EDITORIAL Na reunião de 7 de Abril de 2011, o Conselho do decidiu, com base nas suas análises económica e monetária regulares, aumentar em 25 pontos base as taxas de juro directoras do, as quais manteve em níveis historicamente baixos durante quase dois anos. O ajustamento da actual orientação muito acomodatícia da política monetária justifica-se face aos riscos ascendentes para a estabilidade de preços identificados pela análise económica. Embora a análise monetária indique que o ritmo subjacente da expansão monetária ainda é moderado, a liquidez monetária permanece ampla e poderá facilitar a acomodação de pressões sobre os preços. Em termos globais, é fundamental que a recente evolução dos preços não dê origem a pressões inflacionistas generalizadas no médio prazo. A decisão do Conselho do contribuirá para manter as expectativas de inflação na área do euro firmemente ancoradas em conformidade com o objectivo de conservar as taxas de inflação abaixo, mas próximo, de 2% no médio prazo. Tal ancorar das expectativas constitui uma condição prévia para que a política monetária contribua para o crescimento económico na área do euro. Ao mesmo tempo, as taxas de juro permanecem baixas em todo o espectro de prazos. Por conseguinte, a orientação da política monetária permanece acomodatícia, continuando, assim, a apoiar de forma considerável a actividade económica e a criação de emprego. Dados económicos recentes confirmam que persiste o dinamismo subjacente positivo da actividade económica, mantendo-se, porém, elevada a incerteza. O Conselho do continuará a acompanhar de perto todos os desenvolvimentos em termos de riscos ascendentes para a estabilidade de preços. Tal como declarado em ocasiões anteriores, a cedência de liquidez e as modalidades de colocação nas operações de refinanciamento serão também ajustadas quando apropriado, tendo em consideração o facto de que todas as medidas não convencionais tomadas durante o período de fortes tensões nos mercados financeiros são, por definição, de natureza temporária. Para o efeito, o Conselho do continuará a acompanhar muito atentamente todos os desenvolvimentos no período que se avizinha. No que respeita à análise económica, após o aumento de 0.3%, em termos trimestrais em cadeia, do PIB real da área do euro no quarto trimestre de 2010, dados estatísticos recentemente divulgados e indicadores baseados em inquéritos apontam para uma continuação do dinamismo subjacente positivo da actividade económica na área do euro no início de 2011. A recuperação em curso da economia mundial deverá apoiar as exportações da área do euro. Ao mesmo tempo e tendo em conta o nível relativamente elevado da confiança empresarial na área do euro, a procura interna no sector privado deverá contribuir cada vez mais para o crescimento económico, favorecida pela orientação 1
acomodatícia da política monetária e pelas medidas adoptadas com vista a melhorar o funcionamento do sistema financeiro. Espera-se, contudo, que a recuperação da actividade seja ligeiramente atenuada pelo processo de ajustamento de balanços em vários sectores. Segundo a avaliação do Conselho do, os riscos para estas perspectivas económicas mantêm-se globalmente equilibrados, num contexto de incerteza elevada. Por um lado, o crescimento do comércio mundial poderá continuar a ser mais rápido do que o esperado, apoiando dessa forma as exportações da área do euro. Além disso, a persistente forte confiança das empresas poderá proporcionar um maior apoio à actividade económica interna na área do euro do que o actualmente esperado. Por outro lado, os riscos descendentes estão associados à continuação das tensões em alguns segmentos dos mercados financeiros, as quais poderão repercutir-se na economia real da área do euro. Os riscos descendentes estão também relacionados com novos aumentos dos preços dos produtos energéticos, em particular devido às actuais tensões geopolíticas, bem como com pressões proteccionistas e a possibilidade de uma correcção desordenada dos desequilíbrios mundiais. Por último, verificam-se riscos potenciais decorrentes do impacto económico, na área do euro e no resto do mundo, da recente catástrofe natural e nuclear no Japão. No que se refere à evolução dos preços, de acordo com a estimativa provisória do Eurostat, a inflação homóloga medida pelo IHPC situou-se em 2.6% em Março de 2011 na área do euro, face a 2.4% em Fevereiro. A subida das taxas de inflação no início de 2011 reflecte, em grande medida, os preços mais elevados das matérias-primas. A pressão resultante dos aumentos acentuados dos preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares é também visível nas fases iniciais do processo de produção. Reveste-se da maior importância que a subida da inflação medida pelo IHPC não conduza a efeitos de segunda ordem no comportamento de fixação dos preços e dos salários, dando, desse modo, origem a pressões inflacionistas generalizadas no médio prazo. As expectativas de inflação têm de permanecer firmemente ancoradas em conformidade com o objectivo do Conselho do de manter as taxas de inflação abaixo, mas próximo, de 2% no médio prazo. 2 Os riscos para as perspectivas de médio prazo em termos da evolução dos preços permanecem do lado ascendente. Estão relacionados, em particular, com aumentos dos preços dos produtos energéticos mais elevados do que o pressuposto, devido principalmente às actuais tensões políticas no Norte de África e no Médio Oriente. De um modo mais geral, apoiado pela ampla liquidez a nível mundial, o forte crescimento económico nos mercados emergentes poderá fomentar novas subidas dos preços das matérias-primas. Além disso, os aumentos dos impostos indirectos e dos preços
administrados poderão ser superiores aos actualmente pressupostos, devido à necessidade de consolidação orçamental nos próximos anos. Por último, no contexto da actual recuperação da actividade, os riscos estão também associados a pressões internas sobre os preços mais fortes do que o esperado. Em relação à análise monetária, a taxa de crescimento homóloga do M3 aumentou para 2.0% em Fevereiro de 2011, face a 1.5% em Janeiro. Numa análise para além da recente volatilidade do crescimento do agregado monetário largo em virtude de factores especiais, o crescimento do M3 continuou a subir nos últimos meses. A taxa de crescimento homóloga dos empréstimos ao sector privado também registou nova subida, situando-se em 2.6% em Fevereiro, face a 2.4% no mês anterior. Por conseguinte, o ritmo subjacente da expansão monetária está a aumentar gradualmente, mas continua a ser moderado. Em paralelo, a liquidez monetária acumulada antes do período de tensões nos mercados financeiros permanece ampla e poderá facilitar a acomodação de pressões sobre os preços na área do euro. Analisando as componentes do M3, a taxa de crescimento homóloga do M1 registou nova moderação, situando-se em 2.9% em Fevereiro de 2011, ao passo que a taxa de crescimento de outros depósitos de curto prazo e de instrumentos negociáveis observou uma subida. Este reequilíbrio no seio do M3 reflecte o impacto da recente maior inclinação da curva de rendimentos sobre a remuneração de diferentes activos monetários. Contudo, a maior inclinação da curva de rendimentos implica igualmente um efeito atenuante sobre o crescimento global do M3, dado que reduz o grau de atractividade dos activos monetários, em comparação com instrumentos de mais longo prazo com uma remuneração mais elevada fora do M3. Do lado das contrapartidas, uma nova subida da taxa de crescimento homóloga dos empréstimos bancários ao sector privado em Fevereiro deve-se, em parte, a mais um ligeiro fortalecimento do crescimento do crédito às sociedades não financeiras, o qual aumentou para 0.6% em Fevereiro, face a 0.5% em Janeiro. O crescimento dos empréstimos às famílias situou-se em 3.0% em Fevereiro, em comparação com 3.1% em Janeiro. Em termos globais, no início de 2011, o fluxo positivo de crédito ao sector privado não financeiro tornou-se mais generalizado nos sectores das famílias e das sociedades não financeiras. Os dados mais recentes confirmam que os bancos procederam a uma nova expansão do crédito ao sector privado, mantendo, ao mesmo tempo, a dimensão global dos respectivos balanços praticamente inalterada. Num contexto de crescente procura, é importante que os bancos continuem a expandir a disponibilização de crédito ao sector privado. Com vista a 3
responderem a este desafio, é essencial que, quando necessário, os bancos retenham lucros, recorram ao mercado para reforçarem ainda mais as respectivas bases de capital ou tirem total partido das medidas governamentais de apoio à recapitalização. Urge, em particular, que os bancos actualmente com acesso limitado a financiamento junto do mercado aumentem o respectivo capital, assim como a sua eficiência. Resumindo, o Conselho do decidiu aumentar as taxas de juro directoras do em 25 pontos base. O ajustamento da actual orientação muito acomodatícia da política monetária justifica-se face aos riscos ascendentes para a estabilidade de preços identificados pela análise económica. O cruzamento com os sinais fornecidos pela análise monetária indica que, embora o ritmo subjacente da expansão monetária ainda seja moderado, a liquidez monetária permanece ampla e poderá facilitar a acomodação de pressões sobre os preços. Em termos globais, é fundamental que a recente evolução dos preços não dê origem a pressões inflacionistas generalizadas no médio prazo. A decisão do Conselho do contribuirá para manter as expectativas de inflação na área do euro firmemente ancoradas em conformidade com o objectivo de conservar as taxas de inflação abaixo, mas próximo, de 2% no médio prazo. Tal ancorar das expectativas constitui uma condição prévia para que a política monetária contribua para o crescimento económico na área do euro. Ao mesmo tempo, as taxas de juro permanecem baixas em todo o espectro de prazos. Por conseguinte, a orientação da política monetária permanece acomodatícia, continuando, assim, a apoiar de forma considerável a actividade económica e a criação de emprego. Dados económicos recentes confirmam que persiste o dinamismo subjacente positivo da actividade económica, mantendo-se, porém, elevada a incerteza. O Conselho do continuará a acompanhar de perto todos os desenvolvimentos em termos de riscos ascendentes para a estabilidade de preços. Relativamente a políticas orçamentais, é essencial todos os governos alcançarem os objectivos de consolidação que anunciaram para 2011. Além disso, o anúncio de medidas de consolidação plenamente especificadas para 2012 e os anos seguintes ajudaria a persuadir o público em geral e os participantes no mercado de que as políticas correctivas serão de carácter sustentado. Um reforço da confiança na sustentabilidade das finanças públicas é fulcral, dado que reduzirá os prémios de risco de taxa de juro e melhorará as condições para um crescimento sólido e sustentável. 4 Ao mesmo tempo, é crucial que sejam urgentemente introduzidas reformas estruturais substanciais e abrangentes na área do euro com vista a reforçar o potencial de crescimento, a competitividade e a flexibilidade. Nos mercados do produto, devem, em particular, continuar a ser prosseguidas políticas que aumentem a concorrência e a inovação, a fim de acelerar a reestruturação e facilitar progressos na produtividade.
No que se refere ao mercado de trabalho, as prioridades têm de ser a melhoria da flexibilidade dos salários e dos incentivos ao trabalho e a eliminação de qualquer rigidez. Por último, o Conselho do considera que o pacote de seis propostas legislativas sobre governação económica, adoptado pelo Conselho Europeu na cimeira de 24 e 25 de Março de 2011, contribui para melhorar a supervisão económica e orçamental na área do euro. Todavia, na sua óptica, as propostas ficam aquém do necessário salto quântico na supervisão da área do euro, o qual se impõe para assegurar o bom funcionamento da União Económica e Monetária. Por conseguinte, em consonância com o parecer do, publicado em 17 de Fevereiro de 2011, sobre as propostas em causa, o Conselho do insta o Conselho ECOFIN, o Parlamento Europeu e a Comissão a acordarem, no contexto do seu diálogo a três, requisitos mais rigorosos, uma maior automaticidade nos procedimentos e uma incidência mais clara nos países mais vulneráveis com perdas de competitividade. Tal contribuirá para assegurar a eficácia do novo quadro no longo prazo. A edição de Abril de 2011 do inclui dois artigos. O primeiro analisa os riscos e os desafios em termos de sustentabilidade orçamental na área do euro e o segundo descreve os principais resultados de dois inquéritos às famílias e às empresas sobre a utilização de notas de euro. 5