MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL



Documentos relacionados
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Nº 17599/CS

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Nº /CS

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

PORTE ILEGAL DE ARMA ( ABOLITIO CRIMINIS )

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

: MIN. GILMAR MENDES

Supremo Tribunal Federal

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

18/10/2016 SEGUNDA TURMA : MIN. TEORI ZAVASCKI

Superior Tribunal de Justiça

24/06/2014 SEGUNDA TURMA

Superior Tribunal de Justiça

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Superior Tribunal de Justiça

HABEAS CORPUS Nº PR (2018/ )

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

: MIN. DIAS TOFFOLI :DUILIO BERTTI JUNIOR

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Superior Tribunal de Justiça

: MIN. GILMAR MENDES :XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

20/05/2014 SEGUNDA TURMA : MIN. TEORI ZAVASCKI

11/09/2017 PRIMEIRA TURMA : MIN. ALEXANDRE DE MORAES PAULO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL SP

05/02/2013 SEGUNDA TURMA : MIN. GILMAR MENDES

Superior Tribunal de Justiça

: DESEMBARGADORA FEDERAL ASSUSETE MAGALHÃES

Nº /2015 ASJCIV/SAJ/PGR

Superior Tribunal de Justiça

05/02/2013 SEGUNDA TURMA : MIN. GILMAR MENDES TERRITÓRIOS

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA Nº HABEAS CORPUS

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Ministério Público do Estado de Mato Grosso Turma de Procuradores de Justiça Criminal para Uniformização de Entendimentos

JURISPRUDÊNCIA - STJ

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

: MIN. DIAS TOFFOLI :PAULO RODRIGUES LOPES :DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL :SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Nº /CS

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 7ª CÂMARA CRIMINAL

Superior Tribunal de Justiça

<CABBCBBCCADACABAADBCAADCBAACDBBAACDAA DDADAAAD> A C Ó R D Ã O

Supremo Tribunal Federal

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº /RS

Liberdade provisória sem fiança.

ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO MARTÔNIO PONTES DE VASCONCELOS

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

: MIN. MARCO AURÉLIO DECISÃO

HABEAS CORPUS Nº RS (2018/ )

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

Supremo Tribunal Federal

Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Vigésima Primeira Câmara Cível

Superior Tribunal de Justiça

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 422, DE 2011

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 6ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA SENTENÇA

Superior Tribunal de Justiça

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO SANTA CATARINA EMENTA

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

Transcrição:

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Nº 10.293/12 MJG HABEAS CORPUS Nº 114.485 / MS PACTE: ANDERSON ASSME IMPTE: DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO IMPDO: SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA RELATOR: EXMO. SR. MIN. MARCO AURÉLIO HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO EM HABEAS CORPUS. NÃO CONHECIMENTO. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER. INVIABILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DA PENA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. - Parecer pelo não conhecimento da ordem ou, sucessivamente, por sua denegação. EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO RELATOR O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, nos autos em epígrafe, diz a V.Exa. o que segue: Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado em favor de Anderson Assme contra acórdão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça STJ que, nos autos do HC 182.892/MS, denegou a ordem, nos termos da ementa que segue transcrita:

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 2 HABEAS CORPUS. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER. ART. 129, 9º, DO CÓDIGO PENAL. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. INAPLICABILIDADE DA LEI 9.099/95. VEDAÇÃO LEGAL. ART. 41 DA LEI 11.340/06. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. 1. A Constituição Federal, em seu art. 98, inciso I, não definiu a abrangência da expressão "infrações de menor potencial ofensivo"; isto é, coube ao legislador ordinário estabelecer o alcance do referido conceito que, considerando a maior gravidade dos crimes relacionados com violência doméstica ou familiar contra a mulher, decidiu tratar de forma mais severa as referidas infrações, afastando, no art. 41 da Lei 11.340/06, independentemente da pena prevista, a aplicação dos institutos despenalizadores previstos na Lei 9.099/95, quais sejam, a suspensão condicional do processo e a transação penal. 2. Tendo o paciente sido condenado como incurso nas sanções do art. 129, 9º, do Código Penal, pela prática de agressão física à sua ex-companheira, por expressa vedação legal, não há como se aplicar em seu favor o instituto da suspensão condicional do processo. LESÃO CORPORAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. SUBSTITUIÇÃO DA SANÇÃO RECLUSIVA POR PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. BENEFÍCIO CASSADO PELO TRIBUNAL ORIGINÁRIO. NÃO PREENCHIMENTO DO REQUISITO PREVISTO NO INCISO I DO ART. 44 DO CP. CRIME COMETIDO COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA À PESSOA. NEGATIVA DE PERMUTA JUSTIFICADA. COAÇÃO ILEGAL NÃO DEMONSTRADA. 1. Inviável acoimar de ilegal o acórdão impetrado no ponto em que cassou a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos concedida pelo Juízo singular, pois, não obstante a sanção imposta tenha sido inferior a 4 (quatro) anos, verifica-se que se trata de delito cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, não restando preenchido, assim, o requisito previsto no art. 44, I, do CP. 2. Ordem denegada. Consta dos autos que, em 19/08/2009, o paciente foi condenado pelo juízo sentenciante ao cumprimento das penas de 3 (três) meses de detenção pela prática do crime previsto no art. 129, 9º, do Código Penal (lesão corporal em contexto de violência doméstica ou

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 3 familiar) e de 1 (um) mês de detenção pela consumação do delito disposto no art. 147 da Lei Penal Substantiva (ameaça), com substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Apelaram o Ministério Público e a defesa, tendo o Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul TJ/MS dado provimento apenas ao recurso ministerial, no dia 30/08/2010, para cancelar a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos e aplicar a suspensão condicional da pena. Foi impetrado habeas corpus no STJ, onde foi proferida decisão denegatória, dando oportunidade assim à presente impetração. Nesta via mandamental, a impetrante alega, em síntese, que é viável a convolação da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, ainda que se trate de crime de lesões corporais praticado em contexto de violência doméstica, porquanto não se teria evidenciado a grave ameaça ou a violência apta a negar a aplicação do benefício. parecer. Indeferida a liminar, vieram os autos para emissão de É o relatório. há de ser denegado. O writ não merece ser conhecido ou, acaso conhecido,

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 4 Conforme se posicionou a Primeira Turma dessa Suprema Corte, no julgamento do HC 109.956/PR, relatado por Vossa Excelência, o instrumento processual cabível contra decisão que denega habeas corpus é o recurso em habeas corpus. No caso, tendo a defesa impetrado novo writ, assim o fez de modo processualmente inadequado, utilizando-o como substitutivo do recurso ordinário constitucional, o que impõe a negativa de seguimento da ação. Eis a ementa do julgado em referência: HABEAS CORPUS JULGAMENTO POR TRIBUNAL SUPERIOR IMPUGNAÇÃO. A teor do disposto no artigo 102, inciso II, alínea a, da Constituição Federal, contra decisão, proferida em processo revelador de habeas corpus, a implicar a não concessão da ordem, cabível é o recurso ordinário. Evolução quanto à admissibilidade do substitutivo do habeas corpus. PROCESSO-CRIME DILIGÊNCIAS INADEQUAÇÃO. Uma vez inexistente base para o implemento de diligências, cumpre ao Juízo, na condução do processo, indeferi-las. (HC 109956, Rel. Min. Marco Aurélio, Primeira Turma, julgado em 07/08/2012, DJe-178 de 11/09/2012.) O mérito, de qualquer sorte, não prospera. Não há como deferir o pedido de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito, em função de ser o crime cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, o que se soma ao próprio fato de ter sido o paciente condenado também pelo crime autônomo de ameaça, grave o suficiente, a propósito, para motivar a tipificação da conduta pelo legislador. Afigura-se literal, em realidade, a proibição normativa de convolação da pena privativa de liberdade em pena restritiva de direito em caso de cometimento do delito de lesões corporais em contexto de violência doméstica ou familiar. O art. 44, I, do Código Penal é explícito ao

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 5 admitir a conversão da pena tão somente quando o crime não for cometido com violência ou grave ameaça. A inicial acusatória, julgada procedente pelo juízo sentenciante, narra ainda um cenário de terror a que foi submetida a vítima, que foi agredida com empurrões, puxões de cabelos, sendo atingida por água gelada, tendo caído no sofá e batido a cabeça, chegando a ser arrastada pela casa. Ao final, ainda foi ameaçada de morte com uma faca no pescoço. Ora, ainda que eventualmente fosse admissível a gradação dos níveis de violência ou de ameaça para se cogitar da substitutibilidade da pena, a absurdez dos fatos descritos na denúncia evidencia o despropósito desta impetração. Ante o exposto, o Ministério Público Federal manifesta-se pelo não conhecimento da ordem ou, sucessivamente, por sua denegação. Brasília, 10 de outubro de 2012. MARIO JOSÉ GISI Subprocurador-Geral da República