1 CURSO DE ATUALIZAÇÃO Gestão das Condições de Trabalho e Saúde dos Trabalhadores da Saúde
COMISSÃO INTERNA DE SAÚDE E SEGURANÇA DO SERVIDOR EM UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE ENSINO E PESQUISA, BELO HORIZONTE, MG: UMA ESTRATÉGIA DE CONTROLE SOCIAL NO CONTEXTO DA VIGILÃNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR ELEUSES AUGUSTA SILVA AMORIM BELO HORIZONTE Agosto /2102
1. PROBLEMA E JUSTIFICATIVA A política de atenção à saúde e segurança do trabalho do servidor público federal público brasileiro tem se constituído, nos últimos anos, como campo em construção. A saúde do servidor, que há muito tempo vinha sendo relegada, vem passando por avanços qualitativos, através da participação coletiva e da elaboração de marcos legais, em processo de consolidação estabelecendo-se na atualidade como política de estado (PSST, 2006; NOSS, 2010). A saúde do trabalhador relaciona-se estreitamente com as condições, ambientes e organização do trabalho, e com as circunstâncias em que o trabalho é realizado. Uma atuação contínua e sistemática deve ser assegurada, com foco na vigilância em saúde, no sentido de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e condicionantes dos problemas de saúde e dos fatores de riscos relacionados aos processos de trabalho. Ressalte-se o impacto na saúde, pelos danos causados pelos efeitos da reestruturação produtiva no mundo do trabalho, impactando diretamente a saúde e qualidade de vida não só no âmbito do trabalho, mas em outras esferas (FERREIRA, 2012). Neste contexto, considera-se relevante pensar em estratégias que contribuam para a organização e enfrentamento a ser adotado pelo trabalhador, de forma a apropriar-se de seu próprio trabalho, o qual é construtor de sua identidade. A forma de organização a ser proposta nesse projeto pauta-se no princípio do controle social, no qual se pressupõe a incorporação dos trabalhadores e suas formas diversas formas de organização. O controle social emerge como instrumento e expressão de democracia e participação e como diretriz do SUS - Sistema Único de Saúde, em um contexto de construção e institucionalização dos mecanismos de participação popular na gestão da saúde, ratificada na CF/88. (BRASIL, 1998; OPAS, 2005; RIBEIRO, 2011). Como coordenadora da área de Saúde do Trabalhador em uma instituição pública saúde, com foco em pesquisa, ensino e desenvolvimento tecnológico, é imperativo assumir o compromisso de fomentar a discussão sobre a política e questões pertinentes ao campo, principalmente em uma instituição como a Fiocruz. O empoderamento dos trabalhares para o exercício do controle social é determinante, através da apropriação da informação e apreensão do fazer na realidade dada,
gerando conhecimento, para a transformação dessa mesma realidade (RIBEIRO, 2011). Desta forma, é fundamental a constituição de uma comissão interna de saúde e segurança do servidor, como espaço democrático de construção coletiva, em prol dos próprios servidores (principais protagonistas no processo de transformação da realidade), com o conhecimento real das demandas da coletividade, considerando o processo trabalho-saúde e as possíveis medidas a serem implementadas em prol de uma melhor qualidade de vida no trabalho. Devese considerar as possibilidades de articulação coletiva dos servidores, na construção de um diálogo entre as áreas de Saúde do trabalhador, Gestão do trabalho e Qualidade, ambiente e biossegurança. A proposta em questão, será implementada em uma instituição pública de Pesquisa, o Instituto de Pesquisas René Rachou, Unidade Regional da Fundação Oswaldo Cruz, no Estado de Minas Gerais. Tem como missão, gerar, adaptar, difundir e transferir conhecimento científico e tecnológico em saúde e dar apoio estratégico ao Sistema Único de Saúde (SUS), através de atividades integradas de pesquisa, referência, ensino, formação de recursos humanos e prestação de serviços, contribuindo para a promoção da saúde pública. Executa atividades laboratoriais, de campo e ambulatorial (Serviço de Referência em Leischmaniose), contando para isso com um corpo significativo de trabalhadores as áreas de pesquisa, gestão, ensino, infra-estrutura, de diversos vínculos. O desafio é exercer o controle social, através da CIISP- Comissão interna de Saúde e Segurança do servidor, no sentido de garantir apropriação das questões que permeiam o processo trabalho-saúde-doença, no contexto das ações de vigilãncia em saúde do trabalhador no espaço de trabalho. A perspectiva é propor estratégias e ações que mobilizem os trabalhadores ao exercício do controle social, através de sua própria organização interna, com a criação de uma comissão interna de saúde e segurança do trabalhador. Considera-se relevante um movimento nesse sentido, dado que a saúde o servidor público no contexto atual, tem sido objeto de debate e está no cerne das discussões dos gestores governamentais, numa perspectiva de co-responsabilização: gestor e trabalhador, com todo um marco legal ambasando as ações (SIASS, 2009).
2. OBJETIVOS (1) Trabalhar estratégicamente as informações sobre saúde do trabalhador e vigilância e a relação com processo, ambiente e organização do trabalho; (2) Delinear estratégias mobilizadoras sobre o tema; (3) Contribuir, uma vez tendo participado deste curso, para com o processo de apropriação da reflexão saúde-trabalho por parte de outros colegas; (4) Disponibilizar e discutir com os colegas sobre os dados de morbidade e sofrimento mental existentes entre os trabalhadores; (5) Contribuir para com o empoderamento e constituição da comissão interna de saúde e segurança. 3. PLANO DE AÇÃO Para o alcance dos objetivos propostos, pretende-se realizar um série de encontros com os principais atores potenciais e setores, que possuem uma atuação transversal com o Núcleo de saúde do trabalhador, como Qualidade, Ambiente e Biossegurança, o Serviço de Administração geral, o Serviço de gestão do trabalho e a representação sindical dos trabalhadores, em reuniões abertas. Reuniões individualizadas e posteriormente com todos os grupos serão necessárias de forma a melhor compreender a representação social sobre o tema. Uma interface importante será com o setor de comunicação social, onde serão discutidas formas estratégicas de se trabalhar o tema, e materiais para divulgação e mobilização. Será proposto ao setor de comunicação, um espaço na intranet, como espaço aberto a contribuições e críticas, assim como, uma forma de construção coletiva das questões pertinentes ao ambiente, processo e organização do trabalho. Um cronograma de atividades será fundamental, para a consolidação da proposta, além da elaboração de uma agenda de seminários, com a presença de profissionais que possam contribuir com o debate e problematização do tema. Por fim, uma discussão aberta, com todos os trabalhadores envolvidos, para definição do processo de constituição da comissão interna de saúde e segurança do servidor será proposta.
3 AVALIAÇÃO Compreende-se que um processo dessa natureza, requer uma avaliação permanente junto aos grupos. Desta forma, pretende-se no decorrer do ano de 2013, em um discussão com os grupos, realizar reuniões de avaliação, no sentido de analisarmos o processo em construção, procurando envolver o maior número de trabalhadores, de forma livre. O processo será o elemento mais importante, quando o tema permeará a vida institucional. O resultado que se pretende, que é a constituição da comissão, será fruto de todo a caminho percorrido, e se sustentará, na medida em que os próprios trabalhadores conquistarem seu espaço. Uma avaliação na intranet, com abordagem qualiquantitiva, de forma a atingir todos os trabalhadores, independente do vínculo, será importante e será discutida com a comissão. 4. CRONOGRAMA CRONOGRAMA 2013 J F M A M J J A S O N D Ações Matérias relacionadas na intranet x x x x x x x x Seminários sobre o tema x x x Discussão com grupos (Sindicato, NQB, SRH, trabalhadores). x x x x Elaboração de material impresso x x Avaliação x x x
5. INVESTIMENTO INVESTIMENTO INVESTIMENTO (12 meses) Especificação Valor unitário Valor total Três Passagens RJ-BH R$1000,00 R$ 3.000,00 Seis DIÁRIAS R$300,00 R$ 1.800,00 Total: R$ 4.800,00 Material de consumo Especificação Valor unitário Valor Total Impressão de Folder: 300 exemplares R$ 5,00 R$ 1.500,00 Total: R$ 1.500,00 Total Geral: R$ 6.300,00 6. REFERÊNCIAS 1 BRASIL. Ministério da Saúde Portaria 3120 de 30 de Outubro de 1998. Dispõe sobre a Instrução Normativa de Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS. DOU 1998; 14 Julhos. 2 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Senado, Brasília, DF. 3 CHAMADA A TORONTO. 2006-2015- Uma década de Recursos Humanos em Saúde nas Américas: OPAS MS 4 CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE DOS TRABALHADORES DA SAÚDE- Séries NESCON- Informes Técnicos N 1 Belo Horizonte 2007 5 DECRETO Nº 7.602, DE 7 DE NOVEMBRO DE 2011: Dispõe sobre a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho - PNSST. Protocolo Nº 008 /2011 6 DECRETO 6833 de 29 de Abril de 2009 Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor. 7 FERREIRA,M.C. Qualidade de Vida no trabalho: uma abordagem centrada no olhar dos trabalhadores. O Cenário de reestruturação produtiva, as novas exigências sob a ótica dos trabalhadores e a agenda internacional do trabalho decente 39-64. Ed Paralelo
8 LACAZ, F.A.C., Controle Social, mundo do trabalho e as Conferências Nacionais de Saúde da virada do século XX. Ciência e Saúde Coletiva, 14(6); 2113-2134, 2009 9 RIBEIRO, F.B, NASCIMENTO, M.A.A. Exercício de Cidadania nos Conselhos de Saúde: A ( Re) Significação do Ser Sujeito. Revista Baiana de Saúde Pública. V. 35, supl. 1, p.151-166 Jan./Jun. 2011. 10 PORTARI NORMATIVA SRH 3, de 07 de Maio de 2010 Norma Operacional de Saúde do Servidor. 11Política Nacional de Saúde e Segurança do trabalhador. Brasília 2204 12 O QUE É UMA POLÍTICA DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR (PSST)?Original: Guía para redactar una declaración de política OHS. Copyright 1997-2006 Centro Canadiense de Salud y Seguridad Ocupacional. Disponível em http://www.ccsso.ca/oshanswers/hsprograms/osh_policy.html Acesso em 05/02/2012. Tradução e adaptação: Airton Marinho da Silva. Revisão: Ada Ávila Assunção