VOTO. PROCESSO: 48500.000997/2012-35; 48500.000666/2015-48; e 48500.002183/2014-05.



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Transcrição:

VOTO PROCESSO: 48500.000997/2012-35; 48500.000666/2015-48; e 48500.002183/2014-05. INTERESSADOS: Centrais Elétricas do Pará CELPA e Companhia Energética do Maranhão CEMAR. RELATOR: Diretor Tiago de Barros Correia. RESPONSÁVEL: Diretoria DIR ASSUNTO: (i) Recursos Administrativos interpostos pela Centrais Elétricas do Pará CELPA e pela Companhia Energética do Maranhão CEMAR contra o Despacho nº 2.968-SEM/SRE/ANEEL, de 1 de agosto de 2014, que publicou seus valores de exposições contratuais e sobrecontratações involuntárias, referentes ao ano de 2013; e (ii) Pedido de Reconsideração apresentado pela CELPA em face da Resolução Homologatória nº 1.769, de 5 de agosto de 2014, que homologou o resultado do seu processo de reajuste tarifário referente ao ano de 2014, utilizando componentes financeiros calculados com base nos valores das exposições voluntária e involuntária apresentados no Despacho nº 2.968/2014-SEM/SRE/ANEEL. I RELATÓRIO 1. Em 14 de agosto de 2014, a Centrais Elétricas do Pará CELPA e a Companhia Energética do Maranhão CEMAR interpuseram, tempestivamente, recurso administrativo 1 contra o Despacho nº 2.968- SEM/SRE/ANEEL, de 1 de agosto de 2014 2, que publicou seus valores de exposições contratuais e sobrecontratações involuntárias, referentes ao ano de 2013, em 112,66 MWmédio e 67,15 MWmédio, respectivamente. 2. Informações complementares foram protocoladas pela CELPA e pela CEMAR, em 20 de agosto, solicitando a retificação de valores e referências apresentados em seus recursos. 3. Em 18 de agosto de 2014, a CELPA apresentou pedido de reconsideração em face da Resolução Homologatória nº 1.769, de 5 de agosto de 2014, que homologou o resultado do seu processo de reajuste tarifário referente ao ano de 2014, utilizando componente financeiro calculado com base nas exposições voluntária e involuntária de 2013 da Concessionária, em consonância com os valores apresentados no Despacho nº 2.968/2014-SEM/SRE/ANEEL, que foram objeto do recurso apresentado no item 1 deste Relatório. 4. Por meio da Nota Técnica nº 6/2015-SRM/SGT/ANEEL, a Superintendência de Regulação Econômica e Estudos do Mercado SRM e a Superintendência de Gestão Tarifária SGT analisaram conjuntamente os recursos apresentados e mantiveram o entendimento que ensejou a edição do Despacho nº 2.968/2014-SRM/SRE/ANEEL. 5. Os autos foram distribuidos a minha relatoria para análise em sede de recurso hierárquico. 1 Os recursos foram apresentados pela CELPA e pela CEMAR por meio das Cartas CE Regulação nº 218/2014 e CE DER nº 79/2014, respectivamente. 2 O Despacho nº 2.968-SEM/SRE/ANEEL, de 1 de agosto de 2014, foi publicado no Diário Oficial da União em 4 de agosto de 2014.

6. É o relatório. II FUNDAMENTAÇÃO 7. Trata-se dos (i) Recursos Administrativos interpostos pela Centrais Elétricas do Pará CELPA e pela Companhia Energética do Maranhão CEMAR contra o Despacho nº 2.968-SEM/SRE/ANEEL, de 1 de agosto de 2014 3, que publicou seus valores de exposições contratuais e sobrecontratações involuntárias, referentes ao ano de 2013; e do (ii) Pedido de Reconsideração apresentado pela CELPA em face da Resolução Homologatória nº 1.769, de 5 de agosto de 2014, que homologou o resultado do seu processo de reajuste tarifário referente ao ano de 2014, utilizando componentes financeiros calculados com base nos valores das exposições voluntária e involuntária apresentados no Despacho nº 2.968/2014- SEM/SRE/ANEEL. 8. As recorrentes CELPA e CEMAR, em apertada síntese, divergem da exposição involuntária calculada pela ANEEL em três pontos: a) declaração no Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits MCSD; b) contratação facultativa de 0,5% da carga da distribuidora nos Leilões de Energia Existentes LEE; e c) declaração nos Leilões de Ajuste LAJ. II.1 Declaração no Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits MCSD 9. As recorrentes afirmam que a ANEEL não deveria ter utilizado as declarações no Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits MCSD como critério para o reconhecimento de exposição involuntária por entenderem que o MCSD não é mecanismo para contratar energia. 10. De fato, o MCSD não é mecanismo para a contratação de energia. No entanto, a Resolução Normativa 453, de 18 de outubro de 2011, (REN 453/2011) estabelece o princípio do máximo esforço por parte das concessionárias de distribuição para o reconhecimento de exposições e sobrecontratações involuntárias. Art. 6 Para o reconhecimento de exposições e sobrecontratações involuntárias, a ANEEL observará o princípio do máximo esforço por parte das concessionárias de distribuição, para adequar o seu nível de contratação a partir do momento em que puderam conhecer os efeitos ocasionados pelos eventos definidos nos art. 4 e 5. 1 Entende-se por máximo esforço, a participação nos leilões de que tratam os arts. 11 e 19 do Decreto 5.163/2004, no Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits MCSD, a utilização eficiente de contratos bilaterais firmados até 16 de março de 2004 e a não aceitação do retorno de consumidores que exercerem a opção prevista nos arts. 15 e 16 da Lei n 9.074/1995, à condição de consumidor cativo em prazo inferior a 5 (cinco) anos. 11. Para melhor análise dos fatos, segue abaixo uma tabela com os eventos cronológicos que 3 O Despacho nº 2.968-SEM/SRE/ANEEL, de 1 de agosto de 2014, foi publicado no Diário Oficial da União em 4 de agosto de 2014.

embasaram a análise do cumprimento ou não do princípio do máximo esforço pelas distribuidoras, conforme determina a REN 453, de 2011. Tabela 1 Cronologia dos eventos Evento Data Envio do Montante de Reposição de 2012 para as Distribuidoras 22/11/2012 Publicação da Resolução Homologatória nº 1.407/2012 21/12/2012 Publicação da Resolução Homologatória nº 1.410/2013 24/1/2013 Declaração no MCSD de Fevereiro de 2013 5/2/2013 Portaria do MME com diretrizes para Leilão A de 2013 15/2/2013 Envio do Montante de Reposição para as Distribuidoras 8/3/2013 Declaração do Leilão A de 2013 12/4/2013 12. Conforme se verifica na análise feita pela Nota Técnica nº 6/2015-SEM/SGT/ANEEL, quando da declaração no MCSD de fevereiro de 2013, as distribuidoras já sabiam o nível de exposição em energia existente. 13. Cabe destacar que a Portaria do MME com as diretrizes para a realização do Leilão A de 2013 só foi publicada em 15 de fevereiro de 2013, enquanto a declaração para o MCSD de fevereiro de 2013 ocorreu em 5 de fevereiro de 2013, ou seja, 10 dias antes. Nesse contexto, a atitude mais prudente por parte das distribuidoras deveria ter sido a declaração de déficit no MCSD no montante necessário para cobrir a falta de energia existente, conforme determina a REN 453, de 2011. 14. A seguir, é apresentado o comportamento das distribuidoras CELPA e CEMAR no MCSD e o tratamento dado pela ANEEL no cálculo da exposição involuntária: Tabela 2 Montante de Reposição MR 2012 (MWmédio) Distribuidora MR 2012 em 22/11/2012 MR 2012 após REH 1.407/2012 e REH 1.410/2013 Declaração MCSD Fevereiro 2013 MR 2012 em 31/12/2013 Exposição Considerada pela ANEEL Declaração no Leilão A de 2013 Diferença CELPA 460,376 50,282 36,00 46,354 36,000 46,354 10,354 CEMAR 342,604 35,127 0,000 32,652 0,000 32,652 32,652 15. A ANEEL reconheceu como exposição involuntária de energia existente o valor declarado no MCSD. A CELPA teve reconhecido o montante de 36 MWmédio, enquanto a CEMAR não teve nenhum valor reconhecido, uma vez que não realizou declaração. 16. O fato de não haver sobra de energia não exime a responsabilidade de a distribuidora declarar déficit no MCSD. Por isso, houve a perda da exposição involuntária referente ao que não foi declarado no MCSD, conforme apresentado na tabela 2. Ressalta-se que, caso as recorrentes tivessem declarado todo o montante de reposição tanto no MCSD quanto no Leilão A, como fizeram outras distribuidoras, haveria o reconhecimento total dessa energia na exposição involuntária. 17. É importante frisar ainda que, se as distribuidoras tivessem adquirido o montante de energia necessário no MCSD, não haveria a dupla contratação de energia no Leilão A de 2013. Isso porque, conforme o 3º do art. 3º da REN 421, de 30 de novembro de 2010, os montantes adquiridos em MCSD

devem ser subtraídos do valor calculado para o montante de reposição. 18. Além disso, diferentemente do que alegam as recorrentes, a ANEEL não entendeu que as distribuidoras deveriam ter desconsiderado a realização do Leilão A de 2013, mas o contrário. As distribuidoras deveriam ter considerado tanto a realização do MCSD quanto a realização do Leilão. 19. Outro ponto que deve ficar claro é que exposição involuntária e montante de reposição são dois processos distintos e com finalidades distintas. Enquanto este se destina a recontratar a energia oriunda de contratos vencidos, aquele se destina a aliviar as penalidades por falta de contrato. 20. O argumento das recorrentes no sentido de que a ANEEL calculou a exposição involuntária duas vezes após o MCSD de fevereiro de 2013 não está correto. A exposição involuntária é calculada apenas uma vez a cada ano civil, após a contabilização de dezembro 4 e publicada por meio de despacho. Não se pode utilizar o cálculo do montante de reposição como se fosse exposição involuntária. 21. Por fim, a CELPA e a CEMAR alegam que declararam no Leilão A de 2013 toda a energia necessária referente ao montante de reposição e, por isso, teriam direto à exposição dessa energia, uma vez que o referido leilão frustrou. 22. Conforme visto alhures, o cálculo da exposição involuntária leva em consideração todos os eventos do ano e não um evento em separado. Assim, para ter direito a toda exposição referente à frustração de energia existente, as distribuidoras deveriam ter declarado déficit de energia em todos os mecanismos possíveis, o que não ocorreu no caso do MCSD. III.2 - Da Contratação Facultativa de 0,5% da Carga da Distribuidora nos LEE 23. As recorrentes alegam que o fato de elas terem declarado no Leilão A de 2013 a energia referente ao adicional de 0,5% da carga acima do montante de reposição já seria suficiente para que a ANEEL reconhecesse essa frustração como exposição involuntária. 24. O assunto foi analisado pela Nota Técnica nº 6/2015-SEM/SGT/ANEEL. Cabe destacar que o 3º do art. 24 do Decreto nº 5.163, de 2004, estabelece que tal contratação está condicionada a haver oferta no Leilão. O 4º do art. 24 do mencionado decreto determina ainda que a prioridade de contratação nos leilões de energia existentes é do montante de reposição. Assim, somente após a contratação de todo o montante de reposição das distribuidoras é que se poderia contratar a energia facultativa, o que demonstra a diferença de tratamento entre o montante de reposição e as contratações adicionais. 25. A regulamentação da ANEEL é clara ao estabelecer que somente o montante de reposição será considerado como exposição involuntária, não havendo exposição com relação à contratação facultativa de 0,5% da carga da distribuidora. Nesse sentido preceitua o art. 4º da Resolução Normativa nº 453, de 2011: Art. 4º Considera-se exposição contratual involuntária o não atendimento à totalidade do mercado de energia elétrica dos agentes de distribuição, em razão de: I - compra frustrada nos leilões regulados promovidos para contratação de energia elétrica, de que tratam os arts. 11 e 19 do Decreto nº 5.163, de 2004, decorrente de 4 Art. 7º da Resolução Normativa 453, de 18 de outubro de 2011.

contratação de energia elétrica e de potência em montante inferior à declaração de necessidade de compra apresentada pelos agentes de distribuição para esses leilões, conforme dispõe o art. 18 do Decreto nº 5.163, de 2004, limitados ao montante de reposição, no caso do Leilão de Compra de Energia Elétrica Proveniente de Empreendimentos Existentes A-1 (Leilão A-1). 26. Considerando tanto o que dispõe o Decreto nº 5.163, de 2004, quanto a REN 453/2011, o entendimento de não considerar 0,5% da carga como exposição involuntária continua válido. III.3 - Da Declaração nos Leilões de Ajuste - LAJ 27. As recorrentes entendem ainda que o montante declarado e frustrado no Leilão de Ajuste de 2013 também deveria ser considerado como exposição involuntária, sob a justificativa de que leilão de ajuste seria um tipo de leilão de empreendimentos de geração existente. 28. O ponto tratado também foi objeto de análise da Nota Técnica nº 6/2015-SEM/SGT/ANEEL. Ressalta-se que o inciso I do 7º do art. 3º do Decreto nº 5.163, de 2004, que foi utilizado como justificativa para tal interpretação, apresenta a seguinte expressão: conforme dispõe o art. 18. Este artigo trata justamente da declaração ao Ministério de Minas e Energia dos montantes a serem contratados por meio de leilões promovidos pela ANEEL, com base nas diretrizes fixadas pelo órgão ministerial. No entanto, os leilões de ajuste são realizados diretamente por determinação da ANEEL, sem seguir o art. 18 do Decreto. Logo o inciso I do 7º do art. 3º do mencionado decreto não se aplica aos leilões de ajuste. 29. Os leilões de ajuste são tratados no art. 26 do Decreto nº 5.163, de 2004, e possuem a finalidade de complementar o atendimento da carga das distribuidoras no curto prazo. Além disso, conforme o 2º do art. 24 do Decreto, o vencimento de contratos decorrentes de leilões de ajuste não integra o montante de reposição. Deste modo, as distribuidoras não possuem o direito de recontratar essa energia, diferentemente do que ocorre com os demais leilões. 30. Ao mesmo tempo, o inciso I do art. 4º da REN 453/2011 estabelece que somente a compra frustrada nos leilões de que tratam os art. 11 e 19 do Decreto nº 5.163, de 2004, é considerada exposição involuntária, não se incluindo, portanto, os leilões tratados no art. 26 do Decreto. Assim, entende-se que a frustração dos leilões de ajuste não gera direito à exposição involuntária. 31. Passo ao dispositivo do voto. III DIREITO 32. A presente decisão tem amparo legal considerando a Lei nº 10.848, de 2004; Decreto nº 5.163, de 2004; e Resoluções Normativas nº 453, de 2011; nº 505, de 2012; e nº 531, de 2012. IV DISPOSITIVO 33. Pelo exposto e considerando o que consta nos processos nº 48500.000997/2012-35; nº 48500.000666/2015-48; e nº 48500.002183/2014-05, voto conhecer e, no mérito, negar provimento (i) aos recursos administrativos interpostos por Centrais Elétricas do Pará CELPA e Companhia Energética do

Maranhão CEMAR em face do Despacho nº 2.968, de 2014, que publicou seus valores de exposições contratuais e sobrecontratações involuntárias, referentes ao ano de 2013; bem como ao (ii) Pedido de Reconsideração apresentado pela CELPA em face da Resolução Homologatória nº 1.769, de 5 de agosto de 2014, que homologou o resultado do seu processo de reajuste tarifário referente ao ano de 2014, utilizando componentes financeiros calculados com base nos valores das exposições voluntária e involuntária apresentados no Despacho nº 2.968/2014-SEM/SRE/ANEEL. Brasília, 28 de abril de 2015. TIAGO DE BARROS CORREIA Diretor

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL DESPACHO Nº, DE 28 DE ABRIL DE 2015 O DIRETOR-GERAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL, no uso de suas atribuições regimentais, com fulcro no disposto no art. 45 da Norma de Organização ANEEL nº 001, revisada pela Resolução Normativa ANEEL n 273, de 10 de julho de 2007, e no constante nos Processos n 48500.000997/2012-35; nº 48500.000666/2015-48; e nº 48500.002183/2014-05, decide conhecer e, no mérito, negar provimento (i) aos recursos administrativos interpostos por Centrais Elétricas do Pará CELPA e Companhia Energética do Maranhão CEMAR em face do Despacho nº 2.968, de 2014, que publicou seus valores de exposições contratuais e sobrecontratações involuntárias, referentes ao ano de 2013; e ao (ii) Pedido de Reconsideração apresentado pela CELPA em face da Resolução Homologatória nº 1.769, de 5 de agosto de 2014, que homologou o resultado do seu processo de reajuste tarifário referente ao ano de 2014, utilizando componentes financeiros calculados com base nos valores das exposições voluntária e involuntária apresentados no Despacho nº 2.968/2014-SEM/SRE/ANEEL. ROMEU DONIZETE RUFINO