A RADIOATIVIDADE NA VISÃO DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO Andeson Lisboa de Oliveira Azevedo (IFPB/João Pessoa) lisboaescolhido@yahoo.com.br Kleyfton Soares da Silva (IFAL/Maceió) kley.soares@hotmail.com RESUMO Este artigo tem por objetivo apresentar os conhecimentos e perspectivas de alunos do 3º ano do ensino médio dos cursos técnicos integrados do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB) sobre o assunto radioatividade. Um questionário semiestruturado foi aplicado a três turmas de cursos distintos com o objetivo de sondar os conhecimentos dos alunos acerca das questões relativas ao estudo da química nuclear. Participaram do questionário 39 alunos, os quais apresentaram suas concepções populares e de cunho científico sobre a radioatividade. Dos alunos participantes, 91,7% afirmaram não terem estudado o assunto durante suas formações no ensino médio técnico integrado. A partir dos resultados é possível evidenciar que a radioatividade não está fazendo parte da formação dos alunos, contribuindo assim, para que tenham uma visão distorcida e façam uma relação de predominância dos malefícios a benefícios para a sociedade. Palavras-chave: Radioatividade. Ensino Médio. Ensino de Química. INTRODUÇÃO A descoberta do núcleo atômico foi um grande passo para a revolução e melhor compreensão da ciência química, com isso, dá-se início a importantes contribuições para o meio científico. No início do século XX, químicos e físicos descobrem a radioatividade, resultado de muitas experiências envolvendo o núcleo do átomo. Hoje, as duas áreas são as principais responsáveis pelo desenvolvimento científico e tecnológico envolvendo as reações nucleares para aplicações sociais e econômicas. O estudo da radioatividade precisa ser incentivado nas escolas por diversos fatores que dimensionam a sua eficiência nas áreas da construção civil, como a construção da primeira usina nuclear do mundo na cidade de Obninsk na Rússia, em 1951 e funcionando até 2002, como também avanços na área da medicina e agricultura. No Brasil surgiu a ideia de construção de
uma usina nuclear em 1956. Hoje, existem duas usinas nucleares na cidade de Angra dos Reis-RJ e esse novo investimento trouxe para a sociedade grandes preocupações diante do que já se tinha ouvido falar com relação ao uso da radioatividade, por meio da difusão de notícias inerentes ao lançamento de bombas atômicas durante a segunda guerra mundial. Nesse sentido, a população entendia que estava diante de um grande perigo. A origem da decisão para funcionalização da usina nuclear no Brasil, consta no Relatório do Grupo de Trabalho Especial criado pelo Decreto n.º 60890 de 22/6/67, formado por representantes do Ministério de Minas e Energia, do Conselho de Segurança Nacional e da Comissão Nacional de Energia Nuclear. Nele, foram fixadas as diretrizes que iriam vigorar até 1974. A recomendação básica foi enfatizar a urgência do imediato inicio das providências para a construção de uma primeira central nuclear, com a capacidade de referencia de 500 mil KW (quilowatts), localizada na região Centro-Sul do país (GOLDEMBERG, 1988, p.28). O desenvolvimento da Radioatividade toma uma extensão tão grande que passa a fazer parte da grade curricular das escolas do ensino médio como também nos cursos superiores, tanto como disciplina como curso de graduação, um dos cursos que se destaca é a engenharia nuclear. Esse conteúdo é abordado nos livros de ensino médio como radioatividade. Nesse período ocorre um maior contato com essa área, os alunos passam a ter na sua formação intelectual as informações sobre radioatividade básica, possibilitando assim um melhor conhecimento. No entanto, concordamos quando Haydt (2006, p. 21) diz que o trabalho escolar pode promover uma instrução verdadeiramente educativa, desde que, os conteúdos despertem interesse nos alunos. Através da escola os alunos podem acompanhar o desenvolvimento científico. Segundo as orientações curriculares para o ensino médio (2006, p.109) o aprendizado de química no ensino médio [...] deve possibilitar ao aluno a compreensão tanto dos processos químicos em si quanto da construção de um
conhecimento científico em estreita relação com as aplicações tecnológicas e suas implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas. Dentro desse grande desenvolvimento da radioatividade no país, surge a necessidade de criar alguns departamentos para dar suporte as pesquisas, então, surgiram o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Instituto de Pesquisas Radioativas (IPR), Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Instituto de Energia Atômica (IEA), Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), Instituto de Engenharia Nuclear (IEN) e Instituto Militar de Engenharia (IME). Nessa perspectiva, considerando que o entendimento dos conceitos e processos advindos da química nuclear é extremamente importante para estabelecer uma visão crítica e reflexiva, este trabalho revela as concepções dos alunos acerca do tema e qual a ligação feita pelos mesmos quando se ouve falar nessa área da química. As análises que sucedem trazem elementos importantes para que novas estratégias metodológicas sejam delineadas com o objetivo de enriquecer o saber dos alunos e de transformar a realidade que os cercam (REZENDE et al., 2007). MATERIAL E MÉTODOS O público alvo foram 39 alunos das turmas do 3º ano médio dos cursos técnico integrado de Eletrotécnica, Controle Ambiental e Edificações do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB) Campus João Pessoa. Foi aplicado um questionário de sondagem permitindo identificar a visão que esses alunos apresentavam sobre a radioatividade. O questionário apresentava uma estrutura que permitia saber se os alunos tinham estudado sobre radioatividade, quais os conhecimentos sobre
essa área aqui no Brasil, para que era utilizada a radioatividade e quais as relações de benefícios e malefícios que apresentavam para a sociedade. Os resultados que seguem demonstram a visão dos alunos quanto à radioatividade, revelando suas limitações e conhecimentos pré-existentes acerca do tema. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir da análise realizada com os alunos através do questionário, eles não tinham conhecimento básico sobre a radioatividade, constatando-se que 36 alunos nunca estudaram sobre radioatividade, obtiveram informações por meios de comunicação que na grande maioria só apresenta os malefícios da radioatividade, não tem conhecimento sobre os institutos que foram fundados para apoiar a pesquisa na área da radioatividade no Brasil, como também não apresentaram a relação de benefícios que ela traz para a sociedade. A maioria dos professores de Química de segundo e terceiro graus concorda que o ensino da disciplina apresenta muitos problemas. É fácil constatar também que a maior parte das pessoas, mesmo após frequentar a escola de 1º e 2º graus, sabe pouco de química, ainda que ela esteja relacionada a tudo no cotidiano, pois quando alguém come, respira, pensa, está realizando processos químicos (CISCATO, BELTRAN, 1991). Percebeu-se que os alunos tinham uma visão muito distorcida sobre a radioatividade, eles apresentaram uma grande falta de conhecimento nessa área especificamente. É necessária uma intervenção da escola para que os alunos passem a ter uma visão correta da radioatividade.
Figura 1- Porcentagem de alunos que estudaram e não estudaram radioatividade no ensino médio. O gráfico acima mostra que 92% dos alunos das turmas entrevistadas nunca estudaram sobre radioatividade. A partir desses dados podemos chegar a conclusão do grande agravo para os alunos do ensino médio do curso técnico integrado, que nos permite entender que através da escola não puderam acompanhar os avanços científicos na área da radioatividade. Quando os alunos não tem a oportunidade de crescer pelos caminhos proporcionados pela escola, eles acabam ficando limitados à informações veiculadas pela mídia de forma intencionalizada, enfatizando somente os prejuízos causados pelo mal uso da química nuclear.
Figura 2 Fontes que os alunos ouviram falar da radioatividade. O gráfico acima mostra as fontes de informações pelas quais os alunos já ouviram falar sobre radioatividade. A escola é a fonte de informações que menos foi utilizada com 13% dos alunos, posteiormente 20% dos alunos tiveram informações através de livros e revistas, 26% já ouviram falar através da internet e 41% dos alunos ouviram falar através da televisão. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados mostram-se promissor para que educadores da área de química reflitam e enfatizem a importância do estudo da radioatividade para a formação de um cidadão crítico e reflexivo, para que ele possa atuar de forma participativa na sociedade e no acompanhamento dos mais diversos processos científicos e tecnológicos do país e do mundo. No entanto, o papel do professor é essencial para incentivar o estudo nessa área da química, intensificando o ensino de forma descontraída, ligada aos acontecimentos nacionais e internacionais e principalmente contando com a participação e envolvimento de todos os alunos.
REFERÊNCIAS BELTRAN, Nelson Orlando; CISCATO, Carlos Alberto Mattoso. Química. 2ed. São Paulo.Cortez.1991. GOLDEMBERG, José.Energia Nuclear: Vale a pena?. Editora Scipione.1988. HARVEY, Bernad G. Química Nuclear. São Paulo: Editora Edgard Blucher LTDA, 1969. HAYDT, R.C. Curso de Didática Geral. 8ºed. São Paulo. Editora Àtica, 2006. Ministério da Educação (MEC), Secretaria de Educação Básica (SEB), Departamento de Políticas de Ensino Médio. Orientações Curriculares do Ensino Médio. Brasília:MEC/SEB, 2004. PRIMEIRA USINA NUCLEAR. Disponível em: http://scienceblogs.com.br/massacritica/2009/07/primeira_usina_nuclear/ Acesso em 26 de fevereiro de 2013. RESENDE, O.; ARCANJO, R. V.; SIQUEIRA, V. C.; RODRIGUES, S.; KESTER, A. N.; LIMA, P. P. Influência do tipo de pavimento na secagem de clones de café (Coffea Canefhora Pierre) em terreiros de concreto e chão batido, Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, 2007.