ANO XXII - 2011-4ª SEMANA DE SETEMBRO DE 2011 BOLETIM INFORMARE Nº 39/2011 ASSUNTOS CONTÁBEIS AJUSTES CONTÁBEIS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES - PROCEDIMENTOS GERAIS Introdução - Critério Para Utilização da Conta Ajustes de Exercícios Anteriores - Mudança de Critério Contábil - Retificação de Erros de Exercícios Anteriores - Erros Com Contas Patrimoniais - Aumento Indevido do Resultado na Escrituração Contábil - Procedimento Contábil Para Regularização do Erro - Redução Indevida do Resultado na Escrituração Contábil - Procedimento Contábil Para Regularização do Erro... Pág. 373 ASSUNTOS SOCIETÁRIOS FACTORING - CONSIDERAÇÕES GERAIS Introdução - Características - Como Funciona - Forma de Constituição - Registro no Banco Central do Brasil/BACEN - Registro na ANFAC e FEBRAFAC - Prestação de Informações ao COAF... Pág. 375
SETEMBRO - Nº 39/2011 IMPOSTO DE RENDA ASSUNTOS CONTÁBEIS Sumário 1. Introdução AJUSTES CONTÁBEIS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES Procedimentos Gerais 2. Critério Para Utilização da Conta Ajustes de Exercícios Anteriores 2.1 - Mudança de Critério Contábil 2.2 - Retificação de Erros de Exercícios Anteriores 3. Erros Com Contas Patrimoniais 4. Aumento Indevido do Resultado na Escrituração Contábil 5. Procedimento Contábil Para Regularização do Erro 6. Redução Indevida do Resultado na Escrituração Contábil 7. Procedimento Contábil Para Regularização do Erro 1. INTRODUÇÃO Os registros dos fatos contábeis são suscetíveis de erros, que poderão ou não interferir na apuração do resultado e, consequentemente, na base imponível do Imposto de Renda relativo ao exercício em determinado período. Partindo do pressuposto de que a escrituração contábil é a fonte de informações para a apuração do lucro ou prejuízo fiscal, qualquer erro no registro de um fato, via de regra, poderá provocar o aumento ou diminuição do imposto devido em determinado exercício. Neste trabalho, analisaremos alguns casos determinantes ou não na mensuração do lucro, procurando demonstrar as causas e os efeitos do erro, bem como a sua regularização na escrituração contábil da empresa. 2. CRITÉRIO PARA UTILIZAÇÃO DA CONTA AJUSTES DE EXERCÍCIOS ANTERIORES De acordo com o art. 186, 1º, da Lei nº 6.404/1976, o lucro líquido do exercício não deve estar influenciado por efeitos que pertençam a exercícios anteriores, ou seja, deverão transitar pelo balanço de resultados somente os valores que competem ao respectivo período. Como ajustes de exercícios serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subsequentes. De acordo com o art. 176, 5º, inc. IV, alínea h, da Lei nº 6.404/1976, deverão ser indicados em Notas Explicativas ao Balanço os Ajustes de Exercícios Anteriores. 2.1 - Mudança de Critério Contábil A modificação de métodos ou critérios contábeis poderá ter ou não efeitos relevantes e, também, poderá influenciar ou não a apuração do lucro líquido do exercício. Observe-se que quando a modificação de métodos ou critérios contábeis afetar a apuração do lucro líquido do exercício, o efeito correspondente deverá ser lançado, conforme o caso, a débito ou a crédito da conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados. 2.2 - Retificação de Erros de Exercícios Anteriores A retificação de erros de exercícios anteriores poderá afetar, também, o lucro líquido do exercício. Nesse caso, o valor correspondente à retificação será lançado, conforme o caso, a débito ou a crédito da conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados. Note-se que os ajustes são aqueles resultantes de efeitos na retificação de erro imputável a determinado exercício anterior e que não possam ser atribuídos a fatos subsequentes. 3. ERROS COM CONTAS PATRIMONIAIS Regra geral, os erros cometidos com contas patrimoniais, tais como inversão de lançamento, contrapartida a débito em conta indevida ou contrapartida a crédito em conta indevida, não provocam influência na determinação do lucro e, por inferência, no resultado tributável do exercício. O reflexo na determinação do resultado do exercício, via de regra, só ocorre quando a contrapartida das contas patrimoniais transitarem pelo balanço de resultados e, consequentemente, se traduzirem em aumento, redução ou postergação do pagamento do Imposto de Renda. 4. AUMENTO INDEVIDO DO RESULTADO NA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL Os erros contábeis mais comuns que se traduzem em aumento indevido do resultado podem ocorrer devido a: a) despesa lançada a menor do que a efetivamente paga ou incorrida; b) receita lançada a maior ou manutenção na contabilidade de valor de receita, cuja Nota Fiscal já foi objeto de cancelamento; 373
IMPOSTO DE RENDA c) falta de registro referente a baixa de bens do Ativo Não Circulante subgrupo Imobilizado. Fora os casos descritos acima, é óbvio, existem outros que podem causar distorções na determinação do resultado. 5. PROCEDIMENTO CONTÁBIL PARA REGULARIZAÇÃO DO ERRO Considerando-se que os erros que provocam aumento indevido do resultado tenham sido detectados após o encerramento do período, o procedimento contábil a ser seguido pela empresa será o seguinte: a) lançamento de ajuste a débito da conta Ajustes de Exercícios Anteriores ; b) transferência do valor do ajuste da conta Ajustes de Exercícios Anteriores para a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados ; c) diminuir do valor a ser retificado a parcela correspondente ao Imposto de Renda. Exemplo: Considerando-se que no ano-calendário 2010 a empresa, inadvertidamente, não efetuou o registro contábil referente ao cancelamento de uma Nota Fiscal no valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), ocorrendo a sua regularização no período subsequente. Os ajustes contábeis, no exemplo proposto, serão efetuados da seguinte forma: a) pelo lançamento da Nota Fiscal cancelada: D - AJUSTES DE EXERCÍCIOS ANTERIORES C - DUPLICATAS A RECEBER (Ativo Circulante) 60.000,00 Valor relativo à baixa da duplicata nº... referente à Nota Fiscal nº... de... cancelada. D - LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS C - AJUSTES DE EXERCÍCIOS ANTERIORES 60.000,00 b) pela transferência referente a ajustes efetuados no período de 2010. D - PROVISÃO PARA IMPOSTO DE RENDA (Passivo Circulante) C - LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS SETEMBRO - Nº 39/2011 (Passivo Circulante) 9.000,00 Valor relativo ao Imposto de Renda calculado sobre o valor contido no resultado do ano-calendário 2010 (R$ 60.000,00 x 15%) Caso não haja saldo na conta de provisão para Imposto de Renda, em virtude da empresa já ter efetuado o pagamento do mesmo, o ajuste deverá ser efetuado, tendo como contrapartida a conta de impostos a recuperar no Ativo Circulante. 6. REDUÇÃO INDEVIDA DO RESULTADO NA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL Por sua vez, os erros de natureza contábil que implicam redução indevida do resultado, via de regra, são ocasionados por: a) registro em conta indevida referente ao recebimento de uma duplicata; b) subavaliação do estoque final de mercadorias, resultando em aumento excessivo do CMV; c) inobservância do regime de competência na escrituração da receita, rendimento, custo ou dedução; d) registro a débito em conta de resultado referente a conserto de bens do Ativo Não Circulante subgrupo Imobilizado, que resulte em aumento da vida útil superior a 1 (um) ano em relação a sua(s) data(s) de aquisição; e) constituição da provisão para férias em desacordo com a Legislação; f) constituição de outras provisões ou excesso em relação ao limite fiscal previsto na Legislação. 7. PROCEDIMENTO CONTÁBIL PARA REGULARIZAÇÃO DO ERRO Se os erros que provocam a redução indevida do resultado forem detectados após o término do exercício, o procedimento contábil a ser seguido pela empresa será o seguinte: a) lançamento de ajuste a crédito da conta Ajustes de Exercícios Anteriores ; b) transferência do valor do ajuste da conta Ajustes de Exercícios Anteriores para a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados ; c) diminuir do valor a ser retificado a parcela 374
SETEMBRO - Nº 39/2011 correspondente ao Imposto de Renda. Exemplo: Considerando-se que determinada empresa tenha desembolsado a importância de R$ 10.000,00 na reforma de um veículo e, em decorrência dessa reforma, houve um aumento de vida útil superior a um ano. O registro contábil foi feito erroneamente da seguinte forma: D - DESPESAS DE CONSERVAÇÃO DE VEÍCULOS (Resultado) C - FORNECEDORES (Passivo Circulante) R$ 10.000,00 Valor relativo à Nota Fiscal nº... de... da Reformadora Alfa Ltda. No exercício seguinte, o erro foi detectado e o ajuste contábil foi procedido da seguinte forma: R$ 10.000,00 IMPOSTO DE RENDA Valor relativo à Nota Fiscal nº... de... da Reformadora Alfa Ltda. referente à reforma do veículo marca..., tipo..., motor..., cujo lançamento ora regularizamos. D - AJUSTES DE EXERCÍCIOS ANTERIORES C - LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS R$ 10.000,00 Transferência referente a ajustes efetuados no anocalendário 2010. D - LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS C - PROVISÃO PARA IMPOSTO DE RENDA (Passivo Circulante) R$ 1.500,00 Valor relativo ao Imposto de Renda incluso no valor retificado (R$ 10.000,00 x 15%). D - VEÍCULOS (Ativo Não Circulante subgrupo Imobilizado) C - AJUSTES DE EXERCÍCIOS ANTERIORES Fundamentos Legais: Os citados no texto. ASSUNTOS SOCIETÁRIOS Sumário 1. Introdução 2. Características 3. Como Funciona 4. Forma de Constituição FACTORING Considerações Gerais 4.1 - Registro no Banco Central do Brasil - BACEN 4.2 - Registro na ANFAC e FEBRAFAC 5. Prestação de Informações ao COAF 1. INTRODUÇÃO Universalmente denominada de factoring, a atividade de fomento mercantil consiste no apoio às iniciativas empresariais dos clientes (pessoas jurídicas), mediante a antecipação do recebimento do seu faturamento a prazo, o que o torna à vista, e de muitas outras formas de alavancagem dos negócios. A faturização consiste, na sua forma genuína, na venda da carteira ou parte dela, derivada de faturamento a prazo de uma empresa. Essa venda é efetuada com a condição de o comprador arcar com todos os gastos necessários à cobrança, bem como com todo o risco por eventuais inadimplências dos clientes. O art. 15, 1º, inc. III, alínea d, da Lei nº 9.249/1995 definiu factoring como a prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços. A empresa de factoring é uma prestadora de serviços que realiza operações mercantis, e que tem por objetivo a melhoria da qualidade dos procedimentos dos clientes assistidos, em seus diversos níveis de atuação, e que poderá resultar na compra de ativos representados por legítimos efeitos mercantis, oriundos das transações comerciais ou de prestação de serviços a prazo, praticadas pelos seus clientes. Em função da empresa de factoring transformar vendas a prazo em vendas à vista, é necessário um bom capital de giro. Para esse efeito, a Associação Nacional de Factoring (ANFAC) recomenda um capital inicial mínimo 375
IMPOSTO DE RENDA de R$ 200.000,00. Nos itens a seguir abordaremos os aspectos gerais a serem observados na constituição de uma sociedade de fomento mercantil (factoring). 2. CARACTERÍSTICAS A atividade de factoring não se confunde com a atividade dos bancos e instituições financeiras. Não efetua débitos na conta-corrente dos seus clientes, tampouco exige reciprocidade, seja em depósitos, seja na compra de seguros ou outros produtos. Distingue-se da atividade típica das instituições bancárias, de captar dinheiro e emprestá-lo, o que elimina a intermediação financeira, reduzindo o custo da produção. Significa a compra de créditos (recebíveis) e a prestação dos mais variados serviços, visando: a) expansão dos ativos dos seus clientes; b) o aumento das vendas; c) o incremento da produtividade; d) a redução de custos e do endividamento; e) a transformação do faturamento a prazo em à vista, propiciando recursos para o giro dos negócios. 3. COMO FUNCIONA O processo de factoring inicia-se com a assinatura de um contrato de fomento mercantil entre a empresa e a factoring, no qual se estabelecem os critérios da negociação. Basicamente, o processo é composto por quatro etapas: a) a empresa vende seu bem, crédito ou serviço a prazo, gerando um crédito no valor correspondente; b) a empresa negocia este crédito com a factoring; c) de posse deste crédito, a factoring informa o sacado sobre o fato e a forma de cobrança (carteira ou banco); d) findo o prazo negociado inicialmente, a empresa sacada pagará o valor deste crédito à factoring, encerrando a operação. 4. FORMA DE CONSTITUIÇÃO A empresa de factoring poderá ser constituída sob a forma SETEMBRO - Nº 39/2011 de sociedade anônima ou sociedade de responsabilidade limitada, e deverá ser registrada na Junta Comercial, mediante contrato social, tendo como destaque no seu objeto social a conceituação da atividade definida no art. 15, 1º, inc. III, alínea d, da Lei nº 9.249/1995. Para registro da empresa na Junta Comercial, serão observados, no tocante à elaboração e registro do contrato social, as normas comuns aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Após o registro na Junta Comercial, a empresa será registrada no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas - CNPJ-MF (Instrução Normativa RFB nº 1.183/2011), por meio da Ficha Cadastral da Pessoa Jurídica. A empresa será registrada, também, na Prefeitura Municipal, observando-se para esse efeito a Legislação vigente em cada Município. 4.1 - Registro no Banco Central do Brasil - BACEN A empresa que explora a atividade de factoring não sofre nenhum tipo de fiscalização ou de controle por parte do BACEN, é livre o seu funcionamento, desde que esteja devidamente legalizada e que não atue na áreas restritas às empresas legalmente controladas pelo referido banco (Resolução BACEN nº 2.144/1995). 4.2 - Registro na ANFAC e FEBRAFAC Além dos registros mencionados acima, a empresa que atua no ramo de factoring pode pleitear o registro junto à Associação Nacional de Factoring e Federação Brasileira de Factoring, que são órgãos de defesa e apoio a essa classe, cujo registro também evidencia a idoneidade e seriedade dos serviços prestados pela empresa, no mercado. Para obtenção desse registro devem ser observadas as regras específicas, baixadas pelos órgãos mencionados. 5. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES AO COAF Com o objetivo de prevenir e combater os crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, conforme estabelecido na Lei nº 9.613/1998, regulamentada pelo Decreto nº 2.799/1998, as pessoas jurídicas que exerçam a atividade de fomento comercial (factoring) em caráter permanente ou eventual, de forma principal ou acessória, cumulativamente ou não, nas suas várias modalidades, deverão atender, a qualquer tempo, às requisições de informação formuladas pelo COAF - Conselho de Controle de Atividades Financeiras, a respeito de seus clientes, seus proprietários ou controladores, representantes, mandatários, prepostos e operações pactuadas, na forma estabelecida na Resolução COAF nº 13, de 13.09.2005. Fundamentos Legais: Os citados no texto. 376