CURSO ESCOLA DE DEFENSORIA PÚBLICA Nº 47 DATA 08/10/15 DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL (NOITE) PROFESSOR PAULO NASSER MONITORA JAMILA SALOMÃO AULA 03/12 Ementa: Na aula de hoje serão abordados os seguintes pontos: Poder Judiciário. Controle de constitucionalidade. Poder Judiciário (Continuação) Quinto constitucional art. 94, CF Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação. Um quinto dos TRF's e TJ's será composto por advogados e membros do MP. TJ/MG 130 desembargadores 1/5 = 20% 26 desembargadores do quinto constitucional e 104 de carreira. Vagas divididas igualmente 13 MP/MG e 13 OAB/MG.
Requisitos para o membro do MP concorrer: Mais de 10 anos de atividade profissional. Requisitos para o advogado concorrer: Notório saber jurídico. Reputação ilibada. Mais de 10 anos de atividade. Os requisitos de notório saber jurídico e reputação ilibada são presumidos no caso do membro do MP. Condição do membro do MP no cargo. Escolha: Quando um dos 26 se aposenta abre a respectiva vaga. Um dos 13 do MP/MG ou um dos 13 da OAB/MG. O respectivo órgão (MP ou OAB) apresenta lista sêxtupla, em que os seis nomes contenha os requisitos. Essa lista é enviada ao TJ, que reduz para uma lista tríplice. Depois é enviada para o chefe do poder executivo e o Governador escolhe um nome para ocupar o cargo. Se fosse o TRF o chefe do executivo que escolhe o cargo é o Presidente da República. Se o número do quinto constitucional fosse um número ímpar, para garantir a isonomia alterna a vaga entre MP e OAB. Se o número for um dízimo, arredonda para cima para respeitar o quinto constitucional. Caso se arredonde para baixo não respeita o disposto na CF. Ex.: 27 ministro. 1/5 = 5,4. Arredonda para 6. 5 é menor que um quinto, portando não respeita o comando constitucional. Arredonda para 6 para garantir o mínimo de 1/5. Em regra o TJ não pode recusar a lista. Apenas se um ou mais nomes não preencherem os requisitos constitucionais. Adotam o quinto constitucional: Art. 111-A, I, CF TST. Art. 115, I, CF TRT s. TJ's dos estados e DF. TRF's.
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Adota o terço constitucional: Art. 104, parágrafo único, II, CF STJ. 1/3 TJ dos estados. 1/3 TRF das regiões. 1/3 Advocacia e MP. Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros. Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94. STJ entendeu que a verificação deve ser feita no último cargo que a pessoa ocupava. Garantias dos magistrados Art. 95, CF. Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII; III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, 4º, 150, II, 153, III, e 153, 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) a) Vitaliciedade: Estágio de vitaliciamento 2 anos Adquire a vitaliciedade. A estabilidade protege o Princípio administrativo da Impessoalidade. Durante o período do estágio de vitaliciamento o magistrado pode perder o cargo por decisão administrativa, seja do seu Tribunal ou do CNJ. Depois de vitalício, somente por decisão judicial transitada em julgado.
No primeiro grau que é adquirida após dois anos, os magistrados que ingressam pelo quinto na data da posse já estão vitalícios. b) Inamovibilidade: Não pode ser transferido de uma comarca para outra sem sua vontade, seja por promoção ou punição. Havendo interesse público relevante, fundamentado por maioria obsoluta do Tribunal, pode ocorrer a transferência. Garantido ao magistrado ampla defesa e contraditório. STF entendeu que essa garantia se estende aos juízes substitutos. c) Irredutibilidade de subsidio Exceções: O que passar o teto; Descontos previdenciários; Descontos tributários. Objetivo das garantias Garantir a imparcialidade e o Princípio Republicano. Proteger o magistrado e dar garantia de imparcialidade da decisão. Vedação Art. 95, parágrafo único, CF. Art. 95. Parágrafo único. Aos juízes é vedado: I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; III - dedicar-se à atividade político-partidária. IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) a) Exercer outro cargo ou função: Regra Cargos públicos não podem ser acumulados. Exceção Juiz e professor de uma faculdade pública ou quantas faculdades privadas conseguir sem que atrapalhe a magistratura. b) Custas ou participações: Não pode ter nenhum fundo que o remunere, custas ou participação. Só recebe verba salarial. c) Atividade político-partidária:
Não pode ser militante político ou se candidatar. Para se candidatar deve ser exonerado antes. Nem se licenciar pode. d) Receber auxílios ou contribuições de pessoas públicas ou privadas: Advém da moralidade administrativa. e) Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou: Quarentena do poder judiciário (nome ruim, porque se trata de 3 anos). Motivo de evitar tráfico de influência. Em outros tribunais é possível. Mesmas garantias do Ministério Público. Controle de constitucionalidade 1) Conceito: Verificar a compatibilidade de leis e atos do poder publico com a Constituição. Feito por qualquer poder, dentro das limitações que esse poder possui. 2) Quanto ao momento 2.1) Preventivo: Antes de a norma entrar no ordenamento jurídico. Durante a fase de elaboração da norma. a) Poder legislativo: Comissões parlamentares Comissão de Constituição e Justiça Verifica a compatibilidade do projeto com a constituição. Mesmo com o parecer da CCJ quem decide é o Parlamento. Mesmo que tenha um parecer da CCJ contrário à constitucionalidade da norma o Parlamento pode aprovar. b) Poder executivo: Veto presidencial. Art. 66, 1º, CF. Possibilidade de veto por dois motivos: Por entender contrário ao interesse público; Por entender pela inconstitucionalidade. Parte da doutrina classifica como:
Contrário ao interesse público Veto político; Inconstitucionalidade Veto técnico. Outra parte diz que todos os vetos são políticos. Art. 66. 1º Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto. Se o veto impede que parte da norma vetada ingresse no ordenamento jurídico o veto é uma forma de controle de constitucionalidade preventiva. c) Poder Judiciário: Proposta de Emenda constitucional Controle por Vício formal (no processo legislativo) ou por vício material (violação de cláusula pétrea). Projeto de lei STF entende que só cabe controle por Vício formal. Não caberá controle por vício material de projeto de lei. Inf. 711, STF. O controle é realizado por Mandado de Segurança impetrado por Parlamentar federal (deputado ou senador da república), o qual tem o direito de não deliberar sobre o projeto inconstitucional. O direito líquido e certo protegido é do devido processo legal legislativo. Em regra quem faz o controle preventivo são os poderes legislativo e executivo, excepcionalmente o poder judiciário fará o controle de constitucionalidade. 2.2) Repressivo: Controle realizado após o ingresso da norma no ordenamento jurídico. Visa retirar a norma inconstitucional do ordenamento jurídico. a) Poder legislativo: Não conversão em lei de medida provisória inconstitucional. Art. 62, CF. Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Para que uma medida provisória respeite o comando constitucional deve ser relevante e urgente. Não atendido ambos os requisitos conjuntamente a medida provisória é inconstitucional.
Art. 62, 5º, CF Pressupostos constitucionais da MP Relevância e urgência, uma vez não presente o Congresso Nacional pode rejeitar a medida provisória, que já estava no ordenamento jurídico. Art. 62, 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Sustação de lei delegada que exorbite os limites da delegação: Art. 68 e 2º, CF. Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. O Congresso Nacional, por meio de Resolução, especifica as limitações da lei. A lei delegada pode ser: Própria: O Presidente faz a lei delegada, promulga e publica no Diário Oficial. O Congresso sabe o teor da lei quando é publicada. Imprópria: Quando passa antes de ser publicada pelo Congresso Nacional, que não pode modificar o teor da lei. Art. 68, 3º, CF: Art. 68. 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda. Art. 49, V, CF: Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; Percebendo que o Presidente exorbitou os limites da lei delegada, compete ao Congresso Nacional sustar, por meio de decreto legislativo, a parte que exorbitou os limites. Lei delegada própria Controle de inconstitucionalidade repressivo. Lei delegada imprópria Controle de inconstitucionalidade preventivo. b) Pode executivo: O chefe do executivo pode deixar de cumprir uma lei que entenda inconstitucional. c) Poder judiciário
Em regra, o controle repressivo é feito pelo poder judiciário. Jurisdição constitucional É o controle de constitucionalidade feito pelo poder judiciário. 3) Controle de constitucionalidade pelo poder judiciário: 3.1) Critério Orgânico Qual órgão do poder judiciário pode fazer o controle constitucional da norma? Dos órgãos que compõem o poder judiciário qual deles tem competência para dizer que uma norma é inconstitucional. a) Sistema concentrado: Surge na Áustria, em 1920 (Kelsen). Dos órgãos que compõem o poder judiciário apenas um concentra em suas mãos a competência para dizer que uma norma é inconstitucional. Nenhum juiz ou tribunal tem competência, apenas o órgão que a Constituição atribui. Pode estar concentrada em dois órgãos: ou na suprema corte do país ou na corte constitucional. b) Sistema difuso: Surgiu nos EUA, em 1803. A competência para declarar a inconstitucionalidade está difundida entre os órgãos do poder judiciário. Qualquer juiz ou tribunal tem competência para dizer que a norma é inconstitucional. 3.2) Critério Formal Processualmente, como é feito a arguição de inconstitucionalidade de uma norma dentro do poder judiciário? Dois sistemas: a) Via direta: O objeto da ação é a lei inconstitucional. Discute-se exclusivamente a inconstitucionalidade da lei na ação. Causa de pedir e pedir é a inconstitucionalidade. b) Via incidental ou Via de exceção ou Via de defesa: É um incidente no processo, de qualquer ação. A inconstitucionalidade não é o objeto da ação, é um incidente prejudicial ao mérito. 3.3) Critério Finalístico
Qual o objetivo e para que fim é feito o controle? a) Fiscalização abstrata: Análise da norma no plano acadêmico, teórico e abstrato. b) Fiscalização concreta: É a análise da constitucionalidade dentro de uma relação jurídica específica. Deve demonstrar na relação jurídica que alguma das partes teve seu direito constitucional violado. No Brasil é adotado o modelo misto, híbrido ou eclético. Como ocorre a compatibilidade dos sistemas: Fiscalização concreta Via incidental Sistema difuso Fiscalização abstrata Via exceção Sistema concentrado Como consequência: Na fiscalização concreta Efeitos inter partes. Na fiscalização em abstrato Efeitos erga omnes. O controle difuso está no Brasil desde o início da República. Em 1891, com a Constituição Republicana, que previu o STF, prevê o modelo de controle difuso de constitucionalidade. O controle concentrado entra no Brasil em 1965, por emenda constitucional à Constituição de 46. Nesse momento, existia apenas a ação direta de inconstitucionalidade e o único legitimado ativo para propor era Procurador Geral da República. Em 1988 a ADIN transforma no que é hoje e são incluídas outras ações para controle. 4) Controle difuso no Brasil 4.1) Competência: Qualquer juiz ou tribunal. Qualquer órgão do poder judiciário, exceto o Conselho Nacional de Justiça.
4.2) Legitimidade: Quem pode suscitar a inconstitucionalidade: As partes do processo; Terceiros intervenientes; Ministério Público; Juiz, de ofício. No Brasil ato inconstitucional é ato nulo e ato nulo é questão de ordem pública. 4.3) Efeitos da decisão: Efeitos subjetivos (quanto às partes) Inter partes, em regra. Efeitos temporais Ex tunc. Retroativos. Lei 9868, art. 27 O STF em razão de segurança jurídica ou excepcional interesse social pode restringir os efeitos da declaração, fazendo com que produza efeitos somente a partir do trânsito em julgado da decisão ou em qualquer outro momento que o STF fixar ou, ainda, dar efeitos prospectivos. Instituto da modulação temporal dos efeitos da decisão. Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. Essa lei trata da ADIN (controle concentrado), porém o STF entende pela regra da aplicação analógica para aplicação no controle difuso. Efeitos do controle difuso Inter partes, em regra. Art. 52, X, CF O Senado pode editar uma Resolução para suspender os efeitos da lei no mundo jurídico, parando de produzir efeitos para todos e dando efeitos erga omnes na decisão que inicialmente era inter partes. Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: X suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; Não é obrigado a suspender, é faculdade do Senado. Ao STF também é facultado oficiar o Senado. Emenda constitucional nº 45 trás a Súmula Vinculante, art. 103-A, CF, a qual deu efetividade às decisões do STF.
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)