ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE Nome: Rosa Maria Flores Cruz Aldana Idade: 21 Curso: Educação Física Semestre: 7º Universidade: Ulbra Quando entrou no Unilínguas? 2007/1, um semestre antes de viajar para Leon, na Espanha. Por que escolheu este país? Eu escolhi este país por que antes de eu saber de todas as opções de lugares pra ir eu já tinha, não sei por que, talvez por causa da família, de descendência espanhola, me atrai pelo idioma e uma amiga minha tinha ido e daí ela me falou e daí eu escolhi ah, vou. E eu nem perguntei as outras opções lá pro cara das relações internacionais ah, quero ir pra Espanha, quero ir pra Leon e daí eu sai. Por que Leon? Por que na Espanha era o único destino que teria e eu já tinha ouvido falar muito bem do lugar e foi muito assim na minha cabeça eu vo e comecei a escuta só música em espanhol. Comecei o curso e no meio desse tempo eu fiz uma viagem pra Espanha, que eu fiquei 13 dias, e fiquei pelo Unilinguas, e foi em Salamanca, mas daí fazendo só o curso de espanhol. E daí eu voltei, fiz mais um semestre de espanhol aqui e fui. Junto a coisa do idioma, Espanhol que eu queria aprender e o meu curso da faculdade, que tinha agradado assim. Botei na cabeça, eu sou muito assim de botar na cabeça. Quando viajou? Fui no segundo semestre de 2007. Segundo semestre pra nós, lá o inicio do ano acadêmico. Começa em setembro e vai até final de junho, o ano acadêmico. E quanto tempo tu ficou? Dois semestres, um ano acadêmico. Eles dividem os semestres, até teriam cadeiras que daria pra fazer só um semestre, mas é muito aquela coisa do ano todo. Eu não
tenho certeza de como é pra eles, mas acho que se tu roda numa cadeira, tu tem que repetir todo ano. Eles se matam pra estudar muito mais que a gente. Isso eu acho que em qualquer pais né? É, é incrível, mas isso só em época de prova também. A aula teórica não era obrigado a ir, não precisava ir nem contava presença, a prática sim. E daí quando chegava na época de provas, era sempre no final do semestre, só tinha essa semana de provas. Então acumulava todo conteúdo, não era obrigado a ir nas aulas, então as aulas eram muito vazias e só começavam a encher perto dos exames. E muito engraçado que a biblioteca ficava aberta na época dos exames 24h, a madrugada toda, todo mundo estudando. Tudo que atraso, acumulo durante o semestre, eles estudavam tudo no final. Então acho que é costume, eu não me adaptei muito nisso, por que a gente é acostumado a ter grau 1, grau 2, ter uma coisa de cada vez, é mais tranqüilo. Tu estuda tudo, mas acumula tudo, e eles tem assim. E eu não tenho paciência pra ficar, tipo, 24h estudando, eu não consigo fazer isso e eles tem esse costume. Qual era o objetivo da viagem? Sair desse ambiente de costume, ver coisas diferentes, conhecer pessoas deferentes, de outra nacionalidade, essa coisa de intercambio cultural mesmo. Idioma. Qualificação profissional também. Essa questão acadêmica, ver como seria meu curso lá, não generalizando, que todo pais Ed. Física vai ser assim, mas na universidade tem um ponto de vista. E também pra ver realmente o que eu quero da minha vida. Acho que a gente precisa sentir certas coisas. E como tu ficou sabendo do programa de intercâmbio? Pela minha irmã. Por que a minha irmã estudava aqui, ela já se formou, e não sei como ela ficou sabendo, acho que ela queria viajar, foi se informar. Ela fazia o que? Ela fazia direito. E ela fez a mesma coisa que eu, só que ela foi pra outro lugar da Espanha. Ela foi pela Unisinos e eu fui pela Ulbra. Eu não vi cartazes e coisas assim. Como ficou sabendo do intercâmbio da Ulbra? Eu fiquei sabendo por uma amiga. Ela fez Educação Física, ficou um ano fora, ela é de Montenegro, daí uma vez a gente tava conversando pelo MSN ah, to na Espanha, vim pra Leon, intercâmbio e eu fiquei interessada e fui procura, por que eles não divulgam nada, tem aluno que não sabe. Muito mal divulgado, eu acho que mais pessoas fariam se fosse mais divulgado. Eu não sei se eles querem que todo mundo faça, mas eles podiam divulgar bem mais. Como foi o processo de seleção? Não teve, a Ulbra não tem. Como pouca gente vai... tipo, na PUC tem processo de seleção, bem difícil, tem que saber um pouco do idioma. Mas na Ulbra eu enviei os papéis pra universidade, me informei do esquema de visto e daí eles me mandaram uma carta resposta. Depois que eles mandaram a carta resposta, daí eu articulei as
outras coisas, passagem... mas foi um processo assim, não precisei fazer prova, só me inscrevi e esperei a resposta de lá. A reposta de Leon, por que da Ulbra é livre. Mas tu teve que preencher algum formulário? Eu tive que preencher pela internet. É bem legal, eles são super organizados. Como eles recebem gente do mundo inteiro, cada semestre chegam 200 pessoas, eles têm uma página na internet só sobre isso. Eles têm um guia do estudante estrangeiro, é um livro e dizia de tudo, até quanto eu vo gastar por mês, o preço do pão, preço pra alugar apartamento, tipo passo a passo tudo que eu tinha que fazer pra ir pra lá, até negócio de visto, site de consulado, muito bom isso. Então eu não fiquei tão perdida, por que eu tinha isso. Por que a Ulbra não me indicou nada, ele só me deu esse é o site da universidade de lá, daí eu procurei, por que eles não fizeram nada por mim. Eu sei que na Unisinos, como minha irmã fez aqui, é mais organizado. Mas por parte deles lá é super bem estruturado. Quando a gente chegou, a gente se inscrevia daqui, perguntava você quer fazer o curso intensivo de Espanhol nas 3 primeiras semanas? e era 50 euros que tinha que pagar. Um intensivo todo dia, super bom e daí eu fui antes e fiz esse curso. A maioria das pessoas faz. Eles ofereciam esse curso, daí eles já ofereciam pro primeiro mês uma hospedagem, em casa de estudante, até tu procura um outro apartamento depois. Eu não fiquei por que eu já tinha a amiga dessa minha amiga, e eu fiquei no apartamento dela, até acha apartamento. E daí teve uma sessão de recepção pros novos, estudantes, era um auditório enorme, eles explicavam tudo passo a passo, teve almoço que eles deram pra nós, brinde. A gente foi super bem recebido. Qual foi a experiência que tu adquiriu? Maturidade. Acho que eu evoluí, questão de que vejo as coisas de uma outra forma, mais madura eu acho. Ainda tenho muito pra amadurece, sofri bastante em alguns pontos como eu sou imatura, várias vezes eu pensei eu poderia, se eu viesse daqui a alguns anos, eu não teria tantos conflitos mas não, eu fui quando tinha que ir. Atura mais as pessoas, entende: todo mundo tem seus motivos de ser como é. Costumes, tu vai pra Espanha, de pais pra pais. É muito estranho, por que depois que tu viaja todos lugares tu quer localizar no mapa. Eu tenho muito o mapa da Europa na minha cabeça, sempre. Voltando ao processo de seleção, quanto tempo demorou, desde que tu te inscreveu até tu ser aceita? 2 meses. Qual a diferença entre estudar lá e aqui? A diferença é que aqui tu ta em casa. Lá é tudo novo, querendo ou não, pra os nativos tu é um pouco estranho, tem um preconceito. Eu não me senti em casa, na aula eu não me senti em casa, eu não tinha motivo vo pra aula hoje, tenho amigos e vai ser super legal. Eu prefiro meu curso aqui no Brasil, 100%, até por que como eu disse que como a gente é acostumado com um padrão. Não que seja ruim lá, eu acho que é bom, só são padrões diferentes. É super teórico. E a diferença é que como tu ta estu-
dando, mas tu não te adapta a família, tu ta sozinho, tu te preocupa com as tuas coisas também. É muita coisa pra fazer. Tu não foca só nos estudos. Até é ruim, por que tu vai pra outro pais e tu não vê nada. E com tudo tu vai aprende, com a universidade, com os teus amigos, viajando, com a cidade, com tudo tu vai aprende. E se tu fica só no estudo eu não acho legal, acho que tem que pegar um pouco de tudo, aproveita. E quais os pontos positivos e os negativos desse intercambio pela Ulbra? Acho que a gente rever um pouco os conceitos, questões de valores, o que realmente é mais importante? Ver as pessoas como elas são e não o que elas aparentam. Os pontos positivos e negativos do programa de intercambio? Positivos é que tem, que eu acho muito legal ter e eu acho que devia ser mais divulgado. Eles não me ajudaram muito, mas o que eu precisei eles me guiaram. Volta e meia eles me mandavam um e-mail como tu ta?, o coordenador queria saber. Tem muito esse contato de quem tá vindo depois, eu tava lá daí eles já dão o meu contato e daí eu já recebo ele. Mas isso da Ulbra, da Espanha não. Quando tu foi não tinha ninguém lá? Tinha. Tinha o pessoal do doutorado, muita gente do doutorado da Ulbra, que faz doutorado lá, muito brasileiro e fazendo o intercambio acadêmico não tinha, eles forma comigo. Fui eu e mais duas pessoas. No outro semestre chegaram mais 3. Mas da Ulbra não tinha muita gente. Mas tinha um monte de brasileiro, de Florianópolis tinha um monte de gente. Ponto positivo...essa coisa de comunicação. Assistência: eu deixei meu telefone, meu email pros espanhóis que vierem, se precisa de alguma coisa, daí eles vão me avisar. Teve uma guria que me procurou. Mas em questão de organização eu achei na Espanha mais organizado. Claro, eles têm mais demanda. Lá tem o esquema de padrinhos, isso eu achei o máximo. Quando tu preenche o formulário tu diz se vai querer um padrinho, daí é um aluno da universidade, que tu fala com ele por e-mail, e um ou dois dias ele vai te ajuda, pra tu não ficar perdido na cidade. Eu não me inscrevi por que eu já sabia que eu ia fica na casa dessa minha amiga. A gente combino e ela tava me esperando no apartamento dela, me deu endereço... Tu acha que pelo fato de ser o Espanhol e não o inglês, te facilitou? Com certeza. Não digo que pra fala. Fala Espanhol não é fácil. Mas pra entender. Não vo chegar entendendo tudo, mas o ouvido acostuma muito mais fácil. É uma língua latina mais próxima do português. Como é parecido, tu inventa umas palavras, um portunhol... Confunde muito e tu acaba inventando umas palavras que não existem, mas tu consegue se vira. Tu chega numa loja to perdido, tu consegue explica. Já no inglês, se tu não sabe nada, como tu vai explica? Vai na mímica. Isso é um ponto positivo do idioma. Até na questão da aula. E que bom que teve esse curso preparatório no início, pra mim, mas tinha alemães, tinha ingleses. Americanos e ingleses sofriam muito, o Espanhol deles era horrível e eu via na aula que eles não entendiam nada. E a gente entendia mais fácil. Mas daí era legal, por que daí a gente acabava Erasmos. Na Europa, esse programa de intercâmbio de europeus na Europa, se chama Erasmos. Tu vai com um objetivo, o mínimo que tu tem que te é ta aberto ao idioma. E tu
tem que ser flexível. No ambiente que tu ta tu te adapta. Tu não é lá como tu é aqui. Eu aprendi a ser mais flexível. Eu consigo ver o lado bom das coisas. Eu aprendi a não ser tão derretida, acho que isso é amadurecimento. Análise da Entrevista Através desta entrevista podemos perceber o quão válida é uma experiência acadêmica no exterior. A cultura de um outro país, os costumes, métodos de estudo e o idioma, são marcantes. Lidar com essas diferenças proporciona um amadurecimento, uma visão mais ampla de possibilidades que o mundo oferece. A troca de experiências com pessoas de outros lugares do mundo, nos ensina uma nova maneira de lidar com os indivíduos, respeitando e valorizando suas diferenças. Outro fator que nos chamou atenção foi a questão da falta assistência da Universidade durante o processo de ingresso na universidade estrangeira. Percebemos essa assistência é determinante no sucesso da experiência, pois ela gera um sentimento de segurança para o aluno, o que é fundamental quando se está sozinho e em um lugar desconhecido. Um item apontado como deficiente foi a má divulgação do programa do intercâmbio para os alunos. Nas universidades encontramos apenas propagandas de agências de intercâmbio, não das próprias instituições de ensino. Isso nos faz refletir se essa atitude é proposital para que somente alunos realmente interessados e que buscam informações participem do programa. É fato que os métodos de ensinos variam muito de acordo com cada país, o que pode ser uma barreira para o aprendizado acadêmico. Estas barreiras é que promovem o desenvolvimento pessoal e engrandecem os valores éticos e morais. Portanto uma viagem destas é muita válida, pois as dificuldades encontradas são essenciais para promover um diferencial no mercado de trabalho. Ressaltamos a importância da assistência no período preparatório e durante o intercâmbio para que o estudante tenha mais tranqüilidade, tanto para a sua decisão de ida quanto para a sua permanência.