ANÁLISE FLUVIAL E IMPACTOS AMBIENTAIS NO BAIXO CURSO DO RIO CABUÇU-PIRAQUÊ - BAÍA DE SEPETIBA RJ



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Transcrição:

ANÁLISE FLUVIAL E IMPACTOS AMBIENTAIS NO BAIXO CURSO DO RIO CABUÇU-PIRAQUÊ - BAÍA DE SEPETIBA RJ INTRODUÇÃO Autor: Karina Araújo da Silva. (karinaaraujo86@gmail.com) Graduanda em Geografia pela UERJ-FFP Co-autor: Gabrielle de Souza Martins (gabysmce@hotmail.com) Graduanda em Geografia pela UERJ-FFP Os rios, ou cursos fluviais possuem uma importância significativa para a sobrevivência da humanidade. Fornecem-nos grande parte da água que consumimos, para obtenção de alimentos e de energia elétrica. Os rios possuem usos múltiplos, como uso da navegação,abastecimento hídrico e até mesmo transporte hidroviário. Nos casos dos centros urbanos, eles frequentemente são os receptores dos esgotos domésticos e industriais, também servem para o abastecimento de água. Se considerar rios mais extensos, com maiores bacias de drenagem, tem-se também no transporte de sedimentos dos materiais intemperizados das áreas mais elevados para as mais baixas e dos continentes para o mar, ficando claro que estudos referentes a este objeto são extremamente necessários para que o homem compreenda a sua dinâmica e seja possível a utilização sem a degradação. Entre os bens ambientais protegidos pela legislação vigente, não restam dúvidas de que os rios (ambiente fluvial) são bens vitais a serem protegidos pelos instrumentos de defesa ambiental, pois são elementos geomorfológicos aos quais se associam diversos ciclos da natureza, além de oferecerem a potencialidade dos usos múltiplos de suas águas e atributos estéticos paisagísticos de interesse sócio-cultural são proposto por (ARAÚJO, 2009) O presente trabalho é fruto da realização de um estudo introdutório dos impactos ambientais no referido sistema fluvial, buscando diagnosticar os fatores que atuam na degradação ambiental e provocam desequilíbrios na paisagem da área estudada. Foi realizada a visualização dos problemas ambientais existentes na bacia, com o intuito de avaliar as causas e conseqüências dos mesmos numa perspectiva sócio-ambiental. Analisou-se a dinâmica da rede hidrográfica do baixo curso do rio Cabuçu-Piraquê, com a finalidade de identificar suas características e diagnosticar os impactos ambientais decorrentes de sua atual utilização, principalmente por ser caracterizado como um ambiente altamente alterado e 1 1

degradado pela ação antrópica. O perfil geomorfológico foi analisado com base os estudos sobre Geomorfologia Fluvial, principalmente no que se refere à fisiografia fluvial, na delimitação dos tipos de canais e de rede de drenagem. Realizando uma breve identificação geomorfológica da área, de acordo com os padrões de caracterização propostos por CUNHA (2007), o tipo de canal pode ser considerado retilíneo e seu padrão de drenagem do tipo exorréico. O rio apresenta mudanças em sua dinâmica por causa da canalização, aliada ao crescimento populacional de urbanização, sendo mais expressivo a partir do seu médio curso. Já seu baixo curso caracteriza-se pela presença de um crescimento populacional desordenado e acelerado, causando diversas obras de aterros, retilinização, alargamento e aprofundamento na sua dinâmica, desfigurando suas características naturais e possibilitando a ocorrência de ambientes associados, como brejos e mangues. Essas transformações alteraram a circulação na baía, acrescentando o poder da erosão e capacidade de transporte de sedimentos pelo rio, acelerando, assim, a taxa de assoreamento dentro da baía. (AMADOR, 1980). Além das modificações físicas do rio, a falta de saneamento é uma grande dificuldade para todos os moradores da região, gerando impactos nas características naturais do rio, sendo considerado como uns dos ambientes mais degradados pela Zona Oeste. Dessa forma, o estudo contribui na verificação dos impactos ambientais também na qualidade da água, buscando gerar medidas e propostas para a comunidade e órgãos competentes com a finalidade única de promover o uso racional dos recursos naturais existentes no Município para a confecção de um planejamento eficaz e coerente. Nesse aspecto, algumas reflexões sobre o espaço urbano e a urbanização também se fazem necessárias, no intuito de trazer à tona discussões sobre planejamento urbano e uso e ocupação do solo. METODOLOGIA Para o desenvolvimento deste trabalho tivemos como meta a análise dos impactos ambientais do rio Cabuçu-Piraquê, com ênfase no seu baixo curso, inserido em áreas urbanas. Neste trabalho, foram realizados trabalhos de campo visando à observação de aspectos como vegetação, solo e biodiversidade, além de análises superficiais de qualidade 2 2

de água, verificando a ocorrência da contaminação ou não, oriundas do despejo de efluentes líquidos não tratados das atividades industriais e domésticos. Foram realizadas também entrevistas com membros da Associação de Moradores do rio Piraquê, bem como registros fotográficos e coleta de amostras de solo, objetivando uma análise dos problemas mais contundentes que atuam na modificação tanto da dinâmica da bacia quantos na qualidade de vida dos moradores locais. Para tal estudo, a utilização da técnica de sensoriamento remoto torna-se bastante útil na obtenção dessas informações e na aplicação do planejamento ambiental. Nesta etapa, foram utilizadas fotografias aéreas e imagens de satélites, a fim de auxiliar a identificação dos principais aspectos ambientais, assim como a forma do uso e ocupação do solo. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO O rio Cabuçu-Piraquê localiza-se na região de pedra de Guaratiba, com sua montante no morro do Lameirão e a foz na Baía de Sepetiba na zona oeste do Rio de Janeiro (Imagem 1). A área da bacia do rio Cabuçu-Piraquê é cerca de 60 km² percorrendo os principais bairros: Senador Augustos Vasconcelos, Campo Grande e Pedra de Guaratiba. No bairro de Campo Grande, concentra a maior parte da população, se constituindo em um local bastante urbanizado e que tem como base da sua economia o setor terciário. Segundo Nunes (1992), o rio Cabuçu-Piraquê tem como principal afluente o Rio da Prata, além de contribuições de pequenos cursos oriundos do Maciço da Pedra Branca e das Serras de Inhoaíba, Cantagalo e Capoeira Grande (Nunes, 1992, p.83). A bacia hidrográfica do rio Cabuçu-Piraquê sofre atualmente com a poluição, não apenas com a ocupação de suas margens por populações de baixa renda que são ausentes das políticas de habitação no Rio de Janeiro que acabam forçando a população a residir em locais inadequados. De acordo com CHAUÍ (2008) o Estado surge como realização do interesse geral, mas, o fato é que o contorno pelo qual os interesses da parte mais forte e poderosa da sociedade e recebem aparência de interesses de toda a sociedade. E também pelo despejo de dejetos domésticos no seu baixo curso e, apesar de terem coleta de lixo, alguns moradores jogam seus detritos, no rio e, em períodos de chuva intensa, ocorrem enchentes. 3 3

Imagem 1 - Localização do rio Cabuçu-Piraquê no Estado do Rio de Janeiro. Fonte: Google Earth Esta ocupação em áreas inadequadas acaba por ocorrer devido à falta de políticas públicas de habitação, e nesta região principalmente devido ao intenso crescimento nos últimos anos. O processo mencionado acima pode ser identificado em Campos (1996):... apesar da população local, em sua maioria, ser abastecida de água pela CEDAE (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), ocorre comumente problemas de abastecimento em partes da área, agravando-se no verão. Isto faz com que alguns moradores se utilizem poços para complementar ou até mesmo substituir o fornecimento de água canalizada, apesar de não se ter nenhum conhecimento da qualidade da água subterrânea que é consumida. Entretanto, há grandes chances da água estar contaminada pelos dejetos das fossas sépticas, pois o nível freático se encontra à pequena profundidade (CAMPOS; 1996: p.5). A área de análise está mais especificamente localizada ao sul na região que são responsáveis por fazer a delimitação natural entre o bairro da Pedra de Guaratiba e Guaratiba.. Na comunidade do Piraquê que desde o ano de 1991 até 2000 apresentou um crescimento bastante acelerado, na taxa aproximada de 20%, através de análises visuais, o rio 4 4

possui grandes quantidades de sedimentos finos, compostos pelas frações argila e areia, com baixo grau de transporte. De acordo com Christofoletti (1980) a granulometria dos sedimentos fluviais vai diminuindo em direção de jusante o que representa diminuição na competência do rio, que se caracteriza por ser o maior diâmetro encontrado entre os detritos transportados como carga do leito. (Christofoletti, 1980, p.73). Imagem 2 : localização do baixo curso do rio Cabuçu Piraquê. Fonte: Google Earth O rio Cabuçu-Piraquê é caracterizado com padrão irregular, com o trecho analisado apresentando canal de tipo retilíneo, que fica centrado em planícies de restingas. A drenagem pode ser caracterizada como exorréica, já que a drenagem do rio se dirige para o mar, e com 5 5

padrão dendrítico, que é conhecida como arborescente pela sua semelhança com os galhos de uma árvore. (Cunha, 2007, p.225). Imagem 3 Delta do rio Cabuçu-Piraquê Em análises empíricas preliminares pôde-se constatar que o solo da região analisada possui características que correspondem aos gleissolos, que, segundo Guerra & Botelho (2009) são solos hidromórficos porque ocorrem em áreas deprimidas de várzeas, sendo que o lençol freático quase sempre próximo à superfície possui uma grande quantidade de matéria orgânica com horizontes gleizados (acizentados), são pouco desenvolvidos, rasos, com textura predominantemente argilosa, como podem ser observados na foto abaixo. Imagem 4 -Perfil de solo: Gleissolo. Neste caso, este solo se formou por conta de uma grande disponibilidade de argilas e siltes devido ao tipo de transporte realizado pelo rio, além de estar constantemente alagado, (Imagem 4) o que possibilitou o surgimento de vegetação de manguezal, em processo de devastação, bastante típico nas proximidades nas baixadas da Baía de Sepetiba. Além da 6 6

granulometria dos sedimentos, outro fator fundamental é o aporte de água doce e salgada, já que se trata de uma região de influência da variação de maré. De maneira geral, o baixo curso do rio Cabuçu-Piraquê, segundo NUNES (1992), a jusante do Rio Cabuçu sofre, nos períodos de maré alta, a ação de refluxo na descarga do rio com a intrusão de uma cunha salina por cerca de cinco quilômetros a montante, comprometendo a qualidade e abundância do seu bioma local. Portanto, as evidências indicam sedimentos ora depositados em condições marinhas e de maior isolamento, ora depositando em condições de circulação de água mais aberta e com melhor comunicação com o oceano. (AMADOR, 1980). ANÁLISE AMBIENTAL DO BAIXO CURSO DO RIO CABUÇU-PIRAQUÊ Mota (1997, p.69), considera que a poluição ambiental resulta do lançamento ou liberação, em um ambiente, de matéria ou energia, em quantidade ou intensidade tais que o tornem impróprio às formas de vida que ele normalmente abriga, ou prejudiquem os seus usos. Braga (2002, p.6) conceitua a poluição como uma alteração indesejável nas características físicas, químicas ou biológicas da atmosfera, litosfera ou hidrosfera que cause ou possa causar prejuízo à saúde, à sobrevivência ou às atividades dos seres humanos e outras espécies ou ainda deteriorar materiais. Para o autor, é do resultado do uso dos recursos naturais pela população, que aparece a poluição, pois esta se integra às alterações indesejáveis provocadas pelas atividades e intervenções humanas no ambiente, o que também expressa uma questão legalística vinculado ao controle da poluição. Como conseqüência da densa ocupação, o rio Cabuçu-Piraquê encontra-se muito poluído por lançamentos de dejetos de esgotos de origem doméstica, lançamento de lixo nas margens do rio, aterramento do mangue, a ausência de saneamento básico principalmente dentro da comunidade, como iremos relatar mais abaixo. Este processo tem se agravado à medida que os limites territoriais da urbanização se ampliam e a densidade urbana se intensifica, produzindo um ambiente urbano cada vez mais degradado associado à degradação do ambiente fluvial. 7 7

Imagem 5 - Ocupação do baixo Curso do rio Cabuçu-Piraquê. Fonte: Google Earth Segundo as observações empíricas e através da entrevista com a Associação dos Moradores do rio Cabuçu-Piraquê, o baixo curso desse rio apresenta a situação mais crítica. O rio Cabuçu-Piraquê nasce no morro do Lameirão e quando chega ao seu médio curso, localizado no bairro de Campo Grande, o rio encontra-se canalizado. Sofrendo os impactos geomorfológicos, como mudança do padrão de drenagem, reduzindo o comprimento do canal, com a perda dos meandros, alteração a forma do canal (aprofundamento e alargamento), ocorre à diminuição da rugosidade do leito e aumenta sua gradiente (CUNHA, 2007, p.243). Imagem 6 -Despejo de esgoto doméstico in natura no rio Cabuçu-Piraquê Imagem 7: Rachadura na casa de um morador da região. 8 8

Em seu baixo curso, passando pela Comunidade Cabuçu-Piraquê, a principal fonte é a dos efluentes domésticos não tratados, descartados diretamente no rio. Como o rio Cabuçu-Piraquê deságua na Baía de Sepetiba, a poluição segue junto (imagem 6). Na entrevista na Associação dos Moradores Cabuçu-Piraquê, os moradores mais antigos relataram que a Comunidade era formada pelos pescadores da região e que através da infra-estrutura da Prefeitura com o aterramento do mangue e energia elétrica, a comunidade ocupada por populações de baixa renda ao longo de seu baixo curso cresceu de forma acelerada no meio do esgoto a céu aberto e do no lixo, causando os impactos ambientais no rio. Contudo, os moradores da comunidade Cabuçu-Piraquê que causam os impactos ambientais no rio também sofrem com os impactos ambientais, visto que o lixo e o esgoto atraem animais que podem trazer sérios problemas de saúde, além de em momentos de cheia do rio ocorrem enchentes e os moradores acabam por entrar em contato com a água poluída do rio. Outro impacto é a questão de as casas terem sido construídas em solo inadequado, composto em grande parte por argilas expansivas, logo com o passar do tempo as casas acabam por apresentar rachaduras (imagem 7). Sendo assim, nota-se ser necessário uma conscientização ambiental dos moradores além de políticas públicas voltadas para o saneamento básico. REFLEXÕES PRELIMINARES Por meio da interpretação dos dados levantados da análise, concluiu-se que esta área do rio Cabuçu-Piraquê possui sérios impactos como, ocupação desordenada, poluição hídrica, ocupações nas margens do rio. Por ser um ambiente hídrico inserido em áreas urbanas como o bairro de Guaratiba, Pedra de Guaratiba e Campo Grande no Rio de Janeiro, tornam-se mais susceptível a impactos ambientais devido à crescente urbanização. O conhecimento e a análise dos sistemas naturais compõem a base do planejamento do desenvolvimento que aponta criar melhores condições de bem-estar para a comunidade, enfatizando assim, a necessidade do conhecimento dos aspectos naturais como base fundamental para a introdução de atividades sócio-ambientais, que são implantadas, muitas vezes de forma imprópria, comprometendo o equilíbrio da relação existente entre o homem e o meio ambiente. 9 9

Através da educação ambiental tem-se um meio de conscientização para a sociedade em geral, na importância de usar de maneira sustentável os recursos da natureza, principalmente em áreas de especial conservação e preservação, como é o caso do rio Cabuçu-Piraquê. Se a comunidade e os órgãos competentes do Município tomarem consciência de como é importante cuidar da natureza e, sobretudo do meio onde vivem, então será dado um primeiro passo para a dinâmica ambiental do rio. A necessidade de avaliar as potencialidades e limitações, além da análise dos impactos ambientais da área, se dá pois é um ambiente frágil e, ao mesmo tempo, de grande importância para a sociedade, visto que apresenta um manguezal de extrema importância para a manutenção da vida na baía de Sepetiba e que de acordo com a Resolução nº4 do Conama de 1985 e o Decreto federal nº 750, de 1993, consideram este ecossistema como de preservação permanente.. Dessa forma é importante que a sociedade tome conhecimento de suas limitações para melhor utilizar seus recursos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMADOR, E.S.; Assoreamento da Baía de Guanabara: taxas de sedimentação. Anais da Academia Brasileira de Ciência, v.52, n.4, pp.723 742 1980b. ARAÙJO, Gustavo Henrique de Sousa; ALMEIDA, Josimar Ribeiro de e GUERRA, Antonio José Teixeira. Degradação Ambiental. In: Gestão ambiental de áreas degradadas. ARAÙJO, G.H.S; ALMEIDA, J.R e GUERRA, A.J.T. (organizadores.). 4ªed Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. BRAGA, B.; HESPANHOL, I.; CONEJO, J. G. L. et al. Introdução À Engenharia Ambiental. São Paulo: Prentice Hall, 2002. CAMPOS, J.C.V.; Estudo Hidrogeológico da bacia do rio Cabuçu Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro RJ. RJ: UFRJ, 1996. (Dissertação de mestrado). CHAUÍ, Marilena. A Ideologia da Competência. In: O que é ideologia. 2ª. Ed. São Paulo: Brasiliense, 2008. (Coleção primeiros passos; 13) 10 10

CHRISTOFOLETTI, Antonio. Geomorfologia Fluvial. In: Geomorfologia. São Paulo, Edgard Blucher, 2ª edição, 1980. CUNHA, Sandra Baptista e GUERRA, Antonio José Teixeira Guerra. Degradação Ambiental. In: Geomorfologia e Meio Ambiente. Bertrand Brasil, 1996.. Geomorfologia Fluvial. In: Geomorfologia: Uma atualização de bases e conceitos. Guerra, A.J.T. E Cunha, S.B.(orgs). 7ª edição Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. GUERRA, Antonio José Teixeira e BOTELHO, Rosangela Garrido Machado. Erosão dos Solos. In: Geomorfologia do Brasil. GUERRA, A.J.T e BOTELHO, R.G.M. (organizadores). 5ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. MOTA, S. Introdução à Engenharia Ambiental. Rio de Janeiro: ABES 1997. NUNES, Claúdio C.; Precipitações intensas, hidrologia de superfície e uso do solo na Bacia do rio Cabuçu-Piraquê, RJ. RJ: UERJ, 1992. (monografia para obtenção de título de Bacharel em geografia) TOMMASI, L.R.; Meio ambiente & oceanos; SP: Editora Senac São Paulo, 2008. 11 11