo. Dessa forma, seria interessante que o poder público municipal agisse de forma imediata para adequar um espaço específico para a preservação deste tipo de material, uma espécie de arquivo público municipal, preservando, dessa forma, grande parte da memória piripiriense. E por fim, junta-se documentos coletados no Arquivo Público do Piauí, principalmente as matérias jornalísticas publicadas na época em jornais como O Piauí, O Dia, Jornal do Comércio, A luta. Adicionam-se documentos também

19 produzidos na época, principalmente referentes às ações do governo estadual e de suas secretarias, principalmente as Mensagens governamentais e Decretos de lei. Este estudo encontra-se estruturado em dois capítulos interdependentes. O primeiro capítulo, intitulado Primeira Estação: O cavalo de aço abrindo caminhos enfatiza o desenvolvimento do sistema de transporte ferroviário assim como sua influência sobre as cidades e regiões por onde passava. Apresenta ainda alguns conceitos como o de urbanização e (re)organização espacial da cidade que entram na pauta dos assuntos discutidos pelos dirigentes das cidades na época. O significado da chegada do trem e da construção da estação ferroviária como ponto de centralização do comércio local e as sociabilidades em torno das estações ferroviárias. A formação do sistema viário brasileiro, nordestino e piauiense, com suas características específicas e determinações em seus momentos de construção, seus projetos, finalidades, dificuldades na construção, conclusão, funcionamento e eventualmente desativação. Neste capítulo também veremos como a idéia de ferrovia está inserida nos discursos sobre modernização e como essa relação entre os conceitos de ferrovia e de modernidade também podem ser invertidos, pois no caso especificamente do Piauí, a ferrovia se estruturou em uma época em que o próprio desenvolvimento do país estava se modificando e o transporte ferroviário já não supria todas as necessidades, havendo um incremento principalmente do transporte rodoviário. Quando falamos em ferrovia não estamos falando apenas em um sistema de transporte que por ventura passou a interligar algumas cidades brasileiras (ou muitas), mas em todo um complexo sistema de ligações que faz referência aos aspectos políticos nacionais e locais, relação de trabalho, de urbanização, economia, financiamentos governamentais, empresas privadas nacionais ou estrangeiras e até mudanças no cotidiano das pessoas. Portanto, o universo ferroviário nas cidades sempre foi muito amplo. Universo este que não engloba somente o aspecto de transportes, mas um conjunto de ligações que terão influencia em diversos aspectos no modo de vida da população. O segundo capítulo, intitulado Segunda Estação: A ferrovia chega a Piripiri nos dá um retrato da cidade de Piripiri a partir dos anos 1930 e de sua nova

20 realidade após a chegada da ferrovia. A delimitação de sua zona urbana, suburbana e zona rural começa a ser efetivada no fim da década de 1940. Há o surgimento de novas ruas e o crescimento de outras se faz notar com mais rapidez. A preocupação com o aspecto paisagístico da cidade passa a ser evidenciado pelo surgimento das primeiras praças e passeios. Serviços diversos vão se instalando: Eletricidade, Água, Correios, Cinema, Banco, Coletoria, Escolas etc. A cidade cresce, as preocupações e ações a respeito de sua urbanização se tornam mais efetivas. Nesse momento, os ares da modernidade chegam ao Estado, influenciando no modo como os dirigentes municipais regiam suas ações. Nesse sentido, a cidade aos poucos vai se transformando em busca de alcançar o status de cidade moderna. Buscamos mostrar neste capítulo as ações, governamentais que efetivamente comprovam o crescimento da cidade de Piripiri. Este capítulo também procura apontar como a Ferrovia interfere diretamente em dois aspectos da cidade de Piripiri: infra-estrutura e urbanização. A Ferrovia possibilitou à população de Piripiri o contato mais rápido com mercadorias até então inexistentes no mercado local e a possibilidade da chegada, em grande número, de artigos já conhecidos vindos de Parnaíba. Possibilitou também uma maior rapidez no escoamento da produção agrícola e extrativista de todas as cidades da região. A Ferrovia também foi responsável diretamente pela modificação espacial da região comercial da cidade, tendo como principal fator neste aspecto a escolha do local para a construção do mercado municipal e consequentemente a mudança do centro comercial da cidade, saindo das proximidades da Igreja Matriz e se instalando na direção da estação ferroviária. A ferrovia se torna uma realização para a cidade de Piripiri, no sentido em que a sua passagem pela cidade vai deixar uma esperança de melhorias para a cidade e principalmente a certeza do seu rápido desenvolvimento. Esse tipo de pensamento é o que mais está presente nos primeiros anos de funcionamento da ferrovia. A ferrovia como símbolo máximo de inserção da cidade de Piripiri no mundo moderno, em uma nova realidade. Provavelmente poucos daqueles que estavam presentes em sua inauguração poderiam imaginar que a vida da Ferrovia em Piripiri não seria tão cheia de glórias e que em um curto espaço de tempo ela iria entrar em declínio até sua desativação total nos anos 1980.