Tecnologias. Informação e Comunicação. competição, políticas e tendências. Organizadores



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Transcrição:

Tecnologias da Informação e Comunicação competição, políticas e tendências Organizadores Luis Claudio Kubota Rodrigo Abdalla Filgueiras de Sousa Marcio Wohlers de Almeida Fernanda De Negri

Governo Federal Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República Ministro Wellington Moreira Franco Fundação pública vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, o Ipea fornece suporte técnico e institucional às ações governamentais possibilitando a formulação de inúmeras políticas públicas e programas de desenvolvimento brasileiro e disponibiliza, para a sociedade, pesquisas e estudos realizados por seus técnicos. Presidenta Interina Vanessa Petrelli Corrêa Diretor de Desenvolvimento Institucional Geová Parente Farias Diretora de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais Luciana Acioly da Silva Diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia Alexandre de Ávila Gomide Diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas, Substituto Claudio Roberto Amitrano Diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais Francisco de Assis Costa Diretor de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação, Regulação e Infraestrutura Carlos Eduardo Fernandez da Silveira Diretor de Estudos e Políticas Sociais Jorge Abrahão de Castro Chefe de Gabinete Fabio de Sá e Silva Assessor-chefe de Imprensa e Comunicação, Substituto João Cláudio Garcia Rodrigues Lima Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoria URL: http://www.ipea.gov.br

Brasília, 2012

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ipea 2012 Tecnologias da informação e comunicação : competência, políticas e tendências / organizadores: Luis Claudio Kubota... [et al.]. Brasília : Ipea, 2012. 306 p. : gráfs., tabs. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7811-145-8 1. Tecnologia da Informação. 2. Tecnologia das Comunicações. 3. Comunicações. 4. Telecomunicações. 5. Brasil. I. Kubota, Luis Claudio. II. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. CDD 384 As opiniões emitidas nesta publicação são de exclusiva e inteira responsabilidade dos autores, não exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ou da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas.

Sumário Apresentação... 7 Capítulo 1 Tecnologias da Informação e Comunicação: competição, políticas e tendências... 9 Luis Claudio Kubota Rodrigo Abdalla Filgueiras de Sousa CAPÍTULO 2 Dinâmica do Desenvolvimento de Novos Produtos e Aplicações em Telecomunicações... 21 Vinicius Licks Capítulo 3 O Futuro das Telecomunicações e uma Análise dos Desafios para a Inserção do Brasil numa Cadeia Global... 53 Robert Spadinger CAPÍTULO 4 Tendências Tecnológicas Mundiais em Telecomunicações e a Influência dos Processos de Normalização e Padronização... 95 Erasmus Couto Brazil de Miranda Luiz Alencar Reis da Silva Mello CapÍtulo 5 Capacitações Tecnológicas e Competitivas da Indústria de Equipamentos de Telecomunicações no Brasil... 135 Marina Szapiro CAPÍTULO 6 TV por Assinatura: reflexões sobre a apropriação de riqueza na cadeia de valor... 183 João Maria de Oliveira Carolina Teixeira Ribeiro Capitulo 7 Alerta Sobre Insegurança da Informação: cenário brasileiro e recomendações... 217 Samuel César da Cruz Júnior Capitulo 8 Capacitações Científicas em Telecomunicações... 245 Paulo A. Meyer M. Nascimento CAPÍTULO 9 Perfil e Dinâmica do Emprego em Telecomunicações no Brasil entre 1998 e 2011... 269 Rodrigo Abdalla Filgueiras de Sousa Paulo A. Meyer M. Nascimento

Apresentação A importância das tecnologias de informação e comunicação (TICs) tem sido crescentemente reconhecida como fundamental para o desenvolvimento econômico e social dos países. No Brasil, a disseminação desta tecnologia tem sido amplamente expandida. Entretanto, algumas dificuldades ainda se colocam em vista da capacidade potencial de crescimento destes benefícios para o país. Examinamse neste livro alguns destes problemas, as circunstâncias que os produzem, e se fazem recomendações para suas soluções. É assim, por exemplo, que se verifica neste volume a análise do grau de eficácia dos instrumentos de política que têm sido adotados para a ampliação do mercado brasileiro, o qual vem observando forte expansão da demanda. No caso da infraestrutura de acesso à internet, há lacunas importantes no que se refere a localizações geográficas mais distantes dos centros, como áreas rurais, pequenas cidades e subúrbios dos grandes centros. Quanto aos conteúdos, está em aberto quais serão os impactos que os novos elementos legais e regulatórios, recentemente incorporados ao cenário nacional, causarão sobre as TICs no país. O Ipea vem contribuindo para a avaliação e a formulação de políticas públicas nessas três dimensões. Além de ter participado das discussões que resultaram no Programa Nacional de Banda Larga, o instituto esteve presente em debates sobre temas como inclusão digital, políticas industriais para o setor, TV por assinatura, TV digital, competição e regulação. Este livro pretende dar mais um passo nessa direção, procurando não apenas realizar uma análise da situação atual, mas também apontar tendências que afetarão o setor e terão reflexos em inúmeras outras atividades econômicas. Esta preocupação está expressa na organização deste volume, o qual inicia com uma análise histórica, seguida por uma visão prospectiva. A obra também trata de temas relacionados a equipamentos e conteúdos. Por fim, são examinadas questões atinentes à capacitação brasileira no setor, mais especificamente no campo científico e de pessoal qualificado. Vanessa Petrelli Corrêa Presidenta Interina do Ipea

Capítulo 1 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: COMPETIÇÃO, POLÍTICAS E TENDÊNCIAS * INTRODUÇÃO Luis Claudio Kubota** Rodrigo Abdalla Filgueiras de Sousa** O acrônimo TICs reflete a convergência dos setores de tecnologias da informação e de telecomunicações. O fenômeno da digitalização fez com que as barreiras entre os setores caíssem. Atualmente, é impossível pensar as tecnologias da informação e comunicação (TICs) sem analisar também o setor de mídia e audiovisual, responsável por produzir os conteúdos que circulam pelas fibras óticas, pelos canais de radiofrequência e pela rede de computadores que formam a internet. O setor de TICs é um dos mais dinâmicos em termos de inovações tecnológicas em âmbito mundial. Em alguns de seus segmentos, como o de tablets, incluem-se ícones de consumo, como o ipad. Estima-se que o mercado de equipamentos de telecomunicações cresça de 133 bilhões em 2009 para 150 bilhões em 2013, segundo estimativas da firma de pesquisa de mercado Idate (COLCHESTER, 2010). Nas décadas de 1980 e 1990, houve profundas transformações no mercado brasileiro. A indústria de informática protegida pela antiga Política Nacional de Informática e o setor de telecomunicações cujas compras de equipamentos eram realizadas pelo antigo sistema da empresa Telecomunicações Brasileira S/A (Telebras) sofreram profundas modificações decorrentes da abertura de mercado e da privatização. A década de 1990 caracterizou-se por um forte ingresso de empresas estrangeiras que, em alguns casos, passaram a ter, no Brasil, plantas voltadas para a exportação especialmente no caso de aparelhos celulares. O setor apresenta características ambíguas no Brasil. Por um lado, possui indicadores de inovação e de esforço tecnológico mais elevados que a média do setor industrial. Por outro lado, o setor apresenta duas fraquezas estruturais que têm relação entre si. Em primeiro lugar, existe uma forte dependência da importação de componentes eletrônicos, que tem importância crescente no valor agregado * Os autores agradecem à equipe de pareceristas do livro: Danilo Coelho, Sergei Soares, Claudio Loural, Antonio Bordeaux, Donald Pianto, Gabriel Laender, Nathalia Souza, Aguinaldo Maciente, Rafael Pereira, Bruno Araújo, Carlos Baigorri, Mauro Oddo e Fabiano Pompermayer, além dos colegas Samuel Júnior, Paulo Nascimento e João Oliveira. ** Técnicos de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura (Diset) do Ipea.

10 Tecnologias da Informação e Comunicação dos produtos. Em segundo lugar, as firmas brasileiras em geral não participam da determinação dos novos padrões tecnológicos, que são feitos por meio de alianças entre grandes corporações internacionais em alguns casos com participação governamental. Existem diversas tendências tecnológicas e mercadológicas que permeiam o mundo das TICs: a mobilidade, a preocupação com a energia, a internet das coisas, o aumento da importância do software nas cadeias de valor, a segurança da informação. Estes e outros temas serão abordados ao longo deste livro. A convergência tecnológica leva empresas, antes em distintos setores econômicos, a serem competidoras entre si. Um exemplo é o setor da TV por assinatura, em que operadoras de TV a cabo passam a competir com prestadoras de telecomunicações. Complementar a este movimento, tem-se a estratégia de grupos como o América Móvil, que passam a atuar de modo integrado, oferecendo serviços de ligações de longa distância, telefonia celular, TV por assinatura e banda larga, auferindo ganhos por economias de escala e de escopo. Os impactos de alterações recentes na legislação de TV por assinatura são avaliados por João Oliveira e Carolina Ribeiro no capítulo 6. O objetivo deste capítulo introdutório é apresentar um panorama: i) do cenário internacional de equipamentos de rede, inclusive dos principais fornecedores líderes de equipamentos de rede de telecomunicações (seção 2); e ii) do cenário nacional (seção 3), incluindo análise da produção científica e da demanda por pessoal técnico-científico. Seguem as conclusões e referências. Por se tratar de uma visão estática, a evolução das empresas, bem como dos sistemas setoriais de inovação de seus respectivos países, encontra-se fora do escopo do capítulo e do livro. 1 ANÁLISE DO CONTEXTO INTERNACIONAL O investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) realizado pelos grandes atores internacionais é extremamente significativo. Segundo dados da União Europeia, o setor de TICs é aquele que apresenta os maiores gastos em P&D no conjunto das economias estadunidense, japonesa e europeia, representando 25% dos gastos empresariais em P&D e empregando 32,4% dos pesquisadores, apesar de responder por apenas 4,8% do produto interno bruto (PIB) Turlea et al. (2010). Oito das 20 maiores empresas que investem em P&D no mundo atuam no setor, conforme ranking da Booz & Company (JARUZELSKI e DEHOFF, 2009). Os dados da tabela 1 permitem examinar as dez firmas de equipamentos de telecomunicações com maiores gastos em P&D, nos EUA, na União Europeia, e no Japão e resto do mundo. É possível observar que as líderes do setor apresentam investimentos bilionários em P&D. Trata-se de um setor no qual as empresas

Tecnologias da Informação e Comunicação 11 europeias ainda mantêm uma posição importante. No entanto, ressalta-se que esta lista não é exaustiva, pois exclui companhias com informações incompletas sobre investimento em P&D. Um caso relevante é a Huawei, cuja estimativa de gasto em P&D em 2007 ficou em torno de US$ 1,3 bilhão, o que a colocaria entre as primeiras desta classificação. TABELA 1 Dez firmas de equipamentos de telecomunicações com maiores gastos em P&D, nos EUA, na União Europeia, e no Japão e resto do mundo (2007) (Em milhões) Lugar no ranking Firma Gastos em P&D Sede EUA 9.163 1 o Cisco 3.077 Califórnia 2 o Motorola 3.029 Illinois 3 o Qualcomm 1.251 Califórnia 4 o Juniper Networks 426 Califórnia 5 o Corning 386 Nova Iorque 6 o Avaya 341 Nova Jérsei 7 o Tellabs 235 Illinois 8 o Harris 160 Flórida 9 o 3Com 141 Massachusetts 10 o UTStarcom 115 Califórnia União Europeia 11.934 1 o Nokia 5.281 Finlândia 2 o Alcatel-Lucent 3.368 França 3 o Ericsson 2.911 Suécia 4 o Italtel 103 Itália 5 o GN Store Nord 72 Dinamarca 6 o Spirent Communications 63 Reino Unido 7 o ADVA 42 Alemanha 8 o Wavecom 34 França 9 o Option 31 Bélgica 10 o Thrane & Thrane 29 Dinamarca Japão e resto do mundo 2.110 1 o Nortel Networks 1.178 Canadá 2 o ZTE 301 China 3 o RIM 246 Canadá 4 o OKI Electric 130 Japão 5 o ECI Telecom 75 Israel 6 o Aastra 38 Canadá 7 o Eltek 37 Noruega 8 o Alvarion 35 Israel 9 o Vtech 35 Hong Kong 10 o Tandberg 35 Noruega Fonte: Turlea et al. (2010).

12 Tecnologias da Informação e Comunicação Conforme pode ser observado no quadro 1, a Huawei, por exemplo, tem estoque de 17,7 mil patentes em 2010; a Alcatel-Lucent tem um estoque de 27,6 mil; e a Ericsson, de 25 mil (mais de 2 mil obtidas somente em 2009). Os gastos em P&D das maiores firmas são da ordem de bilhões de dólares, representando cerca de 13% das vendas no caso das empresas Ericsson, Cisco e Nokia Siemens Networks. Os indicadores das firmas brasileiras são pouco expressivos, quando comparados a estes dados. A Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) mostra que, em 2008, havia 1.593 pessoas graduadas e 374 não graduadas atuando em P&D no setor de equipamentos de comunicação no Brasil, incluindo empresas nacionais e multinacionais (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE, 2010). Estes números são irrisórios quando comparados apenas com aqueles apresentados no quadro 1 para ZTE e Huawei em 2010: 28 mil e 51 mil pessoas atuando em P&D, respectivamente. Na verdade, estes contingentes equivalem, respectivamente, a 60% e 108% do total de empregados atuando em P&D em toda a indústria de transformação brasileira em 2008. 1 O setor é caracterizado por uma dinâmica na qual a definição de padrões é fundamental. As empresas brasileiras participam apenas marginalmente deste processo, como exposto no capítulo 3. Em contraste, a Huawei é membro de 123 organizações de padronização. Na Alcatel-Lucent, mais de 500 funcionários participaram de órgãos internacionais de padronização durante 2009, em mais de 100 organizações padronizadoras, conforme pode ser verificado no quadro 1. As maiores empresas estrangeiras do setor são globais, sendo que algumas atuam em centenas de países. A Suécia, por exemplo, país de origem da Ericsson, não figura entre os dez principais mercados da empresa. Em função dos incentivos da nova Lei de Informática, 2 existe uma forte presença de firmas estrangeiras no Brasil. A Nokia ocupa mais de 10 mil pessoas no Brasil, um valor considerável quando comparado às 21 mil pessoas ocupadas no país sede, a Finlândia. 1. Estes dados da PINTEC consideram as firmas que realizaram inovação. É razoável supor que é reduzido o número de empresas que realizaram P&D e não inovaram. 2. Designação usual da Lei n o 8.248, de 23 de outubro de 1991.

Tecnologias da Informação e Comunicação 13 QUADRO 1 Firmas líderes em equipamentos de rede faturamento, lucro,. área de atuação, empregados (total e em P&D), P&D, patentes e participação. em órgãos de padronização (2010) Firma Faturamento Lucro Atuação Ericsson US$ 30 bilhões Alcatel-Lucent US$ 21 bilhões Nokia Siemens Networks Cisco 1 Lucro líquido de US$ 1,7 bilhões Prejuízo de US$ 387 milhões Total de empregados 180 países 90 mil 130 países 80 mil n.d. Empregados em P&D Mais de 20 mil (22% do total) Vendas líquidas Lucro operacional 160 países 132 mil 35,9 mil de 42,4 bilhões de 2 bilhões US$ 43 bilhões Lucro líquido de US$ 6,5 bilhões Huawei US$ 28 bilhões US$ 3,6 bilhões 95 países 25,9 mil n.d. Mais de 140 países 110 mil 51 mil P&D, patentes e participação em órgãos de padronização Investimento de 3,3 bilhões (15% da receita de vendas). Estoque de 27 mil patentes em dezembro de 2010. Estoque de 27.900 patentes ativas em dezembro de 2010. P&D desenvolvido principalmente pela Bell Labs. Os pesquisadores já ganharam sete prêmios Nobel. Mais de 500 funcionários participaram de discussões em órgãos de padronização em 2009. Participação em mais de 100 organizações padronizadoras. Investimento de 5,9 bilhões (13,8% das vendas líquidas). Investimento de US$ 5,8 bilhões (13,5% das vendas líquidas). Investimento de US$ 2,5 bilhões. Estoque de 17,7 mil patentes concedidas, sendo 3 mil no exterior. Membro de 123 organizações de padronização, somando 18 mil propostas nestes órgãos. ZTE US$10,6 bilhões US$ 360 milhões n.d. 70 mil 27,9 mil 519 doutores e 22,5 mil mestres. Juniper US$ 4 bilhões US$ 190 milhões Mais de 100 países 8,7 mil 4 mil Investimento de US$ 920 milhões. 500 patentes obtidas ou pendentes. Elaboração dos autores a partir de Ericsson (2011), Alcatel-Lucent (2011a), Alcatel-Lucent (2011b), Nokia (2011), Cisco (2011), Huawei (2011), ZTE (2011) e Juniper (2011). Nota: 1 O período de referência é o ano fiscal findo em julho de 2011. Obs.: n.d. = informação não disponível. A busca por economias de escala norteou a fusão de grandes grupos econômicos, como a Alcatel-Lucent e Nokia-Siemens-Motorola. Segundo analistas de mercado, a escala é fundamental neste negócio. 3 Não obstante o porte destas empresas, seu desempenho financeiro não é muito animador. Isto se deve em parte à concorrência baseada em preço dos concorrentes chineses. 4 A Alcatel-Lucent, por exemplo, só obteve lucro em dois dos últimos oito trimestres (COLCHESTER, 2010). A Nokia-Siemens teve prejuízo operacional de 1,6 bilhão em 2009 (DAS e CHON, 2010). 3. Não podemos visualizar a Alcatel-Lucent dando lucro simplesmente porque ela ainda é formada por vários negócios pequenos sem muita escala, diz Richard Windsor, analista da Nomura (Colchester, 2010, p. B12). Comentário sobre a aquisição de divisão da Motorola pela Nokia Siemens: Isso também significa mais escala, e a escala comanda tudo nesse negócio: quanto mais escala você tem, mais lucro pode gerar, escreveu o analista Pierre Ferragu da Sanford C. Bernstein (Das e Chon, 2010). 4. A Alcatel-Lucent perdeu cerca de dois terços do valor de mercado de julho a meados de novembro de 2011 (Cimilluca, Lublin e Colchester, 2011).

14 Tecnologias da Informação e Comunicação A relação entre operadoras e fornecedores no mercado europeu é marcada por uma mistura de cooperação e competição (coopetition em inglês), por meio da qual as partes colaboram e competem ao mesmo tempo pelos resultados das inovações. A operadora norte-americana Verizon, por exemplo, criou o LTE Innovation Center em Massachusetts, um laboratório de 2.450 m 2, no qual os fabricantes de eletrônicos podem testar novos produtos em uma rede 4G totalmente funcional. Alcatel-Lucent e Ericsson Wireless fizeram uma parceria com a Verizon e proporcionam apoio técnico para os fabricantes de aparelhos (THOMSON, 2010). A dinâmica do setor tem levado a uma concentração cada vez maior do valor adicionado e do emprego nas camadas superiores do modelo de Fransman (2007), que correspondem às plataformas tecnológicas, aos conteúdos e aos aplicativos voltados aos consumidores finais. Entre os segmentos mais promissores estão os serviços de computação e de software, em que os EUA são muito competitivos. Serviços de TICs responderam por mais de 75% do valor adicionado no setor em 2007 (TURLEA et al., 2010). Esse tipo de avaliação está em consonância com a opinião de executivos do setor, que argumentam estar atualmente a indústria de telecomunicações concentrada nas atividades de software e concepção. Portanto, o valor hoje vem do software e não do hardware. Os executivos defendem também que, no caso da manufatura, há a necessidade de se adensar a cadeia no que diz respeito aos componentes, e que o software dá resultado em curto prazo (POSSEBON, 2010). Além da queda dos investimentos em virtude da crise econômica, existe uma forte pressão por redução de custos no mercado de equipamentos de telecomunicações. Na visão de certos analistas de mercado, 5 existe uma competição baseada em preço, em virtude da busca de ganhos e/ou manutenção de participação de mercado, com a atuação mais agressiva de grupos como a ZTE e a Huawei. A escala do mercado doméstico favorece as empresas chinesas: a China possui mais de 800 milhões de usuários de celular. A France Telecom e a Deutsche Telecom fizeram um acordo para cortar custos de compras de equipamentos de rede e de aparelhos móveis, o que ilustra a pressão sobre os fornecedores de equipamentos (ABBOUD, 2011). 3 ANÁLISE DO CONTEXTO NACIONAL Uma das características do mercado brasileiro é que o mesmo é salvo exceções seguidor. Desenvolvimentos tecnológicos realizados inicialmente no exterior a exemplo do que ocorreu com a terceira geração de telefonia celular (3G) e do que está ocorrendo com a quarta geração (4G) são aplicados no Brasil pelas prestadoras de serviços, após passar por um filtro avaliando sua viabilidade econômico-financeira. 5. Como o analista Rod Hall, do J.P. Morgan.

Tecnologias da Informação e Comunicação 15 Neste contexto, existem óbvias dificuldades para que fornecedores nacionais se mantenham na fronteira tecnológica. Do ponto de vista mercadológico, a presença de grandes operadoras estrangeiras no Brasil, que geralmente utilizam práticas de compras globais (global sourcing), também dificulta a conquista de mercado por parte das firmas nacionais, no Brasil e no exterior. No Brasil, o setor de telecomunicações tem sido objeto de constante preocupação por parte dos sucessivos governos desde a década de 1960, o que tem se traduzido em uma série de políticas públicas com o propósito de melhor coordenar o setor. Assim, a partir desta perspectiva histórica, Vinicius Licks faz, no capítulo 2, uma contextualização do modelo de Fransman para o cenário brasileiro. Neste contexto, a primeira parte do trabalho tem uma seção inicial que apresenta as características fundamentais do modelo teórico, descrevendo os quatro grupos de atores (ou camadas), as relações entre os atores e as dimensões do relacionamento. Em seguida, o texto traz uma síntese dos fatores que condicionam a inovação no setor de TICs e o papel do Estado como indutor da competitividade da indústria. A evolução do sistema ao longo do tempo e os impactos da regulação e da política industrial também são brevemente mencionados. Na segunda parte do capítulo, o autor faz uma avaliação do histórico das telecomunicações no Brasil nas últimas seis décadas. A análise faz um recorte em quatro períodos distintos: a entrada do Estado na organização do setor; a estruturação da Telebras; a desregulamentação do setor e a privatização das operadoras estatais; e a nova dinâmica do setor, no processo conhecido como convergência. A seção final do artigo expõe uma discussão a respeito das políticas públicas aplicadas em cada um destes períodos e a necessidade de reformulação destas políticas para possibilitar a inserção do Brasil na nova dinâmica das telecomunicações. Com uma visão de cenários prospectivos, Robert Spadinger procura apresentar, no capítulo 3, as tendências no setor de telecomunicações não apenas sob a perspectiva tecnológica, mas também do ponto de vista mercadológico. Além disso, o autor elabora uma metodologia analítica sobre as características que definem o grau de evolução tecnológica do setor em diferentes mercados, classificando-os em emergentes, maduros e saturados. Entre as dificuldades das empresas brasileiras apontadas pelo autor, estão: i) menor porte e possível alijamento das redes de fornecimento internacionais das grandes operadoras; ii) ausência de fornecedores com portfólio de produtos e com serviços capazes de oferecer soluções fim a fim; iii) ausência de uma forte indústria brasileira de componentes eletrônicos; e iv) ausência de integração entre universidades e setor produtivo. Por fim, o texto traz considerações sobre a situação do Brasil no contexto discutido e faz recomendações para melhoria das políticas públicas.

16 Tecnologias da Informação e Comunicação A partir dessa contextualização inicial, os dois capítulos seguintes tratam mais especificamente de questões relacionadas à produção de equipamentos de telecomunicações. No capítulo 4, Erasmus Miranda e Luiz Mello expõem aspectos gerais do processo de normalização e explicam o funcionamento de um conjunto selecionado de organismos internacionais de padronização. Por fim, apresentam dados sobre o tipo e o grau da participação brasileira nestes organismos, que confirmam a baixa inserção do país neste contexto e efetuam estudos de caso que exemplificam o relacionamento entre os diversos tipos de entidades que atuam nestas atividades. No capítulo 5, Marina Szapiro analisa o desempenho das firmas brasileiras. Ela defende que as firmas são competitivas, visto que são capazes de vencer competidores multinacionais em determinadas concorrências para o fornecimento de equipamentos de operadoras brasileiras. Esta visão se opõe à síntese efetuada pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) referente à competitividade da maior parte das firmas nacionais, na qual consta que a indústria nacional, apesar da constante tentativa de se aproximar das tecnologias desenvolvidas nos países mais avançados, não consegue acompanhar de perto os padrões da fronteira tecnológica, ficando à margem das discussões globais definidoras das tecnologias e dos papéis de influência e liderança global (CPqD, 2011). Na sequência, os capítulos 6 e 7 avaliam temas atinentes aos conteúdos que trafegam nas redes de telecomunicações. No capítulo 6, João Oliveira e Carolina Ribeiro fazem uma análise exploratória do mercado de audiovisual no Brasil, com ênfase na TV por assinatura. Os autores avaliam os elos da cadeia produtiva do audiovisual a partir de dados da Pesquisa Anual de Serviços (PAS) do IBGE e da Ancine, referentes ao fomento à produção. Analisam-se ainda os impactos da nova Lei de Serviço de Acesso Condicionado n o 12.485 de 2011 sobre estes elos. Os resultados indicam que o elo da produção não está se beneficiando dos incentivos concedidos, pois não consegue apropriar-se dos valores patrimoniais das obras. A expansão da internet traz consequências também para a questão da segurança da informação no Brasil. No capítulo 7, Samuel Junior aponta que o grande volume de produção, armazenamento e transferência de dados entre diferentes dispositivos e entre diversas redes resulta em aumento significativo das ameaças e das vulnerabilidades quanto à segurança da informação. Redes colaborativas têm ganhado força como fonte de disseminação de ferramentas de invasão. Com o aumento de atores no ciberespaço, este se tornou um ambiente favorável para a proliferação de criminosos cibernéticos. Assim, os mecanismos estruturantes de segurança da informação, especialmente nas estruturas estratégicas, bem como o comportamento dos usuários na rede, são aspectos relevantes para a garantia de níveis mínimos de segurança na rede.

Tecnologias da Informação e Comunicação 17 Os dois últimos capítulos tratam de questões relacionadas à capacitação científica e à influência da mão de obra na dinâmica do setor de telecomunicações. No que diz respeito à produção científica, o capítulo 8, de autoria de Paulo Meyer Nascimento, mostra que o desempenho brasileiro no setor fica muito aquém do que se verifica em outros países embora os indicadores de impacto baseados em número de citações tenham apresentado crescimento superior ao da maioria dos países nos últimos 20 anos. De toda forma, o Brasil não apresenta especialização científica na área. Ele ainda é um receptor de conhecimentos e o tamanho de sua produção é pouco relevante. No capítulo 9, Paulo Meyer Nascimento e Rodrigo Sousa analisam a estrutura de emprego no setor de telecomunicações, entendido de forma convergente tratando do segmento de indústria e de serviços. Os resultados apontam um crescimento da participação de mulheres em linha com o restante da economia, e uma expressiva participação de jovens e profissionais de nível superior em uma taxa bem mais elevada que o restante da economia. Em relação às ocupações classificadas como técnico-científicas, procurou-se efetuar uma avaliação sobre sua possível escassez no setor examinado. A partir de uma metodologia proposta neste trabalho, percebeu-se que este desequilíbrio não aconteceu no mercado de telecomunicações, tendo em vista que houve um declínio do salário médio do setor. 4 CONCLUSÕES O resultado dos estudos apresenta uma situação pouco favorável para o ecossistema de TICs no Brasil. Além de problemas de infraestrutura, tratadas em trabalhos anteriores do Ipea, o quadro retratado neste livro mostra que a produção científica é pouco expressiva. As empresas salvo raras exceções são pouco competitivas e têm participação muito reduzida na definição dos novos desenvolvimentos; o mercado é seguidor de tecnologias desenvolvidas no exterior; e as firmas industriais e de serviços não são fortes demandantes de pessoal técnico-científico. Esta situação aponta para a reformulação de políticas que ficaram ultrapassadas como a Lei de Informática. Nos últimos anos, o Ipea contribuiu com diversos estudos e análises sobre políticas públicas para o setor de TICs, e este livro tem por objetivo dar mais um passo nesta direção. O mundo vivencia o fenômeno da convergência tecnológica e é preciso que as políticas públicas contemplem esta dinâmica. Não obstante a importância de temas como a regulação, a infraestrutura e a indústria de equipamentos, é imprescindível ir além. É preciso contemplar também aquilo que vai dentro do tubo o conteúdo, a par de considerar temas como a relação de interdependência crescente entre agências como a Anatel e a Ancine, questões tratadas no capítulo 6.

18 Tecnologias da Informação e Comunicação REFERÊNCIAS ABBOUD, L. France Telecom e Deutsche Telecom fazem acordo para cortar custo. Reuters, 18 abr. 2011. Disponível em: <http://br.reuters.com/article/id- BRSPE73H0JE20110418>. Acesso em: 1 jul. 2011. ALCATEL-LUCENT. 2010 annual report on form 20-F. Paris: Alcatel-Lucent, 2011a. Disponível em: <http://goo.gl/hyqu2>. Acesso em: 14 abr. 2011.. 2010 annual report. Paris: Alcatel-Lucent, 2011b. Disponível em: <http://annual-report.alcatel-lucent.com/>. Acesso em: 29 jun. 2011. CIMILLUCA, D.; LUBLIN, J. S; COLCHESTER, M. Alcatel-Lucent sofre pressão para trocar comando. Valor Online, 18 nov. 2011. Acesso em: 18 nov. 2011. CISCO. Cisco Systems Inc. 2011 annual report. San Jose: Cisco, 2011. Disponível em: <http://www.cisco.com/assets/cdc_content_elements/docs/ annualreports/media/2011-ar.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2011. COLCHESTER, M. Alcatel muda mentalidade para tornar-se mais ágil. Valor Econômico, p. B12, 21 set. 2010. CPqD CENTRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM TELECO- MUNICAÇÕES. Demandas, Ofertas, Gaps e Capacidade de P&D em Telecomunicações no Brasil. Campinas: CPqD, 2011. DAS, A.; CHON, G. Dúvidas ainda cercam Nokia Siemens. Valor Online, 22 jul. 2010. ERICSSON. Ericsson annual report 2010. Stockholm: Ericsson. 2011. Disponível em: <http://www.ericsson.com/res/investors/docs/2010/ericsson_ ar_2010_en.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2011. FRANSMAN, M. The new ICT ecosystem: implications for Europe. Edinburgh: Kokoro, 2007. HUAWEI. Huawei Technologies Co., Ltd. 2010 annual report. Shenzhen: Huawei, 2011. Disponível em: <http://www.huawei.com/en/about-huawei/corporate-info/annual-report/annual-report-2010/index.htm>. Acesso em: 29 jun. 2010. IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de inovação tecnológica 2008. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. JARUZELSKI, B.; DEHOFF, K. Profits down, spending stedy: the global innovation 1000. Strategy and Business, n. 57, Winter 2009. JUNIPER. Juniper Form 10-K. Sunnyvale: Junniper, 2011. Disponível em: <http://phx.corporate-ir.net/external.file?item=ugfyzw50suq9nde3mjq5f ENoaWxkSUQ9NDI5ODMyfFR5cGU9MQ==&t=1>. Acesso em: 14 abr. 2011.

Tecnologias da Informação e Comunicação 19 NOKIA. Nokia in 2010. Espoo: Nokia, 2011. Disponível em: <http://www. nokia.com/nokia_com_1/about_nokia/financials/form20-f_10.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2011. POSSEBON, S. O nível de investimentos está baixo. Teletime, 2010. Disponível em: <http://i.teletime.com.br/arqs/outro/23841.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2010. THOMSON, A. De carros a cafeteiras, Verizon quer tudo conectado sem fio. Valor Econômico, p. B3, 23 set. 2010. TURLEA, G. et al. The 2010 report on R&D in ICT in the European Union. Luxembourg: European Commission, 2010. ZTE. ZTE Corporation annual report 2010. Shenzhen: ZTE, 2011. Disponível em: <http://wwwen.zte.com.cn/en/about/investor_relations/circular/201103/ P020110328621200621489.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2010. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR SADOWSKI, B. M. et al. Collaborative strategies in the event of technological discontinuities: the case of Nokia in the mobile telecommunication industry. Small Business Review, v. 21, p. 173-186, 2003.