Sistema Agroindustrial do Leite Brasileiro: Situação atual, mudanças e perspectivas



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Transcrição:

Sistema Agroindustrial do Leite Brasileiro: Situação atual, mudanças e perspectivas Gustavo Fischer Sbrissia 1 Leandro Augusto Ponchio 2 Publicado em Outubro/04 O sistema agroindustrial do leite vem passando por transformações sensíveis desde a desregulamentação do setor em 1991 e a implantação do Plano Real em 1994. Diante desse quadro, produtores de leite, industrias e cooperativas estão diante de um futuro incerto. Verifica-se um deslocamento geográfico dos pólos de produção, com novos estados e bacias leiteiras emergindo no cenário nacional, e uma maior concentração de indústrias e cooperativas, através de aquisições e fusões. Além das duas transformações citadas anteriormente, a integração do mercosul e a consolidação da abertura da economia também tiveram repercussões diretas sobre o setor, mas a mudança estrutural de coleta e transporte de leite, iniciada em 1995, e novos sistemas de remuneração ao produtor estão sendo determinantes, incentivando progressivamente a modernização de práticas de manejo do rebanho e de conversação do leite. A produção mundial de leite em 2002 foi de aproximadamente 599 milhões de litros. Os 15 maiores países foram responsáveis por mais de 63% da produção e o Brasil ocupa a sexta posição nesta classificação, com 3,8% da produção mundial. Estamos bem acima de países considerados referências na produção mundial, como Nova Zelândia e Argentina. Já a produção brasileira de leite vem crescendo significativamente desde o inicio da década de 90. Essa expansão no entanto, não é uniforme, sendo bastante variada entre estados e sistemas de produção. Segundo o IBGE, a produção brasileira de leite cresceu 41% no período de 1990 a 2001, a região Norte acumulou o maior crescimento (122%), seguido do Centro-oeste com 91%, região Sul (59%), Sudeste e Norte, com 23% e 10% respectivamente. Considerando que a maior região consumidora é constituída pelas regiões 1 Pesquisador CEPEA/Esalq-USP, mestrando em Economia Aplicada Esalq/USP, gfsbriss@esalq.usp.br 2 Pesquisador CEPEA/Esalq-USP, mestrando em Economia Aplicada Esalq/USP, laponchi@esalq.usp.br

metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a expansão da produção está ocorrendo longe desses mercados. Na figura 1, ilustra-se a expansão da produção brasileira de leite, juntamente com as importações (equivalente litro de leite), associado ao valor real do litro de leite. Figura 1: Consumo de leite tipo C, e preço médio bruto pago ao produtor média Brasil (Base 100=Dez/03) mil litros 1.400.000 1.300.000 1.200.000 1.100.000 1.000.000 900.000 800.000 700.000 600.000 jan/01 mar/01 mai/01 jul/01 set/01 nov/01 jan/02 mar/02 mai/02 jul/02 set/02 nov/02 jan/03 mar/03 mai/03 jul/03 set/03 nov/03 R$ 0,55 R$ 0,50 R$ 0,45 R$ 0,40 R$ 0,35 R$ 0,30 R$ 0,25 R$ 0,20 R$ 0,15 R$ 0,10 R$ 0,05 Produção Formal Importações R$/ litro - Brasil Fonte: IBGE PTL, CEPEA-Esalq-USP Em 2002 o volume importado de leite em pó chegou a 113,8 mil toneladas, 112,53% superior a 2001. Este fato é devido aos baixos preços (em US$) praticados no mercado internacional. Este volume importado tanto de leite em pó, como soro de leite, manteiga, iogurte e leite UHT custou à balança comercial em 2002 US$ 206,8 milhões. Já em 2003, com uma recuperação dos preços ao produtor no Brasil e também nos mercado internacional, causaram uma retração nas importações. No leite em pó a redução foi de 65,39%, e no leite UHT de 93,04%. Que para a balança comercial representou uma despesa de apenas US$ 89 milhões. R$ - R$/litro tipo C

Voltando um pouco para os anos do Plano Real, a estabilidade dos preços e o fim do processo inflacionário alavancou o consumo de leite de 110 litros por habitante, em 1994, para 133 litros, em 1996. No entanto os dois anos seguintes ficaram marcados pela estagnação do crescimento da renda, e a redução do nível de atividade fez-se acompanhar do aumento do desemprego, da redução da massa salarial e do aumento da carga fiscal. A demanda de produtos lácteos é elástica a renda, o que significa que se esta se reduz, a demanda cai mais que proporcionalmente. Portanto, qual será o formato das propriedades de leite nos próximos anos? De um lado, as propriedades familiares, apresentando tendência de serem mais flexíveis e se adaptarem melhor as mudanças no meio e circunstâncias sociais, já que a dependência quase que exclusiva da família reduz custos. Do outro lado, pode-se argumentar que a economia de escala é especialmente crítica, devido à diluição dos custos fixos, e a expansão é condição necessária para a sobrevivência. Mas o que tem se verificado nas principais empresas e cooperativas leiteiras, é um aumento da captação e redução do número de fornecedores, indicando ganhos em escala, produtividade e eficiência. A popularização do leite em embalagem longa-vida, aumentou a vida útil de prateleira e reduziu os gastos com reposição e manutenção do produto em câmaras refrigeradas sendo comum encontrar nos supermercados leite proveniente de diversos estados brasileiros, acabando com a característica regional da produção e distribuição do leite pasteurizado. As quinze maiores indústrias laticinistas do País tem em torno de 96 mil produtores, com produção anual de 6 bilhões litros. A produção média é de 172 litros/produtor/dia. Ou seja, estas empresas captaram em 2002, aproximadamente 26% da produção brasileira. Com relação ao número de produtores verifica-se uma redução de cerca de 22%, entre os anos de 2000 a 2002, no entanto o volume captado foi praticamente o mesmo, destacando o ganho de escala por produtor, que passou de uma média de 135 litros/dia para 172 litros/dia. As empresas hoje têm um sistema próprio de bonificações e descontos, sendo seu preço final resultado de uma política leiteira. As empresas de médio e grande porte adotam a filosofia de que não pode faltar leite nas industrias, o que faz que as empresas disputem entre si produtores com maiores volumes e qualidade. Do lado do produtor, o controle de custo e um bom planejamento para a atividade, torna-se não mais um fator de competitividade, mas sim uma necessidade. Utilizando uma

dieta 3 composta por 90,6% de silagem de milho, 6,4% de Farelo de Soja, 0,87% de Uréia e 2,2 % de mineral, foi elaborado na figura 2 o custo diário desta dieta por vaca, cuja produção diária é estimada em 15 litros/dia. Figura 2: Custo diário da dieta por vaca, no período de jan/01 a dez/03. Custo da dieta - R$/kg/dia/vaca R$ 5,50 R$ 5,00 R$ 4,50 R$ 4,00 R$ 3,50 R$ 3,00 R$ 2,50 R$ 2,00 Volumoso (R$/kg/dia/vaca) Fonte: CEPEA-Esalq-USP jan/01 mar/01 mai/01 jul/01 set/01 nov/01 jan/02 mar/02 mai/02 jul/02 set/02 nov/02 jan/03 mar/03 mai/03 jul/03 set/03 nov/03 Concentrado (R$/kg/dia/vaca) Uma grande discussão tem início quando se fala em rentabilidade da atividade leiteira, o baixo retorno por litro faz com que a escala de produção seja o principal determinante da renda gerada por essa atividade, e torna-se portanto um fator importante para explicar a tendência crescente à especialização do setor. Os produtores especializados têm maiores estímulos para aumentar o volume de produção, pois dessa forma, além de garantir rendas maiores, ainda se beneficiam de reduções do custo médio de produção, o que decorre na diluição dos custos fixos e dos custos da entrada, que são bastantes elevados nesta atividade. A lentidão da modernização da pecuária leiteira, ocasionado pelo controle de preços exercidos por mais de 40 anos, resultou na produção de matéria-prima de qualidade inferior, custos industriais mais altos e restrições às opções de produção. O leite de qualidade inferior passou a constituir obstáculos à satisfação de novas exigências do 3 Dieta retirada do trabalho ASPECTOS TÉCNICOS E ECONÔMICOS QUE AFETAM A ESCOLHA DA FONTE DE FORRAGEM SUPLEMENTAR, apresentado no INTERLEITE em 2003 pelo Prof. Dr. Gustavo Nússio e a Pesquisadora Carla Nússio.

consumidor, e retirou da indústria brasileira a capacidade de competir em mercados internacionais, sendo este o cenário vivido até o início dos anos noventa. A qualidade do leite vai melhorar quando o mercado exigir, reconhecer e valorizar produtos com qualidade superior. O pagamento diferenciado é um instrumento para estimular o produtor a se especializar e o Brasil vem apresentando alterações nas formas de remunerar o produtor. Com exceção de algumas empresas que já possuem pagamentos diferenciados por qualidade, está em fase de implantação novas formas de pagamento do leite. A bonificação por volume já é muito adotada, ou seja, produtor que entrega mais, recebe mais, indiferente da qualidade do produto, e se por um lado o volume não garante que o produto é diferenciado, por outro permite uma maior segurança no planejamento da indústria e algumas reduções com custos de coleta. A ausência de uma legislação fitossanitária mais rigorosa para o leite é outro obstáculo que o país precisa superar. No entanto o setor lácteo caminha para um ambiente mais competitivo e moderno, mas os consumidores ainda têm paradigmas como, o produto direto do sítio é melhor do que o processado, o que indica que estes estão mal informados, consome produtos de origem e qualidade duvidosa, o que permite que alguém produza e distribua tais produtos. Isso faz com que o setor apresente uma grande heterogeneidade de sistemas de produção e comercialização, que são sérios gargalos para a melhoria da qualidade e modernização do setor. Dessa forma o mercado opera sob condições desiguais, um com regras oficiais e outra na margem do sistema legalizado, o que torna difícil difundir entre os produtores a idéia de que vale a pena investir e produzir leite com qualidade superior.