Boletim Informativo PRP Prevenção de Riscos Profissionais Editorial Os nanomateriais têm caraterísticas únicas e mais pronunciadas em comparação com o mesmo material sem características manométricas. Por conseguinte, as propriedades físico-químicas dos nanomateriais podem ser diferentes das propriedades da substância à escala macroscópica ou de partículas de maiores dimensões. Tratando-se de uma tecnologia emergente, os riscos associados ao fabrico e à utilização de nanomateriais são, ainda, muito pouco conhecidos. Existem significativas lacunas ao nível das evoluções conseguidas na aplicação das nanotecnologias e o seu impacto sobre a saúde. Dada a utilização em grande escala, é ainda difícil de calcular o número de trabalhadores expostos. Embora se saiba pouco sobre o impacto destes novos materiais, sobre a saúde e o Destaques nesta Edição: ambiente, é provável, em qualquer caso, que os trabalhadores estejam entre as primeiras pessoas a sofrer elevados níveis de exposição. Uma Publicação Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho da UGT Novembro - 2016 PRP Boletim de Prevenção de Riscos Profissionais Visite o Atualização de dados estatísticos sobre acidentes de trabalho mortais e graves em 2016 FICHA PRÁTICA PRP n.º 25 Problemática dos nanomateriais no local de trabalho A dor que está a paralisar a Europa CES Próximo número: Garantir a SST dos trabalhadores com deficiência 2 3 9
Página 2 Atualização de dados estatísticos sobre acidentes de trabalho mortais e graves em 2016 A ACT disponibilizou recentemente, na sua página eletrónica, os dados estatísticos relativos aos acidentes de trabalho mortais e graves ocorridos em 2016. Os números referem-se aos acidentes comunicados e objeto de inquérito pela ACT ocorridos de 1 de janeiro a 29 de setembro de 2016. Assim, registaram-se neste período 102 acidentes de trabalho mortais, 2 dos quais de trabalhadores não declarados e 185 acidentes graves, sendo que 3 destes foram sofridos por trabalhadores em situação de trabalho não declarado. Os setores de atividade em que estes acidentes e mortes se deram incluem a construção, agricultura, indústria transformadora, comércio por grosso e a retalho e transportes e armazenagem. A comparação com o período homólogo revela o aumento dos acidentes de trabalho mortais na construção e indústria transformadora e a diminuição no setor agrícola. Esta informação poderá ser consultada na página eletrónica da ACT, carregando aqui. Tipo de acidente Acidentes Mortais 2016 Acidentes Graves 2016 Nas instalações 90 181 In itinere 6 1 Em viagem, transporte ou circulação 6 3 Total 102 185
Página 3 Ficha Prática n.º 25 Problemática dos nanomateriais no local de trabalho A nanotecnologia encontra-se em rápida expansão. Os nanomateriais oferecem possibilidades técnicas únicas, mas podem apresentar riscos para o ambiente e suscitar preocupações de saúde e segurança. Prevê-se que daqui até 2020, aproximadamente 20% de todos os produtos fabricados no mundo usarão as nanotecnologias. 1 - O que são os nanomateriais? Em termos gerais, as organizações definem como nanomateriais, os materiais que contêm partículas com uma ou mais dimensões na gama de tamanhos compreendidos entre 1 e 100 nanómetros (nm). Assim, no sentido de entendermos a sua dimensão, os nanomateriais são até 10 000 vezes mais pequenos do que um fio de cabelo humano. Não só devido às suas dimensões diminutas, mas também devido a outras caraterísticas físicas ou químicas que se referem, entre outras, ao seu formato e área de superfície, os nanomateriais diferem, em termos de propriedades, dos mesmos materiais utilizados em maior escala. Continuação...
2 Onde podemos encontrar os nanomateriais? Os nanomateriais encontram-se numa forma natural nas emissões vulcânicas, ou podem ser produtos derivados da atividade humana como, por exemplo, gases de escape dos motores diesel ou fumo de tabaco. 3 Quais as aplicações dos nanomateriais? As nanotecnologias têm aplicações em muitas áreas, como os cuidados de saúde, entre outras, as biotecnologias, a produção de energia não poluente, a informação e a comunicação, as indústrias química, eletrónica e militar, a agricultura e a construção. A título de exemplo, menciona-se a utilização crescente de nanomateriais em produtos de cosmética e higiene pessoal (p.ex., dióxido de titânio em protetores solares e cremes), têxteis e calçado (p.ex., nanomateriais de prata), produtos e equipamentos desportivos (p. ex., nanotubos de carbono em raquetes e tacos de golf), construção civil (p. ex., dióxido de titânio em tintas e revestimentos), componentes de veículos automóveis e eletrónica (p.ex., nanotubos de carbono). Aceda ao nosso Blog em: http://sst-ugt.blogspot.pt/ Cont.
4 Qual o impacto da utilização dos nanomateriais? Tratando-se de uma tecnologia emergente, os riscos associados ao fabrico e à utilização de nanomateriais são, ainda, muito pouco conhecidos. Existem significativas lacunas ao nível das evoluções conseguidas na aplicação das nanotecnologias e o seu impacto sobre a saúde. Dada a utilização em grande escala, é ainda difícil de calcular o número de trabalhadores expostos. Embora se saiba pouco sobre o impacto destes novos materiais, sobre a saúde e o ambiente, é provável, em qualquer caso, que os trabalhadores estejam entre as primeiras pessoas a sofrer elevados níveis de exposição. 5 Quais as preocupações para a Segurança e Saúde no Trabalho que os nanomaterias suscitam? Os riscos para a saúde são uma preocupação significativa da utilização dos nanomateriais. A Agência Europeia para a Segurança e saúde no Trabalho referiu a exposição aos nanomateriais como o risco emergente mais urgente no contexto da saúde ocupacional. A Agência estimou que entre 300.000 a 400.000 postos de trabalho lidavam já diretamente com as nanotecnologias, sendo que 75% dos locais de trabalho onde se produziam ou manuseavam nanomateriais eram pequenas e médias empresas. No entanto, nem todos os nanomateriais têm necessariamente um efeito tóxico, sendo necessária uma abordagem caso a caso à medida que a investigação sobre os riscos prossegue. Cont.
Página 6 6 De que forma ocorre a exposição aos nanomateriais no local de trabalho? A exposição dos trabalhadores aos nanomateriais pode ocorrer na fase de produção. Contudo, ao longo das diversas fases da cadeia de abastecimento, muitos mais trabalhadores podem encontrar-se expostos sem sequer saberem que estão em contacto com nanomateriais. Por consequências, é pouco provável que as medidas que estão, na atualidade, a ser tomadas para prevenir a exposição, sejam suficientes. A exposição pode ocorrer numa série de contextos profissionais em que os nanomateriais são utilizados, tratados ou processados, existindo o risco de inalação, nos casos em que se trate de partículas suspensas no ar, ou de contacto com a pele. A exposição pode ocorrer, por exemplo, desde o domínio dos cuidados de saúde ou dos trabalhos de laboratório, aos trabalhos de manutenção ou construção. 7 Quais as medidas de prevenção que podem ser adotadas? Tal como acontece com todas as outras substâncias perigosas, a eliminação e a substituição são medidas prioritárias face a outras medidas de prevenção, tendo em conta que o objetivo é impedir a exposição dos trabalhadores aos nanomateriais. Evitar a presença de nanomateriais que possam ficar suspensos no ar (como pós ou poeiras) recorrendo a uma forma menos perigosa, por exemplo, mediante a dissolução de nanomateriais em pó em líquidos, pastas, granulados ou compostos ou mediante a sua agregação a sólidos; e Reduzir o nível de perigosidade, alterando a superfície do nanomaterial, por exemplo, revestindo-o a fim de ajustar a pulverulência, a solubilidade e outras propriedades. O planeamento do trabalho deve basear-se na avaliação dos riscos e contar com a participação dos trabalhadores. Devem ser tidos em conta os riscos existentes nos locais de trabalho onde são manuseados nanomateriais cuja toxicidade e comportamento são desconhecidos. PRP - Prevenção Riscos Profissionais
Página 7 A gestão de riscos deve dar prioridade não só aos riscos conhecidos, mas também à avaliação e gestão dos nanomateriais nos locais de trabalho sobre os quais a informação relativa ao grau de exposição e perigo é inexistente, incompleta ou incerta. Os trabalhadores devem receber a formação necessária para garantir que dispõem do conhecimento e competências adequadas à realização de um trabalho em segurança e protegido da exposição a qualquer libertação de nanomateriais. Todos os trabalhadores devem receber sempre as instruções e informação pertinentes, em especial nos casos em que são contratados para uma única tarefa e/ou não estão familiarizados com os riscos químicos em geral e com os riscos dos nanomateriais em particular (por exemplo, pessoal de limpeza, assistentes de estudantes). Adotar uma abordagem com base na precaução, no âmbito da prevenção dos riscos, com respeito aos nanomateriais: devem ser implementadas todas as medidas possíveis, de acordo com a hierarquia das medidas de prevenção, a fim de reduzir a liberação de nanomateriais. Os trabalhadores que manuseiam, ou estão de alguma forma expostos, a nanomateriais potencialmente perigosos devem ser incluídos nos programas de vigilância no âmbito da medicina do trabalho, com documentação pormenorizada sobre as situações de exposição.
Página 8 Fonte: E-FACTS N.º 73 - NANOMATERIAIS NO SETOR DA SAÚDE: RISCOS E PREVENÇÃO NO TRABALHO (OSHA) E-FACTS N. º 72 NANOMATERIALS IN MAINTENANCE WORK: OCCUPATIONAL RISKS AND PREVENTION (OSHA) Para saber mais: Consulte a publicação da UGT versão mais alargada desta Ficha Prática disponível Aqui. O que quer saber sobre produtos químicos? A Agência Europeia dos Produtos Químicos - ECHA - encontra-se a desenvolver um novo Site sobre os produtos químicos que entram em contato nas suas vidas diárias, o impacto que podem ter e como usá-los com segurança. Por essa razão, colocou online um questionário, no sentido de aferir as necessidades do público, nesta matéria, fundamentando para o efeito o seguinte: Se é um pai preocupado, um operário ou um cabeleireiro, o nosso novo site tem como objetivo ajudá-lo a fazer escolhas mais seguras e mais informadas e informá-lo sobre produtos químicos perigosos que estão sendo identificados e eliminados na Europa. Aceda ao questionário Aqui
Página 9 A dor que está a paralisar a Europa A Confederação Europeia de Sindicatos está a apelar à Comissão Europeia no sentido de combater a principal causa de doenças profissionais na Europa: a epidemia de dores nas costas, ombros, pescoço, cotovelos, mãos e joelhos que provoca uma enorme perda na qualidade de vida dos trabalhadores e milhões de dias de baixa. Estima-se que o custo para empregadores, trabalhadores e serviços de saúde ronde os 163 mil milhões de euros. As dores lombares estão a paralisar a Europa, afirmou Esther Lynch, Secretária Confederal da CES. Em França, perderam-se cerca de 9 milhões de dias de trabalho devido a dores lombares e outros problemas músculo-esqueléticos, e a situação irá agravar-se com a mão-deobra em envelhecimento na Europa. Em 2013 a Comissão Europeia recusou apoiar uma diretiva sobre ergonomia no local de trabalho proposta pelos empregadores e sindicatos e em vez disso emitiu uma recomendação não-vinculativa. Está na hora de a Comissão admitir que aquela recomendação não é suficiente. É preciso fazer mais. As doenças músculo-esqueléticas (MSDs) do local de trabalho são causadas por tarefas que sobrecarregam o corpo e estão associadas a tarefas caracterizadas por posições corporais fixas ou constrangidas, movimentos repetitivos, concentração da força em partes do corpo tais como a mão e o pulso, e um ritmo de trabalho que não permite ao trabalhador controlo suficiente ou margem de manobra ou tempo de recuperação suficiente entre movimentos. Tudo aponta para que a constante intensificação do ritmo de trabalho esteja a obrigar os trabalhadores a laborar num ambiente de urgência constante, reduzindo assim a sua margem de manobra. Os trabalhadores dos setores da alimentação, metalurgia, automóvel, construção, agricultura, transportes e saúde são os que correm maior risco. A prevenção é essencial e isto implica a adaptação do trabalho ao trabalhador. As comissões de segurança e saúde no trabalho, a legislação e regulamentações eficazes, bem como os incentivos económicos para a redução de MSDs, constituem a maior esperança para a melhoria da situação nas empresas europeias. Esther Lynch faz este apelo na conferência sobre Redução do peso das doenças crónicas no trabalho que teve lugar no início do mês, em Bruxelas, sob a presidência da Comissária Marianne Thyssen e organizada pela Liga Europeia contra o Reumatismo (EULAR). Tradução baseada na versão oficial da CES, disponível Aqui.
Página 10 A Comissão Europeia apresenta a sua avaliação da implementação do Acordo dos Parceiros Sociais Europeus sobre assédio e violência Ao assinar, em Abril de 2007, o Acordo-Quadro, os Parceiros Sociais europeus reconheceram que o assédio e a violência no trabalho podem ter consequências sociais e económicas graves. Os signatários comprometeram-se igualmente a agir de forma a que tais práticas jamais sejam toleradas. No passado mês de setembro de 2016, a Comissão Europeia publicou um relatório dedicado à avaliação do acordo-quadro sobre assédio e violência no trabalho aprovado em 2007 pelos parceiros sociais europeus. O documento revela grandes disparidades entre países no que toca à implementação do acordo e ao seu impacto real a nível empresarial. Os autores do relatório, que já apresentaram à Comissão as suas conclusões em Junho de 2015, consideram que o processo de implementação teve pouco ou nenhum impacto em 12 países, incluindo a maioria dos países do leste europeu. A Comissão realizou um inquérito online dirigido às chefias e aos representantes dos trabalhadores para a SST a fim de avaliar o impacto real do acordo no local de trabalho. Embora os autores realcem que as conclusões do inquérito devem ser tratadas com cautela devido à sua amostragem limitada, revelam todavia alguns dados alarmantes no que diz respeito à perceção que os empregadores têm sobre o assunto. Por exemplo, apenas pouco mais de 30% das empresas inquiridas tinha conhecimento do acordo-quadro europeu e apenas 17% encarou as baixas devido à violência e ao assédio no trabalho como um problema. Algumas Conclusões relativas a Portugal:
Página 11 De acordo com um inquérito ESENER da EU-OSHA, que monitoriza a evolução dos riscos psicossociais e das políticas adotadas a nível empresarial, mais de 40% dos gestores em Portugal, consideram o bullying e o assédio uma preocupação grave. A média da UE para este indicador é de 20%. Só na Irlanda, Reino Unido, Suécia, Finlândia e Bélgica é que mais de 50% das empresas puseram medidas em prática para lidar com este problema. Relativamente à violência e à ameaça de violência, mais de 40% dos gestores em Portugal encararam-nas como um problema grave; Três países (Portugal, Polónia e França) incluíram definições específicas de assédio (mobbing) na sua legislação sobre segurança e saúde; Em 12 países, entre eles Portugal, a atividade ou inatividade dos parceiros sociais teve um impacto nulo ou reduzido. Na maior parte destes países isto deve-se claramente à inexistência de qualquer tipo de ação, mas nos casos da Estónia e de Portugal, por exemplo, deve-se também ao facto de as ações se limitarem à tradução e publicação do Acordo em vários websites, sem ações de sensibilização conjuntas adicionais. De acordo com o ESENER (2009) mais de 40% dos gestores em Portugal, na Roménia e na Noruega consideram o bullying e o assédio uma preocupação grave. Relativamente à violência e à ameaça de violência, mais de 40% dos gestores em Portugal encararam-nas como um problema grave; Em Portugal, mais de 50% dos gestores reconheceram este problema como sendo particularmente preocupante; A violência ou ameaça de violência no trabalho é reconhecida como uma preocupação grave por mais de 40% dos gestores em Portugal; Tradução das matérias relativas a Portugal do Estudo sobre a Implementação do Acordo-Quadro.
Página 12 Cancro: principal causa de morte na Europa ocidental É oficial. O cancro é agora a principal causa de morte na Europa ocidental, tendo suplantado as doenças cardiovasculares. É esta a principal conclusão de um estudo publicado em Agosto de 2016 pelo Jornal Europeu do Coração. De acordo com os mais recentes dados, morrem mais homens de cancro do que de doenças cardiovasculares em 12 países e mais mulheres em dois países. Todos estes países situam-se na Europa ocidental; se considerarmos toda a Europa, as doenças cardiovasculares permanecem no topo da lista de causas de morte mais comuns. Aceda a mais informação Aqui. OSHwiki: interligando a comunidade de SST Já conhece a enciclopédia em linha OSHwiki, da OSHA, que representa uma forma excelente de partilhar conhecimentos especializados e colaborar em linha com a comunidade da saúde e segurança no trabalho? Os artigos da OSHwiki são elaborados por profissionais da SST e académicos acreditados. Poderá aceder a esta enciclopédia em linha, na qual pode consultar uma grande variedade de artigos informativos. Saiba mais Aqui.
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