Turma e Ano: Direito Público I (2013) Matéria / Aula: Direito Constitucional / Aula 11 Professor: Marcelo L. Tavares Monitora: Carolina Meireles CONTROLE CONCENTRADO Ação Direta de Inconstitucionalidade 1) Conceito A ADI é uma ação de competência exclusiva do STF, que tem por finalidade a verificação sobre a invalidade de lei ou ato normativo federal ou de natureza estadual. O controle é objetivo, com análise em tese. Portanto, a rigor, não existem direitos subjetivos em jogo, não existem partes/pretensão ou bem jurídico concreto sendo discutido. 2) Fundamentos Art. 102, I, a, CF Art. 103, CF Art. 102, I, p, CF Lei 9.868/99 3) Objeto e paradigma Objeto: - Lei ou ato normativo federal - Lei ou ato normativo de natureza estadual produzidos pelos estados e DF, estes quando tiverem natureza estadual. STF: admite controle de constitucionalidade por ADI de lei de efeitos concretos. Ex.: Lei orçamentária. Ato administrativo de efeitos concretos não pode ser objeto de ADI.
Paradigma: - Normas da CF e ADCT - Normas de EC - Tratados internacionais de Direitos Humanos (Art. 5º, 3º, CF) Os tratados que não forem aprovados nos moldes do Art. 5º, 3º, CF podem ser paradigma não de controle de constitucionalidade, mas de validade. Se uma lei dispuser contra um tratado internacional de direitos humanos não aprovado por este rito, pode ser objeto de controle no controle difuso. 4) Competência Exclusiva, concentrada no STF. Devem estar presentes 8 Ministros. Decisão: voto de 6 Ministros. Lei 9.868/99 A modulação de efeitos exige o voto de 8 Ministros (2/3). 5) Legitimidade Legitimidade ativa Art. 103, CF e Art. 2º, Lei 9.868/99. Legitimados universais: podem propor qualquer tipo de ADI. - Presidente da República - Procurador Geral da República - Mesas (CD e SF) - Conselho Federal OAB - Partido político com representação no Congresso Nacional Legitimados restritos: exige pertinência temática, ou seja, um especial interesse de agir. Relação de coerência entre os objetivos institucionais do legitimado e o objeto da ADI. - Governador do Estado/DF, - Mesas (Assembleias Legislativas ou Câmara Legislativa) - Confederação sindical - Entidade de classe de âmbito nacional.
Obs.: Os órgãos públicos não precisam estar representados por advogados, é facultativo. Se houver mandato, deve haver outorga de poderes específicos para propor ADI, por parte do órgão público. As pessoas jurídicas de natureza privada devem estar representadas por advogados e, também, deve haver a outorga de poderes específicos para propor ADI. Legitimidade passiva: os órgãos que participaram da edição do ato objeto da ADI. O legitimado passivo é notificado para prestar informações no prazo de 30 dias. Art. 6º, Lei 9.868/99. 6) O AGU Recebe diretamente da CF o papel de curador da constitucionalidade da norma. Quando há impugnação sobre a invalidade/inconstitucionalidade de uma norma, ele é citado para, no prazo de 15 dias, defender a constitucionalidade da norma. Não é obrigado a defender a constitucionalidade de norma já declarada inconstitucional pelo STF. (controle difuso) Também não é obrigado a defender constitucionalidade da norma que seja contra os interesses da União. AGU também defende a constitucionalidade das leis estaduais. 7) O PGR Irá se pronunciar em todas as ações em curso no STF. No caso da ADI, ele é intimado, para, no prazo de 15 dias, se pronunciar como custos legis. 8) Intervenção de terceiros e amicus curiae Lei 9.868/99 não cabe intervenção de terceiros (na forma do CPC). Amicus curiae é uma forma especial de intervenção de terceiros, portanto, permitida. Pressupostos: - Relevância da matéria
- Grande representatividade da instituição O ingresso do amicus curiae se dá por decisão irrecorrível do Relator. A decisão que indefere o ingresso: cabe Agravo Regimental. Manifesta-se de forma parcial. Ex.: CNBB, legitimados para propor ADI. Tem direito ao uso da palavra na sessão de julgamento. Não tem legitimidade recursal, nem para apresentar Embargos de Declaração. Só pode recorrer quanto ao seu ingresso. 9) Requisição de informações, designação de audiência pública e oitiva de especialistas Manifestam pontos de vista sobre a questão. Não defendem setores da sociedade. Art. 9º, 1º, Lei 9.868/99. 10) Coisa julgada Julgamento da ADI faz coisa julgada material. Pode se superar essa coisa julgada no controle concentrado e permitir uma nova interpretação? Em tese, sim. Não há aquele rigor da coisa julgada da previsão do CPC. No controle concentrado pode haver uma flexibilização, para que haja um arejamento da jurisprudência. Por isso, é importante que o efeito vinculante não se faça para o STF. 11) Efeitos do julgamento Quanto às pessoas: efeito erga omnes. Possibilidade da extensão do julgamento a todas as pessoas, mas limita-se ao dispositivo. Em princípio, tem uma limitação objetiva, ele se aplica à conclusão, ao dispositivo do julgamento. O julgamento da ADI produz efeito vinculante para a Administração Pública e para os demais órgãos do Poder Judiciário.
O efeito vinculante não tem o limite objetivo do dispositivo, ele ocorre em relação à chamada ratio decidendi a razão de decidir, o que inclui a fundamentação. A fundamentação utilizada para se chegar à conclusão é que é vinculante para os demais órgãos do Poder Judiciário e para a Administração Pública. Quanto ao tempo: no mérito, tem efeito ex tunc, retroativo. O ato inconstitucional é nulo desde o início (Teoria americana). Em princípio, a decisão sobre a inconstitucionalidade é uma decisão de natureza declaratória negativa com efeito retroativo pleno. Presença de 8 Ministros e voto de 6. Modulação de efeitos: Pode produzir efeitos ex nunc, a partir da publicação da decisão. Pode produzir efeito retroativo parcial, que já é a modulação de efeitos ou pode produzir o que se chama efeito pro futuro. Art. 27, Lei 9.868/99 voto de 2/3 = 8 Ministros para modular efeitos. 12) Perda superveniente de legitimidade ativa Não cabe desistência. O momento da análise da legitimidade é no momento da propositura. Como não cabe desistência, a perda superveniente de legitimidade ativa é irrelevante porque, com a propositura, o STF fixa o interesse público. Aceita a petição inicial, entendido que quem apresentou a inicial tem legitimidade e, como não cabe desistência, há interesse público no prosseguimento do julgamento. A perda superveniente da legitimidade ativa não traz nenhuma consequência. 13) Perda superveniente de paradigma ou de objeto Deve haver o arquivamento da ADI. Obs.: a alteração não substancial do paradigma ou mesmo uma pequena alteração do objeto, faz com que o STF abra nova vista para o pronunciamento do requerente.
14) O pedido Em princípio, o pedido é fechado. Significa que o STF aprecia o que foi pedido. Obs.: O STF, eventualmente, faz a declaração de inconstitucionalidade por arrastamento. Tecnicamente, é uma extrapolação do pedido, error ir judicando, mas no controle concentrado há essa flexibilização. 15) Causa de pedir É aberta. Cabe ao requerente apontar o objeto e o paradigma. No entanto, o STF, observado o pedido, pode declarar a inconstitucionalidade por outro motivo. 16) ADI e ADC: ações dúplices Significa dizer, julgado improcedente o pedido, será declarada a constitucionalidade. A natureza da decisão que julga improcedente o pedido é natureza declaratória positiva. O STF não apenas diz que o requerente não tem razão, ele diz que a lei é constitucional. 17) Medida cautelar Não é um processo, ela é discutida dentro dos autos principais, mas possui um mini rito. O requerido é ouvido em 5 dias, o AGU e o PGR em 3 dias, antes da decisão sobre a cautelar. Havendo pedido cautelar, o relator pode optar pela redução dos prazos processuais para 1/3. (Art. 12, Lei 9.868/99) Natureza jurídica da decisão que defere a cautelar suspensão de eficácia da norma. Baseada nos pressupostos da aparência do direito e do perigo na demora. A decisão que defere a cautelar, suspendendo a eficácia da norma, é vinculante. A decisão que indefere não é vinculante. 18) Decadência Não há decadência, nem preclusão para propositura da ADI. 19) Desistência Não cabe desistência do pedido.