ARTIGO ORIGINAL ANÁLISE DA RESPOSTA ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS GLUTEO MAXIMO E ERETOR DA ESPINHA DURANTE OS EXERCÍCIOS DE AGACHAMENTO E AVANÇO



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ARTIGO ORIGINAL ANÁLISE DA RESPOSTA ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS GLUTEO MAXIMO E ERETOR DA ESPINHA DURANTE OS EXERCÍCIOS DE AGACHAMENTO E AVANÇO ANALYSIS OF ELETROMYOGRAPHY RESPONSES OF THE MAXIMUM GLUTE AND SPINE ERECTOR MUSCLES DURING THE HALF SQUAT AND FORWARD LUNGES Denise Osti Coscrato Breno Gustavo Santiago Martins Ricardo Vilela Morais Carla d Arcanchy Bandeira de Mello Jake do Carmo Programa de Pós Graduação em Educação Física - UGF Resumo Devido a carência de informações biomecânicas relativas aos exercícios de agachamento e avanço, principalmente quanto ao comportamento dos músculos envolvidos nestes movimentos, o presente estudo teve como objetivo verificar, particularmente, a resposta eletromiográflca dos músculos glúteo máximo e eretor da espinha durante estes exercícios. Participaram do estudo 10 mulheres treinadas com idade média de 23,8 anos e massa corporal média de 56,0 Kg. Foram utilizados um eletromiôgrafo de 2 canais da marca Delsys Bagnoli 2 e eletrodos de superfície bipolares ativos para captação dos potenciais de ação. Todos os participantes executaram 10 repetições, com 70% da sua carga máxima, em 4 diferentes tipos de exercício: 1) agachamento sem calço (AG 1 ); 2) agachamento com calço (AG 2 ); 3) avanço com passo largo (AV 1 ); 4) avanço com passo menor (AV 2 ). Os sinais eletromiográficos dos músculos glúteo máximo e eretor da espinha foram registrados durante as 10 repetições. Os resultados e conclusões encontrados neste estudo foram: a) o músculo glúteo máximo apresentou mesmo perfil eletromíográflco para os 4 tipos de exercício, ou seja, não apresentou diferença estatisticamente significativa; b) a participação do músculo eretor da espinha foi maior nos exercícios de agachamento (AG 1 e AG 2 ) do que nos exercícios de avanço (AV 1 e AV 2 ); c) o músculo eretor da espinha apresentou valores médios de energia superiores ao músculo glúteo máximo em ambos os exercícios: agachamentos (AG 1 e AG 2 ) e avanços (AV 1 e AV 2 ). Palavras-chave: eletromíografla, agachamento, avanço, músculos glúteo máximo e eretor da espinha. Abstract Due to lack of information relative to biomechanics of half squat and forward lungues exercises and, especially, relative to behavior of the muscles involved in these moviments, the purpose of this study was to verify, particulary, the eletromyographic responses of the maximum glute and spine erctor muscles during these exercises. 10 training women, aging an average 23,8 years okt and weighing an average 56,0 l(g were studied. lt was used an eletromyography Delsys Bagnoli 2 containíng 2 channels and surfaces electrodes to register action potencíes. AlI subjects were requested to perform 10 repetions, with 70% of their maximum load in 4 different exercises: 1) half squat without a wedge under the heels (AG 1 ); 2) half squat with a wedge under the heels (AG2); 3) long forward lungues (AV 1 ); 4) short forward lungues (AV 2 ). Signals were recorded frorn maximum glute and spine erctor muscles dunng the exercises. The results and conclusíons found in this study were: a) maximum glute muscle showed the same electromyographic signal for 4 types of exercises, that is, did not show any signiflcante statistic difference; b) the particípation of the spine erector muscle was greater in half squat exercises (AG 1 e AG~) than fovward lungues (AV 1 e AV 2 ); c) the spine erector muscle showed an average energy greater than maximun glute muscle in both exercises: half squat (AG 1 e AG 2 ) and forward lungues (AV 1 e Ali 2 );. Key words: electromyography, haíf squat, foward Iungues, maximum glute and spíne erector muscles.

1. INTRODUÇÃO O treinamento de força é uma modalidade física na qual apenas recentemente tem sido abordada pelo campo da ciência, pois se sabe que a maior parte da teoria conhecida até a alguns anos atrás era empírica. Contudo a atual participação da ciência vem contribuindo para comprovar a eficiência e qualidade de diversos tipos de metodologias e exercícios utilizados na área ao treinamento de força. Isto tem dado maior fundamentação científica e proporcionando evoluções no sentido de diminuir o risco de lesões, auxílios nas prescrições bem como a adequação do seu uso e diminuição dos mitos que o acompanham. Alguns exercícios musculares com sobrecarga são dúbios no que diz respeito a sua atividade muscular e a eletromiografia (EMG) tem se mostrado um instrumento de pesquisa essencial na mensuração do papel dos músculos em determinados movimentos. A EMG é um método científico seguro que permite verificar a intensidade de contração muscular através do processo de detecção dos sinais elétricos (potenciais elétricos) emitidos pelos músculos (BOMPA. et a!. 2000). O músculo é uma fonte de atividade elétrica, e está circundado por líquidos corporais bons condutores de eletricidade, melhorando assim o registro da atividade (HAY & REID, 1985). A contração muscular inicia-se quando cargas elétricas atravessam a membrana das fibras musculares, e esse fluxo de íons pode ser medido na pele por eletrodos de superfície (KOBAYASHI,1983;_MORITANI et ai., 1986 apud BQMPA & CORNACCHIA, 2000). Cada par de eletrodos é conectado a um canal do aparelho de registro sendo que instrumentos com múltiplos canais permitem que os padrões de contração e relaxamento de vários músculos sejam registrados simultaneamente durante algum movimento ou estado postural particular de uma articulação (SMITH, WE1SS & LEHMKUHL, 1977). O potencial elétrico recebido pelos eletrodos é amplificado por um amplificador eletromíográfico especial, e pode ser registrado de inúmeras maneiras diferentes: in natura ou de forma integrada e/ou processados diretamente por um computador (HAY & REID, 1985). Apesar dos eletrodos de superfície terem a vantagem de ser não invasivos, a validação e a precisão da sua medida eletromiográfica são dependentes do processo de detecção de sinais. Portanto, os parâmetros deste processo que devem ser controlados em estudos de EMG de superfície inclui: distância entre os eletrodos, tamanho dos mesmos, suas localizações e preparação da pele para minimízação da impedância. Existem alguns fatores limitantes que não podem ser controlados durante a coleta de sinais como, por exemplo, a freqüência de disparos da unidade motora que podem variar de um dia para o outro ou até mesmo entre medidas. Dessa forma, mesmo que se controle todas as variáveis ainda assim existiria uma certa variabilidade que é inerente à medida eletromiográfica (FONSECA et al.). O agachamento 1 (AG) e o avanço 2 (AV) (ou afundo) são tipos de exercícios musculares 1 Agachamento é uma forma de exercício muscular iniciado na posição ereta seguido da flexão do joelho até determinado ângulo e ligeira inclinação do tronco para frente. Após chegar no ângulo desejado, realizar extensão das pernas retomando o tronco à posição inicial, ou seja, posição ereta ~similar ao movimento de sentar e levantar de uma cadeira). 2 Avanço é uma forma de exercício muscular iniciado na posição ereta e pernas levemente afastadas seguida da realização, por uma das pernas, de um passo à frente acompanhada da flexão do joelho, procurando manter o tronco o mais reto possível. Chegando ao ângulo de flexão do joelho desejado, retomar a perna à posição inicial

muito utilizados por atletas em programas de condicionamento e força para melhora da performance em diversos esportes. Estes exercícios multiarticulados desenvolvem os maiores e mais fortes músculos do corpo (músculos da coxa, quadril e lombar) os quais são importantes em vários movimentos atléticos como corrida, salto e levantamentos (ESCAMILLA et ai., 2001: ESCAMILLA, 2001). O agachamento e o avanço são classificados como exercícios básicos, pois envolvem muitas articulações além do quadril e joelho, tornando-os mais complexos que os exercícios para articulações isoladas (CAMPOS, 2000). Porém. exigem uma boa técnica de execução, consciência postural, flexibilidade, coordenação e estrutura muscular previamente fortalecida em algumas articulações a fim de evitar as lesões, principalmente na coluna vertebral e joelho, que podem vir associadas. Na maioria das vezes isto ocorre por uma técnica de execução precária e/ou falta de estrutura muscular das articulações mais exigidas quando há utilização de muita sobrecarga. Além do uso para atletas de alto rendimento, esses exercícios proporcionam um desenvolvimento muscular esteticamente superior, principalmente para coxas e glúteo, quando comparada a outros exercícios que visam trabalhar estas regiões do corpo. Por isso, a sua utilização por profissionais de educação física de academias de musculação tem sido cada vez maior com o intuito de atender a fins estéticos da população que freqüenta estes ambientes, especialmente o público feminino. Outra utilidade atribuída ao agachamento é que por ser classificado como um exercício de cadeia cinética fechada (ESCAMILLA et al., 1998 apud ESCAMiLLAet al., 2000), e tem sido recomendado e utilizado em diversas reabilitações de joelho (OHKOSHI et al., 1991 apud ESCAMILLA et al, 2000). Dessa forma, um melhor entendimento da biomecânica desses dois exercícios (AG e AV) será de grande valia no sentido de ajudar tanto fisioterapeutas, treinadores, médicos desportistas, técnicos e professores de educação física que tenham como objetivo: reabilitação, treinamento ou mesmo estética e saúde. Uma das formas que se pode lançar mão para avaliar biomecanicamente um movimento é a técnica de eíetromiografia citada anteriormente. Através deste instrumento científico é possível verificar a participação muscular do quadril, coluna e joelho durante a execução do AG e/ou AV. Neste estudo em específico, concentraremos a atenção nos músculos glúteo máximo e eretor da espinha (região lombar) apesar dos exercícios citados acima enfatizarem também músculos como quadríceps, bíceps femoral e gastrocnêmios, entre os principais. A escolha destes dois grupamentos musculares na análise dos movimentos de AG e AV deve-se a três fatores: 10) ausência de pesquisas que tenham focalizado esses dois músculos, já que a grande maioria dos estudos existente comentam sobretudo a respeito dos músculos do quadríceps femoral (BANKOFF et al., 1998; PELLEGRINOTTI, et al., 2000), bíceps femoral e gastrocnêmios (ESCAMILLA et al., 1998; WILK et al., 1996; ISEAR et al., 1997 apud ESCAMILA, 2000; ESCAMILLA et al., 2000); 20) verificar a atuação da musculatura lombar durante esses exercícios contribuindo, dessa forma, para saber suas indicações e contra-indicações, já que as lesões na região lombar hérnia de disco lombaigias, contraturas, estiramentos, etc. são extremamente comuns; 30) confirmar e esclarecer se a participação do músculo glúteo máximo é realmente alta nesses exercícios como é citado,

sem comprovação científica, pela maior parte dos livros técnicos de musculação bem como se há diferença significativa de intensidade da sua participação entre o AG e o AV. O agachamento livre com a barra, entre outros, é um dos métodos mais utilizados e pode ser executado de diversas formas, ou seja, pode ser feito: - até a metade (meio ~ agacahmento 0º a 90º) ou até a coxa encostar na perna (agachamento completo); - com variações no afastamento das pernas e posicionamento dos pés; - ser feito com ou sem o uso de calço sobre o calcanhares e; - com a barra atrás da nuca (sobre o trapézio ou sobre o deltóide) ou pela frente (sobre a clavícula). CAMPOS (2000) fez uma análise biomecânica deste exercício sendo realizado com todo o pé apoiado no solo (AG 1 ) e com um calço 3 apoiado no calcanhar (AG 2 ): - na primeira execução (AG 1 ) há uma projeção do tronco anteriormente (flexão de quadril) na fase excêntrica a fim de conseguir o equilíbrio. Isto gera aumento do braço de resistência no quadril com diminuição no joelho, favorecendo a participação dos músculos glúteos máximo e isquiotibiais e aumento de momento de resistência na região lombar, aumentando a ação dos extensores da coluna e os riscos de lesão - no segundo caso (AG 2 ), o equilíbrio é mantido durante a fase excêntrica sem que o tronco precise projetar-se anteriormente. Isto faz com que o braço de resistência seja maior para o joelho do que para o quadril, aumentando, assim, a participação do quadríceps, fazendo com que o braço de momento da resistência para coluna diminua, mínímizando as forças compressivas na coluna lombar O avanço com a barra é o exercício no qual a articulação do quadril consegue realizar a maior amplitude de movimento. Segundo DELAVIER (2000) e BOMPA & CORNACCHIA (2000), o AV trabalha intensamente os glúteos máximos e pode ser realizado de duas maneiras diferentes: realizando um passo menor no qual o quadríceps será muito solicitado (AV 2 ) - ou realizando um passo largo no qual os posteriores de coxa e glúteo máximo serão mais intensamente solicitados (AV 1 ). CAMPOS (2000) sugere, contudo, outra forma de execução com afastamento posteríor, pois, segundo o autor, o afastamento anterior cria uma certa inércia para o fêmur, que tende a continuar o movimento para frente quando a tíbia se fixa no momento em que o pé toca o solo, criando um estresse maior para os ligamentos e tendão patelar. Em relação ao posicionamento do tronco e ação muscular. CAMPOS (2000) comenta que: - quando o executante projeta o tronco para frente, na fase excêntrica do movimento, o braço de momento da resistência aumenta na articulação do quadril e diminui na do joelho. Assim, aumenta o trabalho dos músculos glúteo máximo e isquiotíbiais da perna que ficou à frente. Além disso, nesta situação o braço de momento da resistência para a coluna também aumenta, favorecendo o aumento das forças compressivas nesta articulação; 3 CARNAVAL & RODRIGUES (1985), recomendam o uso de um calço de 2 a 3 cm sob

- se o executante mantém a postura da coluna ereta e concentra o peso na perna que está atrás, somente o quadríceps realizará o movimento sem qualquer participação dos extensores do quadril desta perna. Na perna que ficou à frente, o trabalho também é maior para o quadríceps. Por fim, para melhor caracterização e localização dos músculos glúteo máximo e eretor da espinha no trabalho de eietromiografia citaremos SMITH et al. (1997): - Glúteo máximo: Fixações proximais: porção posterior da crista do ílio, fáscia lombodorsal, partes do sacro e cóccix e ligamento sacrotuberosítário. As fibras assumem um trajeto para baixo e para o lado e têm fixações distais: a) no trato iliotibial e; b) na tuberosidade glútea da diáfise do fêmur, na face posterior do fêmur. Inervação: nervo glúteo inferior (L5, Si -S2). Ações anatômicas: extensão e rotação externa do quadril; - Eretores da espinha ou sacroespinhal: Fortes tendões e fáscia o ancoram distalmente aos processos espinhosos de Til até S5, o sacro, os ligamentos sacrotuberositários e sacroilíacos, a crista ilíaca posterior e fibras musculares do glúteo máximo. A partir destas fixações, músculos profundos e superficiais ascendem dividindo-se através das regiões lombar, torácica e cervical. Daí resulta a formação dos músculos iliocostal, longuíssimo e espinhal. os calcanhares. Face ao exposto, foi proposto estudar eletromiograficamente a participação dos músculos supracitados, com o objetivo de analisar a intensidade das suas ações nos exercícios de agachamento (AG 1 e AG 2 ) e avanço (AV 1 e AV 2 ) bem como verificar se há diferença no registro eletromiográfico de ambos os músculos quando comparamos o agachamento com o avanço. Sendo assim, pretende-se desmistificar ou confirmar cientificamente se o que é descrito pelos livros (sem comprovação científica) realmente acontece: se há uma atuação mais significativa do glúteo máximo no avanço e do eretor da espinha no agachamento (CAMPOS, 2000; DELAVIER, 2000). 2. MATERIAIS E METODOS AMOSTRA O presente estudo foi realizado com a participação de dez (10) indivíduos adultos, do sexo feminino, na faixa etária de 17 a 28 anos, com idade média de 23,8 anos e a massa corporal média 56,0 kg. Todas com estrutura física normal e sem antecedentes de moléstias musculares ou articulares e que apresentaram experiência com agachamentos e avanços. Anteriormente à pesquisa, os voluntários assinaram um termo de consentimento, autorizando a utilização dos dados para pesquisa. MATERIAIS: O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Biomecânica da Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília, sendo utilizados para a pesquisa, um eletromiógrafo de 2 canais da marca Delsys Bagnoli-2, eletrodos bipolares ativos para captação dos potenciais de ação e um eletrodo

de referência. Para a execução dos exercícios foram usados ainda, suporte para barra, 3 barras (com massa de 10 Kg cada), acolchoamento para barra, anilhas, calço de 2 cm e metrônomo. METODOLOGIA: O teste foi padronizado. Os exercícios AG 1, AG 2, AV 1 e AV 2 foram feitos de acordo com o descrito na introdução do presente estudo, com exceção dos AV, e Ali 2 que foram executados sem o passo. Para o AV 1, estipulou-se uma distância de forma que no final da fase excêntrica, os joelhos permaneçam em 9Q0, onde os pés ficaram fixos nesta distância. Durante a execução do AV2, a distância foi reduzida, de maneira que, na fase excêntrica, a patela da perna da frente ficasse alinhada com o hálux. Dois dias antes do teste propriamente dito, cada voluntário realizou um préteste com os movimentos que compõem o exercício de AG 1 e Ali 1 a fim de: 1º) ensaiar o teste para adquirir o sentido cinestésico, controlando assim a velocidade e forma de execução; e 2º) determinar a carga máxima através do teste de predição 1 RM 4 proposto por BAECHLE (2000). As formas AG 1 e AV 1 foram escolhidas por serem as execuções padrão já que AG 2 e AV 2 são suas formas de variação (BOMPA & CORNACCHIA, 2000; CAMPOS, 2000; DELAVIER, 2000). Além disso, a realização desse pré-teste dois dias antes da coleta definitiva, se deve ao fato de proporcionar a recuperação completa do músculo minimizando, dessa forma, possível interferência nos resultados. O teste de predição de 1 RM para o AG 1 e AV 1 obedeceram os seguintes passos: 1º) estipulou-se 100% da massa corporal de cada indivíduo como um ponto de partida para a carga inicial do teste de predição do AG 1 e do AV 1 ; 2º) com esta carga inicial cada um executou o máximo de repetições até a falha concêntrica, que não deveriam passar de 10 repetições, segundo o protocolo proposto por BAECHLE; 3º) aqueles que ultrapassaram este valor repetiram a execução, após 5 minutos de descanso, com mais 40% da carga usada na execução anterior até chegar a um número de repetições igual ou inferior a dez; e aqueles que não conseguiram executar uma repetição completa com a carga de 100%, esta foi reduzida em 20% para atingir o mesmo propósito; 4º) usando a tabela 1 obtevese o fator de repetição que é associado ao número de repetições que o indivíduo completou no passo anterior; 5º) multiplicou-se o fator de repetição pela carga executada para obter a carga referente à 1 RM; 6º) calculou-se 70% da carga de 1 RM que foi utilizada na realização de 10 (dez) repetições para todos os indivíduos. No dia da coleta dos dados, antes da fixação dos eletrodos foi realizado um procedimento para minimização da impedância que incluiu limpeza da pele com álcool a fim de garantir a validade e precisão dos sinais eletromiográficos. O registro das atividades eletromiográficas dos músculos glúteo máximo e eretor da espinha foram conseguidas usando eletrodos de superfície bipolar ativo que foram posicionados de conformidade com os seguintes parâmetros de localização: - Glúteo máximo: primeiramente mediu-se e marcou-se o ponto médio da distância entre o trocânter e a última vértebra sacral em um ângulo oblíquo no nível do trocânter, em seguida encontrou-se um ¼ da distância total, transferindo essa 4 1 RM é a quantidade máxima de carga que se pode conseguir para uma repetição em um

distância para baixo a partir do ponto médio seguindo perpendicularmente as fibras do glúteo onde foi colocado o eletrodo; (adaptado de ERAM, 1998). - Eretor da espinha: primeiramente por meio da palpação determinou-se a localização da crista ilíaca (região posterior e direita), e a partir daí mediuse, paralelamente a coluna vertebral, a distância até a vértebra proeminente (07). O eletrodo foi fixado do lado direito a 1/6 desta distância partindo do ponto determinado para a crista ilíaca de forma a ficar paralelo à coluna vertebral e a 2cm da mesma (BASMAJIAN & DELUCAS, 1985). O eletrodo de referência foi afixado no punho direito de cada participante. Dubuque, IA: Brown apud Baechle & Groves, 2000. Repetições Completadas Fator Repetição 1 1,00 2 1,07 3 1,10 4 1,13 5 1,16 6 1,20 7 1,23 8 1,27 9 1,32 10 1,36 N 0 de repetições completadas X fator de repetição = 1 RM TRATAMENTO DOS DADOS: Para o estudo dos registros eletromiográficos dos músculos glúteo máximo e eretor da espinha foram calculadas a média de energia das oito bulhas e em seguida o valor encontrado foi transformado para logarítmo natural com o objetivo de reduzir o desvio padrão gerado pelas diferenças biológicas de cada No momento do teste propriamente dito foi feito um sorteio para ordenar aleatoriamente as execuções dos exercícios de cada indivíduo, a fim de não tendenciar a pesquisa. Os participantes realizaram 10 repetições com 70% de 1 RM para a captação do sinal eletromiográfico e conseqüente registro das dez bulhas. A primeira e a última bulha foram desprezadas, tendo assim para a avaliação da indivíduo. Além disso, foi calculado o desviopadrão da amostra. Os dados foram analisados através de uma análise de variância bivariada, utilizando-se o teste de Wilk s Lambda e Rao s. As médias foram comparadas através de análise de contrastes. A relação existente entre a energia do músculo do glúteos e do eretor da espinha foi determinada por uma Correlação de Pearson. pesquisa a média de oito bulhas. O intervalo de descanso entre as execuções de cada exercício foi de três minutos. Tabela 1 - Previsão de 1 RM. Fonte: The Safe and Effective Way by V. P. Lombardi, 1989, exercício. 3 RESULTADOS A tabela 2 mostra os resultados do teste de predição para o AG 1, massa corporal, número de repetições realizadas no teste de predição, valor de 1 RM e o valor de 70% de 1 RM do dez indivíduos da amostra. A tabela 3 mostra os

mesmos resultados, porém referentes ao teste de predição do AV 1. Tabela 2 Resultados do Teste de Predição Agachamento Indivíduo MC 5 Kg 1º Tentativa RPTs 6 1ª tentativa Kg 2ª tentativa RPTs2ª tentativa 1 RM 70 % RM (Kg) (Kg) (Kg) (Kg) (Kg) 1 56 55 00 44 02 47,08 32,6 2 54 55 +10 77,5 03 85,25 59 3 57 57 04 - - 64,41 45,0 4 60 60 +10 85 10 115,6 87,5 5 60 60 +10 74 02 79,18 55,6 6 52 50 +10 70 02 74,9 52,4 7 54 54 +10 75,6 01 75,86 52,6 8 49 50 +10 70 06 84 58,8 9 63 63 01 - - 63 44,2 10 55 55 +10 77 01 77 53,8 Tabela 3 Resultados do Teste de Predição - Avanço Indivíduo MC Kg 1º Tentativa RPTs 1ª tentativa Kg 2ª tentativa RPTs 2ª tentativa 1 RM 70 % RM (Kg) (Kg) (Kg) (Kg) (Kg) 1 56 55 00 44 02 47,08 32,6 2 54 55 +10 77,5 03 82,92 58 3 57 57 01 - - 57,0 40,0 4 60 60 +10 85 08 107,9 75 5 60 60 06 - - 72 50 6 52 50 08 - - 63,5 44,4 7 54 54 +10 75,6 05 87,69 60 8 49 50 +10 70 04 79,1 55,8 9 63 63 01 - - 63 44,2 10 55 55 +10 77 01 77 53,8 As medias de energia dos dez indivíduos avaliados e desvio padrão encontra-se na tabela 4 e figura 5. Tabela 4 Médias de energia e desvio padrão dos músculos glúteo máximo eretor da espinha (médias não diferem entre si estatisticamente). Tratamento Glúteo Eretor da Espinha Ag1 14,748(1,598) 17,691(0,337) a 5 - Massa Corporal 6 - Repetições.

Ag2 14,761(1,573) 17,464(0,331) a Av1 15,304(1,635) 16,300(0,744) b Av2 15,378(1,467) 16,552(0,373) b Figura 5 Médias de energia e desvio padrão dos músculos glúteo máximo e eretor da espinha de acordo com o tipo de exercício. (rao R(6,70)=7,46;p<0,001). Foi apresentada na figura 6 a média das oito bulhas dos músculos glúteo máximo e eretor da espinha para cada um dos indivíduos nos quatro tipos de exercícios bem como a Correlação de Pearson encontrada para ambos músculos. 4. DISCUSSÃO CAMPOS (2000) considera que o agachamento com todo o pé apoiado no solo favorece a uma maior participação dos músculos glúteo e eretor da espinha do que o exercício executado com o calço apoiado no calcanhar. Em contraste com o descrito nesta literatura, os dados eletromiográficos do presente estudo não corroboraram com esta consideração, já que foi encontrada semelhança na atividade do músculo glúteo máximo entre ambas variações como também do músculo eretor da espinha nas mesmas variações. Além disso, foi demonstrado neste estudo que a média da atividade exercida pelo músculo eretor da espinha nos agachamentos (AG 1 e AG 2 ) foi de aproximadamente 19,13% superior à atividade do glúteo máximo. Tal diferença pode ter ocorrido devido ao fato do músculo eretor da espinha ter como característica principal à sustentação corporal, exercendo sua atividade muscular antes mesmo do início da execução do exercício. Outro motivo pode ser o tipo de eletrodo utilizado, pois a região glútea normalmente possui um percentual de gordura maior do que a região lombar o que pode ter oferecido uma maior impedância aos eletrodos de superfície quando comparado aos eletrodos de agulhas que, por outro lado, são invasivos. Com relação ao avanço DELAVIER (2000), comenta que quando realizado com o passo maior (AV 1 ) o glúteo máximo é mais solicitado do que quando realizado com o passo menor (AV 2 ). Analisando as médias da atividade eletromiográfica do glúteo em nossa pesquisa, não foi possível detectar diferenças significativas entre as variáveis do avanço (AV 1 e AV 2 ) citadas

anteriormente. Em nossa revisão da literatura não encontramos referências a respeito da atividade muscular do eretor da espinha nas duas respectivas variações. Entretanto, nosso estudo constatou que não houve diferença significante no músculo eretor da espinha para as duas formas de execução (AV 1 e AV 2 ). A proposta inicial do estudo teve como objetivo também verificar se há diferença significativa na intensidade da atuação dos músculos glúteo máximo e eretor da espinha entre os exercícios de agachamento e de avanço. Neste sentido, destaca-se que o perfil eletromiográfico do músculo eretor da espinha apresentou um padrão significativamente superior nos exercícios de agachamentos (AGi e AG 2 ) em relação aos avanços (AV 1 e AV 2 ), com valor médio de 7,01 % mais ativo, Isto pode ter ocorrido em decorrência da tendência que existe de se projetar o tronco àfrente, na fase excêntrica do movimento de agachamento, aumentando o braço de resistência na articulação do quadril e conseqüentemente gerando maior atividade muscular do eretor da espinha. Já no avanço a postura da coluna ereta é mais facilmente mantida, concentrando a sobrecarga em outros músculos como, por exemplo, o glúteo máximo. parece que a falta de diferença significativa, nesta pesquisa, deve-se à ocorrência de uma grande variação no desvio padrão encontrada para este músculo. Além disso, difícil se faz citar tal afirmação com uma amostra de dez indivíduos. Nesta pesquisa pode ser notado que houve uma tendência inversamente proporcional da atividade muscular do glúteo máximo e eretor da espinha nos avanços (AV 1 e AV 2 ) (Figura 6). Já nos agachamentos (AG 1 e AG 2 ) a atividade do eretor da espinha manteve-se linear independente da variabilidade da atividade do glúteo máximo apresentada pelos indivíduos da amostra (Figura 6). Esta análise éconfusa no que discerne a citação de CAMPOS (2000), na qual comenta que quando o tronco é projetado à frente o trabalho do glúteo máximo e do eretor da espinha têm a atividade aumentada o que torna a relação diretamente proporcional, e não inversamente proporcional. No entanto, outros fatores podem estar interferindo para que esta tendência tenha ocorrido no presente estudo, como por exemplo: consciência corporal durante o exercício, nível de treinamento. experiência prática, diferenças individuais morfológicas e biomecânicas. 5. CONCLUSÃO Contudo foi observado que, apesar de ter sido notado que a atividade média do glúteo máximo foi 3,97% superior nos avanços (AV 1 e AV 2 ) comparado aos agachamentos, não se encontrou diferença significativa entre ambos exercícios. Como fora mencionado anteriormente, a ocorrência dessa diferença pode ser explicada pela menor atuação do eretor da espinha no avanço proporcionando, talvez, uma maior sobrecarga no glúteo máximo. Sendo assim, De acordo com os resultados obtidos através da análise eletromiográfica e dentro das condições experimentais do presente trabalho, podemos concluir que: a) por meio deste estudo, pôde-se ter uma melhor idéia do real comportamento dos músculos glúteo máximo e eretor da espinha, já que existe uma carência de pesquisas

científicas com os mesmos, apenas algumas citações sem estudos experimentais; b) o agachamento pode se tomar um exercício mais lesivo para região lombar que o avanço devido ao músculo eretor da espinha ter sido mais ativo no agachamento do que no avanço, gerando maior tensão na região lombar. Sendo assim, o avanço parece ser menos intenso para a região lombar e conseqüentemente mais indicado para casos mais leves de lesões na coluna, já que parece gerar menor sobrecarga para a mesma; c) não houve total correspondência entre os resultados encontrados aqui com as afirmações descritas nos livros, como exemplo a atuação do músculo glúteo máximo tanto nos agachamentos quanto nos avanços nao apresentou diferença significativa entre eles; Sucesso. 2~ edição, 2000 p. 123-143. BANKOFF, A.D.P; MORAIS, A.C.; FERRAREZ1, M.P.S.; LOPES, M.B.; SLVE, M.G.C.; MASSARA, G. Estudo dos picos de freqüência dos músculos vasto lateral, vasto medial oblíquo e reto femoral, em movimentos de flexão e extensão do joelho em atletas de levantamento de peso: um estudo eletromiográfico. Rev. APEF. 1998,13(1 ):1 8-28. BASMAJIAN, J.V. & DELUCAS, C.J. Muscles Alive: Their Functíons Revaled by Electromyography. 58 edição, Baltimore, MD, Williams & Wilkins, 1985. BOMPA, T.O. & CORNACCHIA, L.J. Levantamentos de máxima estimulação. In:Treinamento de Força Consciente. 1ª edição. São Paulo: Phorte editora; 2000. p. 133-204. CAMPOS, M.A. Exercícios combinados. In: Biomecânica da Musculação. 18 edição. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. p. 81-90. d) o músculo eretor da espinha apresentou valores médios de energia superiores ao músculo glúteo máximo tanto nos exercícios de agachamento quanto nos de avanço. 6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS BAECHLE, T.R. & GROVES, B.R. Considerações Sobre Planejamento de Programas: Manipulação das Variáveis de Treinamento. In: Treinamento de Força:Passos para o CARNAVAL. P.A. & RODRIGUES, C.E.C. Exercícios Básicos. ln: Musculação: teoria e prática. 21º edição. Rio de Janeiro: Sprint, 1985. p. 79-140. DELAVIER, F. As pernas. ln: Guia dos Movimentos de Musculação abordagem anatômica. 2º edição. São Paulo: Manole, 2000. p. 77-96. DELAVIER, F. Os glúteos. ln: Guia dos Movimentos de Musculação abordagem anatômica. 28 edição. São

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