Financiamento dos Sistemas de Seguros de Depósito



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Transcrição:

7 de Novembro de 2006 Financiamento dos Sistemas de Seguros de Depósito Documento para Discussão Elaborado pelo Comitê de Pesquisas e Orientação Associação Internacional de Seguradores de C/O BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS CENTRALBAHNPLATZ 2, CH-4002 BASILÉIA, SUÍÇA TEL: +41 0 61 280 9933 FAX: + 41 61 280 9554 WWW.IADI.ORG

Índice I. Sumário Executivo......... 3 II. Introdução e Objetivo 6 III. Uma Análise Racional para o financiamento de Seguradores de Depósito 7 IV. Métodos de Financiamento do Segurador de 8 V. Fontes de Fundos para o Sistema de Seguro de depósitos... 1 4 VI. Avaliações do Seguro de depósitos......1 9 VII. Determinação do Tamanho Ideal da Reserva do Seguro de depósitos......21 VIII. Gerenciamento dos Fundos de Seguro de depósitos.......2 6 IX. Transparência e Divulgação aplicadas ao Financiamento..... 28 X. Outros Tipos de Acordos de Financiamentos disponíveis aos Seguradores de Depósito.....28 XI. Considerações Finais.........29

Bibliografia.....30 Anexos...34 I. Sumário Executivo A Associação Internacional de Seguradores de (IADI) foi criada em 2002 com a missão de contribuir para o aprimoramento da eficácia do seguro de depósitos, através da promoção da orientação e cooperação internacional. Como parte de seu trabalho, a IADI responsabiliza-se por pesquisar sugestões de orientação sobre as questões de seguro de depósitos. Os acordos de financiamento consistentes são importantes para a eficácia do sistema de seguro de depósitos, para a manutenção da confiança pública nesses fundos, assim como no sistema bancário. Financiamentos inadequados podem causar atrasos dispendiosos na solução de falência bancária, além da perda de credibilidade no sistema de seguro de depósitos. O objetivo deste documento é examinar várias abordagens para o financiamento, utilizados pelos seguradores de depósitos, e fornecer orientação sobre o plano dos mecanismos do financiamento e características relacionadas aos sistemas de seguro de depósitos. A. Definições e Conceitos-Chave Os termos-chave e as definições associadas são aqueles utilizados neste documento para discussão. A base de avaliação é dos depósitos nos quais os prêmios são avaliados. Somente os depósitos podem ser incluídos, mas pode incluir, ainda, todos os tipos de depósitos potencialmente seguráveis ou todos os depósitos. O financiamento contingente é aquela que pode ser exigida caso o segurador não tenha recursos suficientes para cobrir os sinistros do seguro de depósitos. Um sistema ex-ante de financiamento envolve acumulação e manutenção avançada de um recurso para cobrir os sinistros do seguro de depósitos. Os recursos são prêmios cobrados dos membros do sistema de seguro de depósitos. Um sistema de seguro de depósitos explícito é aquele onde a extensão

da cobertura do seguro de depósitos está explícita e publicamente declarada. O sistema ex-post significa que os recursos para cobrir os sinistros são cobrados dos membros somente quando uma instituição falir, havendo, assim, a necessidade de cobrir tais reclamações. Um sistema híbrido combina elementos de financiamento prévio e posterior. Um sistema de seguro de depósitos implícito é aquele onde há um entendimento implícito de que, tanto a indústria quanto o governo cobrirão as perdas do seguro de depósitos, mas uma garantia explícita de assim fazer não está em cogitação. O sistema implícito tem, ainda, a desvantagem de que não existe um entendimento avançado sobre riscos suportados pelos depositantes, instituições ou governo. O risco moral é o incentivo para o aumento da tomada de riscos devido ao seguro. Um prêmio é a quantia que a instituição membro paga para o seguro de depósitos em um certo período de tempo, tal qual um ano. O prêmio que avalia a instituição-membro está relacionado ao risco que este causa ao sistema. Um índice de reserva pretendida do segurador de depósito é o índice do fundo reservado à base de avaliação. B. Escopo e sugestão de orientação Esta seção resume as principais sugestões da IADI, em relação à orientação para o financiamento dos sistemas de segurador de depósito; eles são reflexos de e estão adaptados a diversas circunstâncias. 1. Um sistema de seguro de depósitos (cujo acrônimo em inglês é DIS ) deve ter um pronto acesso aos fundos adequados para assegurar o reembolso imediato dos avisos de sinistro dos depositantes. 2. Os planejadores podem escolher entre as abordagens ex ante, ex-post e mistas (p.ex. híbridas); entretanto, em muitas circunstâncias, é preferível uma abordagem ex ante,

especialmente para sistemas recém-estabelecidos. A desvantagem dos sistemas que dependem principalmente do financiamento ex-post é que eles extrapolam os ciclos financeiros. As instituições-membro podem ser convocadas para realizar pagamentos importantes para o sistema quando estiverem aptos a fazê-los, pelo menos. 3. O custo de um DIS deve ser suportado pelos bancos-membro, uma vez que estes e seus clientes são os beneficiários diretos do DIS. Entretanto, o impacto dos níveis de prêmios sobre a situação financeira da indústria bancária deve ser levado em consideração. 4. Na avaliação dos prêmios, a base de avaliação e o critério utilizado devem estar claros para todos os participantes. Enquanto é possível levar em consideração, em relação à estrutura do prêmio, os perfis de risco individual dos bancos, reconhecer-se-ia que, procedendo desta forma, pode acrescentar consideráveis complexidades administrativas. Já que os sistemas de risco ajustado exigem consideráveis recursos, é aconselhável tão-somente introduzi-lo quando houver certeza de que possa ser sustentado. 5. É importante que os planejadores levem em consideração o impacto da implantação e operação do fundo de seguro de depósitos sobre a base de capital e capacidade de concessão dos bancos-membro. 6. Um fundo de reserva de seguro de depósitos pode ser criado e mantido em, pelo menos, duas formas. A primeira abordagem é empregar um índice de prêmio estável sobre um extenso período. De outra forma, os sistemas de prêmio podem ser projetados para manter um índice ou variação de reserva pretendida; o índice de reserva pretendida deve ser suficiente para cobrir as possíveis perdas do segurado, em circunstâncias normais. 7. Diversos fatores precisam ser levados em consideração para a abordagem do índice de reserva pretendida, incluindo as características do setor bancário, tais como, quantidade e tamanho dos bancos, responsabilidades dos bancos-membro e exposição do segurador aos riscos destas, probabilidade de falhas e características de perdas tipicamente sofridas pelo segurador. Os seguradores de depósito podem estar expostos a

desenvolvimentos inesperados, que podem ter um ônus sobre a adequação do financiamento. 8. É possível que a abordagem de reserva pretendida gere mais fundos que as exigências do DIS. Em tais casos, é aconselhável ter um mecanismo em mãos para solucionar tal situação. Um mecanismo de reembolso para fundos de lucros acumulados deve levar em consideração fatores, tais como, a base de avaliação de cada banco, contribuições anteriores ao fundo e perfis de risco das instituições-membro. 9. Caso haja mais de um tipo de instituição financeira que aceite depósitos, é possível ter um fundo geral para todas as instituições, ou um fundo separado para cada categoria. No último caso, é necessário assegurar-se de que o sistema não introduza distorções competitivas. 10. O segurador de depósito pode se assegurar de que seus fundos são bem-administrados, e encontram-se prontamente disponíveis para cobrir perdas que eventualmente surjam. Isto pode ser efetuado através da implementação de políticas e procedimentos de investimentos adequados, instituição sólida de controles internos, práticas de riscos mitigados, sistemas de informação e relatórios. 11. A responsabilidade na prestação de contas e a integridade de um DIS podem ser adquiridas através da certificação de que o sistema é transparente e a informação sobre seus recursos é divulgada de forma periódica, consistente e precisa. Apesar disso, os planejadores precisam determinar o equilíbrio adequado entre o desejo de promover a responsabilidade na prestação de contas e um gerenciamento consistente, através da divulgação e da necessidade de assegurar a confiança e a estabilidade do sistema financeiro. 12. O segurador de depósito pode não ter recursos suficientes para solucionar tais situações. Os meios de obtenção de recursos complementares devem ser levados em consideração. II. Introdução e objetivo O objetivo deste documento é fornecer conselhos úteis sobre a projeção de acordos de financiamento para os sistemas de seguro de

depósitos. Descreve a experiência dos membros 1 da IADI, associados e observadores, assim como conselhos a partir da literatura especializada existente. Os objetivos do seguro de depósitos são manter a confiança pública no sistema bancário e fornecer proteção aos titulares de depósito, especialmente os menores depositantes. É um componente integral de uma rede financeira geral segura, cujo objetivo é manter a integridade do sistema financeiro. Para ter credibilidade, um sistema de seguro de depósitos (DIS) deve estar na posição de agir com eficiência e rapidez caso um banco não consiga agir. Entre outras coisas, isto exige que um DIS possua um mecanismo de financiamento seguro, para que possa reembolsar imediatamente os depositantes. Uma abordagem é estabelecer um fundo para administrar prováveis falências; isto se refere a financiamento ex ante. Em relação a financiamento ex-post, o sistema é projetado para que o segurador não eleve os fundos até que seja exigido. (p.ex., caso um banco entre em falência), mas tenha mecanismos prontos para assim agir. Também é possível ter sistemas híbridos, combinando elementos das abordagens anteriores. Este documento se concentra, primeiramente, nos méritos relativos às diversas abordagens de financiamento; entretanto, também menciona diversas questões, incluindo opções para: fontes de financiamento, cálculo das metas de reservas, administração de fundos, base de avaliação e cálculo dos prêmios. III. Uma Análise Racional para o financiamento do Seguro de depósitos Os principais objetivos da política pública de um sistema de seguro de depósitos são contribuir para a estabilidade financeira, através da proteção do sistema financeiro contra a insolvência do banco, e assegurar a segurança e liquidez dos depósitos dos menores depositantes. Alguns seguradores de depósito possuem uma maior autorização, que inclui a responsabilidade para solucionar as instituições financeiras que estão insolventes, em tempo hábil e de maneira menos dispendiosa. 2 1 Os membros do Sub-Comitê da IADI para o Desenvolvimento de Orientações para os Sistemas de Financiamento do Seguro de depósitos são: Coréia (presidência), Canadá, México, Tailândia, Rússia, Filipinas e Turquia. 2 A insolvência ocorre quando muitos depositantes, duvidando da capacidade do banco em honrar suas dívidas, tentam sacar seus investimentos. Para atender às exigências dos depositantes, o banco deve alienar seus bens ativos da maneira mais

Com o objetivo de cumprir seu mandato eficientemente, é necessário que o segurador de depósito possua tanto recursos financeiros adequados em mãos quanto um mecanismo de financiamento, segundo os quais possam ser prontamente obtidos. Os recursos financeiros são necessários para: cobrir a reembolso dos depositantes, caso uma instituição esteja insolvente, cobrir despesas subsidiárias referentes ao reembolso dos depositantes, e solucionar a instituição insolvente, caso o segurado tenha responsabilidade para tal. Os acordos inapropriados de financiamento podem tornar vulnerável o sistema financeiro dos bancos, atrasar a extinção dos bancos insolventes e ocasionar aumentos significantes nos custos sociais (referência bibliográfica FSF Working Group, 2001 ). Deve-se lembrar, ainda, que um DIS não pode salvaguardar por si só o sistema bancário, outros componentes também são necessários, como um poderoso programa de supervisão e a concessão dos últimos recursos. O tipo de financiamento utilizado possui uma importante influência sobre o projeto geral do sistema de seguro de depósitos. Os mecanismos determinarão muitas características do DIS, sejam os fundos ex ante, ex post ou a combinação destes. A fonte do financiamento também é relevante para a projeção do sistema, seja a partir de instituições seguradas ou do setor público. Ao mesmo tempo, diversos elementos, tais como: autorizações, sistema de avaliação, políticas de investimentos e partilha de prejuízos, podem ter implicações nos acordos de financiamento. IV. Métodos de Financiamento do Seguro de A. Financiamento ex ante O financiamento ex ante exige a acumulação e manutenção de um fundo para cobrir os sinistros de seguro de depósitos e as despesas referentes, antes da ocorrência da insolvência. É estabelecida por seus rápida possível para salvar as perdas com o risco da insolvência. O seguro de depósitos pode evitar que o banco se torne insolvente através do fornecimento de garantia aos depositantes de que seus investimentos estão protegidos. O seguro de depósitos pode, ainda, mitigar o risco de contágio, quando a insolvência se torna generalizada e ameaça as instituições financeiras. Quando uma instituição financeira está insolvente, o segurador de depósito reembolsa os depositantes, seja através da transferência contratos de depósitos para uma instituição financeira mais sólida, ou efetuando o pagamento direto aos depositantes. É essencial que isto seja feito de maneira diligente. Um segurador de depósito pode ter o poder de solucionar uma instituição insolvente através do fornecimento de assistência financeira, ou fechamento e liquidação e reembolso dos depositantes.

membros através de contribuições, prêmios de seguro e outros meios. Um sistema ex ante é mais baseado em normas e oferece uma certeza maior os fundos são programados para estarem prontos antes do necessário. O conhecimento de que os fundos foram elevados antecipadamente, e de que o fundo é bem-administrado, pode tranqüilizar os depositantes de que os seus depósitos estão cobertos. Isto minimiza o risco de saques repentinos e agravamento destes em bancos insolventes. O fundo de garantia em um sistema ex ante está financiado através do pagamento de prêmios ao segurador de depósito. A tributação e arrecadação dos prêmios ex ante exige o estabelecimento de regras, a coleta de dados, outras informações, entre outros. Um financiamento de seguros no sistema ex ante também possui a vantagem de ser mais justo que o sistema ex post, pois todos os seus membros, incluindo aqueles insolventes, auxiliam no apoio ao sistema financeiro através de pagamentos ao fundo. O financiamento ex ante evita situações em que instituições financeiras gerenciadas de maneira prudente subsidiem aquelas não tão bem administradas, através do DIS. Como forma de contraste, em um sistema ex post puro, no caso de insolvência, o segurador de depósito precisaria angariar prêmios das instituições sobreviventes e lhes impor cobranças. Um sistema de financiamento ex ante alastra, com o tempo, o custo das perdas de seguro, uma vez que os prêmios são arrecadados levando em consideração as perdas esperadas em longo prazo. Além disso, possui uma característica anti-cíclica e divisora para o setor; os fundos continuam acumulando prêmios durante circunstâncias econômicas mais fortes, quando a perda pode ser baixa, com uma barreira contra futuras necessidades, quando as circunstâncias econômicas possam ser menos favoráveis e as perdas, maiores. Assim, evita outro enfraquecimento do setor bancário em geral, ao tempo da insolvência, devido às instituições remanescentes não serem acionadas para validarem os depósitos de uma instituição insolvente, que é a característica de um sistema ex post puro. Este último tem uma desvantagem marcante os membros são acionados para fornecer capital, em um período inadequado, quando seus demonstrativos financeiros podem estar mais frágeis do que o normal. A partir da perspectiva de uma instituição-membro, comparado com o sistema ex post, o sistema ex ante pode parecer, à primeira vista, mais dispendioso, já que envolve uma despesa inicial explícita, em oposição a uma despesa improvável, e pode limitar a capacidade da

instituição cobrir suas próprias perdas. Além disso, existe um custo inoportuno ao banco que efetua o pagamento do prêmio e à economia em geral, no sentido de que se deve levar em consideração como os recursos, representados pelos prêmios de seguro, poderiam ter sido empregados. Alguns observadores sustentam que a desvantagem de um sistema ex ante está no aumento do risco moral 3, como em qualquer sistema de seguro; por assim dizer, cria um incentivo para que as instituiçõesmembro assumam mais risco do que, de outra forma fariam. Não está claro, entretanto, que o risco moral seja maior sobre um sistema ex ante. O risco moral pode ser contido e reduzido por meio de supervisão bancária, onde, ao ativar o prêmio de seguro, uma instituição efetue o pagamento de acordo com seu perfil de risco, uma boa governança corporativa e pressão do mercado, através de credores não-. Um sistema ex ante pode reduzir o incentivo para as instituições monitorarem as instituições que assumam risco, caso não relacionem estes aos seus possíveis custos de seguro. A incorporação de alguns elementos de um sistema ex post, tais como avaliações especiais quando o fundo de seguro de depósitos cai abaixo de um certo patamar, como conseqüência dos pagamentos de depósito tornarem este relacionamento mais explícito, além de aumentar a pressão que surge. O público deveria ser encorajado a se focar nos benefícios e limitações de um DIS. B. Financiamento Ex Post Em um sistema ex post, os fundos somente são obtidos quando uma instituição seja insolvente; neste momento, as instituições-membro contribuem e são avaliadas; não há contribuições antecipadas. Os sistemas ex post quase não têm responsabilidades explícitas, em relação à partilha de custos para reembolsar depositantes. Um sistema ex post é um pouco injusto porque uma instituição insolvente não terá contribuído para o custo do reembolso de seus depositantes; custo este suportado pelas instituições sobreviventes. Um sistema ex post é menos oneroso durante o período em que há poucas ou nenhuma falência porque os prêmios não estão sendo continuamente arrecadados. Os defensores do financiamento ex post argumentam que, em longo prazo, esta abordagem é menos 3 A expressão risco moral se refere à situação onde um órgão segurado assume, intencionalmente, os riscos adicionais, em razão de estar segurado. O seguro pode criar uma divergência entre o custo público e privado de se assumir riscos, e cria um incentivo a assumir riscos suplementar.

dispendiosa que o financiamento ex ante, já que evita os custos administrativos associados com a arrecadação de prêmios em andamento e a administração do portfolio de um fundo. Estes sistemas exigem uma eficiente supervisão bancária, e operam de forma mais eficaz em um ambiente relativamente estável, com poucas falências. Alguns países europeus, que não passaram por crises financeiras nas décadas de 80 e 90, tais como, Áustria, Holanda, Suíça e Reino Unido, operam em sistemas ex post, e não mantêm o fundo para compensar as falências bancárias. 4 Enquanto os custos iniciais aos membros de um sistema ex post são baixos, em relação ao sistema ex ante, os custos gerais para economia podem ser maiores. O financiamento inadequado pode ocasionar atrasos na extinção das instituições insolventes e significar aumentos dos custos gerais, em termos de interrupção do sistema financeiro, conforme demonstrado pelas experiências de diversos países. 5 Sem um fundo de garantia, o nível de risco das instituições-membro aumenta, já que eles foram acionados para efetuar contribuições relativamente altas, dentro de um curto período de tempo, para reembolsar os depositantes de uma instituição insolvente. Em alguns casos, a competitividade da indústria financeira de um país pode estar comprometida. Caso ocorra uma falência durante um declínio econômico, os membros sobreviventes podem realizar grandes contribuições em um período inoportuno, quando sua própria situação financeira estiver sob pressão. Esta característica pro-cíclica dos sistemas ex post podem aumentar a volatilidade do sistema financeiro, além de causar um risco sistemático maior que o necessário. Os sistemas ex post acarretam muitos riscos financeiros para o governo. Isto porque quando uma falência ocorre, pode permanecer sobre pressão durante vários trimestres, incluindo de bancos sobreviventes, até o fornecimento de assistência financeira. Esta pressão poderia ser mais intensa no período de economia fraca, 4 O Estudo dos Sistemas de garantia de depósito em instituições de crédito na Europa, elaborado pela Comissão européia de 2002, identificou 9 países europeus que utilizam o sistema ex ante, sendo 3 com o sistema ex post e 6 como o sistema híbrido. O estudo examinou os 15 países da União Européia, incluindo o Principado de Liechtenstein, Islândia e Noruega. Outros países que utilizam o sistema ex post são Chile e Israel. 5 A experiência nos Estados Unidos em solucionarem as crises de investimento e empréstimo, durante os anos 80 e início dos anos 90 figuram são um exemplo (Fórum para Estabilidade Financeira, 2001).

quando as finanças do governo são menos robustas. Os bancos sobreviventes podem argumentar que não causaram a falência, e que a realização de diversos pagamentos, sob tais circunstâncias, pode prejudicar, de maneira desnecessária, a sua posição, assim como o sistema financeiro num todo. A cobertura das obrigações de seguro de depósitos dos bancos pode ocasionar uma retirada mais geral. O reembolso imediato dos depositantes pode ser difícil sobre o sistema ex post, já que os sistemas, procedimentos e pessoal capacitado podem não estar prontos para arrecadar e distribuir os fundos exigidos. Um comprometimento, por parte das autoridades, para arrecadar os fundos dos bancos sobreviventes, seguido da falência, pode resultar na falta de credibilidade especialmente durante os períodos de necessidade financeira. Levando em consideração tais afirmações, sugere-se que um sistema ex ante pode ser mais eficiente na prevenção das falências financeiras. C. Financiamento Híbrido O financiamento híbrido combina as características das captações ex ante e ex post. Incorpora-se um fundo ex ante, financiado por prêmios e contribuições, além de incluir um mecanismo para obtenção de fundos ex post das instituições-membro, através de prêmios especiais, taxações ou empréstimos, caso necessitem. Os sistemas híbridos são relativamente comuns. Um fundo de depósito ex ante pode ser estabelecido com o segurador que detém os poderes para compensar qualquer déficit do fundo. 6 Com um fundo ex ante, diante de muitas circunstâncias adversas, tais como falência ou crise sistemática, as perdas podem exceder os fundos de reserva, e um aumento temporário nos prêmios ou acesso as linhas de crédito do governo podem ser apropriadas. Assim, na prática, a melhor escolha pode não estar entre o financiamento de fundo ex ante e ex post puros, mas na proporção relativa da confiança que o sistema de seguro de depósitos tem em ambos. 6 Um exemplo desta abordagem é a Corporação de Garantia para Seguros de do Canadá.

D. Permutas associadas às abordagens de financiamento O fundo ex ante possui diversas vantagens. Em primeiro lugar, garante a fusão de fundos prontamente disponíveis, que permite o rápido reembolso aos depositários. Em segundo lugar, é mais justo arrecadar prêmios antes de uma possível falência, já que todos os membros, incluindo as instituições falidas, ajudariam na cobertura dos custos do sistema. Além disso, o fundo ex ante evita o efeito pro-cíclico do fundo ex post. E, finalmente, a existência de um fundo que possa reembolsar os depositários reforça a confiança pública nos sistemas de seguro de depósitos e bancários. Em comparação, o financiamento ex ante aparenta ser o melhor mecanismo para a conquista dos objetivos de um sistema de seguro de depósitos. Avaliação Relativa do financiamento ex ante versus Avaliações ex post 7 Financiamento ex ante VI. Eficácia Liquidez do Segurador de Depósito - Solvência do Segurador de Depósito - Transparência e Partilha de Informações - Condutiva para supervisão, permitida para controle e medida de - risco Ajuste do risco seccional cruzado dos prêmios para lealdade e - incentivos corretos Regularização dos prêmios através do tempo para uma estabilização - aprimorada Capacidade para financiamento de suporte do governo (conforme a maioria dos sistemas é publicamente - administrado) Confiança dos depositários - Eficiência Custos operacionais - Questões referentes à Avaliações ex post 7 Roy, Jean. 2000. Uma Análise Preliminar das Questões de Seguro de depósitos (Ottawa: página da IADI na Internet, www.iadi.org páginas 7-8).

administração dos fundos - Otimização do nível quantidade pretendido - Otimização da qualidade-riscoretorno : vantagem relativa, -: desvantagem relativa - - Enquanto há países com sistemas ex post, sem realizar alteração para sistemas ex ante, os sistemas recém-criados adotaram o financiamento ex ante. De fato, mais de 80% por cento dos sistemas de seguro de depósitos mundiais envolvem um financiamento ex ante (os sistemas africano e asiático são universalmente ex ante, enquanto Eslovênia e território de Gibraltar adotaram os sistemas ex post). A recente ênfase no financiamento ex ante é um exemplo de convergência internacional das melhores práticas para as redes de segurança financeira. Até 2003, em um total de oitenta e oito que detinham os sistemas de seguro de depósitos, somente catorze possuíam um sistema explícito não financiado (ex post) 8. Além das considerações já mencionadas, ao determinar o mecanismo de financiamento mais apropriado para um determinado país, seus planejadores devem levar em consideração os diversos aspectos de seu sistema econômico e financeiro. As características de um sistema de seguro de depósitos apropriado são influenciadas por seus objetivos políticos públicos, estado geral da economia, perfis dos depositários, diferentes aspectos do setor financeiro, entre outros fatores. Os objetivos dos participantes das redes de segurança financeira são relevantes e diferem de um país para o outro. Por exemplo, o sistema ex post pode ser suficiente no caso da proteção de pequenos depositários contra a falência de um banco em particular, em invés da manutenção e estabilidade de um sistema financeiro. Caso o sistema financeiro seja forte e haja um histórico longo de supervisão bancária eficaz, o fundo ex ante pode não ser necessário. Existem provas de que altos níveis de cobertura de depósito, combinados com um sistema não financiado, podem enfraquecer a disciplina do mercado e 8 Demirgũç-Kunt, Asli, Edward J. Kane e Luc Kaeven.2006. Determinantes da Adoção e Projeção do Seguro de depósitos, Documento de Pesquisa Política No. 3849 (Washington DC: Banco Mundial). Os sistemas não financiados estão localizados principalmente na Europa. Países com sistemas não financiados incluem: Áustria, Bahrain, Chile, Gibraltar, Ilha de Man, Itália (neste último, os bancos pagam contribuições anuais para as despesas de operação do segurador), Liechtenstein, Luxemburgo, Holanda, Eslovênia, Suíça, Tailândia, e Reino Unido.

encorajar uma tomada de risco indevida. 9 Além disso, um sistema de projeção fraco pode causar um impacto negativo no desenvolvimento financeiro de um país. 10 Recentes Constatações dos Sistemas de Seguro de depósitos Ano Adotado Países que estabeleceram um Sistema explícito 2006 Hong Kong, Singapura 2005 Indonésia, Malásia 2003 Malta, Paraguai, Rússia, Zimbábue 2002 Albânia 2001 Nicarágua, Sérvia e Montenegro, Eslovênia 2000 Chipre, Jordânia, Vietnã 1999 Bahamas, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Cazaquistão, México (Camarões, República da África Central, República do Chade, Guiné Equatorial, República Gabonesa, República do Congo: legislação do seguro de depósitos retificada por dois dos seis países da Comunidade Econômica e Monetária da África Central acrônimo do inglês CEMAC ). 1998 Bósnia-Herzegovina, Estônia, Gibraltar, Jamaica, Letônia, Ucrânia 1997 Argélia, Croácia 1996 Bielorrússia, Coréia, Lituânia, Macedônia, Romênia, República Eslovaca, Suécia 1995 Brasil, Bulgária, Omã, Polônia Fonte: Demirguc-Kunt, Kane e Laeven. (2006) e IADI (2006). V. Fontes de para o sistema de seguro de depósitos As fontes dos fundos para o sistema de seguro de depósitos, 9 Demirgüç-Kunt, Asli e Harry Huizinga. 2000. Projeção da Disciplina de Mercado e Rede de Segurança Financeira, Documento de Pesquisa Política No. 21(Washington DC: Banco Mundial). 10 Cull, Robert, Lemma W. Senbet e Marco Sorge. 2000. Seguro de depósitos e Desenvolvimento Financeiro, Documento de Pesquisa Política No. 2682 (Washington DC: Banco Mundial).

principalmente para a cobertura das restituições do depositante, custos de extinção e despesas monetárias, surgiram do setor público, privado ou de ambos. Muitos países operam um sistema que conta com um amplo financiamento. A. Fontes Privadas As instituições-membro deveriam ser a principal fonte do financiamento. Geralmente, as instituições pagam prêmios obrigatórios, como uma das condições de ingresso ao quadro de membros. Os valores dos prêmios são determinados tanto com relação à base do depósito segurado quanto ao total da base do depósito. Os planejadores, em países que utilizam depósitos como base para determinação de prêmios, geralmente têm a visão de que as instituições com um percentual mais elevado de depósitos se beneficiam mais. Por outro lado, alguns questionam que a utilização dos depósitos totais possui a vantagem de facilitar a operação, além de prevenir mudanças especulativas, pelos bancos, entre depósitos e não. Para nivelar fundo, seguido de uma falência, talvez seja necessário introduzir prêmios especiais ou taxações. B. Fontes Públicas Além de prêmios arrecadados dos membros, muitos sistemas de seguros de depósito possuem instrumentos implantados para ter acesso ao fundo do setor público, caso sejam necessários; o que pode levar a forma de contribuições iniciais, quando o sistema é estabelecido, empréstimo bancário ou do governo, para cobrir circunstâncias especiais, e doações para cobrir perdas. Diversos países se apoiaram em fundos do governo, para a injeção inicial de capital, a fim de implantar o sistema; o que foi o caso, por exemplo, dos Estados Unidos, Rússia, Chile, entre outros. Já que a promoção da estabilidade do sistema financeiro e a operação da rede de segurança financeira são importantes objetivos do governo, que beneficiam o país como um todo, argumenta-se que é apropriado que setor público conceda ao sistema algum suporte financeiro, através do fornecimento de capital inicial para estabelecer um fundo e/ou financiamento financeiro nas situações de crise. O governo pode fornecer sistemas de financiamento contingentes, até mesmo para sistemas financiados ex ante. Alguns seguradores de depósito possuem uma linha de crédito do banco central, ou diretamente com o governo. Em alguns casos, o governo pode ter um papel indireto,

através da garantia de empréstimo ao setor privado, por meio do segurador de depósito. Em linhas gerais, é menos dispendioso para o segurador obter fundos do setor público do que do setor privado, uma vez que aquele pode arrecadar fundos, a baixo custo, de acordo com sua classificação de crédito. Além disso, durante situações de crise, pode ser mais difícil arrecadar fundos diretamente do setor privado. O financiamento suplementar do setor privado, ou empréstimos com as garantias do governo, devem ser reembolsados na íntegra, periodicamente, conforme o fundo se restabeleça. Caso necessário, serão introduzidas taxações especiais sobre os membros, à medida que o sistema financeiro se fortaleça. Os procedimentos de acesso às fontes de fundos do setor público, caso estes sejam exigidos, precisam ser considerados no momento em que o sistema de seguro de depósitos é indicado. O sistema não pode ser indicado de tal forma que o recurso esperado, para apoio público, seja freqüente, já que isto pode diminuir a confiança pública no sistema e encorajar a tomada de risco indevida, através das instituiçõesmembro. Resumindo, os sistemas de seguro de depósitos podem ser financiados de diversas formas. Muitos são financiados ex ante, e envolvem uma mistura de capital público e privado. Características do projeto de sistemas de seguro de depósitos explícitos Número de países com cada característica em uma determinada categoria (a partir de 2003) De acordo com o nível da receita de renda per capita Renda alta Renda média alta Renda média baixa Renda baixa Total da proporção em moeda estrangeira 22 12 23 4 61 entre bancos cobertos 2 1 8 3 14 Co-seguro pré-existente 8 7 6 0 21 Pagamento por depositante 23 15 21 7 66 Esquema permanente 19 15 28 7 69 Prêmios ajustáveis por risco 6 3 11 0 20 Quadro de membros compulsório 28 16 23 7 74 Fonte dos fundos

Privada 15 1 11 1 28 Conjunta 15 13 15 6 49 Pública 0 1 0 0 1 Administração Oficial 14 10 19 6 49 Conjunta 9 5 7 1 22 Privada 7 1 1 1 10 Fontes: Demirgüç-Kunt, Karacaovali and Laeven (2005) Características do projeto de sistemas de seguro de depósitos explícitos Número de países com cada característica em uma determinada categoria (a partir de 2003, em porcentagem) De acordo com o nível da receita de renda per capita Renda alta Renda média alta Renda média baixa Renda baixa Total da proporção em moeda estrangeira 73 80 82 57 76 entre bancos cobertos 7 7 29 43 18 Co-seguro pré-existente 27 44 21 0 25 Pagamento por depositante 77 94 72 78 79 Esquema permanente 63 94 97 100 84 Prêmios ajustáveis por risco 20 19 39 0 25 Quadro de membros compulsório 93 100 82 100 91 Fonte dos fundos Privada 50 7 42 14 36 Conjunta 50 87 58 86 63 Pública 0 7 0 0 1 Administração Oficial 47 63 70 75 60 Conjunta 30 31 26 13 27 Privada 23 6 4 13 12 Fonte: Demirgüç-Kunt, Karacaovali and Laeven (2005) VI. Opções para financiamento inicial do sistema de seguro de depósitos Para operar um sistema de seguro de depósitos, é necessário algum capital inicial. A fonte para implementação deste sistema depende em parte de quem o introduz e quais seus objetivos. Normalmente, o governo injeta seguros de depósito em conjunto com objetivos de política pública para promover a estabilidade financeira do setor (gerando, por conseqüência, um equilíbrio maior na economia), além

de proteger os ativos dos pequenos depositantes. Sob tais circunstâncias, é mais provável que o segurador do depósito seja uma instituição pública ou agência. Deste modo, o fundo de capital será fornecido pelo governo. O financiamento inicial para estabelecer um DIS geralmente é fornecido pelo governo ou por uma agência pública; porém, outras fontes, como associações bancárias, podem fazer o mesmo. No caso da Corporação de Seguro de Deposito Federal (FDIC) e a Corporação de Seguros de Depósito do Canadá (CDIC), o financiamento inicial foi pago enquanto o segurador estava em condições de fazê-lo. O FDIC não possui capital social porque todo o montante foi pago. Quanto ao CDIC, governo recebeu o pagamento do empréstimo do financiamento de capital dez anos depois da celebração do contrato em 1967. Em alguns países, os financiamentos iniciais foram obtidos através de organizações internacionais, como o FMI ou o Banco Mundial. 11 VI. Como ter acesso ao financiamento contingencial Um sistema de seguro de depósitos, por si mesmo, não será capaz de sustentar uma crise grande financeira. Até mesmo se uma crise não sistemática ocorrer, o DIS pode não possuir fundos necessários para honrar seus compromissos. A lacuna existente entre os recursos e as obrigações financeiras pode ser coberta, fornecendo ao segurador acesso ao financiamento contingencial ou subsidiário oferecido pelo governo e pelo mercado. O financiamento subsidiário pode permitir o reembolso dos depósitos de seguro e ser pago através de contribuições especiais de instituições sobreviventes. Se um mecanismo de financiamento contingencial for bem administrado, será importante que as regras de uso sejam definidas com clareza, para que os fundos públicos não sejam sobrecarregados ou usados de forma inapropriada. O financiamento contingencial pode ser improvisado no momento em que for necessário ou previamente planejado. Possuir um mecanismo adequado é mais vantajoso que contar apenas com o fundo improvisado. Os termos e condições do financiamento podem ser planejados com maior cuidado. O acesso a fundos pode ser pago antecipadamente e a existência de um recurso financeiro pode aumentar a segurança do sistema. Isso pode facilitar o fechamento e a extinção de bancos falidos em uma base oportuna, além de ajudar a canalizar os custos associados com a falência. No caso de um sistema 11 O número de países oferecendo garantias de depósito explícitas eram 20 em 1980, passando a 95 em junho de 2006. Visite o site da IADI: www.iadi.org.

novo, que não acumulou recursos suficientes, uma reserva pode ser crucial. Há um grande número de fontes em potencial para obtenção de fundo de contingência como, por exemplo, o setor privado (por meio de financiamentos ou títulos de dívida, com ou sem garantias do governo), tesouro nacional, banco central ou outra agência governamental. O tesouro nacional ou banco central são as fontes mais comuns para adquirir os fundos. As organizações internacionais como o FMI e o Banco Mundial, também podem ser utilizados em alguns casos. Se o governo não for capaz de mobilizar recursos financeiros com a rapidez desejada, devido aos aspectos legais ou outros impedimentos, pode ser necessário que o empréstimo seja feito com o banco central ou uma organização internacional; porém, nesses casos, uma garantia fornecida pelo governo é necessária. No futuro, poderá ser possível realizar empréstimos com o banco central em vez de realizá-los com o governo ou através da emissão de títulos com garantidos pelo governo. Em casos isolados, o seguro de depósitos pode ser feito com empresas privadas para obter uma ou várias linhas de crédito com bancos sólidos. A emissão de títulos ou a compra de obrigações com opção de venda são opções para quitar as obrigações ou debêntures, podendo ser utilizados, se necessário. Apesar de ser mais comum uma agência do governo efetuar o seguro de depósitos, uma garantia dada pelo governo pode baixar os custos dos empréstimos para o setor privado; já que a taxa de crédito da instituição financeira utilizada pode aumentar. Em alguns casos, a falta de uma garantia do governo pode obstruir o acesso ao crédito do setor privado. As soluções de financiamento subsidiário também podem ser fornecidas pelo setor privado, sendo a Alemanha um exemplo de caso. Antes da introdução da diretiva da UE em 1994, quando foi exigido que os países membro possuíssem sistema de depósito compulsório, a Alemanha possuía um sistema voluntário baseado no setor bancário, que não envolvia supervisão governamental ou o acesso ao seu financiamento subsidiário. Em situações não críticas, o seguro de depósitos pode obter acesso ao financiamento subsidiário dos mercados financeiros. Alguns investidores podem desejar emprestar mais dinheiro ao segurador do depósito ou comprar títulos de dívidas contraídos por ele. Em situações mais graves, grandes bancos internacionais podem fornecer fundos se