CINEMATECA BRASILEIRA SECRETARIA DO AUDIOVISUAL / MINISTÉRIO DA CULTURA ROLOS DE NITRATO PERDIDOS NO INCÊNDIO Introdução



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Transcrição:

CINEMATECA BRASILEIRA SECRETARIA DO AUDIOVISUAL / MINISTÉRIO DA CULTURA ROLOS DE NITRATO PERDIDOS NO INCÊNDIO Introdução Na madrugada do dia 03 de fevereiro de 2016, ocorreu um incêndio que atingiu um dos quatro depósitos (Câmara 03) de armazenamento de filmes em suporte de nitrato de celulose. No total, 1.003 rolos de filmes foram queimados. Todas as análises feitas indicam que o incêndio se deu em função da autocombustão de algum rolo presente na referida Câmara, tendo se alastrado rapidamente para os demais rolos. Como se sabe, uma vez iniciada a combustão em um rolo de filme com base de nitrato de celulose, ela não pode ser extinta com a utilização de água, pó químico ou semelhante, já que o próprio processo de combustão do nitrato de celulose gera oxigênio suficiente para manter o processo até a destruição total do objeto. A deterioração, inerente a todos os materiais fílmicos, aumenta o risco de queima dos filmes feitos com base em nitrato de celulose. A preservação de filmes na Cinemateca Brasileira tem como principais características de ações a análise do estado de conservação dos materiais do acervo, a duplicação e a restauração, e também a guarda em depósitos adequados, respeitando cada tipo de material e seu estado físico. Devido ao período de crise vivido pela instituição desde o início de janeiro de 2013, entre meados de 2013 e o ano de 2014, deu-se a interrupção total das análises desses materiais, com a sua retomada parcial em janeiro de 2015. Essas análises são fundamentais, não só para detectar a urgência em ações de duplicação, mas, sobretudo, para garantir que não haja acúmulo de gases naturais desse suporte, e que podem potencializar o risco de autocombustão. Conteúdos presentes na Câmara 3 O conjunto de materiais presente na câmara incendiada era constituído de filmes nacionais, relativos a cinejornais (98,1%), curtas-metragem (1,7%), teste de atores de longa-metragem (0,1%), e um registro publicitário (0,1%), que registram diferentes aspectos da sociedade brasileira nas décadas de 1930 a 1950. 1

Dentre as características técnicas, condizentes com o período do uso do nitrato de celulose como suporte fílmico, os rolos eram na sua totalidade 35mm e em preto e branco. Para quantificação e qualificação dos materiais, foram usadas as seguintes categorias: Título Os títulos são determinados pelas informações identificadas no momento do recebimento e incorporação do material e, posteriormente, confirmados e aprofundados nas etapas de processamento e catalogação de conteúdo. No ato de incorporação, os títulos de filmes são qualificados nas categorias: Título confirmado (que aparece nos letreiros do filme ou lido pelo texto de locução); Título não confirmado (estabelecido sem acesso ao filme, a partir de fontes secundárias); Título atribuído (estabelecido a partir de anotações ou dados nas pontas da película); título não identificado (quando da impossibilidade de visionamento imediato do conteúdo do material e sem qualquer informação secundária adicional). Rolos Unidade básica a partir da qual são aferidas outras informações, como metragem, duração, grau técnico, bitola, título, completude, entre outros. Metragem Aferida na medição em metros de cada rolo de filme. incêndio: A partir desses indicadores, segue a totalidade dos materiais perdidos no Materiais perdidos Títulos 731 Rolos 1.003 Metragem 181.335 2

Detalhamento Cinejornais Característicos pela justaposição de segmentos de notícias e certa padronização na duração (entre 05 e 10min) e no formato (com sequências iniciais e finais, além de títulos de segmento para subdivisões internas), os cinejornais representaram quase a metade das realizações em nossa filmografia até meados dos anos de 1980. Pode-se dizer que o pouco material remanescente se deve à própria fugacidade do seu papel no espetáculo cinematográfico, quando muitos materiais originais foram desfeitos para reuso em edições retrospectivas ou comemorativas; à exploração comercial em ressignificações que sequer lhes deram os créditos, gerando fragmentos de imagens e sons de difícil identificação posterior; e às ações de cunho pouco preservacionista por parte de seus realizadores, traduzidas em inapropriadas condições técnicas de armazenamento, na eliminação dos rolos originais de som por falta de espaço, e no descarte da documentação não fílmica. Neste cenário, não só a completude de inúmeras coleções foi comprometida, mas também o formato original levado às telas de muitas edições dos seus cinejornais, condição da qual compartilhavam os materiais armazenados na Câmara 3, relativos às as principais séries ali armazenadas: 365 rolos referentes ao Cine Jornal Brasileiro (1938-1946); 190 rolos referentes ao Cine Jornal Informativo (1946-1953); 100 rolos referentes ao cinejornal Bandeirante da Tela (1947-1956) 3

107 rolos de cinejornais produzidos pela Carriço Filme (1934-1954). Filmes O termo Filmes, na tabela a seguir, refere-se aos materiais que, mesmo desconsiderando sua completude com relação à obra, são entendidos como parte dela: Filmes Materiais Rolos Metragem Negativo de Imagem 656 124.714 Negativo de Som 221 42.946 Negativo de Imagem e Som 18 1.365 Contratipo 29 1.520 Master 04 750 Cópia 21 4.188 Total 949 175.483 4

700 600 500 400 300 200 100 0 Negativo de Imagem Rolos por tipo de material - filmes Negativo de Som Negativo de Imagem e Som Contratipo Master Cópia Sobras e fragmentos Referem-se, na tabela a seguir, aos materiais que, categoricamente, são identificados como não pertencentes às obras finalizadas, mas ainda assim guardam referências. Estes materiais são em grande parte produzidos e utilizados durante o processo de produção do filme, mas não compõem trechos usados na versão exibida e/ou distribuída, mas são guardados pela sua relevância histórica, a exemplo do teste de atores do longa-metragem O Palhaço Atormentado (1946), da Rossi filmes do qual a Cinemateca possui exemplares da obra completa. No caso de cinejornais, maior parte do conjunto atingido, fragmentos se referem a trechos de segmentos, cuja edição original não foi possível identificar. Sobras e fragmentos Materiais Rolos Metragem Negativos e Positivos no mesmo rolo 23 1.917 Negativos 28 3.665 Positivos 03 270 Total 54 5.852 5

30 Rolos por tipo de material - sobras e fragmentos 25 20 15 10 5 0 Negativos e Positivos, mesmo rolo Negativos Positivos Fragmentos e conteúdos que possuíam outros materiais no acevo Dentre os materiais afetados pelo incêndio, parte significativa possui outras cópias no acervo da Cinemateca Brasileira. Considerando as diversas ações da instituição para a preservação de sua coleção de filmes em nitrato de celulose, estas cópias estão em diferentes formatos (película, vídeo e digital), como resultado dos fluxos de duplicação em película, restauração e digitalização, executados pela Cinemateca Brasileira em diferentes momentos históricos, a partir de diversas inciativas, e se utilizando do Laboratório da Cinemateca e também externos, de acordo com as demandas geradas pelas equipes da Preservação de Filmes. Fragmentos e conteúdos com outros materiais no acervo Títulos 461 Rolos 607 Metragem 113.486 6

Fragmentos e conteúdos que não possuíam outros materiais no acevo A tabela a seguir se refere aos materiais que foram perdidos no incêndio, ainda contando com as sobras, fragmentos e os incompletos, assim como os materiais que tiveram títulos atribuídos ou não confirmados, e que não possuem até o momento outras cópias no acervo da Cinemateca Brasileira. Conteúdos sem outros materiais no acervo Títulos 270 Rolos 396 Metragem 67.849 7