A LEI MARIA DA PENHA E O DEMONSTRATIVO DA CRIMINALIDADE DOMÉSTICA NA CIDADE DE PARANAÍBA NO PERÍODO DE 2010 A 2012



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Transcrição:

A LEI MARIA DA PENHA E O DEMONSTRATIVO DA CRIMINALIDADE DOMÉSTICA NA CIDADE DE PARANAÍBA NO PERÍODO DE 2010 A 2012 Renata Leal Rodrigues PG-UEMS (Direito/Paranaíba) renatalero@yahoo.com.br RESUMO: O presente trabalho objetivou identificar e demonstrar alguns obstáculos e desafios que a Lei nº 11.340/2006 encontrou bem como a implantação da Delegacia de Atendimento a Mulher no município de Paranaíba/MS. A pesquisa visa demonstrar dados referentes à complexidade do tema dos anos de 2010 a 2012 apurados na DAM de Paranaíba, analisando a eficácia das medidas de proteção à mulher em situação de violência doméstica e familiar. Este trabalho foi realizado com base em pesquisas bibliográficas de autores nacionais e estrangeiros, bem como revistas especializadas nessa área, acesso à rede mundial de computadores e outros, sendo uma pesquisa dedutiva, que parte do pressuposto da norma posta para análise da norma prática. A relevância do tema para a sociedade, acompanhada de considerada jovialidade do dito diploma jurídico justificam a importância desta pesquisa. Insta salientar que para a efetiva implantação da Lei, não basta sua positivação, é necessária que venha acompanhada de políticas públicas de educação, enfrentamento, prevenção e apoio aos necessitados, bem como controle dos resultados obtidos. PALAVRAS CHAVE: Lei nº 11.340/2006. Violência Doméstica. Mulher. ABSTRACT : This study aimed to identify and demonstrate some obstacles and challenges that Law 11.340/2006 found as well as the deployment of the Police Service of Women in the municipality of Paranaíba/MS. The research aims to demonstrate the complexity of the data subject the years 2010-2012 calculated in the DAM Paranaíba, analyzing the effectiveness of measures to protect women in situations of domestic violence. This work was conducted based on bibliographic research of national and international authors, as well as specialized journals in this area, access to the worldwide network of computers and others, being a deductive research, which assumes the standard set for analysis of standard practice. The relevance to society, accompanied by considered playfulness of said legal act justifying the importance of this research. Calls to point out that the effective implementation of the Act, not just their positivization is necessary that accompanies public policy education, coping, prevention and support to the needy, as well as control of the results. KEYWORDS : Law 11.340/2006. Domestic Violence. Woman. Introdução Mesmo diante de tanto progresso no conhecimento científico e tecnológico que impulsionaram o progresso da humanidade, fenômenos como a Revolução Industrial, globalização que modificaram relações sociais, princípios tais como pacta 11

sun servanda, ou mesmo a soberania dos Estados foram modificados ao longo do tempo, mas algo que ainda apresenta muita resistência a modificações são as questões de gênero. A relação entre homem e mulher desde as sociedades primitivas tem sido conflituosa, uma constante disputa de poder, ações de repressão que subjugaram as mulheres durante séculos baseadas em conceitos sem fundamento lógico e humanista, deixaram marcas profundas não só nas mulheres de todos os tempos, mas em toda a sociedade. A violência doméstica não afeta apenas a vítima, afeta toda a sua família e reflete diretamente na sociedade como um todo, o sujeito envolvido neste contexto tem seu aprendizado baseados na realidade que conhece, respondendo a violência com violência. A história da própria humanidade é marcada por violentas lutas em prol do poder entre homens e mulheres, levando ao longo do tempo a uma subjugação da mulher e sua completa submissão ao homem. 1. Evolução Histórica Quanto à Mulher Em Breve Introdução Histórica de Rose Marie Muraro que precede a clássica obra Malleus Maleficarum (2005) compreendemos a evolução da humanidade em relação ao feminino. Nos tempos mais remotos em que a humanidade vivia de pequenas caças e coleta de frutos, a mulher possuía um lugar central na organização social. Embora ainda desconhecessem a participação masculina no processo de procriação, o que permitia o endeusamento das mulheres, diante do [...] privilégio dado pelos deuses de reproduzir a espécie [...] (MURARO apud KRAMER E SPRENGER, 2005, p. 5), a inveja do útero corroia os homens. Os homens se sentiam marginalizados nesse processo e invejavam as mulheres (MURARO apud KRAMER E SPRENGER, 2005, p. 5). 12

Ao contrário da mulher, que possuía o poder biológico, o homem foi desenvolvendo o poder cultural à medida que a tecnologia foi avançando. Enquanto as sociedades eram de coleta, as mulheres mantinham uma espécie de poder, mas diferente das culturas patriarcais. Essas culturas primitivas tinha de ser cooperativas, para poder sobreviver em condições hostis, e portanto não havia coerção ou centralização, mas rodízio de lideranças, e as relações entre homens e mulheres eram mais fluidas do que viriam a ser nas futuras sociedades patriarcais (MURARO apud KRAMER E SPRENGER, 2005, p. 6). Esse cooperativismo livre de coerção e centralização do poder, não incluía transmissão de cargos ou mesmo heranças. Havia maior liberdade sexual entre os indivíduos. E o número de guerras também era menor, afinal não se visava o acúmulo de capital e isso não excitava uma conquista territorial desenfreado, como podemos observar em anos mais recentes da história da humanidade. É só nas regiões em que a coleta é escassa, ou onde vão se esgotando os recursos naturais vegetais e os pequenos animais, que se inicia a caça sistemática aos grandes animais. E aí começam a se instalar a supremacia masculina e a competitividade entre os grupos na busca de novos territórios. [...] As guerras se tornam constantes e passam a ser mitificadas. Os homens mais valorizados são os heróis guerreiros. Começa a se romper a harmonia que ligava a espécie humana à natureza. (MURARO apud KRAMER E SPRENGER, 2005, p. 6). Por volta do século XIV até meados do século XVIII, aconteceu o que MURARO (2005) chama de fenômeno generalizado em toda a Europa de repressão sistemática do feminino. É o período da Inquisição em que milhares de execuções de mulheres sob a acusação de serem bruxas. Como o sistema patriarcal se desenvolvia sob a égide do poder e do controle, o conhecimento desde os tempos mais antigos já representava esse poder e este controle, assim as mulheres representavam uma ameaça por serem detentoras de saberes essenciais, principalmente a saúde. Desde a mais remota antiguidade, as mulheres eram as curadoras populares, as parteiras, enfim, detinham saber próprio, que lhes era transmitido de geração em geração. Em muitas tribos primitivas eram elas xamãs. Na Idade Média, seu saber se intensifica e aprofunda. As mulheres camponesas pobres não tinham como cuidar da saúde a não ser com outras mulheres tão camponesas e tão pobres quanto elas. Elas (as curadoras) eram as cultivadoras ancestrais das ervas que devolviam a saúde, e eram também as melhores anatomistas do seu tempo. Eram as parteiras que viajavam de 13

casa em casa, de aldeia em aldeia, e as médicas populares para todas as doenças. (MURARO apud KRAMER E SPRENGER, 2005, p. 11). A Igreja Católica foi a principal responsável pela centralização do poder, a ela se deve o movimento da Inquisição que não representa apenas uma ideologia, uma matança por um ideal, mas sim, um movimento friamente calculado que visava dominar as massas camponesas, ou melhor, domar, domesticar a massa para que se submetessem aos abusos cometidos pelos senhores feudais pautados na ambição e desprovidos de valores humanitários. Era essencial para o sistema capitalista que estava sendo forjado no seio mesmo do feudalismo um controle estrito sobre o corpo e a sexualidade, conforme constata a obra de Michel Foucault, História da Sexualidade. Começa a se construir ali o corpo dócil do futuro trabalhador que vai ser alienado do seu trabalho e não se rebelará. A partir do século XVIII, os controles atingem profundidade e obsessividade tais que os menores, os mínimos detalhes e gestos são normatizados. Todos, homens e mulheres, passam a ser, então, os próprios controladores de si mesmos a partir do mais íntimo de suas mentes. É assim que se instala o puritanismo, do qual se origina, segundo Tawnwy e Max Weber, o capitalismo avançado anglosaxão. Mas até chegar a esse ponto foi preciso usar muita violência. (MURARO apud KRAMER E SPRENGER, 2005, p. 15). Depois de tanta violência, ninguém mais se ousava não ser parte desta massa tão bem disciplinada, quando cessou os absurdos da Inquisição, a mulher já tinha se tornado frígida, restringida ao âmbito doméstico, havia perdido sua sabedoria popular, não tinha acesso aos estudos, não passava de um reflexo do homem, sendo uma transmissora de valores positivamente patriarcais, já enraizados em toda a sociedade. 2. O desenvolvimento de uma lei de proteção à mulher A Revolução Francesa foi um dos movimentos mais importantes em prol da liberdade, no entanto, a característica da universalidade dos Direitos Humanos foi desconsiderada. A igualdade entre os sexos foi desconsiderada. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão referia-se de fato ao homem, ou seja, à pessoa do sexo masculino. As mulheres não tiveram seus direitos reconhecidos (TELES, 2006, p.19). Fato comprovado pelo ocorrido com Olympe de Gouges que: 14

Decidiu por fazer a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã. Por isso, foi condenada à morte na guilhotina. A sentença que proferiu sua condenação dizia que ela se imiscuiu nos assuntos da República, esquecendo-se das virtudes de seu sexo [...] (TELES, 2006, p.19). Um projeto constitucional de 1795, escrito por Boissy d Anglas, afirmava: [...] a igualdade absoluta é uma quimera; para que pudesse existir, seria preciso que existisse igualdade total no espírito, na virtude, na força física, na educação e na fortuna de todos os homens. Um país governado pelos proprietários é de ordem social; aquele onde os não proprietários governam está em estado de natureza (TELES, 2006, p. 20). Somente em 1919 com a Constituição da primeira República Alemã de Weimar, influenciada pela Constituição Mexicana, é que se reconheceu a igualdade de direitos entre homens e mulheres na sociedade conjugal, entre os filhos legítimos e ilegítimos, e garantiu o voto feminino. E mesmo tendo tido pouca vigência ela é referencia em direitos humanos (TELES, 2006). Em 1993, a Conferência Mundial de Direitos Humanos, ocorrida em Viena, afirmou a universalidade dos Direitos Humanos, bem como reconheceu os Direitos Humanos das mulheres. Nessa Conferência foram finalmente reconhecidos os direitos humanos das mulheres. Praticamente 200 anos depois da condenação e execução de Olympe de Gouges. Os crimes sexuais, mesmo que ocorram em casa e por agentes não estatais, passaram a ser reconhecidos como violação dos direitos humanos. O argumento jurídico é que o Estado é responsável pela violência de gênero praticada por agente familiar quando, sistematicamente, não promove nem efetiva os direitos das mulheres à vida, à liberdade e à segurança, por não tomar a iniciativa de implementar e realizar ações de políticas públicas de prevenção e violação dos direitos humanos das mulheres. (TELES, 2006, p.34). A luta pela efetivação dos direitos humanos e dos direitos das mulheres é constante e marcada por brutalidades, como o caso brasileiro que originou o diploma jurídico que protege as mulheres. As dificuldades vão além das concretas de ordem social e econômica, encontra-se também no âmbito abstrato da psique feminina, que conforme visto, sofreu uma violenta castração da sua própria essência, da sua própria feminilidade. 15

3. A Lei Maria da Penha e seus Mecanismos de Proteção As leis são imperativos de conduta, que visam à proteção dos bens e da vida. Assim conforme evolui a sociedade, juntamente evolui seu ordenamento jurídico. A fonte do direito são os fatos sociais, assim quando fatos de expressividade ocorrem na sociedade, eles irão refletir diretamente no direito de alguma forma, seja com a criação de leis, seja com jurisprudências (DURKHEIM, 2003). A Lei Maria da Penha é um ótimo exemplo de como um fato social influência o direito, e como a lei protege os bens e a vida, bem como um princípio deve ser expandido de forma a atingir toda uma sociedade. O processo histórico da construção da Lei Maria da Penha, disposto no OBSERVE, se envolve diretamente com o fato social, ocorrido com Maria da Penha Maia Fernandes, biofarmacêutica, cearense, que foi casada com o professor universitário Marco Antonio Herredia Viveros. Em meados de 1983, Marco Antonio, aproveitou-se da oportunidade, e enquanto Maria da Penha dormia, atirou em suas costas, e para tentar se esquivar da culpa foi para a cozinha da casa e gritou por socorro, dizendo que foram vítimas de um assalto. A violência contra Maria da Penha não parou por aí, se aproveitando do estado físico de paraplegia, resultado do tiro, Marco Antonio, empurra a cadeira de Maria da Penha para debaixo do chuveiro e tenta eletrocutá-la. Após duas tentativas de homicídio, ambas ocorridas no ano de 1983, teve início em junho à investigação dos fatos, e a denúncia foi apresentada pelo Ministério Público Estadual, apenas 15 meses depois. Maria da Penha teve que esperar mais oito anos para ocorrer o primeiro julgamento, que pôde ser anulado de acordo com recurso pleiteado pelos advogados de Marco Antonio. Seis anos se passaram até a data de um novo julgamento, onde Marco Antonio novamente foi condenado, desta vez a dez anos de reclusão, e seus advogados 16

novamente recorreram da sentença. Em 2002, finalmente, Marco Antonio foi preso e passou apenas dois anos na cadeia. Com a ajuda de algumas ONGs, Maria da Penha conseguiu contato com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA), e apresentou seu caso e a demora da solução. Por fazer parte de Tratados Internacionais de Proteção aos Direitos Humanos, o Brasil foi condenado por negligência e omissão em relação à violência doméstica. E este foi o fato social que influenciou a criação da Lei nº 11.340 publicada em 07 de agosto de 2006. A Lei Maria da Penha trouxe importantes benefícios à sociedade. Através dela, foi delimitado o que seriam as formas de agressão e violência doméstica, bem como foi criado mecanismos para coibir e prevenir esse tipo de violência, e é claro assistência a vítima. Conforme podemos observar na introdução da Lei nº 11.340/2006: Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do 8º da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal e dá outras providências. A influência que esta lei proporciona no âmbito da sociedade vai além da coibição e prevenção da violência doméstica. Esta lei proporciona um incentivo aos brasileiros de desenvolverem uma consciência cidadã em que possam ser críticos e lutar por seus direitos, sem medo, sem sentir-se oprimido ou desamparado. Mesmo essa consciência ser ainda pequenina, ela começa a se desenvolver e a lei oferece essa ambientalização. Formar essa consciência é apenas o estágio inicial, o processo educativo para que a sociedade possa lutar por seus direitos, é um processo contínuo, de maneira que se forme uma cultura de direitos fundamentais, que estejam sempre em renovação e em sintonia com a sociedade. É através da educação que será possível afirmar os direitos e preparar os cidadãos de forma consciente de seu papel na sociedade e na luta contra as desigualdades e injustiças. Trabalhar estas questões relacionadas ao processo de 17

conscientização e a construção do saber nesta área, são atividades a serem desenvolvidas, inclusive pelo assistente social, pois nenhum outro profissional mergulha tão fundo na vida dos cidadãos mais necessitados. 4. Delegacia de Atendimento à Mulher de Paranaíba MS Segundo Izumino (2009) a violência contra a mulher está presente na sociedade desde as primeiras organizações dos indivíduos. O fato é que a violência é uma resposta inesperada e pode ocorrer nos mais diversos lugares, de qualquer forma, e mesmo contra qualquer um, e ainda, partir até mesmo de quem não se espera. Especificamente nos casos de violência contra a mulher, no período que vai dos anos 70 até meados dos anos 80, todas as iniciativas de combate e denúncia da violência partiam da sociedade civil, principalmente de coletivos feministas. Nesse contexto, inicialmente surgiram as delegacias de polícia de defesa da mulher. Posteriormente, foram criados órgãos de apoio jurídico e de proteção (como casas de abrigo) e finalmente, já nos anos 90, observa-se a ação dos grupos feministas se refletir sobre as decisões jurídicas a respeito de casos envolvendo abusos físicos contra mulheres, podendo-se destacar os crimes passionais que pouco a pouco foram perdendo o estatuto de crime de legítima defesa da honra. (IZUMINO, 2004, p. 15). Seguindo esse avanço que foram criadas as Delegacias Especializadas de Atendimento as Mulheres. Somente no ano seguinte da abertura da DAM de Paranaíba é que foi implantado um programa de automação que proporcionou maior agilidade na compilação de informações a respeito das ocorrências registradas em todo o Estado. A seguir, dois gráficos demonstrarão as principais ocorrências do município de Paranaíba MS. Gráfico 01 Principais Ocorrências da DAM de Paranaíba no período de 2010 a 2012. 18

60 50 53 2010 2011 40 38 37 34 39 32 2012 30 20 10 14 10 20 14 8 16 11 28 9 4 8 23 18 26 25 26 3 4 17 21 24 0 Ameaça Ameaça - VD Lesão corporal Lesão corporal - VD Vias de fato Vias de fato - VD Perturb. tranquil. Estupro Crimes contra a Honda Fonte: Polícia Civil/MS SIGO. Os Boletins de Ocorrência são de suma importância, pois são através deles que se estabelece o primeiro contato da vítima com a autoridade estatal, eles apresentam uma série de dados, tais como os nomes dos agentes, das vítimas, testemunhas, vestígios, instrumentos e produtos do crime. Trata-se de um documento oficial e por esta razão deve seguir princípios, tais como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência. Devido sua condição de documento oficial, deve ser o mais completo possível, inclusive com detalhamento do fato e dados, visando à facilitação da elucidação do crime. Insta salientar, que a elaboração correta da ocorrência é decisiva para comprovação da veracidade do fato e uma eficaz qualidade probatória do procedimento policial, possibilitando a intervenção do Estado de forma positiva para garantir o cumprimento da lei. Mesmo assim, considerando os dados levantados, podemos observar no Gráfico 01 que as principais ocorrências são de ameaça, perturbação da tranqüilidade e lesão corporal, segundo o Código Penal Brasileiro, o crime de lesão corporal é ofender a integridade corporal ou saúde de outrem com pena de três meses a um ano, apesar 19

que é visível que os registros de estupro aumentaram significativamente. Há uma nítida desproporção de força entre homens e mulheres. Então porque os homens agridem as mulheres com tanta freqüência? Segundo Teles, a explicação é o machismo: Houve um período da história que foi patriarcal, mas nem sempre em todas as sociedades o patriarcado se expressou e se exerceu da mesma maneira. Outra coisa é o machismo, forma de organização social e de exercício de poder de dominação masculina, mas onde as mulheres existem como sujeitos com alguns direitos e na qual têm alguns espaços de autonomia, mas também muita vulnerabilidade. (1999, 14). O homem considerando-se superior a mulher precisa constantemente afirmar sua posição hierárquica, sua posição de macho forte, senhor da mulher, assim Saffioti diz que, Dada sua formação de macho, o homem julga-se no direito de espancar sua mulher. Esta, educada que foi para submeter-se aos desejos masculinos, toma este destino como natural. (1987, p. 70). O Gráfico 02 demonstra o quantitativo de procedimentos da DAM no período de 2010 a 2012 no município de Paranaíba - MS. Gráfico 02 Quantitativo de procedimentos da DAM Paranaíba no período de 2010 a 2012. 20

450 418 400 350 300 250 254 317 298 298 2010 2011 200 191 188 173 2012 150 121 100 50 40 19 37 0 BO's IP's TCO's AAINF's Fonte: Polícia Civil/MS SIGO. O Inquérito Policial é a peça investigatória que reúne os elementos que comprovam a infração penal praticada e sua autoria, é o princípio para a instauração da respectiva ação penal pública, sendo de responsabilidade da Polícia Judiciária (art. 4º CPP). A Polícia Judiciária é composta pela Policia Civil e Polícia Federal. Para que o Juiz receba a denúncia ou a queixa, e submeta o réu ou querelado aos transtornos que a ação penal lhe causa, deve haver justa causa, ou seja, é preciso que se tenham fatos demonstrando a existência do crime e da autoria. É necessário o fumus boni juris que sustente a denúncia ou a queixa. Inexistindo, a ação penal resultará em insucesso, ou, até mesmo, no seu trancamento. (Norma técnica de padronização DEAMS, 2006 p. 28). Por fim, o encerramento do Inquérito Policial deverá ser de competência da Autoridade Policial, concluídas as investigações, produzindo um minucioso relatório do que tiver sido apurado no IP (CPP, art. 10, parágrafo 2º). 21

A Delegacia de Atendimento à Mulher de Paranaíba faz parte da estrutura operacional da Policial Civil de Mato Grosso do Sul e foi criada pelo Decreto nº 11.485, de 26 de novembro de 2003 durante o Governo de José Orcírio Miranda dos Santos Zeca do PT. Todas as Delegacias de Atendimento à Mulher estão vinculadas ao Departamento de Polícia do Interior, atualmente existem 11 (onze) DAMs distribuídas nas cidades de Aquidauana, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas, sem contar com duas DEAMs de Campo Grande. Conforme o art. 3º do Decreto nº 11.485/2003, cada Delegacia de Atendimento à Mulher atua na circunscrição de seus respectivos municípios, tendo como atribuições: Art. 3º. [...] I atender, investigar e apurar as ocorrências policiais, nos delitos referentes à integridade física e moral da mulher, incluindo os crimes sexuais contra a mulher, ainda que a vítima seja menor; II participar e executar ações de orientação, prevenção e apoio às mulheres vítimas da violência doméstica ou de abuso sexual; III interagir com organismos municipais, estaduais e federais, como Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Mulher, Conselho Estadual dos Direitos da Mulher e outros de funções similares; IV registrar e apurar crimes de assédio sexual contra a mulher; V encaminhar relatórios diários e mensais exigidos pelo Departamento ou pela Diretoria-Geral. Os procedimentos adotados pelas DAMs devem primar sempre pela qualidade de serviços prestados às mulheres vítimas de violência e podem ser divididos por fases, começando pelo atendimento à mulher, orientação e diversas informações como a rede de atendimentos no município, sobre o direito ao pedido de medidas protetivas de urgência, explicar de maneira clara e simples as fases dos procedimentos criminais, se necessário encaminhar a vítima para os serviços disponíveis na rede de atendimento, em Paranaíba, existe o CRAS, CREAS, IML, Serviços de Saúde e Acesso a Justiça Gratuita. 22

Um dos objetivos da Lei nº 11.340/2006 é criar mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, com o advento da lei, uma nova realidade jurídica se estabeleceu para o enfrentamento da violência contra as mulheres no Brasil. A sua aprovação representa um marco no árduo processo histórico de reconhecimento da violência contra as mulheres como um problema social no Brasil, o fortalecimento do movimento feminista a partir dos anos 1970 contribuiu para esta luta contra as diferenças de gênero (TELES, 2009). As políticas de enfrentamento a violência contra a mulher são essenciais na concretização e implementação da Lei Maria da Penha, uma vez que mudar as práticas institucionais e valores morais em relação à violência contra a mulher é muito difícil devido ser um problema cultural que se estende há séculos. Conclusão Durante aproximadamente três séculos o extermínio de mulheres de forma brutal e absurda dizimou muitas mulheres, não é possível calcular ao certo a quantidade de mulheres mortas, por serem consideradas bruxas. O resultado deste nefasto movimento aprisionou as mulheres de vez ao âmbito particular e firmou sua total submissão ao homem, pois quem ousaria contrariar os padrões da sociedade vigente patriarcal. Nos casos de violência contra a mulher, no período que vai dos anos 1970 até meados dos anos 1980, observou-se várias iniciativas de combate e denúncia contra violência, tais denuncias partiram sempre da sociedade civil, principalmente de grupos feministas. Mas somente em 2006 é que um diploma específico foi aprovado, com intuito de criar mecanismos para coibir a violência doméstica contra as mulheres. A Lei dispõe também sobre a criação de Juizados Especiais, medidas de assistência e proteção das vítimas. Mas para que sua eficácia realmente seja alcançada os procedimentos adotados pelas DEAMs devem primar sempre pela qualidade de serviços prestados às mulheres vítimas de violência do atendimento à mulher, orientar sobre o 23

direito ao pedido de medidas protetivas de urgência, explicar de maneira clara e simples as fases dos procedimentos criminais, se necessário encaminhar a vítima para os serviços disponíveis na rede de atendimento, em Paranaíba, existe o CRAS, CREAS, IML, Serviços de Saúde e Acesso a Justiça Gratuita. Essa rede de atendimento é fundamental no enfrentamento da violência doméstica, pois é composta por profissionais multidisciplinares que dentro de suas capacidades profissionais colaboram com as necessidades da vítima, seja atendimento médico, psicológico, orientação sobre os seus direitos. Em Paranaíba não temos uma Casa de Abrigo, e esta é uma das disposições da Lei que é de fundamental importância. Muitas mulheres permanecem na situação de violência por dependência patrimonial, por não terem para onde ir, por não encontrarem apoio para recomeçar uma vida longe do agressor. Por fim cabe ressaltar a Constitucionalidade da Lei nº 11.340/2006. Dizer que tal lei fere os princípios Constitucionais é uma falácia, antes de falarmos de Direito, falemos de seres humanos, a violência contra as mulheres é uma situação que perdura por séculos, e que viola os princípios naturais inerentes ao próprio ser humano, fere sua dignidade. Antes do advento da Lei nº 11.340/2006, o que a violência contra as mulheres feria a Declaração Universal dos Direitos Humanos e os Tratados que a seguiram à Constituição Federal de 1988. No entanto, nenhum destes trazia em si mecanismos específicos de combate e prevenção a este tipo de violência. Referências Bibliográficas BRASIL. Código de Processo Penal. Organizadora Anne Joyce Angher. 6ª ed. São Paulo: Rideel, 2008.. Decreto n. 12.937, de 25 de fevereiro de 2010. Institui a Câmara Técnica Estadual de Implementação do Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres no MS. Disponível em: 24

<http://www.pc.ms.gov.br/index.php?templat=vis&site=160&id_comp=1992&id_reg= 4197&voltar=lista&site_reg=160&id_comp_orig=1992> Acesso em: 01 nov. 2010.. Instrução Normativa DGPC n. 01/2006/DGPC. Normatiza atos de polícia judiciária em razão do advento da Lei 11.340, de 07.08.2006, Lei Maria da Penha.. Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm> Acesso em: 01 jul. 2013.. Portaria DGPC/SEJUSP/MS n. 065. Adotar o SIGO como sistema padrão a ser utilizado para gestão operacional por toda a Polícia Civil, com acesso através do site da instituição: WWW.pc.ms.gov.br. Disponível em: < http://www.pc.ms.gov.br/index.php?templat=vis&site=160&id_comp=1997&id_reg=19 96&voltar=lista&site_reg=160&id_comp_orig=1997> Acesso em: 01 jul. 2013. DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Martin Claret, 2003. IZUMINO, Wânia Pasinato. Justiça e violência contra a mulher: o papel do sistema judiciário na solução de conflitos de gênero. 2ª ed. São Paulo: Annablume: FAPESP, 2004., Wânia; SANTOS, Cecília MacDowell. Mapeamento das Delegacias da Mulher no Brasil. Núcleo de Estudos de Gênero Pagu. Campinas: PAGU/UNICAMP, 2008., Wânia Pasinato. Estudo de Caso Juizados Especiais de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e a Rede de Serviços para Atendimento de Mulheres em Situação de Violência em Cuiabá, Mato Grosso. Relatório Final. São Paulo: Observe, 2009. KRAMER, Heinrich; SPRENGER, James. O Martelo das Feiticeiras. 18ª ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2005. MIRABETE, Júlio Fabrini. Processo Penal. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2003. OBSERVE, Observatório Lei Maria da Penha. Coordenação Nacional Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher da Universidade Federal da Bahia Salvador/BA. Apresenta texto, pesquisas, relatórios e entrevistas sobre a Lei Maria da Penha. Disponível em: <http://www.observe.ufba.br> Acesso em 04 de setembro de 2010. OBSERVE. Monitoramento da Lei Maria da Penha: Relatório Preliminar de Pesquisa. Salvador: Observe, 2009. SAFFIOTI, H. I. B. O poder do macho. São Paulo: Moderna, 1987. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Norma Técnica de Padronização Delegacias Especializadas de Atendimento a Mulher DEAMs. Brasília: Governo Federal, 2006. 25

TELES, Maria Amélia de Almeida. O que é violência contra a mulher. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2009., Maria Amélia de Almeida. O que são direitos humanos das mulheres. São Paulo: Brasiliense, 2006., Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1999. Recebido Para Publicação em 30 de setembro de 2013. Aprovado Para Publicação em 23 de novembro de 2013. 26