CONSELHO DA MAGISTRATURA PROCESSO Nº 0257353-26.2011.8.19.0001 RELATOR: DES. RICARDO COUTO DE CASTRO A C Ó R D Ã O



Documentos relacionados
TRIBUNAL DE JUSTIÇA CONSELHO DA MAGISTRATURA

MANDADO DE SEGURANÇA Nº /PR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL/CONSUMIDOR

Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Vigésima Primeira Câmara Cível

APELO DESPROVIDO. Nº COMARCA DE CAXIAS DO SUL RIO GRANDE ENERGIA S A A C Ó R D Ã O

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 7ª CÂMARA CRIMINAL

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA

Provimento do recurso. A C Ó R D Ã O

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO

OS LIMITES DA CLÁUSULA AD JUDICIA NA PROCURAÇÃO

PROCESSO: RO

VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

NOVO CPC: A HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA DE DIVÓRCIO CONSENSUAL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 24ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

Supremo Tribunal Federal

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

APELAÇÃO CÍVEL Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA

Superior Tribunal de Justiça

Cezar Augusto Rodrigues Costa Desembargador Relator

DÉCIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO Nº / RELATOR: DES. LINDOLPHO DE MORAIS MARINHO

RELATORA : Des. Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE APELANTE : UNIÃO - FAZENDA NACIONAL APELADO : GABRIEL KNIJNIK EMENTA ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº , da Comarca de São José dos Campos, em que é

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DESEMBARGADORA TEREZA CRISTINA SOBRAL BITTENCOURT SAMPAIO

Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Quinta Câmara Cível

PROCESSO: ET. Acórdão 10a Turma

DÉCIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL

Agravo de Instrumento N C

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL Nº: MAURO PEREIRA MARTINS APELAÇÃO.

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº /RS

05/02/2013 SEGUNDA TURMA : MIN. GILMAR MENDES

Superior Tribunal de Justiça

RELATÓRIO. Oferecidas as contrarrazões, subiram os autos, os quais me vieram por distribuição.

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO NONA CÂMARA CÍVEL

A PROMESSA DE DOAÇÃO: O ACORDO EM SEPARAÇÃO OU DIVÓRCIO TEM FORÇA DE ESCRITURA PÚBLICA * Letícia Franco Maculan Assumpção

PROCESSO Nº: APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO APELANTE: FAZENDA NACIONAL APELADO: EDIFICIO BARCELONA

Nº COMARCA DE CAPÃO DA CANOA MIGUEL JORDÃO MILANI A C Ó R D Ã O. Vistos, relatados e discutidos os autos.

Superior Tribunal de Justiça

Advogados : Wanuza Cazelotto Dias dos Santos Barbieri (OAB/RO 2.326), Celso Ceccato (OAB/RO 111) e outros

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 6ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA SENTENÇA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL

RELATÓRIO. 3. Sem contrarrazões. 4. É o relatório.

Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Gabinete da Desembargadora Marilia de Castro Neves Vieira

SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

PERGUNTAS FREQUENTES CUSTAS JUDICIAIS

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT - 1º TURMA

Superior Tribunal de Justiça

Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE A C Ó R D Ã O

AULA 8 31/03/11 O RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

RELATÓRIO. 4. É o que havia de relevante para relatar. VOTO

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de

24/06/2014 SEGUNDA TURMA

Se aração, ivórcio e Inventário por Escritura Pública

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Quarta Câmara Cível 5ª Av. do CAB, nº Centro - CEP: Salvador/BA ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos esses autos de apelação cível nº , em que é apelante Camila Vitoria Oliveira Batista da Silva.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVIL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL DECISÃO DO RELATOR

APELADO: FAZENDA NACIONAL RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT - 1º TURMA

Escrito por Itacir Schilling Sáb, 08 de Novembro de :21 - Última atualização Sáb, 08 de Novembro de :30

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RELATÓRIO. O Sr. Des. Fed. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO (Relator Convocado):

Foram apresentadas as contrarrazões pela UFCG agravada dentro do prazo legal. É o relatório.

Superior Tribunal de Justiça

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO PARECER Nº

VISTOS, relatados e discutidos os autos da Apelação Cível, acima descrita: RELATÓRIO

4. Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório.

RECURSO Nº ACÓRDÃO Nº

Decisão Monocrática V O T O Nº 20917

MONIQUE ANDRADE DE OLIVEIRA. MERCADO BARRABELLA LTDA. EPP (sucessora de Mini Market Barrabella Ltda.)2. Giselle Bondim Lopes Ribeiro

TRT-RO

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2 a REGIÃO

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA OFICINA DO NOVO CPC AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO E EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

Sumário. Prefácio, xv

A C Ó R D Ã O. Agravo de Instrumento nº

Superior Tribunal de Justiça

DE EXCEÇÃO Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA-GERAL. Processo PGT/CCR/PP/Nº 18561/2013

D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL

Dados Básicos. Ementa. Íntegra

Nº /2015 ASJCIV/SAJ/PGR

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ALEXANDRE LAZZARINI (Presidente) e THEODURETO CAMARGO.

ENIO PROTASIO MEINHART ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

PROCESSO Nº CSJT-Cons A C Ó R D Ã O (C S J T) BL/rk/BL

RELATÓRIO. O EXMO. DESEMBARGADOR FEDERAL IVAN LIRA DE CARVALHO (Relator Convocado):

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR CLÁUDIO ANTÔNIO CASSOU BARBOSA Órgão Julgador: 9ª Turma

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO

Superior Tribunal de Justiça

Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro 13ª Câmara Cível

RESOLUÇÃO TCE/MA Nº 214, DE 30 DE ABRIL DE 2014.

Jtíf *L PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

APELAÇÃO CÍVEL Nº RECUSA DE LIGAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. FUNDADA NA ALEGAÇÃO DE LOTEAMENTO IRREGULAR. IMPOSSIBILIDADE.

Superior Tribunal de Justiça

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

Transcrição:

CONSELHO DA MAGISTRATURA PROCESSO Nº 0257353-26.2011.8.19.0001 RELATOR: DES. RICARDO COUTO DE CASTRO A C Ó R D Ã O Reexame necessário. Dúvida formulada pelo Oficial do 9 Ofício de Registro de Imóveis da Capital. Requerimento para registro de Carta de Sentença extraída dos autos da separação consensual. Existência de cláusula de doação. Sentença que julgou a Dúvida improcedente. Apreciação do feito em razão do reexame necessário. Desnecessidade de escritura pública. Sentença homologatória tem a mesma eficácia da escritura pública. Confirmação da sentença. Precedente do STJ e TJRJ.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de n 0257353-26.2011.8.19.0001 em que é interessado HARLEY FRAMBACH DE MOURA JÚNIOR e suscitante o CARTÓRIO DO 9º OFÍCIO DO REGISTRO DE IMÓVEIS/RJ, ACORDAM os Desembargadores integrantes do CONSELHO DA MAGISTRATURA, por unanimidade, em manter a sentença que julgou a duvida improcedente, nos termos do relatório e voto do Relator. Trata-se de Dúvida suscitada pelo Oficial do 9 Ofício de Registro de Imóveis da Capital, que se iniciou através de requerimento formulado por Harley Frambach de Moura Júnior, para registro de Carta de Sentença extraída dos autos da separação consensual de Harley Frambach de Moura e Jacira Pinto Quintanilha de Moura, processada na 1ª Vara Cível Regional de Jacarepaguá. No título apresentado para registro consta doação do imóvel, situado na Rua Pinto Teles, nº 320, apartamento 804, bloco 01, nesta cidade, para os três filhos do casal, Patrícia Maria Quintanilha de Moura, Harley Frambach de Moura Junior e Soraya Quintanilha de Moura, bem como usufruto para a ex- cônjuge Jacira Pinto Quintanilha de Moura. O Oficial Registrador entendeu não proceder ao requerido sob o fundamento de que a sentença de homologação da partilha alcançou terceiros, o que não seria possível em sede de Juízo de Família.

Manifestação do interessado perante o Oficial Registrador às fls. 32/34, afirmando que o ato de doação dos ex-cônjuges em favor de seus três filhos procedeu-se diante da autoridade judicial, de acordo com as formalidades legais, do art. 541 do Código Civil de 2002, antigo art. 1168 do Código Civil de 1916. O Oficial, às fls. 39, reitera os termos da Dúvida. Promoção do Ministério Público, às fls. 40, pela improcedência da dúvida, entendendo assistir razão ao interessado. Sentença de improcedência às fls. 41/42, considerando que a partilha homologada corporifica a doação com reserva de usufruto, sendo desnecessária a lavratura de escritura pública de doação. Remetidos os autos ao E. Conselho da Magistratura, o Ministério Público oficiou às fls. 45/53, pela reforma do julgado. É O RELATÓRIO. DECIDO A questão travada nos autos trata da possibilidade de inclusão, no bojo da Carta de Sentença expedida por ocasião da separação consensual do casal Harley Frambach de Moura e Jacira Pinto Quintanilha de Moura, de doação com reserva de usufruto, para os três filhos do casal, do único imóvel adquirido pelos ex-cônjuges.

Nos autos, a parte interessada afirma que o ITD incidente fora recolhido, o que não fora contestado pelo Oficial, a quem cabe a fiscalização acerca do recolhimento de tributos. Assim, a única controvérsia reside sobre a necessidade de realização de escritura pública específica para formalização da doação praticada na partilha de bens homologada por sentença. Neste âmbito, entende-se que a doação praticada perante um magistrado é ato que se reveste da formalidade e da solenidade exigidas para os atos que envolvem a transferência de domínio, possuindo a mesma característica de solenidade e de importância civil que possui a manifestação de vontade realizada perante o tabelião, no momento da lavratura da escritura pública. Em sendo assim, não há necessidade da lavratura de escritura pública, valendo transcrever jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça nesse sentido: DIREITO CIVIL SEPARAÇÃO CONSENSUAL PARTILHA DE BENS DOAÇÃO PURA E SIMPLES DE BEM IMÓVEL AO FILHO HOMOLOGAÇÃO SENTENÇA COM EFICÁCIA DE ESCRITURA PÚBLICA ADMISSIBILIDADE. Doado o imóvel ao filho do casal, por ocasião do acordo realizado em autos de separação consensual, a sentença homologatória tem a mesma eficácia da escritura pública, pouco importando que o bem esteja gravado por hipoteca. Recurso especial não conhecido, com ressalvas do relator quanto à terminologia. (REsp 32895 / SP RECURSO ESPECIAL 1993/0006403-7 - Relator(a) Ministro CASTRO

FILHO (1119) - Órgão Julgador T3 - TERCEIRA TURMA - Data do Julgamento 23/04/2002 - Data da Publicação/Fonte DJ 01/07/2002 p. 335). No mesmo sentido posiciona-se este E. Tribunal: APELAÇÃO CÍVEL - DECISÃO MONOCRÁTICA - AÇÃO DE DIVÓRCIO CONSENSUAL - SENTENÇA QUE DECRETOU O DIVÓRCIO, MAS RESSALVOU A EXISTÊNCIA DE BENS A PARTILHAR - REQUERENTES QUE ACORDARAM A PROMESSA DE DOAÇÃO DE IMÓVEIS EM FAVOR DOS FILHOS DO CASAL - JURISPRUDÊNCIA QUE TEM ACEITO A INCLUSÃO DE CLÁUSULA DE PROMESSA DE DOAÇÃO, NAS AÇÕES DE DIVÓRCIO OU DE SEPARAÇÃO JUDICIAL, RETIRANDO-LHE, CONTUDO, A NATUREZA DE MERA LIBERALIDADE REQUERENTES QUE NÃO COMPROVAM A POSSE OU A PROPRIEDADE DOS IMÓVEIS, TAMPOUCO DISCRIMINAM O IMÓVEL QUE CABERÁ A CADA UM DOS FILHOS IMPOSSIBILIDADE DE HOMOLOGAÇÃO DA PARTILHA ACORDADA - RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO, NA FORMA DO ARTIGO 557, CAPUT, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. (APELACAO Nº 0003131-70.2011.8.19.0073DES. MARIO GUIMARAES NETO - Julgamento: 27/09/2012 - DECIMA SEGUNDA CAMARA CIVEL ) Finalmente, ressalte-se que, nos autos dos processos nº 235098-40.2012.8.19.0001 e 0231478-20.2012.8.19.0001, relatados pelo E. Desembargador André Gustavo Correa de Andrade, já houve manifestação nesse sentido.

Assim, apreciando o feito em razão do reexame necessário, julga-se improcedente a dúvida suscitada. Rio de Janeiro, 21 de fevereiro de 2013. Desembargador RICARDO COUTO DE CASTRO Relator