Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro 17ª Câmara Cível



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Transcrição:

Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro 17ª Câmara Cível ORIGEM: 2ª VARA CÍVEL DE CAMPOS DOS GOYTACAZES APELAÇÃO CÍVEL nº 0006135-45.2004.8.19.0014 APELANTE: SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES APELADO: LIGA ESPÍRITA DE CAMPOS 1. APELAÇÃO CÍVEL. PROCESSUAL CIVIL. LIGA ESPÍRITA DE CAMPOS AJUIZOU AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO EM FACE DO SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE CAMPOS (1º RÉU), SINDICATO DOS ENFERMEIROS DO RIO DE JANEIRO (2º RÉU) E SINDICATO DOS TRABALHADORES EM ENFERMAGEM DE CAMPOS DOS GOYTACAZES (3º RÉU), HAJA VISTA DÚVIDA ACERCA DO EFETIVO CREDOR DAS CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS DESCONTADAS DOS FUNCIONÁRIOS DA INSTITUIÇÃO. AUTORA QUE PLEITEOU, POR FORÇA DOS DEPÓSITOS EFETUADOS, A PROCEDÊNCIA DO PEDIDO E A DECLARAÇÃO DE EXTINÇÃO DE SUA OBRIGAÇÃO ATINENTE AO RECOLHIMENTO DAS REFERIDAS CONTRIBUIÇÕES. 2. SENTENÇA QUE, EM VIRTUDE DO LITÍGIO VERSAR APENAS SOBRE QUAL DOS SINDICATOS SERIA O CREDOR DAS CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS, SE UTILIZOU DO CRITÉRIO DA ESPECIFICIDADE DAS ATIVIDADES DESEMPENHADAS PELOS SINDICALIZADOS, RECONHECEU COM BASE EM DECISÃO PROFERIDA NOS AUTOS DO PROCESSO Nº 1998.014.000972-2, QUE AS CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS DISCUTIDAS NOS AUTOS CABERIAM AO SINDICATO DOS TRABALHADORES EM ENFERMAGEM DE CAMPOS DOS GOYTACAZES SINTEC (3º RÉU). O JUIZ A QUO TAMBÉM JULGOU PROCEDENTE O PEDIDO CONTIDO NA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO, PARA DECLARAR EXTINTA A OBRIGAÇÃO DA LIGA ESPÍRITA DE CAMPOS (AUTORA), RELATIVAMENTE ÀS CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS PAGAS POR MEIO DOS DEPÓSITOS JUDICIAIS CONTIDOS NOS AUTOS. POR FIM, TAMBÉM DEFERIU O LEVANTAMENTO DAS QUANTIAS DEPOSITADAS, CONDENANDO OS RÉUS SUCUMBENTES, 1º RÉU E 2º RÉU, AO PAGAMENTO DAS CUSTAS JUDICIAIS E HONORÁRIOS DE ADVOGADO QUE ARBITROU EM 20%. 3. O SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE CAMPOS (1º RÉU) AJUIZOU AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE SENTENÇA EM FACE DO SINDICATO DOS TRABALHADORES EM ENFERMAGEM DE CAMPOS DOS GOYTACAZES (3º RÉU) ALEGANDO QUE O MESMO NÃO COMPARECEU AOS AUTOS APESAR DE REGULARMENTE CITADO, RAZÃO PELA QUAL A SENTENÇA FOI NULA, BEM COMO ALEGOU OFENSA À COISA JULGADA EIS QUE FOI RECONHECIDO DESDE 1973 COMO ENTIDADE REPRESENTATIVA DA CLASSE. TAMBÉM AJUIZOU EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COM EFEITOS INFRINGENTES ADUZINDO OS MESMOS FATOS. 4. O SINDICATO DOS ENFERMEIROS DO RIO DE JANEIRO (2º RÉU) INTERPÔS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ALEGANDO CONTRADIÇÃO DA SENTENÇA QUE RECONHECEU QUE O 3º RÉU ERA O ÚNICO A FAZER JUS AO RECEBIMENTO DO VALOR CONSIGNADO. 5. SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

DE CAMPOS (1º RÉU) QUE APELOU DA SENTENÇA ARGUINDO PRELIMINARMENTE NULIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS EFETIVADOS A PARTIR DE FLS.149, FACE À INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PARA APRECIAR E JULGAR A PRESENTE AÇÃO CONSIGNATÓRIA, EX VI DO DISPOSTO NO INCISO III DO ARTIGO 114 DA CRFB COM A ALTERAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45 DE 08/12/2004. NO MÉRITO, ARGUI A PRERROGATIVA DE REPRESENTAÇÃO DAS CATEGORIAS PROFISSIONAIS CONFORME CARTA SINDICAL OUTORGADA PELO MINISTÉRIO DO TRABALHO EM 04/12/1973, OFENSA À COISA JULGADA E AO ARTIGO 8º, II, DA CRFB. REQUER A DECLARAÇAO DE NULIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS PRATICADOS A PARTIR DA VIGÊNCIA DA EC 45/2004, COM REMESSA DOS AUTOS PARA A JUSTIÇA DO TRABALHO DA COMARCA DE CAMPOS DE GOYTACAZES, E, SUBSIDIARIAMENTE, A REFORMA DA SENTENÇA RECONHECENDO AO APELANTE O DIREITO AO RECEBIMENTO DOS VALORES CONSIGNADOS, EIS QUE LEGÍTIMO REPRESENTANTE DOS EMPREGADOS DA AUTORA, OCUPANTES DAS FUNÇÕES ESPECIFICADAS NA INICIAL, COM A INVERSÃO DOS ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA E CUSTAS JUDICIAIS. 5. APELAÇÃO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA PARA A JUSTIÇA DO TRABALHO DA COMARCA DE CAMPOS DE GOYTACAZES. APLICAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/2004. A DISCUSSÃO RELATIVA À LEGITIMIDADE DE SINDICATO PARA RECEBER CONTRIBUIÇÃO SINDICAL É MATÉRIA AFETA À JUSTIÇA DO TRABALHO CONFORME ARTIGO 114, III, DA CRFB. COMPETÊNCIA ABSOLUTA EM RAZÃO DA MATÉRIA, APLICANDO-SE AOS PROCESSOS EM CURSO, CONFORME ARTIGO 87 DO CPC. PRECEDENTES DO STJ E DO STF. SENTENÇA QUE SE ANULA DETERMINANDO A REMESSA DOS AUTOS PARA UMA DAS VARAS DE TRABALHO DA COMARCA DE CAMPOS DOS GOYTACAZES. Vistos, relatados e discutidos estes autos da Apelação Cível nº 0006135-45.2004.8.19.0014, entre as partes acima assinaladas, ACORDAM os Desembargadores que compõem a Décima Sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro por unanimidade de votos, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Desembargador Relator, como segue. V O T O Apelação cível contra sentença de fls.238/241 da 2ª Vara Cível da Comarca de Campos dos Goytacazes, que em ação de consignação em pagamento proposta pela LIGA ESPÍRITA DE CAMPOS em face de SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (1º RÉU), SINDICATO DOS ENFERMEIROS DO RIO DE JANEIRO (2º RÉU) e SINDICATO DOS TRABALHADORES EM ENFERMAGEM DE CAMPOS DOS GOYTACAZES (3º Réu), com base na sentença do processo nº 1998.014.000972-2, proferida no seguinte teor: A única questão controvertida pendente de apreciação diz respeito ao credor das contribuições depositadas em juízo. O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, em conformidade com o disposto no artigo 8º, II da CRFB, reconheceu a impossibilidade de existência de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial. Assim, somente um dos réus é o legítimo credor das contribuições depositadas. O critério que tem sido usado pelo Poder Judiciário para aferição desta legitimidade não se liga à antiguidade, mas sim a especificidade das atividades desempenhadas pelos sindicalizados(...) No dispositivo da sentença de conteúdo declaratório prolatada nos autos do processo 1998.014.000972-2, foi decidido que as contribuições sindicais discutidas nos autos deste processo caberiam única e exclusivamente ao sindicato dos trabalhadores em enfermagem de Campos dos Goytacazes. A referida sentença foi confirmada por meio de acórdão proferido na apelação cível nº 2006.001.09156.(...) Isto posto, julgo procedente o 2

pedido contido na petição inicial na forma do artigo 269, I do CPC. Declaro extinta a obrigação do autor relativamente às contribuições sindicais pagas por meio dos depósitos judiciais contidos nos autos. Reconheço o terceiro Réu como credor dos pagamentos consignados nos autos deste processo. Não havendo impugnação, defiro o levantamento das quantias depositadas pelo terceiro réu. Condeno os réus sucumbentes primeiro e segundo réus ao pagamento das custas judiciais e dos honorários de advogado que arbitro em 20% do valor da causa. Ação de consignação em pagamento proposta pela LIGA ESPÍRITA DE CAMPOS MANTENEDORA DO HOSPITAL ABRIGO DR. JOÃO VIANA em face dos Réus, SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (1º RÉU), SINDICATO DOS ENFERMEIROS DO RIO DE JANEIRO (2º RÉU) e SINDICATO DOS TRABALHADORES EM ENFERMAGEM DE CAMPOS DOS GOYTACAZES. Aduziu a Autora em sua inicial que: 1) diante de dúvida quanto a quem deve efetuar os repasses devidos a título de contribuição sindical, valeu-se do disposto no artigo 895 do CPC, requerendo a consignação como forma de pagamento; 2) requereu: a) fosse autorizado o depósito em consignação da quantia de R$ 468,14 (quatrocentos e sessenta e oito reais e quatorze centavos), b) fosse julgado procedente seu pedido na ação de consignação em pagamento, e declarada extinta sua obrigação, c) a condenação dos requeridos nas custas e honorários advocatícios de 20% sobre o valor da causa. Às fls. 58/80 Contestação oferecida pelo SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTO DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE CAMPOS, defendendo que é devida a contribuição sindical, sendo ele o credor. Aduziu que: 1) o artigo 8º, II, da CRFB, proíbe a criação de mais de uma organização sindical, representativa de categoria profissional ou econômica, em uma mesma base territorial; 2) obteve autorização para representar os empregados em 1973, data anterior à constituição do terceiro réu; 3) foi realizada assembleia geral, tendo sido aprovado por unanimidade, que seria o único representante dos funcionários em atividade em estabelecimento em serviços de saúde sediados no Município de Campos dos Goytacazes (documentos às fls.81/102). Às fls. 109/111 Contestação do SINDICATO DOS ENFERMEIROS DO RIO DE JANEIRO. Alegou que: 1) é o único com atribuição para representar os enfermeiros, sendo estes profissionais da enfermagem com nível superior; 2) possui base em todos os Municípios do Estado do Rio de Janeiro, 3) é o único com respaldo legal para representar a categoria dos enfermeiros, sendo o credor da contribuição sindical tratada nos autos deste processo. (documentos às fls. 112/141). Réplica da LIGA ESPÍRITA às fls. 144/145, reiterando os termos da petição inicial. Às fls. 173/174 petição do terceiro réu SINDICATO DOS TRABALHADORES EM ENFERMAGEM DE CAMPOS DOS GOYTACAZES, requerendo o levantamento dos depósitos (documentos de fls. 175/205). Certidão às fls.210 atestando que o terceiro réu SINDICATO DOS TRABALHADORES EM ENFERMAGEM DE CAMPOS DOS GOYTACAZES não ofereceu contestação. Sentença às fls.238/240, que ao julgar procedente o pedido formulado na ação de consignação em pagamento, destacou que: 1) a pretensão do autor diz respeito ao pagamento de contribuição sindical devida, com a declaração da extinção da obrigação respectiva; 2) os dois primeiros réus ofereceram contestações se declarando credores da contribuição; 3) o terceiro réu foi revel, eis que não ofereceu contestação; 4) a lide não diz 3

respeito à recusa de recebimento de contribuição sindical tampouco ao valor depositado; 5) a única questão controvertida pendente de apreciação diz respeito ao credor das contribuições depositadas em juízo; 6) que deve ser reconhecido o terceiro réu como legítimo credor das contribuições depositadas nos autos deste processo, sendo que o acórdão proferido na apelação cível 2006.001.09156, deve ser observado. O 1º Réu, SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE CAMPOS, às fls.242/249 ajuizou ação declaratória de nulidade da sentença, em face do 3º Réu, SINDICATO DOS TRABALHADORES EM ENFERMAGEM DE CAMPOS DOS GOYTACAZES, alegando a revelia do mesmo, bem como que apenas o 1º Réu, tem legitimidade para representar os interesses da categoria. Requereu a procedência da ação para decretar a nulidade ou a inexistência da sentença, anulando-se a ação de consignação, a partir do despacho de vistas ao representante do MP, ou alternativamente, seja decretada a nulidade de todo o processo. Às fls.256/260, Embargos de Declaração do 2º Réu, SINDICATO DOS ENFERMEIROS DO RIO DE JANEIRO, alegando contradição do julgado, ao considerar procedente a ação, eis que é o legítimo representante dos enfermeiros com formação superior com extensão no Estado do Rio de Janeiro. Requer seja acrescida à sentença decisão que estende direito ao recebimento do valor consignado também ao Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro, relativo ao recolhimento dos profissionais de enfermagem de nível superior. Às fls. 262/269, Embargos de Declaração do 1º Réu, SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES, com efeito modificativo, objetivando alterar a sentença de fls.238/241, para reconhecer o Embargante como o legítimo credor dos pagamentos consignados nos autos, sob pena de ofensa à coisa julgada. Às fls.272/310, Apelação do 1º Réu, SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES, alegando preliminarmente: 1) nulidade dos atos processuais efetivados a partir de fls. 149, face a incompetência da justiça comum estadual para apreciar e julgar a presente ação consignatória, ex vi do disposto no inciso III do artigo 114 da Constituição Federal, acrescentado pela Emenda Constitucional nº 45, de 08/12/2004; 2) sejam os autos remetidos para a Justiça do Trabalho, face a nulidade dos atos processuais praticados. No mérito aduz que: 1) a própria apelada às fls.03 reconhece que o ora apelante, é o único que promove anualmente os dissídios em benefício de seus associados e os assiste nas homologações rescisórias; 2) o Estatuto do Apelante, fls.86, foi confirmado pela carta sindical outorgada pelo Ministério do Trabalho, em 04/12/1973; 3) o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, conforme o artigo 8º, II, da CRFB, reconheceu a impossibilidade da existência de mais de uma organização sindical em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial; 4) a prerrogativa possuída pelo Apelante existe desde a data de sua fundação em 1973, há mais de 38 anos, já o apelado existe apenas a partir de 1992; 5) a decisão ofende a coisa julgada, eis que fora realizada assembleia geral pelos empregados em estabelecimentos de saúde no Município de Campos dos Goytacazes, envolvendo os profissionais de enfermeiros, auxiliares de enfermagem e atendentes de enfermagem. Requer: a) seja declarada de ofício a nulidade dos atos processuais praticados nos autos a partir da vigência da Emenda Constitucional nº 45 de 08/12/2004, ou seja, a partir de fls.149, com a consequente remessa dos autos para a Justiça do Trabalho da Comarca de Campos dos Goytacazes RJ; b) subsidiariamente seja reconhecido ao apelante o direito ao recebimento dos valores consignados, eis que 4

configurado como legítimo representante dos empregados da autora ocupantes das funções especificadas na inicial; c) a inversão dos ônus sucumbenciais e custas processuais. Às fls. 319, Certidão de que o Apelado não apresentou contrarrazões. Às fls.320/322, parecer do Ministério Público pela procedência do apelo. Às fls.326/327, manifestação da Douta Procuradoria de Justiça no sentido de não ter interesse em participar do feito. É o relatório. Passo ao voto. Merece provimento o apelo do SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES (1º Réu), ora Apelante, no que se refere à preliminar de arguição de incompetência da Justiça Estadual. Com a Emenda Constitucional nº 45/2004, houve alteração no texto do artigo 114 da CRFB, passando a Justiça do Trabalho a ter competência absoluta para conhecer dos conflitos atinentes à representação sindical, seja entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores ou, ainda, entre sindicatos e empregadores. (artigo 114, III, da CRFB). Assim dispõe o artigo 114 da CRFB, antes e depois da alteração verbis: (ARTIGO 114 REDAÇÃO ANTERIOR À EC 45/2004): Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta dos Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e da União, e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas. (ARTIGO 114 REDAÇÃO APÓS A EC 45/2004): Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II as ações que envolvam exercício do direito de greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação ou à arbitragem, é facultado aos respectivos sindicatos ajuizar dissídio coletivo, podendo a Justiça do Trabalho estabelecer normas e condições, 5

respeitadas as disposições convencionais e legais mínimas de proteção ao trabalho. 3 Compete ainda à Justiça do Trabalho executar, de ofício, as contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir.(incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Em se tratando dos conflitos envolvendo sindicatos, a teor do inciso III do artigo 114, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça se firmou no sentido de que a competência absoluta para julgar ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores é da Justiça do Trabalho, como se verifica nos seguintes julgados do STF e STJ respectivamente: INFORMATIVO Nº 501 TÍTULO Conflito de Competência e Contribuições Sindicais PROCESSO CC 7456. ARTIGO O Tribunal, por unanimidade, conheceu de conflito de competência, e, por maioria, firmou a competência do STJ para processar e julgar recurso interposto nos autos de ação de consignação em pagamento, em que se discute sobre o sindicato legitimado a receber contribuições sindicais. Tratava-se, na espécie, de conflito negativo de competência estabelecido entre o STJ e o TST. Entendeu-se que a discussão relativa à legitimidade do sindicato para receber a contribuição sindical representaria matéria funcional à atuação sindical, enquadrando-se, ante a nova redação dada pela Emenda Constitucional 45/2004 ao art. 114, III, da CF, na competência da Justiça do Trabalho. Não obstante, considerou-se a orientação firmada no CC 7204/MG (DJU de 9.12.2005), que definira, por uma questão de política judiciária, a existência de sentença de mérito na Justiça Comum Estadual, proferida antes da vigência da referida EC, como fator determinante para fixar a competência da Justiça Comum, o que ocorrera no caso concreto. Vencido o Min. Marco Aurélio, que firmava a competência da Justiça do Trabalho. CC 7456/RS, rel. Min. Menezes Direito, 7.4.2008. (CC- 7456). CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA DO TRABALHO. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. DÚVIDA SOBRE QUEM DEVA RECEBER. COMPARECIMENTO DE MAIS DE UM PRETENDENTE. PROCEDIMENTO DE DUAS FASES. DECISÃO NA PRIMEIRA FASE PROFERIDA POR JUIZ E TRIBUNAL DO DISTRITO FEDERAL ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/2004. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. Compete à Justiça do Trabalho, de acordo com o art. 114, III, da CF/88, com a redação dada pela EC nº 45/2004, processar e julgar ação de consignação em pagamento de contribuição sindical que tenha, de um lado, uma sociedade empregadora e, de outro, entidades sindicais. Aplicação, por analogia, do entendimento desta Corte de que a nova competência, inaugurada pela EC 45/2004, abrange as demandas visando à cobrança da contribuição sindical. 2. No que se refere às questões de direito intertemporal, decidiu-se que a nova regra de competência alcança os processos em curso ainda não sentenciados na data da entrada em vigor da EC 45/04. Nesse sentido: CC 55749/SP, 1ª S., Min. Castro Meira, DJ de 03.04.2006; CC 57915/MS, 1ª S., Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 27.03.2006; AgRg nos EDcl no CC 50610/BA, 2ª S., Min. Castro Filho, DJ de 03.04.2006; AgRg no CC 52517/SP, 2ª S., Min. Barros Monteiro, DJ de 19.12.2005. 3. Tratando-se de consignatória fundada em dúvida sobre quem deva legitimamente receber e que tem mais de um pretendente para o recebimento da quantia depositada, seu procedimento é cindido em duas fases subsequentes: na primeira, o juiz analisa a adequação, suficiência e pertinência do depósito e, se for o caso, extingue a obrigação do autor, e na segunda, decide o destino a ser dado à quantia depositada. (art. 898 do CPC). No caso, tendo o juízo de direito do Distrito Federal proferido decisão na primeira fase, que foi objeto de recurso de apelação já julgado pelo respectivo Tribunal de Justiça, antes da vigência da EC 45/2004, firma-se a competência desse Juízo para o prosseguimento da demanda, na sua segunda fase, com o que fica preservada a unidade do sistema recursal na causa. 4. Conflito conhecido, declarando-se a competência do Juízo de Direito da 6ª Vara Cível de Brasília - DF, o suscitado. (CC 86.542/DF, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/09/2007, DJ 15/10/2007, p. 213). 6

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA TRABALHISTA. APLICAÇÃO DA EC 45/2004 ÀS DEMANDAS EM QUE AINDA NÃO HOUVE JUL- GAMENTO DO MÉRITO. ENTENDIMENTO DO PRETÓRIO EXCELSO, CORROBORADO POR ES-TA CORTE SUPERIOR. INJUNÇÃO DE POLÍTICA JUDICIÁRIA. SENTENÇA PROFERIDA PELO JU-ÍZO ESTADUAL APÓS O ADVENTO DA SUPRACITADA EMENDA. NULIDADE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA TRABALHISTA. 1. A Emenda Constitucional 45/2004, ao dar nova redação ao art. 114 da Carta Magna, aumentou de maneira expressiva a competência da Justiça Laboral, passando a estabelecer, no inciso III do retrocitado dispositivo, que compete à Justiça do Trabalho processar e julgar "as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores". Assim, depreende-se que a competência para processar e julgar as ações em que são discutidas contribuições sindicais, assistenciais e confederativas passou para a Justiça Trabalhista. 2. Conforme a jurisprudência do Pretório Excelso e desta Corte Superior, as modificações promovidas pela EC 45/2004 devem ser aplicadas imediatamente às hipóteses em que esteja pendente o julgamento do mérito. 3. No caso em análise, o feito foi sentenciado em setembro de 2005, ou seja, após o advento da EC 45/2004, quando já não era mais da Justiça Comum a competência material para seu processamento e julgamento. Portanto, nos termos do art. 122 do CPC, devem ser declarados nulos todos os atos decisórios proferidos em data posterior à alteração constitucional realizada pela citada emenda, haja vista a incompetência absoluta do juízo estadual. 4. Conflito conhecido para declarar a competência da Justiça Trabalhista para apreciar o feito, anulando-se todos os atos decisórios proferidos pelo juiz de direito após o advento da EC 45/2004. (CC 63.412/GO, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/02/2007, DJ 02/04/2007, p. 212). DIREITO SINDICAL - CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - JUSTIÇA DO TRABALHO X ES-TADUAL - AÇÃO CAUTELAR QUE QUESTIONA VALORES A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO SINDI-CAL - INSTITUTO DA PREVIDÊNCIA DO MUNI-CÍPIO DO RIO DE JANEIRO EM FACE DE VÁ-RIOS SINDICATOS PATRONAIS SUSCITAÇÃO DO CONFLITO OCORRIDA ANTES DO ADVENTO DA EC N. 45/04 - AÇÃO SUJEITA AO NOVO RE-GRAMENTO TRAZIDO NO ART. 114, III, DA CF/88 - A COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA É ANALISADA SOB O PRISMA DA CAUSA DE PE-DIR E PEDIDO - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. 1. Após a Emenda Constitucional n. 45/04, a Justiça do Trabalho passou a deter competência para processar e julgar não só as ações sobre representação sindical (externa - relativa à legitimidade sindical, e interna - relacionada à escolha dos dirigentes sindicais), como também os feitos intersindicais e os processos que envolvam sindicatos e empregadores ou sindicatos e trabalhadores. 2. As ações que questionam depósitos de contribuição sindical, após a Emenda, devem ser processadas e julgadas pela Justiça do Trabalho. 3. Iterativos precedentes do STF e do STJ. 4. A regra de competência prevista no art. 114, III, da CF/88 produz efeitos imediatos, a partir da publicação da EC n. 45/04, atingindo os processos em curso, ressalvado o que já fora decidido sob a regra de competência anterior. 5. Inaplicável o verbete sumular 222/STJ após a EC n. 45/2004. 6. Desinfluente o questionamento nos autos sobre a ilegalidade da cobrança da contribuição sindical ou sobre a existência de servidores públicos municipais estatutários, uma vez que a competência, em razão da matéria, é analisada sob o prisma da causa de pedir e pedido. Conflito conhecido, para determinar a competência do Juízo da 13ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro RJ, o suscitante. (CC 63.459/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MAR-TINS, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/10/2006, DJ 13/11/2006, p. 207). A presente demanda foi proposta em 28/04/2004 (fls.02), no entanto a sentença só foi proferida em 21/09/2011, quando já estava em vigor a Emenda Constitucional 45/2004. Ressalte-se, por oportuno, que por se tratar de competência absoluta em razão da matéria, pode ser arguida a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, nos termos dos artigos 113, 267, 3º, e 471, inciso II, todos do Código de Processo Civil, verbis: Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção. 1o Não sendo, porém, deduzida no prazo da contestação, ou na primeira oportunidade em que Ihe couber falar nos autos, a parte responderá integralmente pelas custas. 2o Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, remetendo-se os autos ao juiz competente 7

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005) 3o O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento. Art. 471 - Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo: II - nos demais casos prescritos em lei. Por todo o exposto, voto pelo provimento da apelação interposta pelo 1º Réu - SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES, para anular a sentença, declinar da competência para a Justiça Trabalhista, e determinar a remessa do feito a uma das Varas Trabalhistas de Campos dos Goytacazes. Rio de Janeiro, de de 2013. JUAREZ FERNANDES FOLHES Desembargador Relator 8