História do Escotismo do Mar



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Transcrição:

Chefe IM Rickson Barcelos Arrais e ex-membro da equipe Regional do mar. História do Escotismo do Mar Em 1908, BP pediu a seu irmão, Warrington Baden-Powell que escrevesse um livro para que meninos praticassem o escotismo nas lagoas, nos rios e nos mares como eles haviam feito na infância. No mesmo ano apareceu na Inglaterra a primeira tropa do mar, a tropa Gibraltar. Aperfeiçoado em 1909, foi organizado em 1910 e teve a publicação do manual para escoteiros do mar em 1911, quando começou a surgir mais tropas do Mar na Inglaterra e logo no mundo todo devido ao estímulo da literatura. Em 1910, no Encouraçado Minas Gerais, chegava ao Brasil, e oficiais da Marinha de Guerra, traziam os primeiros manuais escoteiros em inglês, uniformes e os primeiros escoteiros brasileiros (pois haviam feito suas promessas na Inglaterra), filhos de alguns desses sub oficiais. O comandante desse navio chamava-se AMÉLIO DE AZEVEDO MARQUES, e junto com os demais marinheiros foi o introdutor do Escotismo no Brasil. Estes marinheiros assim que chegaram no Rio de Janeiro abriram uma tropa escoteira no bairro do Catumbi, próximo onde hoje é o Sambódromo, na Rua do Chichorro número 13. (existe na faxada da casa uma placa alusiva a fundação deste grupo hoje extinto)

Encouraçado Minas Gerais No Brasil não foi diferente, as praticas de atividades náuticas, as sedes escoteiras dentro de Clubes Navais, as tropas mantidas pela Marinha ou com Chefes que eram marinheiros, os ambientes aquáticos para atividades cosntantes eram comuns desde de 1910, porém não fora organizado como modalidade, aos moldes da Inglaterra, inicialmente. A Missão José Bonifácio, em 1919, foi realizada pela imensa costa brasileira sob o comando de Frederico Villar, trazendo à pátria milhares de brasileiros que viviam ignorados do Brasil, isolados em praias, os pescadores. Durante a 1ª Guerra Mundial esses pescadores de norte a sul auxiliaram a Marinha Brasileira com grande patriotismo montando guarda, repassando informações e observando os mares, acolhendo e dando de comer aos soldados brasileiros, protegendo assim a costa do país. Nessa Missão eram organizadas colônias de pesca agrupando esses isolados homens e suas famílias. Em cada colônia foi aberta uma escola para as crianças e jovens, filhos destes pescadores. No desenvolver dessa missão, foram de extremo a extremo do país, desde o Rio Grande/RS a Belém/PA pela costa, e quando chegaram no Pará, na cidade de Belém, foram convidados pelo então tenente Benjamin Sodré, que servia naquele local, a assistir a cerimônia de Promessa dos primeiros escoteiros daquele estado, chefiados por ele.

Os oficiais da Missão José Bonifácio ficaram tão empolgados com o que viram que resolveram levar aqueles escoteiros para visitar o navio Cruzador da Missão. Foram colocadas na água para uso destes escoteiros as pequenas e médias embarcações daquele navio. Como aqueles meninos e rapazes eram moradores de regiões ribeirinhas e praianas, tiveram uma facilidade enorme para usar aquelas embarcações e se divertir, e foi dessa visão que o Tenente Benjamin Sodré, os Comandantes Frederico Villar e Gumercindo Loretti e demais tiveram a idéia de constituir no Brasil um escotismo próprio para o Mar, os Escoteiros do Mar. Com o retorno do cruzador, partindo dessa idéia, voltaram parando de colônia em colônia de pesca e orientando que fossem abertos Grupos de Escoteiros do Mar nas escolas destas colônias em ambiente náutico. Deste trabalho organizaram-se os primeiros Grupos Escoteiros do Mar, o Santos, o Jequiá, o 10º Grupo e o Cabo Frio, sendo que destes o 10º Grupo, já existia como Grupo Básico mantido pela Marinha e com atividades nauticas, convertendo-se em Grupo do Mar. Finalmente em 7 de Setembro de 1921 foi fundada a Confederação Brasileira de Escoteiros do Mar.

Esta fundação aconteceu em um memorável acampamento realizado no Saco de São Francisco, enseada de Jurujuba, um dos encantadores recantos da Baía de Guanabara, no litoral fluminense, onde existe uma pedra com uma placa que lembra esta data. Destacam-se como pioneiros desta gloriosa jornada o então Ten. Benjamin Sodré (o Velho Lobo), o Tenente-Aviador Gelmirez de Mello (o Polvo Velho), Comandante Frederico Villar, Comandante Gumercindo Loretti, Professor Gabriel Skinner, e o Almirante Raja Gabaglia. Logo, àqueles primeiros grupos vieram se juntar a Confederação do Mar,os grupos: Jurujuba, Copacabana, São João da Barra, Caju, Saquarema, Pará, Maranhão, Paquetá, Euclides da Cunha, Marcílio Dias e outros mais, sendo que os últimos já sem as características determinantes de Grupos de Colônias de Pescadores que marcaram a maioria dos Grupos organizados inicialmente. Em 1924, a Confederação Brasileira de Escoteiros do Mar, que se preocupava em unir as diferentes formas de praticar o Escotismo no Brasil, juntamente com os Escoteiros Católicos e Fluminenses fundaram a UEB (União dos Escoteiros do Brasil) no Clube Naval, sua primeira sede, no Centro do Rio de Janeiro (a primeira sede da UEB, dentre outras, foi cedida pela Marinha através da Federação do Mar ). Com essa unificação as Confederações passaram a se chamar Federações. Não é possível se pensar em Escoteiros do Mar sem se associar à idéia de embarcações. Para suprir este problema inicial, valiam-se os Grupos de embarcações alugadas, particulares emprestadas e doadas pela Marinha. Não tardou muito a simpatia do povo vir ao encontro dos rapazes e o primeiro navio apareceu Escoteiro do Mar, escaler a quatro remos e velas, oferecido pela população da Ilha de Paquetá. Um outro navio foi comprado para o 10º Grupo, seria o Loretti tão vinculado às glórias marinheiras dos Escoteiros do Mar da Guanabara e que hoje ainda existe. Pouco tempo decorria da sua organização, teve a Federação do Mar a atenção e o auxílio oficial da Marinha de Guerra, trazendo vantagens e facilidades para o Escotismo do Mar de todos os tipos. Assim, em Aviso nº 3.811 de 28-03-23 do Exmo. Sr. Ministro da Marinha, criou o primeiro Regulamento dos Escoteiros do Mar, que deveria ser seguido por todos. Recursos materiais e apoio moral foram fatores de acentuado e seguro desenvolvimento propiciado ao Movimento que se iniciava. A Marinha de Guerra trouxe o Escotismo ao Brasil em 1910 e na década de 20 garantia o desenvolvimento do Escotismo do Mar. Embarcações, instalações, pessoal para instrução foram cedidos ou facilitados aos Escoteiros do Mar, não só na então Capital Federal, como nos estados. Após o Loretti veio o Parnaíba, o Celine, a Pérola e assim foi crescendo a flotilha que, em 1933 já formavam cerca de duas dezenas de Navios distribuídos pelos diversos estados da União dos Escoteiros do Brasil, constituindo o seu Departamento de Mar. Em 1929, uma patrulha de Escoteiros do Mar é enviada à Inglaterra a fim de tomar parte no Jamboree da Maioridade. É esta a primeira participação dos Escoteiros do Mar do Brasil em atividades internacionais. Em 1934, possuía uma sede instalada num dos pavilhões da Lavanderia do Loide Brasileiro, junto às docas do Mercado Velho, onde se ergue hoje o Edifício da Caça e Pesca, na praça XV de Novembro, no Rio de Janeiro.

Em 1935, concretizando uma idéia de Bonifácio Borba, é formado o primeiro Círculo de Pioneiros (CIPI),magnífica e primeira contribuição para o desenvolvimento do pionerismo entre nós, tendo em vista que os Pioneiros, ou Rovers,quase não existiam no Brasil, e quando existiam, eram de forma desordenada, aleatória e isolada. Bonifácio, que era Comissário Internacional da UEB, teve contatos diretos com B-P e trouxe, dentre vários, materiais específicos para o Ramo Pioneiro, como o folheto sobre Pioneiros do Dr. Griffin que falava das virtudes e da távola pioneira e da mística pioneira também tratada por Baden-Powell no Escotismo para Rapazes. Logo este folheto foi traduzido pela equipe Almirante Barroso do Clã Tiradentes do 10º Grupo, o primeiro Clã a ser formado no Brasil. Em março de 1935, é impresso o primeiro número da revista O Escoteiro do Mar, revista essa que impulsionaria o crescimento da Federação do Mar, e que trazia grande diversidade de assuntos e matérias destinando-se a transmitir técnica marinheira, ensinamentos doutrinários, as Músicas, e todo o tipo de cultura mundial através de textos traduzidos de várias culturas. Neste mesmo ano foram criadas as Comissões Regionais do Mar nos Estados, subordinadas ao órgão Nacional da Federação do Mar. De 1921 a 1936,passados 15 anos, muitas vocações foram descobertas, tendo tido neste período cerca de 6.500 rapazes entre 11 e 18 anos e futuramente seriam encontrados exercendo cargos e postos das mais elevadas responsabilidades na Marinha de Guerra, na Marinha Mercante e em organizações esportivas veleiras do País. Surpreendente eram os bem reunidos pelos Escoteiros do Mar, reunindo uma flotilha nacional que formavam cerca de 40 embarcações, material de campo e de adestramento. Em 1937, a Marinha de Guerra entregou ao usufruto da bela e imponente Ilha da Boa Viagem aos Escoteiros do Mar. Nesta ilha que se encontra à entrada da Baía de Guanabara foi construída uma casa o Castelo da Boa Viagem, que seria um posto de guarda fundamental para a proteção da Baia de Guanabara, existindo uma condição que quando necessário for o uso da Ilha pela Marinha, esta passa a guarda da mesma, retornado logo após o uso, aos Escoteiros do Mar. Nesta Ilha fica sediado o 4º G. E. Mar Gaviões do Mar, que guarda suas chaves.

Ilha da Boa Viagem Em 1938, adquiriam os Escoteiros do Mar a sua primeira Base Naval própria localizada no Porto de Maria Angu, em Olaria, subúrbio do Rio de Janeiro onde foi construído estaleiro e oficina de construção e reparo naval, por muitos anos até quando foi construída a Avenida Brasil e esta base perdeu a saída para o mar, sendo sua posse passada para a exploração pela região Escoteira do Rio de Janeiro com o fim de reverter fundos para a manutenção das embarcações dos Grupos do Mar. Em 7 de junho de 1957 foi adquirida a Base Oeste na Ilha do Governador, Rio de Janeiro/RJ a qual existe até hoje e é a sede do 71º G.E. do Mar Almirante Waldemar Mota. Em Setembro de 1941, existiam Grupos do Mar em dezesseis Unidades da República: Amapá, Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Distrito Federa, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. A Sede Nacional era no quarto pavimento do Edifício da Caça e Pesca, na então Capital Federal, em sede expressamente mandada construir pelo então Ministro da Agricultura Dr. Fernando da Costa, em reconhecimento ao relevante papel que o Escotismo representava na formação da nacionalidade e no preparo da juventude para as tarefas do porvir. O efetivo era de 3.000 homens, a frota nacional atingira o total de 73 embarcações; um Campo-Escola funcionando na Ilha da Boa Viagem, na Baía de Guanabara; uma Base Naval instalando-se no Porto de Maria Angu no Rio de Janeiro; 32 fundeadouros localizados em 14 Estados; uma Revista já no seu quinto ano de existência; uma seção de impressos escoteiros com uma coleção de 150 modelos; uma Escola Nacional de Chefes no 14º Curso; 7 Escolas regionais de Chefes em 7 Comissões Regionais. Em 1950, se desfaz a Federação Brasileira de Escoteiros do Mar, sendo anexada como Modalidade na UEB, porém sua estrutura continuou funcionando até finais dos anos 60.

No início dos anos de 1990, a Direção Nacional da União dos Escoteiros do Brasil, sem consulta aos Grupos, aprovou uma regulamentação que retirava o uso dos uniformes de modalidade, implantando a utilização do novo traje, que não fazia distinção de uma modalidade para a outra, a famosa camisa azul e calça jeans. Os Grupos de Mar deram uma lição de união e de tradição. Partindo da iniciativa da então Coordenação Nacional da Modalidade do Mar, formada por três almirantes antigos escoteiros a Chefe Maria Pérola Sodré e o Chefe Jarbas Pinto Ribeiro, foram enviadas cartas a cara Grupo do país desaconselhando o uso do traje novo. Mobilizaram-se de norte a sul do país os Grupos do Mar reivindicando que a tradição fosse mantida, não retirando seus uniformes tradicionais. Logo a Direção Nacional da UEB autorizou que fosse utilizada a camisa na cor branca para os Grupos da Modalidade do Mar e mais adiante o retorno dos uniformes tradicionais para aqueles Grupos que assim desejassem. A autorização abriu precedente para os demais Grupos irmãos de outras modalidades que desejavam manter seus uniformes tradicionais. De norte a sul do país, os Escoteiros do Mar, constituem, hoje, como modalidade de prática do escotismo a mesma fraternidade de aventura que desde o começo, seja em praias, rios, lagoas ou outros ambientes náuticos. Baden-Powell, o fundador do Movimento Escoteiro disse se eu tivesse sido Escoteiro quando jovem, provavelmente teria sido Escoteiro do Mar e não foi atoa que pediu que seu irmão mais velho Warrigton se dedicasse à criação desta forma de escotismo. Ainda temos muito o que dar a nossa juventude pelo meio aquático e aquaviário. Pesquisa feita no CCME Centro Cultural do Movimento Escoteiro Nacional, pelo então Diretor de Estudos e Pesquisas Chefe Andre Torricelli - 2003.