PARASITOLOGIA ZOOTÉCNICA Aula 01 Aula de hoje: Introdução à disciplina de Parasitologia Classificação dos seres vivos; Tipos de associações entre os organismos; Conceito e classificação dos parasitos; Conceito e classificação dos hospedeiros; Ação dos parasitos sobre o hospedeiro; Principais veículos de transmissão.
INTRODUÇÃO A PARASITOLOGIA CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS A grande diversidade de seres vivos em nosso planeta fez com que os homens sentissem a necessidade de agrupá-los, visando facilitar o conhecimento da biodiversidade na Terra. Desta forma, alguns pesquisadores, com destaque para o naturalista inglês John Ray (conhecido como o pai da história natural) e o sueco Carl von Linné (pesquisador que estabeleceu o sistema de nomenclatura binominal) foram importantes para o estabelecimento de toda a sistemática e normatização que se refere a classificação dos seres vivos em nosso planeta. John Ray conceituou espécie como sendo um conjunto de indivíduos que apresentam características semelhantes, possuem antepassados comuns, sejam capazes de se reproduzir e gerar descendentes férteis e com características semelhantes as dos progenitores. Baseado nesse conceito, Carl von Linné, apresentou em 1735, um sistema de classificação e nomenclatura universal que foi chamado de Sistema Naturae, que é em um catálogo de plantas e animais, reunidos em grupos, e, sub grupos mais específicos. Um conjunto de duas ou mais espécies, agrupadas por semelhanças morfológicas, fisiológicas e bioquímicas, constitui um gênero. O conjunto de gêneros constitui uma família. O conjunto de famílias constitui uma ordem. O conjunto de ordens constitui uma classe. O conjunto de classes constitui um filo e, o conjunto de filos constitui um reino. Os seres vivos atualmente são agrupados em cinco reinos que são: Reino Plantae ou Metaphyta: organismos autótrofos (produzem o próprio alimento). Exemplo: plantas. Reino Fungi: organismos saprófitos (organismos que se alimentam absorvendo substâncias orgânicas, normalmente originadas de matéria orgânica em decomposição). Exemplo: fungos, cogumelos, bolores.
Reino Monera: compreende os organismos unicelulares e procariontes (células não possuem o núcleo individualizado ausência de carioteca). Exemplo: bactérias e algas azuis ou cianobactérias. Reino Protista: formado por seres unicelulares e eucariontes (células possuem o núcleo individualizado presença de carioteca). Exemplo: protozoários (giárdias, amebas, tripanossomas) e algas inferiores ou eucariontes. Reino Animalia ou Metazoa: organismos pluricelulares e heterótrofos (não são capazes de produzir sua própria energia). Exemplo: animais invertebrados e vertebrados. A B Fonte: http://www.google.com.br Figura 1. (A) John Ray (1627 1705), inglês, conhecido como o pai da história natural. (B) Carl von Linné (1707 1778), suéco, estabeleceu o Sistema Naturae de classificação e o sistema binomial de nomenclatura.
PARASITOLOGIA Conceito É a ciência que estuda os parasitas, os seus hospedeiros e relações entre eles. TIPOS DE ASSOCIAÇÕES ENTRE OS ORGANISMOS Os organismos se associam, basicamente por dois motivos: obtenção de alimento e abrigo (proteção). No entanto, essas associações podem ser harmônicas (quando há benefício mútuo ou ausência de prejuízo mútuo) ou desarmônicas (quando há prejuízo para algum dos envolvidos). São consideradas associações harmônicas o comensalismo, mutualismo e a simbiose; e desarmônicas a competição, canibalismo, predatismo e o parasitismo. Os principais tipos de associações entre seres vivos de interesse no estudo da parasitologia são o parasitismo e o comensalismo. O parasitismo é um tipo de relação no qual um dos envolvidos é beneficiado (parasito) e o outro prejudicado (hospedeiro). O comensalismo é um tipo de relação entre duas espécies que vivem juntas, na qual o indivíduo comensal se beneficia dos restos do indivíduo anfitrião sem causar prejuízo. Antigamente, o conceito de comensalismo estava apenas relacionado a questões alimentares, porém atualmente, esse conceito se estendeu para qualquer relação, seja alimentar ou não, onde um indivíduo se beneficia sem prejudicar o outro. Exemplos: a) A rêmora (peixe piolho) e o tubarão. A rêmora é um peixe pequeno que se fixa no tubarão para obter maior facilidade no deslocamento e também se alimenta de restos alimentares do tubarão. b) Entamoeba coli (não confundir com Escherichia coli), é uma ameba comensal que vive no intestino humano, alimentando-se de restos da digestão sem prejudicar o hospedeiro. Como alvo do estudo da parasitologia, iremos estudar as relações dessa ciência e seus interesses voltados para a área de saúde.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS PARASITOS Conceito de parasito é o ser vivo de menor porte que vive associado a outro ser vivo de maior porte, à custa ou dependência deste. DE ACORDO COM O LOCAL ONDE ELE SE HOSPEDA: Ectoparasito vive externamente no corpo do hospedeiro. Endoparasito vive dentro do corpo do hospedeiro. Hiperparasito que parasita outro parasito. DE ACORDO COM A RELAÇÃO ESTABELECIDA COM O HOSPEDEIRO: Parasito acidental É aquele que parasita outro hospedeiro que não o seu normal. Exemplo: Dipylidium caninum (helminto encontrado no intestino delgado de cães) parasitando criança. Parasito estenoxênico É aquele que apresenta alta especificidade parasitária ocorrendo, em um mesmo estágio evolutivo, apenas em uma espécie de hospedeiro. Exemplo: Algumas espécies de Plasmodium só parasitam primatas; outras, só aves etc. Parasito eurixêno É aquele que apresenta baixa especificidade parasitária ocorrendo, em um mesmo estágio evolutivo,em várias espécie de hospedeiro. Exemplo: Toxoplasma gondii, que pode parasitar todos os mamíferos e até aves. Parasito facultativo É aquele que pode viver parasitando, ou não, um hospedeiro (quando não está parasitando é chamado de vida livre). Exemplo: As larvas de Sarcophagidae podem se desenvolver em feridas necrosadas ou em matéria orgânica (esterco) em decomposição. Parasito heterogenético É aquele que apresenta alternância de gerações. Exemplo: Plasmodium como ciclo assexuado no mamífero e sexuado no mosquito.
Parasito heteroxênico É aquele que apresenta hospedeiro definitivo e intermediário, ou seja, precisa de mais de um hospedeiro para completar o ciclo. Exemplo: Trypanosoma cruzi e Schistosoma mansoni. Parasito monoxênico É aquele que apresenta apenas hospedeiro definitivo. Exemplo: Entorobius vermiculares, Ascaris lumbricoides. Parasito monogenético É aquele que não apresenta alternância de gerações (isto é, possui um só tipo de reprodução sexuada ou assexuada). Exemplo: Ascaris lumbricóides, Ancylostomatidae, Entamoeba histolytica Parasito obrigatório É aquele incapaz de viver fora do hospedeiro. Exemplo: Toxoplasma gondii, Plasmodium, Schistosoma mansoni Parasito periódico É aquele que freqüenta o hospedeiro intervaladamente. Exemplo: Mosquitos que se alimentam sobre o hospedeiro a cada três dias. CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS HOSPEDEIROS Conceito de hospedeiro Organismo que alberga o parasito. CLASSIFICAÇÃO DOS HOSPEDEIROS Hospedeiro definitivo É aquele que alberga o parasito em fase adulta ou em fase de atividade sexual. Hospedeiro intermediário - É aquele que alberga o parasito em fase larvária ou no qual se reproduz assexuadamente. Hospedeiro paratênico ou de transporte - É aquele que hospeda temporariamente ou serve de veículo para que o parasito chegue ao hospedeiro definitivo. O parasita não evolue nesse e portanto, não é
imprescindível para completar o ciclo vital, ainda que geralmente aumenta as possibilidades de sobrevivência e transmissão. AÇÃO DOS PARASITOS SOBRE O HOSPEDEIRO Para sobreviver, os parasitas necessitam adquirir nutrientes do hospedeiro para sua alimentação, e isso se dá sob diversas formas: Ação Espoliativa é um tipo de relação onde o parasito absorve nutrientes ou mesmo sangue do hospedeiro. Exemplo: É o caso dos Ancylostomatidae, que ingerem sangue da mucosa intestinal (utilizam esse sangue para obtenção de Fe e O2 e não para se nutrirem dele diretamente) e deixam pontos hemorrágicos na mucosa, quando abandonam o local da sucção. Outro exemplo é o hematofagismo dos triatomídeos ou de mosquitos. Ação Enzimática: é um tipo de relação onde os parasitas produzem enzimas que furam e dissolvem partes do corpo do hospedeiro. Exemplo: Ação Irritativa: é um tipo de interação onde sem causar lesões traumáticas, os parasitas causam irritação no local parasitado, prejudicando o hospedeiro. Ação Mecânica: Os parasitas podem interferir o fluxo alimentar e a absorção de alimentos do hospedeiro. Ação Tóxica: Os parasitas produzem substâncias como enzimas ou metabólitos que podem ser tóxicas e lesar o hospedeiro. Ação traumática: São lesões provocadas pelos parasitas no corpo do hospedeiro, geralmente por vermes, formas larvárias e protozoários. Anóxia: A anóxia acontece devido o consumo dos parasitas de oxigênio presentes nas hemoglobinas, podendo também causar anemias.
VEÍCULOS DE TRANSMISSÃO Pelo contato pessoal ou por objetos de uso pessoal (fômites) Ex: Sarcoptes scabiei, Pthirus pubis, Pediculus capitis, Trichomonas vaginalis Pela água, alimentos, fômites, poeira, mãos sujas, etc. Ex: Entomoeba histolytica, Giardia lamblia, Ascaris lumbricoides, Enterobius vermiculares Por solos contaminados por larvas Ex: Ancylostoma duodenale, Necator americanus, Strongyloides stercoralis Por vetores ou com hospedeiro intermediário Ex: Plasmodium sp., Schistosoma mansoni, Taenia sp.
LOCALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PARASITOS ENCONTRADOS EM: BOVINOS
OVINOS E CAPRINOS
EQUINOS
SUÍNOS
AVES
** Informações complementares CÃES
GATOS
HOMEM