Primeira Guerra Mundial A Primeira Guerra Mundial foi das mais sangrentas e dispendiosas da História Moderna, tendo sido superada apenas pela Segunda Guerra Mundial. Dois tiros de pistola assinalaram o início do conflito. Um armistício entre as nações envolvidas pôs fim às hostilidades quatro anos depois. Pouco antes do meio-dia de um domingo, 28 de junho de 1914, uma multidão reuniu-se em Sarajevo, capital da província austríaca da Bósnia, para ver o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria-Hungria, e sua mulher, Sofia. Subitamente um homem saltou para o estribo do carro real e disparou uma pistola. Dois tiros alvejaram Ferdinando e um atingiu Sofia, que tentava protegê-lo. Ambos morreram quase imediatamente. O assassino era Gavrilo Princip, um jovem estudante bosniano que vivera na Sérvia. A Áustria-Hungria suspeitou que seu pequeno vizinho, a Sérvia, aprovara a conspiração para matar Ferdinando. Por esse motivo declarou guerra à Sérvia em 28 de julho de 1914. Em cerca de 30 de outubro, as potências centrais Áustria-Hun- gria, Alemanha e Império Otomano estavam em guerra com os aliados (Bélgica, França, Grã-Bretanha, Rússia e Sérvia). Outros países mais tarde entraram no conflito. Um único ato o assassinato de Ferdinando marcou o início da guerra. Mas foram várias as causas principais da Primeira Guerra Mundial. Dentre elas, o crescimento do nacionalismo, o sistema de alianças militares, que gerou um equilíbrio de poderes, a disputa pelas colônias e outros territórios e o uso da diplomacia secreta. No início da guerra, a Áustria-Hungria e a Alemanha planejavam conquistar novos territórios e colônias; conquistaram as primeiras vitórias nas frentes ocidental e oriental. Mas na primeira batalha do Marne, em setembro de 1914, os
aliados detiveram o avanço alemão, pondo fim às possibilidades de a Ale-manha conquistar uma rápida vitória. Os exércitos adversários adotaram a guerra de trincheiras. Os aliados bloquearam a Ale-manha e tomaram suas colônias. Os E.U.A. tentaram permanecer neutros nos primeiros anos da guerra. Os ingleses irritaram os norte-americanos, investigando os navios neutros. Mas a Grã-Bretanha, na condição de país em guerra, podia agir dessa maneira segundo o direito internacional. Os norte-americanos voltaram-se contra as potências centrais quando tomaram conhecimento dos afundamentos de navios de passageiros desarmados por parte de submarinos alemães e das atrocidades cometidas pelos alemães contra os civis. A entrada dos E.U.A. na guerra elevou o moral das tropas aliadas e um armistício pôs fim ao conflito em 11 de novembro de 1918. Grande parte da guerra se desenvolveu em combates corpo a corpo entre os maiores exércitos já vistos até então. Armamentos novos e aperfeiçoados forneceram a ambos os lados má-quinas mais eficientes para matar o inimigo. Veículos mecanizados tanques, caminhões, automóveis e motocicletas
imprimiram maior velocidade aos combates em terra. Pela primeira vez, aviões e dirigíveis combateram no ar e bombardearam soldados e civis. Submarinos torpedearam navios mercantes inesperadamente. Mais de cinco milhões de soldados aliados e mais de 3.300.000 soldados das potências centrais morreram vítimas de ferimentos, doenças e outras causas. Ao todo, os quatro anos de guerra custaram mais de 337 bilhões de dólares. Os acordos de paz firmados após a guerra modificaram a divisão territorial do mundo. Novos governos surgiram na Áustria, Tchecoslováquia, Estônia, Finlândia, Alemanha, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia, Rússia, Iugoslávia e vários países da Ásia ocidental. Mas a Primeira Guerra Mundial não resolveu os problemas do mundo. O acordo de paz que dela resultou criou condições para que o mundo entrasse em outra guerra menos de 20 anos depois. Causas Da Guerra As causas principais da Primeira Guerra Mundial remontam ao início do século XIX. Os povos dominados por ou-tros países começaram a desenvolver sentimentos nacionalistas. Os países se agruparam em alianças militares rivais para levar adiante seus próprios objetivos: disputavam a posse de colônias e outras terras. Finalmente, os governos agravaram as relações internacionais, adotando a diplomacia secreta. Nacionalismo A Revolução Francesa de 1789 despertou um novo sentimento de nacionalismo. Os povos de língua francesa, alemã, italiana e outros começaram a sentir que cada um deles deveria ter um governo nacional independente, em um país onde todos falassem o mesmo idioma. Depois que as guerras napoleônicas terminaram, em 1815, os diplomatas, no Congresso de Viena, traçaram as fronteiras da Europa de modo a satisfazer seus dirigentes. Freqüentemente separaram povos da mesma nacionalidade, colocando-os em países diferentes, ao invés de uni-los. Algumas decisões do Congresso de Viena provocaram violência e algumas insatisfações nacionais. No fim da Guerra Franco-prussiana, em 1871, por
exemplo, a Alemanha anexou a província da Alsácia e a maior parte da Lorena, que pertenciam à França. Os franceses passaram a aguardar uma oportunidade para recuperar essas províncias. A Áustria-Hungria dominava territórios que vários de seus vizinhos julgavam que deviam pertencer a eles. A Sérvia, uma nação eslava, desejava a posse das províncias da Bósnia e Herzegovina porque precisava de uma saída para o mar e também porque muitos eslavos ali viviam. A Itália queria tomar o Tren-tino e Trieste da Áustria-Hungria porque muitos italianos viviam nessas terras. Os tchecos e os eslovacos desejavam também libertar-se do domínio austrohúngaro. Povos de várias nacionalidades viviam na Rússia, como os estonianos, finlandeses, letões, lituanos e poloneses. Também desejavam liberdade. Na Península dos Bálcãs muitas vezes chamada de paiol de pólvora da Europa por causa de várias pequenas guerras os búlgaros, gregos, romenos, sérvios e outros povos ressentiam-se dos longos anos de governo turco e da interferência de outros países. Os líderes do Congresso de Viena poderiam, se quisessem, ter atendido aos anseios nacionais de vários povos da Europa Central e Oriental. Mas decidiram o contrário. Alguns países tinham cultos de guerra (organizações que glorificavam a guerra). Os membros desses grupos, por vezes, insultavam os povos vizinhos, que prontamente se ofendiam. Os provocadores de guerras zombavam da maneira de agir dos povos estrangeiros. Geralmente os jornais sensacionalistas ajudavam a difundir sua propaganda. Alguns líderes alemães pregavam energicamente a expansão comercial e política para o leste, especialmente na Ásia. Chamavam essa política expansionista de Drang nach Osten, ou seja, o avanço para o leste. As Alianças Militares revelaram-se como uma das causas principais da Primeira Guerra Mundial. Depois que unificou o império alemão em 1871, o chanceler Otto Von Bismarck esperava um período de paz internacional. Bismarck sentiu que o desejo da França de recuperar a Alsácia-Lorena poderia
ser a principal ameaça à paz e procurou formar alianças, cujo apoio desencorajasse um ataque à Alemanha por parte de outras nações. A Tríplice Aliança Em 1881, a Alemanha, Áustria-Hungria e Itália assinaram um tratado chamado Tríplice Aliança. O tratado destinava-se a proteger seus membros contra um ataque da França ou da Rússia. A Alemanha e a Itália temiam a França e a Alemanha e a Áustria-Hungria temiam a Rússia. Os três membros da aliança formavam um bloco poderoso na Europa Central. Mas a Áustria-Hungria e a Itália não eram verdadeiros aliados, pois disputavam um território cuja posse a Itália reivindicava. Ambos os países disputavam o domínio do Mar Adriático. Quando começou a guerra em 1914, a Itália não agiu de acordo com os termos da aliança, pois assinara um tratado em segredo com a França, em 1902. Por essa razão, permaneceu neutra durante algum tempo e depois declarou guerra à Áustria-Hungria. A Entente Cordiale Após a formação da Tríplice Aliança, os outros grandes países da Europa viram-se em desvantagem. No caso de uma crise internacional, Grã-Bretanha, França e Rússia teriam de agir isoladamente, mas os países da Tríplice Aliança poderiam agir juntos. Em 1894, a França assinou uma aliança defensiva com a Rússia. Somente a Grã-Bretanha permanecia então isolada, tendo de enfrentar a crescente rivalidade comercial e naval com a Alemanha. Em 1904, a Grã- Bretanha e a França chegaram a uma entente cordiale, ou entendimento amigável. Pelos termos desse acordo, ambos os países resolveram suas várias divergências em relação às colônias e tornaram-se parceiros diplomáticos. A Tríplice Entente Em seguida, a França conseguiu unir a Grã-Bretanha e a Rússia. Em 1907, essas duas nações assina- ram a entente anglo-russa, semelhante à entente cordiale. O novo acordo unindo a França, Rússia e Grã- Bretanha foi chamado de Tríplice Entente. Disputas Internacionais Agora a Europa estava dividida em dois campos armados: a Tríplice Aliança contra a Tríplice Entente. Cada grupo atraiu para o
seu lado uma série de pequenos aliados. Qualquer disputa entre dois países europeus poderia rapidamente envolver todas as seis grandes potências. Uma importante disputa dizia respeito ao Marrocis, "a pérola da África do Norte". Entre 1905 e 1912, por várias vezes, a França esteve prestes a entrar em guerra com a Alemanha por causa do domínio dessa vasta e rica região. A Bósnia e a Her-zegovina eram outros pontos problemáticos. A Áustria-Hungria ocupara essas antigas províncias turcas em 1878 e as anexa-ra formalmente em 1908. A Rússia prometeu, de antemão, que não se oporia à anexação. Por sua vez, a Áustria-Hungria concordou em apoiar o desejo da Rússia de obter livre trânsito para seus navios de guerra nos estreitos de Constantinopla. Mas a Rússia não conseguiu que os outros grandes países aprovassem o seu plano de abrir os estreitos. Tentou, então, fugir à humilhação, in-sistindo em uma conferência internacional para confirmar a ação da Áustria-Hungria. Quando esta recusou concordar, a guerra pa-recia próxima. Mas a França ainda não estava pronta para apoiar a Rússia em uma disputa balcânica. A Alemanha, porém, mostrou-se de-sejosa de apoiar a Áustria- Hungria. Finalmente a Rússia desistiu da conferência, mas encorajou os sérvios a tomarem a Bósnia e a Herzegovina da Áustria-Hungria. Ocorreram então as guerras balcânicas de 1912 e 1913. Os países balcânicos lutaram pela posse de mais territórios, primeiro contra a Turquia e depois entre si. Essas guerras enfraqueceram o aliado da Alemanha, o Império Otomano (atual Turquia), e du-plicaram o tamanho do inimigo da Áustria- Hungria, a Sérvia. Disputa pelas Colônias Grande parte da história do período compreendido entre o final do século XIX e o início do século XX refere-se à rivalidade comercial. As grandes potências tornavam-se cada vez mais industrializadas: disputavam mer-cados onde pudessem vender ou trocar seus produtos e lutavam pela posse de fontes de matérias-primas. Tentavam descobrir e monopolizar lugares onde investir dinheiro. Competiam por no-vas fontes de alimentos, por novas regiões para colonizar e por bases no ultramar onde
pudessem abastecer seus navios. Até mesmo as rivalidades missionárias desempenharam um papel importante na expansão durante esse período. Os ingleses esta-vam particularmente preocupados com a expansão colonial ale-mã. O crescimento da esquadra alemã ameaçava a supremacia inglesa nos mares. Os russos esperavam dominar os Bálcãs. Diplomacia Secreta As nações do mundo não tinham nessa época qualquer organização internacional para ajudar a resolver suas disputas. Por vezes, todos os ministros de um governo não sabiam que alguns de seus colegas haviam firmado acordos secretos com outros países. Geralmente o governo não mantinha o legislativo inteiramente a par desses acordos secretos. O minis-tro do Exterior da Grã-Bretanha, Sir Edward Grey, por exemplo, garantiu à França, em 1912, o auxílio naval de seu país, em caso de guerra, mas não informou ao Parlamento que fizera tal pro-messa. A tensa situação internacional levou o embaixador ale-mão na França, Wilhelm Von Schoen, a declarar em 1914: "A paz permanece à mercê de um acidente". Esse acidente ocorreu em 28 de junho, quando Gavrilo Princip assassinou o arquiduque Francisco Ferdinando, em Sarajevo. A maioria dos combates foi realizada nas frentes ocidental, oriental e sul. A frente ocidental tinha em sua maior extensão cerca de 970 km e ia do canal da Mancha até a fronteira da Suíça. Os homens combatiam nas trincheiras, separadas por cercas de arame farpado e pela terra de ninguém. A frente oriental estendia-se por cerca de 1.770 km, de Ri-ga, no mar Báltico, até as praias do mar Negro. Seu traçado era aproximadamente paralelo às fronteiras orientais da Alemanha e Áustria-Hungria, em 1914. A frente sul estendia-se da Suíça, ao longo da fronteira italiana, até Trieste, em um total de aproximadamente 515 km.
Uma outra frente de batalha estendia-se ao longo do sul dos Bálcãs. Foram travados combates também no Egito, na Mesopo-tâmia (atual Iraque), na Palestina, nas colônias alemãs da Ásia e África e no Oceano Pacífico. Estratégia da Guerra O conde Alfred von Schlieffen, chefe do estado-maior alemão, planejara a estratégia básica alemã em cerca de 1905, tendo a mesma sido modificada em 1912. Segun-do o plano de Schlieffen, os exércitos alemães deviam subjugar a França em uma campanha rápida por meio de uma ofensiva desencadeada através da Bélgica, que era neutra. Em seguida, os alemães planejavam vencer a Rússia e depois obrigar a Grã-Bretanha, então isolada, a render-se. Após conquistar os Bálcãs, as tropas alemãs invadiram a Ásia. Von Schlieffen contava com uma guerra em duas frentes. Mas planejava mobilizar a Áustria-Hungria e uma pequena força alemã na Prússia Oriental para atuarem na frente oriental. A estratégia dos aliados previa a ofensiva dos exércitos na Lorena, logo após a eclosão da guerra. Na frente oriental, a Rús-sia pretendia invadir a Alemanha através da Prússia Oriental e atacar a Áustria-Hungria na Galícia (região da Europa Central). Ela esperava avançar para oeste, enquanto os exércitos aliados marchariam para leste. Novas armas e novos métodos de combate foram desen-volvidos durante a Primeira Guerra Mundial. Em setembro de 1916, o Exército britânico usou pela primeira vez o tanque. A guerra poderia ter acabado mais cedo caso os ingleses tivessem esperado contar com mais tanques até colocá-los em ação. Os alemães, a princípio aterrorizados com os estranhos monstros de aço, descobriram que as peças de artilharia de campanha eram mais eficazes contra os mesmos. A guerra de trincheiras obrigou os países em luta a desenvolver granadas, morteiros e artilharia pesada. Dentre as armas em uso, havia peças de artilharia de campanha, como a alemã, de 77mm, e a francesa, de 75mm, e artilharia média, como o obus alemão, de 5,9 polegadas. Duas peças famosas de longo alcance eram chamadas grande Bertha. Os alemães usaram o primeiro canhão desse tipo contra Liège, na Bélgica, em 1914, e fabricaram o segundo em 1918, para bombardear Paris, a 121km de distância
O submarino foi usado em grande escala pela primeira vez. A esquadra alemã de submarinos chegou a ameaçar a supre-macia naval britânica. Mas a guerra submarina não conseguiu subjugar a Grã-Bretanha pela fome, e o afundamento de navios desarmados por parte dos alemães contribuiu para a entrada dos E.U.A. no conflito ao lado dos aliados. Conseqüências da 1ª Guerra Mundial As conseqüências estão aqui divididas em: políticas, eco-nômicas e sociais. Conseqüências Políticas: a devastação das extensas áreas da Europa, Tratado de Versalhes pelo qual a Alemanha perdeu todas as colônias, teve reduzidas suas terras cultivadas, suas criações e suas fábricas. Criação de Tribunais internacionais, como a liga das na-ções para a discussão e solução dos problemas entre países. Conseqüências Econômicas: como conseqüência econômica principal, temos o debilitamento e o empobrecimento da Europa, que fizeram diminuir seu crédito em todo o mundo em favor das potências americanas, como EUA, e asiáticas, como Japão. O protecionismo impossibilitou a Alemanha de pagar suas dívidas por meio da exportação. Os EUA recomendaram um ano de moratória para todas as transações internacionais, e um verdadeiro caos financeiro afetou a Áustria, Inglaterra, Alemanha e até mesmo os EUA. Conseqüências Sociais: com o processo de industrialização dos países, foi criada uma classe operária numerosa e organizada. A 1ª Guerra Mundial ocasionou a primeira crise global do sistema capitalista mundial, e nela se encontram a ascensão do fascismo e do nazismo. Conseqüências para o Brasil: nossas exportações de café caí-ram bastante porque a Europa suspendeu a importação de artigos considerados supérfluos, entre eles o café.
Aceleração dos processos de industrialização, por falta de produtos importados da Europa. O Tratado de Versalhes O tratado de Versalhes foi o acordo internacional que determinou o futuro da Europa depois da I Guerra Mundial. É assinado em 28 de junho de 1919, na França. Trata também do estatuto da Liga das Nações, associação fundada para manter a paz mundial. A Alemanha foi literalmente humilhada por esse tratado. Pressionada por um embargo naval, a Alemanha é obrigada a assinar o tratado. Perde todas as suas colônias na África e na Ásia. Entrega a Alsácia e a Lorena à França e o Porto de Dantzig, à Polônia. Além disso, cede aos franceses o direito de explorar as minas de carvão do Sarre por 15 anos. É proibida ainda de manter a Marinha e a aviação militar, e seu Exército fica limitado a 100 mil homens. Por fim, é forçada a pagar uma indenização de US$ 33 bilhões (calculados em 1921). O Império Austro-Húngaro é desmembrado e surgem Tchecoslováquia, Hungria, Polônia e Iugoslávia. Desligam-se do Império Turco-Otomano o Iraque, a Transjordânia (atual Jordânia) e a Palestina, como protetorados britânicos, e a Síria e o Líbano, como protetorados franceses. Os termos do Tratado de Versalhes têm o objetivo de impedir novas investidas militares da Alemanha. No entanto, abre caminho para o surgimento dos regimes totalitários e para a deflagração da II Guerra Mundial.