ELABORAÇÃO DE SORVETE DE MORANGO COM CARACTERÍSTICAS PROBIÓTICAS E PREBIÓTICAS



Documentos relacionados
PARÂMETROS DE QUALIDADE DA POLPA DE LARANJA

Sorvete de geleiada de morango com hibisco (Hibiscus sabdariffa L.)

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE SORVETE COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DA FARINHA DE MACAÚBA

ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE SUCO DE CAJU. Iwalisson Nicolau de Araújo 1 Graduando em Licenciatura em Química pela Universidade Estadual da Paraíba.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE MICRORGANISMOS EM DERIVADOS LÁCTEOS PROBIÓTICOS COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE CURRAIS NOVOS/RN

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO GABINETE DO MINISTRO INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 23, DE 30 DE AGOSTO DE 2012

DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE SENSORIAL DE UM GELADO COMESTÍVEL (PICOLÉ) DIET. Palavras-chave: picolé diet, novidades alimentícias, análise sensorial.

QUEIJO TIPO MINAS FRESCAL COM COLÁGENO HIDROLISADO E ORÉGANO: TECNOLOGIA DE FABRICAÇÃO E AVALIAÇÃO SENSORIAL

Aceitação sensorial de bebida láctea, sob diferentes concentrações de soro

18/10 a 09/11 de 2016 Câmpus de Gurupi, Araguaína e Palmas

revoga: Portaria nº 379, de 26 de abril de 1999 RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº. 266, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005.

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA E SENSORIAL DE GELADO COMESTÍVEL DE AÇAÍ PRODUZIDO COM LEITE DE CABRA ADICIONADO DE GELATINA

Introdução. Graduando do Curso de Nutrição FACISA/UNIVIÇOSA. 3

DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÃO DE REQUEIJÃO CREMOSO COM BAIXO TEOR DE SÓDIO E DE GORDURAS

EFEITO DA ADIÇÃO DE SORO DE QUEIJO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS DE BEBIDAS LÁCTEAS FERMENTADAS SABOR UVA

REDUÇÃO PERCEPTÍVEL E REDUÇÃO ACEITÁVEL DE AÇÚCAR EM NÉCTAR DE UVA: ANÁLISE SENSORIAL COMO FERRAMENTA PARA REFORMULAÇÃO

Tópicos Especiais em Química. Legislações e Normas. Giselle Nobre

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE BEBIDAS LÁCTEAS ADQUIRIDAS NO COMÉRCIO VAREJISTA DO SUL DE MINAS GERAIS 1

Sorvete funcional à base de extrato de hibisco (Hibiscus sabdariffa L.) adicionado do cálice da flor

IOGURTE PROBIÓTICO DE MORANGO SEM LACTOSE

ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE QUEIJOS FUNCIONAIS

ANEXO REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE NATA

Avaliação de parâmetros de qualidade de doce em massa e das matérias primas utilizadas na formulação

Avaliação da análise sensorial de iogurtes de leite de cabra saborizados com polpa de frutas tropicais

ENUMERAÇÃO DE BACTÉRIAS LÁCTICAS DE LEITES FERMENTADOS COMERCIALIZADOS EM VIÇOSA, MG

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE GELADO COMESTÍVEL ELABORADO COM POLPA DO FRUTO DE MANDACARU ADICIONADO DE SORO DE LEITE

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE MANTEIGAS COMERCIALIZADAS EM VIÇOSA (MG) 1. Introdução

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS SENSORIAIS EM SOBREMESAS LÁCTEAS SABOR CHOCOLATE ELABORADAS COM LEITE E SORO DE LEITE

Bebida Fermentada de Soja

IV Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí IV Jornada Científica 06 a 09 de Dezembro de 2011

ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE IOGURTES INTEGRAIS BATIDO SABOR FRUTOS DO BRASIL

Palavras chave: bagaço seco, fração fibrosa, teste sensorial

A QUÍMICA PRESENTE NAS INDÚSTRIAS ALIMENTÍCIAS

ELABORAÇÃO DE BEBIDA LÁCTEA ACIDIFICADA

ELABORAÇÃO DE GELEIA TRADICIONAL E LIGHT DE GUABIROBA BRUNA NAPOLI¹; DAYANNE REGINA MENDES ANDRADE²; CRISTIANE VIEIRA HELM³

SUPLEMENTOS ALIMENTARES: STATUS DA REGULAMENTAÇÃO NO BRASIL E PERSPECTIVAS FUTURAS

XI Encontro de Iniciação à Docência

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE SORO DE LEITE 1. Alcance

Avaliação da vida de prateleira do iogurte sabor morango, enriquecido com concentrado proteico de soro, quinoa e linhaça dourada

ANÁLISE SENSORIAL DE QUEIJO MINAS FRESCAL ADICIONADO DE CONDIMENTO PREPARADO 1

DESENVOLVIMENTO E ANALISE SENSORIAL DE BISCOITO CHAMPANHE ENRIQUECIDO COM FARINHA DE SOJA

AVALIAÇÃO SENSORIAL DO SORVETE COM LEITE DE BÚFALA ADICIONADO DE MANGA

BARRINHA DE CEREAL COM USO DE MEL EM SUBSTITUIÇÃO DO XAROPE DE AGLUTINAÇÃO

ALTERNATIVA PARA CONSERVAÇÃO DA POLPA DO FRUTO DO IMBUZEIRO (Spondias tuberosa Arruda)

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DE IOGURTE GREGO PRODUZIDO POR UMA AGROINDÚSTRIA DO MUNICÍPIO DE GUARANI, MG.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 26, DE 12 DE JUNHO DE 2007 (*)

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE BEBIDAS LÁCTEAS FERMENTADAS POTENCIALMENTE PROBIÓTICAS PRODUZIDAS A PARTIR DO APROVEITAMENTO DA CASCA DA JABUTICABA.

ACEITABILIDADE SENSORIAL DE IOGURTE COM POLPA DE FRUTAS VERMELHAS

XI Jornada Científica XI Semana de Ciência e Tecnologia IFMG Campus Bambuí

Avaliação de Alegações Propriedades Funcionais e ou de Saúde e Registro de Produtos com Alegações

USO DE SORO DE QUEIJO NA FORMULAÇÃO DE DOCE DE LEITE PASTOSO EM SUBSTITUIÇÃO AO LEITE

INSTRUÇÃO NORMATIVA MAPA Nº 30, DE

Características físico-químicas do suco caju adicionadas de galactomananas de Adenanthera pavonina

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ANIMAIS INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

XI Jornada Científica XI Semana de Ciência e Tecnologia IFMG Campus Bambuí

NUTRICIUM INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA FICHA DE ESPECIFICAÇÃO. BemVital MultiFibras

PROCESSAMENTO E ACEITABILIDADE DE PÃO DE FORMA ADICIONADO DE FARINHA DE DOURADO (Coryphaena hippurus)

XI Jornada Científica XI Semana de Ciência e Tecnologia IFMG Campus Bambuí

ROTULAGEM NUTRICIONAL DO QUEIJO DE COALHO DE COMERCIALIZADO NO ESTADO DE PERNAMBUCO. Apresentação: Pôster

APLICAÇÃO DE ÓLEOS E GORDURAS DE RELEVÂNCIA NUTRICIONAL EM PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO. da Silva e Elisa Makiyama Kim FEA-UNICAMP

INTRODUÇÃO. Leites Fermentados LEITES FERMENTADOS. Leites Fermentados. Leites Fermentados 30/07/2014

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO MINAS FRESCAL PRODUZIDOS POR PEQUENOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIPIO DE GUARAPUAVA E REGIÃO

TÍTULO: ACEITAÇÃO DE NOVOS REFRESCOS EM PÓ NOS SABORES UVA E LARANJA CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA SUBÁREA: CIÊNCIAS AGRÁRIAS

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DAS POLPAS DE AÇAÍ COMERCIALIZADAS NAS FEIRAS LIVRES DE SÃO LUÍS-MA.

VII Semana Acadêmica da UEPA Marabá

Caracterização físico química e sensorial de doce de manga (Mangifera indica L.) em massa com adição de casca

BEBIDAS LÁCTEAS NÃO FERMENTADAS ADICIONADAS DE POLPA DE ABACATE: ANÁLISE DO PERFIL DE TEXTURA

Utilização de maracujá integral no desenvolvimento de sobremesa láctea (flan) e avaliação de suas características físico-químicas e sensorial.

RESUMO INTRODUÇÃO. Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 1

Produção e estudo da aceitabilidade sensorial do licor de jambo vermelho

ANÁLISE BIOMÉTRICA DOS FRUTOS DE UVAIA E DEFINIÇÃO DA MELHOR CONCENTRAÇÃO DA POLPA PARA A PRODUÇÃO DE SORVETE EM PALITO

Caracterização físico-química e avaliação sensorial de sobremesa láctea tipo mousse enriquecida com casca de maracujá do cerrado

DESENVOLVIMENTO E ACEITABILIDADE DE UM GELATO VEGANO DE AMENDOIM COM PAÇOCA

DESENVOLVIMENTO DE LICOR À BASE DE CASCAS DE ABACAXI

I SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EMBRAPA ACRE

AVALIAÇÃO FISICO-QUIMICA DO QUEIJO COALHO ARTESANAL E INDUSTRIAL FABRICADO EM SALGUEIRO PE. Apresentação: Pôster

AVALIAÇÃO DE RÓTULOS DE DIFERENTES MARCAS DE LEITE EM PÓ INTEGRAL COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE GARANHUNS - PE. Apresentação: Pôster

APLICAÇÃO DE ALTA PRESSÃO EM CONSERVAÇÃO DE SALSICHA

DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE KEFIR DE CAFÉ

II Seminário dos Estudantes de Pós-graduação

I SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EMBRAPA ACRE ACEITAÇÃO SENSORIAL DE BOLO ELABORADO COM FARINHAS DE CASTANHA- DO-BRASIL E BANANA VERDE

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE IOGURTE TRADICIONAL COM CALDA DE GOIABA VERMELHA (Psidium guajava)

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA EM QUEIJO MINAS FRESCAL¹

DESENVOLVIMENTO DE TIPO HAMBURGUER BOVINO COM ADIÇÃO DE FARINHA DE BERINJELA

ELABORAÇÃO DE CONSERVAS DE MINIMILHO RESUMO

COMPARAÇÃO DOS PROCESSOS FERMENTATIVOS DA POLPA DE COCO VERDE E DO LEITE POR BACTÉRIAS LÁCTICAS. Karina Fernandes Pimentel 1 ; Eliana Paula Ribeiro 2

PROCESSO SELETIVO 2017/1 Mestrado Ciência e Tecnologia de Alimentos Campus Rio Pomba

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA EM POLPAS DE FRUTA CONGELADA

DESENVOLVIMENTO E ACEITABILIDADE DE UM GELATO VEGANO DE AMENDOIM COM PAÇOCA. Palavras-chave: Método Kano, análise sensorial, aceitação.

D E C R E T A: Art. 2.º Revogam-se as disposições em contrário. Art. 3.º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

AVALIAÇÃO DA ACEITABILIDADE DE SORVETE ENRIQUECIDO COM PROBIÓTICOS E SEMENTE DE LINHAÇA

ACEITAÇÃO E PREFERÊNCIA DE DERIVADOS LÁCTEOS POR ESTUDANTES DA UNIVIÇOSA/ESUV (MG) 1. Introdução

AVALIAÇÃO FISICO-QUÍMICA DE BEBIDAS LACTEAS PRODUZIDAS NA REGIÃO DO SERTÃO PERNAMBUCANO E COMERCIALIZADAS EM SALGUEIRO-PE Apresentação: Pôster

Alimentos com alegação de propriedades funcionais aprovados pela legislação brasileira

Profa. Angélica Pinho Zootecnista. Fones: Profa. Gladis Ferreira Corrêa

BEBIDA FERMENTADA FUNCIONAL UTILIZANDO EXTRATO AQUOSO DE COCO FUNCTIONAL FERMENTED DRINK USING COCONUT AQUEOUS EXTRACT. Apresentação: Pôster

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS FARINHAS DE MESA TIPO SECA COMERCIALIZADAS EM BELÉM PARÁ

Profa. Angélica Pinho Zootecnista. Fones: Wats: (53)

Informe Técnico n. 65, de 23 de fevereiro de Assunto: Esclarecimentos sobre o uso de enzimas em alimentos e bebidas.

CHAVES, Raliéli de Almeida 1 PENTEADO, Bruna Gonçalves 2 DOLINSKI, Juliana Gorte 3 ALMEIDA, Mareci Mendes de 4 CHIQUETTO, Nelci Catarina 5

Transcrição:

ELABORAÇÃO DE SORVETE DE MORANGO COM CARACTERÍSTICAS PROBIÓTICAS E PREBIÓTICAS Salomão, J. 1 ; Walter, E.H.M. 2 ; Cardoso, L.C.D. 3 ; Paula Barros, E.B. 4 ; Leite, S.G.F. 5 1 Engenheira de alimentos formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, E-mail: joyce.salomao@gmail.com 2 Pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Laboratório de Microbiologia de Alimentos, Av. das Américas, 29501, Guaratiba, RJ/RJ, E-mail: eduardo.walter@embrapa.br 3 Graduanda da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Laboratório de Microbiologia Industrial, Centro de Tecnologia, Av. Athos da Silveira Ramos, 149, bloco E, RJ/RJ, CEP: 21941-909, E-mail: lauracristinadc@ig.com.br 4 Pós-doutoranda da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Laboratório de Microbiologia Industrial, Centro de Tecnologia, Av. Athos da Silveira Ramos, 149, bloco E, RJ/RJ, CEP: 21941-909, E-mail: elisabete@eq.ufrj.br 5 Docente da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Laboratório de Microbiologia Industrial, Centro de Tecnologia, Av. Athos da Silveira Ramos, 149, bloco E, RJ/RJ, CEP: 21941-909, E-mail: selma@eq.ufrj.br RESUMO: O interesse por produtos alimentícios saudáveis, nutritivos e de grande aproveitamento tem aumentado mundialmente, o que resulta em diversos estudos na área de produtos lácteos. Este trabalho teve como objetivo elaborar um sorvete de morango com características probióticas e prebióticas. Foram realizadas análises físico-químicas (valor de ph, teor de sólidos solúveis totais, teor de proteínas, teor de lipídeos, overrun e densidade aparente), análises microbiológicas (condições higiênico-sanitárias e viabilidade). Determinou-se a viabilidade das bactérias probióticas (Lactobacillus paracasei, Lactobacillus rhamnosus, Lactobacillus acidophilus, Bifidobacterium lactis) durante os 90 dias de armazenamento. Testes sensoriais de aceitação e intenção de compra foram realizados com provadores não treinados. Os resultados físico-químicos determinaram: ph 5,4, 30,7 Brix, 1,20% de proteína, 6,8% de lipídeo, 12,5% overrun, 900g/L a densidade aparente. O sorvete pode ser considerado um alimento probiótico durante pelo menos 90 dias de armazenagem porque apresentou 1,3 x 10 7 UFC/g de produto, além de ser prebiótico. Na análise sensorial, o produto teve boa aceitação. Os resultados obtidos demonstram o grande potencial para a produção de sorvetes prebióticos e probióticos. Palavras chaves: Lactobacillus, Bifidobacterium, inulina, alimento funcional. 1. INTRODUÇÃO Pesquisas vêm mostrando que os consumidores estão cada vez mais preocupados em obter informações sobre alimentos funcionais e estão tentando mudar seus hábitos alimentares, com vistas a melhorar a saúde. O mercado para produtos com apelo saudável ou com diferenciado conteúdo de nutrientes (baixa caloria, enriquecidos com fibras, etc.) continua a crescer (USHIJIMA, 2001). Os principais grupos biologicamente ativos, atualmente conhecidos como ingredientes funcionais, são as fibras solúveis e insolúveis, os flavonóides, os carotenóides, os fitoesteróis, os fitoestanóis, os ácidos graxos (ômega 3 e ômega 6), os prebióticos e os probióticos (BELLO, 1995; TORRES, 2001). De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), alimentos funcionais são aqueles que, além das funções nutritivas básicas, quando consumidos como parte da dieta usual, produzem efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguros para consumo sem supervisão médica (BRASIL, 1999b).

Durante o desenvolvimento de um novo produto, a aceitação do consumidor é um fator que deve ser levado em consideração. O sorvete é um produto de fácil aceitação pelos consumidores, principalmente em cidades litorâneas como o Rio de Janeiro. Sendo assim, o desenvolvimento e a viabilidade do sorvete de morango com propriedades funcionais, a partir de prebióticos e probióticos, torna-se uma alternativa viável para indústria. Este trabalho teve como objetivo elaborar um sorvete de morango com características probióticas e prebióticas. 2. MATERIAL E MÉTODO Inicialmente foi elaborado o leite fermentado com as culturas lácticas do Lacto-Pró (contendo como microorganismos Lactobacillus paracasei, Lactobacillus rhamnosus, Lactobacillus acidophilus, Bifidobacterium lactis). A cultura láctica foi empregada na proporção de 1g para cada litro de leite e mantida a 37 o C por 8 horas. A partir de algumas formulações já existentes de sorvete de morango foi desenvolvida a formulação do sorvete por litro contendo: leite fermentado (350 ml), creme de leite (200 ml), açúcar (80g), emulsificante e estabilizante (5g), polpa de morango (200g), sabor para sorvete de morango (10g) e inulina (61g). A quantidade utilizada de emulsificante e estabilizante estava de acordo com o Regulamento Técnico específico de Aditivos Alimentares, RDC nº 3, de 15 de janeiro de 2007 (BRASIL, 2007). As análises físico-químicas do sorvete produzido foram baseadas nos métodos físico-químicos para Análise de Alimentos, conforme descrito na publicação do Instituto Adolfo Lutz (2008). Uma unidade amostral de sorvete foi analisada quanto aos seguintes parâmetros e métodos: ph, sólidos solúveis totais, proteínas, lipídeos, overrun. Segundo a RDC n 12 de 2 de janeiro de 2001, da Anvisa, (BRASIL, 2001) as análises microbiológicas obrigatórias para a avaliação das condições higiênico-sanitárias de fabricação de sorvetes são Coliformes Totais, Staphylococcus coagulase positiva e Salmonella. Estas análises foram realizadas segundo a seguinte metodologia da Instrução Normativa nº 62 do MAPA (BRASIL, 2003). A contagem das bactérias ácido lácticas foi feita pela técnica de quantificação de colônias por meio do plaqueamento por superfície utilizando o meio MRS-ágar (HiMedia), logo após o processamento (tempo zero) e nos 7º, 14º, 21º, 28º, 60º e 90º dias de armazenamento a -15. As placas foram mantidas em anaerobiose e incubadas em estufa, a 37 C, por 72 horas. Na avaliação sensorial do sorvete, foi utilizado um teste afetivo por escala hedônica de 9 pontos, no qual o valor numérico 1 corresponde a desgostei extremamente e o 9 gostei extremamente. Os atributos estabelecidos foram: aparência, cor, aroma, consistência e sabor. Antes do teste de análise sensorial, este sorvete foi mantido a temperatura de 10 a 12 C, que é a temperatura indicada para avaliação do odor e sabor, conforme descrito na publicação do Instituto Adolfo Lutz (2008). O sorvete foi submetido à avaliação sensorial por uma equipe de 50 provadores não treinados, de faixa etária entre 16 e 79 anos, da cidade do Rio de Janeiro, de diferentes classes sociais. Além de avaliarem os atributos, solicitou-se que os provadores respondessem também a intenção de compra do produto caso o encontrassem à venda no mercado. Os resultados foram avaliados através da média de cada atributo estabelecido.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO No plaqueamento feito com o leite fermentado e com o sorvete logo após o processamento (tempo zero), a contagem de microrganismos probióticos foi de 3,2x10 8 ± 0,28 UFC/g e de 1,9x10 7 ± 0,35 UFC/g, respectivamente. De acordo com estes resultados, pode-se observar que o sorvete se encaixa como produto probiótico, já que no momento do consumo, de acordo com Shah (2001) e Sheehan et al., (2007), é recomendado que o alimento probiótico tenha, no mínimo, 10 6 UFC/g. O decréscimo das bactérias ácido lácticas do leite fermentado para o sorvete pode estar relacionado à diluição devido ao volume dos demais ingredientes adicionados. Pode também o batimento do leite fermentado no liquidificador, juntamente com os demais ingredientes, provavelmente ter causado uma tensão de cisalhamento durante a homogeneização permitindo a morte de células viáveis. Além disso, na etapa de congelamento na sorveteira, os microrganismos entram em contato com uma temperatura baixa durante o batimento, o que pode levar à morte de células viáveis. Os resultados da caracterização físico-química do sorvete de morango foi: ph - 5,4; sólidos solúveis totais - 30,7 ± 0,46 Brix; Proteínas - 1,20 ± 0,03%; Lipídeos - 6,8 ± 0,80%; Overrun 12,5%; Densidade aparente 900g/L. Silveira et al. (2009), que avaliaram a qualidade de quatro marcas de sorvetes tipo tapioca, fabricados e comercializados na cidade de Fortaleza, encontraram valores para sólidos totais de 39,46 Brix; 38,55 Brix; 37,28 Brix; 39,52 Brix. Alves et al. (2009) encontraram ph de 5,5 no frozen iogurte elaborado a partir de iogurte de leite de cabra com adição de cultura probiótica e prebiótico. Sendo assim, o ph encontrado no sorvete de morango está parecido com dos autores citados. O overrun determina a quantidade de ar incorporado na massa durante o processo de batimento (na elaboração do sorvete de morango com propriedades simbióticas deste experimento, a duração do batimento foi de 30 minutos), aumentando seu volume final, tornando-o mais leve e suave. O percentual de overrun obtido neste sorvete foi de 12,5%. A Resolução RDC nº 266 de 22/09/05, da Anvisa, estabelece um padrão de 475g/litros de densidade aparente mínima em gelados comestíveis (BRASIL, 2005). O valor obtido de densidade aparente no produto desenvolvido foi de 900g/L, estando dentro dos padrões estabelecidos pela legislação vigente. Os resultados das análises microbiológicas obrigatórias para a avaliação das condições higiênico-sanitárias do sorvete de morango demonstraram que o produto encontrava-se perfeitamente nas condições de consumo, não representando riscos para o consumidor. Isto ocorre pelo fato do produto se encontrar dentro dos padrões estabelecidos pela Resolução n 12, de 02 de janeiro de 2001 da ANVISA (BRASIL 2001), a qual estabelece o máximo de 5x10 NMP/g de Coliformes, a 45 C, 5x10 2 UFC/g de Staphylococcus coagulase positiva e ausência de Salmonella. Na Tabela 10, encontram-se os resultados para a quantificação de microrganismo viáveis, expressos em valores médios, durante o período de estocagem, a -15 C. A quantificação corresponde ao número total de microrganismo lácticos, sem distinção entre Lactobacillus paracasei, Lactobacillus rhamnosus, Lactobacillus acidophilus, Bifidobacterium lactis. Segundo os resultados apresentados na Tabela 1, pode-se afirmar que o sorvete de morango conserva suas características probióticas durante pelo menos 90 dias de armazenamento a -15 C, já que apresentou uma contagem de bactérias ácidos lácticas superior ao mínimo recomendado. Também se pode observar pela Tabela 1, que os microrganismo probióticos se mantiveram praticamente com a mesma quantidade de células viáveis durante o tempo de estocagem.

Tabela 1- Quantificação celular total no sorvete de morango ao longo da vida de prateleira Tempo (dias) UFC/g 0 1,9x10 7 ± 0,35 7 2,0x10 7 ± 0,14 14 2,1x10 7 ± 0,07 21 1,7x10 7 ± 0,28 28 1,6x10 7 ± 0,15 60 1,4x10 7 ± 0,10 90 1,3x10 7 ± 0,17 Através da escala hedônica de 9 pontos, os provadores puderam avaliar os atributos de aparência, sabor, cor, aroma e consistência do sorvete de morango, e os resultados se encontram na Tabela 2. Em relação ao atributo aparência, a média dos valores apresentados corresponde à referência gostei muito. Os atributos sabor, aroma e consistência ficaram classificados entre gostei moderadamente e gostei muito. O sorvete de morango apresentou cor característica deste tipo de produto, devido à adição da polpa de morango e do sabor para sorvete. Nesse atributo, a média dos valores foi correspondente entre gostei moderadamente e gostei muito. Tabela 2- Médias e desvios-padrão dos atributos sensoriais de sorvete de morango com características probióticas e prebióticas Atributos Aparência Sabor Cor Aroma Consistência 8,02 ± 1,07 7,72 ± 0,95 7,49 ± 1,14 7,72 ± 0,85 7,83 ± 0,98 Com relação à analise de intenção de compra, pode-se observar que, em grande parte, os provadores são potenciais compradores do produto, já que 96% dos provadores responderam na ficha de analise sensorial que comprariam o produto caso este fosse comercializado. 4. CONCLUSÕES O sorvete formulado com a polpa de morango, microrganismos probióticos e inulina apresenta potencial tecnológico para desenvolvimento de produto caracterizado como alimento funcional. O sorvete de morango com características probióticas e prebióticas tem uma boa aceitação pelo consumidor sendo que a maioria dos provadores do estudo são potenciais compradores do produto. AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científica e Tecnológica (CNPq), pelo apoio financeiro. À Empresa Beneo, pelo fornecimento da inulina Orafti GR. REFERÊNCIAS ALVES L. L.; RICHARDS N.S.P.S; BECKER L.V.; DE ANDRADE D.F. MILANI L.I.G.; REZER A.P.S., SCIPIONI C.G. Aceitação sensorial e caracterização de frozen yogurt de leite de cabra com adição de cultura probiótica e prebiótico. Ciência Rural, Santa Maria, v.39, n.9, p.2595-2600, dez, 2009.

BELLO, J. Os Alimentos Funcionais e Nutracêuticos: Nova gama de produtos na indústria alimentícia. São Paulo, 1995. BRASIL. Resolução nº. 18, de 30 de abril de 1999. Regulamento técnico que estabelece as diretrizes básicas para análise e comprovação de propriedades funcionais e ou de saúde alegadas em rotulagem de alimentos. ANVISA, Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 03 maio 1999b. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001. Regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF. 10 jan. 2001. BRASIL. Ministério Da Agricultura, Pecuária E Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária (DISPOA). Instrução Normativa n 62, de 26 de agosto de 2003. Oficializa os Métodos Analíticos Oficiais para Análises Microbiológicas para Controle de Produtos de Origem Animal e Água. Diário Oficial da União, Brasília, 26 de agosto de 2003. BRASIL, Secretaria de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 266, de 22 de setembro de 2005. Aprova o regulamento gelados comestíveis e preparados para gelados comestíveis. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 23 de set. 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Legislação. VisaLegis. Resolução RDC n.3, de 15 de janeiro de 2007. Aprova a " Atribuição de Aditivos e seus Limites Máximos para a Categoria de Alimentos 3: Gelados Comestíveis, Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF. 27/03/2007. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos, 4. ed., p. 279-320, 2008. SHAH, N. P. Functional foods from probiotics and prebiotics. Food Technology, v. 55, p. 46-53, 2001. SHEENAN, V.M., ROSS, P., FITZGERALD, F. Assessing the acid tolerance and the technological robustness of probiotic cultures for fortification in fruit juices, Innovative Food Science & Emerging Technologies, v.8, n.2, p. 279-284, 2007. SILVEIRA H.G.; NETA N.A.S.; PINTO R.S.; RODRIGUES M.C.P.; COSTA J.M.C. Avaliação da qualidade físicoquímica e microbiológica de sorvetes do tipo tapioca. Centro de Ciências Agrárias - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE. Revista Ciência Agronômica, v. 40, n. 1, p. 60-65, jan-mar, 2009. TORRES, E. A. F. S. Alimentos em questão: uma abordagem técnica para as dúvidas mais comuns. São Paulo: Ponto Crítico, 2001. USHIJIMA, H. H. Oligossacarídeos e suas Propriedades Funcionais, Revista Latícinios, n.34, v.6, 2001.