RESISTÊNCIA DO SOLO À PENETRAÇÃO APÓS A CULTURA DA SOJA SOBRE AVEIA PRETA E NABO FORRAGEIRO EM DOIS MANEJOS DO SOLO Alberto Kazushi Nagaoka 1 Pedro Castro Neto 2 Antônio Carlos Fraga 3 Marcos Antonio Piccini 4 Flavio Rielli Mazetto 5 Pierri Spolti 4 Orival Junior Becker Gois 4 RESUMO Este trabalho teve como objetivo avaliar a resistência à penetração do solo nas culturas de aveia preta e nabo forrageiro em dois tipos de manejo de solo na região de Lages, SC, a fim de observar a influência de algum manejo na presença de camada compactada. Utilizou-se o delineamento experimental em blocos no esquema de parcelas sub subdivididas, tendo nas parcelas os preparos (com escarificação e sem escarificação), nas subparcelas as culturas (aveia preta e nabo forrageiro) e nas sub subparcelas as profundidades (0-10, 10-20, 20-30, 30-40, 40-50cm), com cinco repetições. Foi utilizado um penetrômetro, modelo MPC da marca Soil Control. A escarificação contribuiu na redução da resistência à penetração em 33%. O tipo de cobertura não influenciou na resistência à penetração. As camadas superficiais (0-10, 10-20 cm) apresentaram menores valores de resistência à penetração, devido ação da escarificação. Palavras-chave: Compactação, soja, nabo forrageiro, aveia preta. 1 Professor Efetivo CAV-UDESC, a2akn@cav.udesc.br 2 Professor Titular DEG-UFLA, pedrocn@ufla.br 3 Professor Titular DAG-UFLA, fraga@ufla.br 4 Bolsista, CAV/UDESC 5 Doutorando, FCA-UNESP 328
INTRODUÇÃO A implementação da mecanização agrícola, provocado pelo rápido desenvolvimento de novas tecnologias, veio acompanhada pelo aumento do peso das máquinas e dos equipamentos e pela maior intensidade do uso do solo. Apesar de, ter ocorrido um crescimento da produtividade agrícola, os danos causados ao solo também aumentaram, principalmente nas propriedades físicas (compactação), afetando a permeabilidade e a disponibilidade de nutrientes e água, o que pode impedir o crescimento de raízes e diminuir o volume de solo explorado pelo sistema radicular (AGÊNCIA NOTISA, 2005). A resistência do solo à penetração tem sido o atributo físico priorizado em trabalhos que estudam a compactação do solo, sendo influenciada pelo teor de água e pela condição estrutural do solo. Valores críticos de resistência à penetração variam de 1,5 a 4,0 MPa, sendo, em geral, o valor de 2 MPa aceito como impeditivo ao crescimento radical (BEUTLER & CENTURION, 2003). A escarificação visa proteger o solo da erosão pela não incorporação total da resteva da cultura anterior e menor pulverização do solo, além de romper camadas compactadas à profundidades de 15 a 30 cm (SILVEIRA, 1989). A compactação do solo diminui o crescimento do sistema radicular, podendo afetar tanto o desenvolvimento, quanto a produtividade da soja, onde o aumento da densidade do solo diminui o acúmulo de matéria seca radicular da soja, principalmente na camada compactada (GREGO, 2002). Segundo DERPESCH & CALEGARI (1992) a aveia quando utilizada como adubação verde, oferece rapidamente uma boa proteção do solo, além de proporcionar melhoria das condições físicas. O nabo forrageiro é uma planta muito vigorosa utilizada como planta de cobertura, devido seu crescimento agressivo e sistema radicular pivotante, auxiliando na descompactação do solo (MONEGAT, 1991). O presente trabalho teve como objetivo avaliar a resistência do solo à penetração na cultura da soja cultivada sobre cobertura de aveia preta e nabo forrageiro em dois tipos de manejo de solo na região de Lages, SC. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi implantado na Área Experimental de Gado Leiteiro do Centro de Ciências Agroveterinárias-CAV da Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC, em uma área de pastagem, em um Cambissolo Húmico Álico. Para avaliar a resistência do solo à penetração na cultura da soja cultivada sobre cobertura de aveia preta e nabo forrageiro em dois tipos de manejo de solo (com escarificação e sem escarificação) na 329
região de Lages, SC. Foi utilizado o delineamento experimental em blocos no esquema de parcelas sub subdivididas, tendo nas parcelas os preparos (com escarificação e sem escarificação), nas subparcelas as culturas (aveia preta e nabo forrageiro) e nas sub subparcelas as profundidades (0-10, 10-20, 20-30, 30-40, 40-50cm), com cinco repetições. Os dados foram analisados estatisticamente, por meio da análise de variância, adotando-se o nível de 5% de probabilidade para o teste estatístico, utilizando o teste de Tukey. O preparo das parcelas com escarificação foi realizado com um escarificador marca Baldan contendo 13 hastes, a uma profundidade média de 25 cm, com velocidade média de operação igual a 5Km/h. Foi realizado dessecação da área utilizando Roundup WG numa dosagem de 0,5Kg/ha diluído em 200 litros de água, com um pulverizador P600 marca Montana. A semeadura foi realizada numa profundidade média de 3 cm e velocidade média de 5 km/h. Para as plantas de cobertura foi utilizado espaçamento entre linhas de 20cm para as duas culturas, sendo utilizado para aveia preta 300 sementes viáveis/m 2 (80-100Kg/ha) e para nabo forrageiro 120 sementes viáveis/m 2 (10-15Kg/ha). Para a cultura da soja foi utilizado espaçamento entre linhas de 42cm, sendo utilizado uma densidade 30 a 35 viáveis.m -2, e adubação de 200Kg.ha-1 da formula 5-25-25. A operação de semeadura foi realizada com semeadora da marca Semina, tecnologia desenvolvida pela Embrapa Trigo. No dia da semeadura da soja, o solo apresentava um teor de água médio de 21,5%. Para tracionar os equipamentos foi utilizado um trator da marca New Holland modelo TL70 com 47,8kW de potência motora. Foi utilizado um penetrômetro, modelo MPC (medidor de profundidade de camada compactada) da marca Soil Control, composto de uma haste, ponteira e manômetro. Sua utilização é manual, introduzindo-se a haste no solo até uma profundidade de 50cm ou até encontrar alguma barreira que empeça a sua penetração, fazendo-se leituras no manômetro a cada 10cm de deslocamento vertical da haste. No momento da medição da resistência do solo à penetração o solo apresentava-se com teor de água de 23%. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos dados mostrados na Tabela 1, verifica-se que as médias de resistência à penetração foram inferiores no manejo com escarificação, comprovando a eficiência do uso do escarificador no rompimento de camadas compactadas. Apesar disto, os valores ficaram acima dos toleráveis, conforme o observado por BEUTLER & CENTURION (2003). O 330
tipo de cobertura não influenciou na resistência à penetração, sendo, antagônico ao que foi citado por MONEGAT (2001). Entre as camadas de 0 à 20 cm de perfil de solo não houve diferenças de resistência à penetração, pois nestas camadas houve ação da escarificação, conforme destacado por SILVEIRA (1989). No entanto, as camadas superficiais diferenciaram das camadas mais profundas. Pode ser observado que as médias de resistência entre as camadas de 0-10 cm ficaram dentro dos limites críticos citados por BEUTLER & CENTURION (2003), demonstrando a importância da escarificação no rompimento de camadas compactadas superficialmente, principalmente quando analisamos o sistema de plantio direto. Desta forma as características físicas e mecânicas do solo serão mais adequadas para o desenvolvimento radicular, já que maior parte do sistema radicular se encontra na camada mais superficial, além de proteger o solo da erosão, pois a escarificação irá formar pequenos sulcos e, também, pela não incorporação total da resteva da cultura anterior, ficando o solo protegido dos impactos das gotas d água e do escoamento superficial. Tabela 1 - Média dos valores de resistência do solo à penetração após a cultura da soja em função do tipo de cobertura do solo, manejo do solo e da profundidade. TRATAMENTOS Sem escarificação Com escarificação Aveia preta Nabo forrageiro 40-50cm 30-40cm 20-30cm 10-20cm 0-10cm Resistência (MPa) 5,42 B 4,09 A 4,75 A 4,77 A 7,38 A 6,89 B 4,81 C 2,92 D 1,79 D Em cada coluna, para cada fator, médias seguidas de mesma letra, não difere entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade CONCLUSÕES De acordo com as condições em que o experimento foi realizado conclui-se que: a escarificação contribuiu na redução da resistência à penetração em 33%. O tipo de 331
cobertura não influenciou na resistência penetração. As camadas superficiais (0-10, 10-20 cm) apresentaram menores valores de resistência à penetração, devido ação da escarificação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGÊNCIA NOTISA. Uso de máquinas pesadas na agricultura modifica propriedades físicas do solo. 2005. Disponível na internet: http://www.clicnews.com.br/agropecuária/1108753474,mzyymjm=,clicnews.html BEUTLER, A. N. & CENTURION J. F. Efeito do conteúdo de água e da compactação do solo na produção de soja. 2003. Disponível na internet: http://atlas.sct.embrapa.br/pdf/pab2003/julho/v38n7a09.pdf. DERPESCH, R.; CALEGARI, A. Plantas para adubação verde de inverno. 2.ed. Londrina: Iapar, 1992, 72p. GREGO, C. R.. Sistemas de manejo de solo, de semeadura e época de dessecação da cobertura vegetal na cultura da soja. Botucatu, 2002. 124p. Tese (Doutorado em Agronomia/Energia na Agricultura) Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. MONEGAT, C. Plantas de cobertura do solo: características e manejo em pequenas propriedades. Chapecó: do Autor, 1991, 337p. SILVEIRA, G. M. da. O preparo do solo: Implementos corretos. 2. ed. Rio de Janeiro: Globo, 1998, 243p. 332