A CRISE NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
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- João Victor Rosa do Amaral
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1 UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO A CRISE NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA Fabiana Aparecida Guimarães RA Katy Gama RA Maria Aparecida da Silva RA Renata Galdino RA Rubiane Francischinni RA São Paulo 2009
2 2 ÍNDICE 1. AS RAZÕES DA CRISE DO SETOR AUTOMOBILISTICO A CRISE NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA ADMINISTRAÇÃO DEFICIENTE PRESSÕES POR PARTE DAS MONTADORAS COMO SÃO VISTA AS FUSÕES NESTE MOMENTO AS RAZÕES DA CRISE DO SETOR AUTOMOBILISTICO A indústria automobilística, tanto a européia quanto a americana, é a primeira grande vítima da crise financeira. Nenhuma montadora escapa de uma revisão drástica das suas perspectivas de faturamento. Diversas razões explicam o caráter repentino e a rapidez avassaladora do desastre. Em primeiro lugar, a indústria automobilística apresenta uma extrema sensibilidade às variações de consumo. Não há nada mais fácil para as famílias ou as empresas do que postergarem em seis meses, e até mais, a compra de um veículo, uma vez que se trata de uma aquisição pesada para todo e qualquer orçamento. Além disso, a indústria automobilística vem sendo atingida em cheio pela crise do crédito. Nos países desenvolvidos, os três quartos dos carros são comprados a crédito. A terceira razão diz respeito à organização do setor, no qual todas as atividades são concatenadas e interdependentes. Basta que os consumidores compareçam em menor número nos centros de vendas das concessionárias para que as usinas sejam obrigadas a reduzirem suas cadências de produção, e até mesmo a fecharem parcialmente. Além disso, a estocagem de veículos produzidos, mas que não foram vendidos, revela ser muito mais custosa do que a colocação em regime de desemprego parcial de uma parte dos assalariados. 1.1 A CRISE NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA O governo dos Estados Unidos precisou injetar US$ 17,4 bilhões para evitar a quebra do General Motors e da Chrysler e uma avalanche de desempregados pelo país. O Canadá foi atrás e colocou mais US$ 3,3 bilhões à 2
3 3 disposição das empresas. Com a crise no mercado norte-americano, o México viu as vendas de veículos cair, e tenta escoar a produção para o Brasil e a Argentina, onde a restrição ao crédito também fez a procura por automóveis diminuir. Os reflexos chegam ao outro lado do mundo, com o pior desempenho comercial das montadoras japonesas no mercado interno, que resultou na demissão de vários trabalhadores, muitos deles brasileiros. E a emergente indústria da China e da Índia colocou o pé no freio do seu crescimento. A crise da indústria automobilística atingiu a sua globalização. O Impacto da crise nas montadoras será menor na África do Sul ADMINISTRAÇÃO DEFICIENTE Há muitos anos que os erros estratégicos manifestos das montadoras vêm produzindo seus efeitos: no decorrer dos anos 1980, a General Motors (GM), a Ford e a Chrysler se precipitaram para tirar proveito do lucrativo mercado das vans 4X4. Agora que, por conta da disparada dos preços da gasolina, os consumidores americanos não querem mais comprar as 4X4, e as montadores nunca conseguirão recuperar o terreno que elas perderam nos últimos 15 anos. Além do mais, a sua administração revelou ser deficiente. Apesar de amargar perdas no valor de US$ 50 bilhões (cerca de R$ 116 bilhões) e uma redução drástica das suas partes de mercado, nunca o conselho de administração da GM chegou a questionar as decisões estratégicas do seu CEO, Rick Wagoner. Enquanto isso, na Ford, Bill Ford, o herdeiro da família não era o homem certo para enfrentar a situação e foi obrigado a ceder seu lugar depois de alguns meses para Allan Mulally. A Chrysler, por sua vez, vem pagando pelas conseqüências dramáticas da sua fusão fracassada com a montadora alemã Daimler. Por fim, há muitos anos que a GM, a Ford e a Chrysler vêm padecendo de uma estrutura de custos não adaptada às novas realidades. Obrigadas a assumirem as aposentadorias e as despesas com saúde dos seus assalariados, um custo adicional médio por carro de US$ (cerca de R$ Um acordo com os sindicatos ainda chegou a ser firmado no ano passado, o que fez com que elas pudessem se livrar destes encargos, mas, a novidade sem dúvida aconteceu tarde demais. 3
4 4 Caso Esses problemas tivessem sido enfrentados em tempo hábil não teriam conduzido as grandes montadoras à beira da falência. 2. PRESSÕES POR PARTE DAS MONTADORAS A briga entre as três gigantes General Motors, Chrysler e Ford, pelo consumidor norte-americano e pelo equilíbrio das contas começou há mais de três anos. Os motivos são: mudança do perfil de consumo, o que obriga as fabricantes a desenvolver produtos mais econômicos e menos poluentes, relações difíceis com os sindicatos locais e altos gastos com funcionários, principalmente no que se refere a assistências médicas e a planos de aposentadoria. E quem tirou vantagem foram às japonesas Honda e Toyota, ao levar aos Estados Unidos produtos mais baratos (já que o modo de produção japonês gera menos gastos), menores e com tecnologia mais avançada. O México, que reserva a maior parte da produção às exportações e possui como principal importador os Estados Unidos, passou a sofrer fortes quedas de vendas com a crise no mercado norte-americano. No Brasil, depois de períodos com recorde de vendas e produção, a indústria sofreu os reflexos da crise financeira mundial com a restrição ao crédito, que provocou uma queda nas vendas nos últimos três meses e levou o governo a baixar algumas medidas, como um pacote de US$ 4 bilhões para as empresas e a suspensão do IPI para carros populares até 31 de março de As empresas ampliaram as férias coletivas dos trabalhadores e as concessionárias promoveram liquidações no final de ano para tentar atingir as cotas de venda. A desaceleração econômica fez reduzir também as vendas e as exportações de carros na Argentina. Na Europa, houveram demissões de trabalhadores na França e na Espanha. As vendas de carros caíram mais de 25% no mercado europeu. Na Inglaterra, o encalhe de carros entupiu até pista de aeroporto. No mercado asiático, as vendas de veículos despencaram no Japão. As principais montadoras, do país, Honda, Toyota, Suzuki, Nissan e Isuzu, anunciaram medidas de restrição em sua produção para adequação ao mercado. 4
5 5 Isto resultou em queda nas vendas e demissão de funcionários. China e Índia, dois mercados emergentes, também frearam o seu crescimento. Apenas nos pequenos mercados da África e da Oceania a crise não chegou a ter grandes efeitos. 3. COMO SÃO VISTA AS FUSÕES NESTE MOMENTO As fusões, aquisições e parcerias vistas agora, em momento de crise, nada mais são do que a consolidação do setor, que já havia começado no século passado. Vão sobrar menos empresas e grupos maiores. A experiência brasileira com a formação de grupos automotivos foi a Autolatina, a associação entre Ford e Volkswagen feita de 1987 a 1994, para reduzir custos em meio a uma forte queda do mercado automotivo, entretanto, nenhuma das empresas tinha problemas graves. A fusão da Porsche com a Volkswagen é um dos mais importantes movimentos da indústria automobilística. Agora, o novo grupo alemão se tornará o grande rival da japonesa Toyota, a maior montadora em vendas. Essa fusão tem caráter político e está ligada a interesses de grandes famílias e políticos na Alemanha. A expansão da Fiat seja por aliança, parceria ou fusão, o interesse da Fiat na Chrysler é conseguir uma participação no mercado americano, mesmo que pequena, por se tratar de um dos mais ricos do mundo e que a Fiat está fora. Para ajudar, o investimento na operação é bem baixo, já que os empréstimos do governo dos Estados Unidos têm alto valor. A desvantagem da estratégia para a Fiat é o risco que isso não aconteça, e que as dificuldades sejam bem maiores do O valor da Opel (braço da GM na Europa) no mercado europeu também é atrativo para a Fiat, que tem força na Itália, mas não nos outros países. Das montadoras francesas, o máximo de globalização observada foi a aliança que aconteceu entre a Renault e a Nissan que, mesmo assim, não são marcas globais. 5
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