150 Gleibe Pretti. Art. 5º. A todo trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção de sexo.



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Transcrição:

Arts. 4º ao 6º Introdução A empresa recorreu ao TST insistindo no cerceamento de defesa e apontou ofensa ao art. 844 da CLT, cujo parágrafo único prevê a suspensão do julgamento caso ocorra motivo relevante para o não comparecimento das partes na audiência. O relator do processo, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, manteve a decisão do TRT, uma vez que não foi caracterizado o acidente como motivo relevante. A multa do art. 477, no entanto, foi afastada, porque a controvérsia a respeito da existência de vínculo empregatício somente foi decidida em juízo. (RR 11976-2002-900-06-00.9) Art. 4º. Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada. Parágrafo único Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço militar (VETADO) e por motivo de acidente do trabalho. (Incluído pela Lei nº 4.072, de 16.6.1962) Art. 5º. A todo trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção de sexo. Art. 6º. Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego. (Alterado pela Lei nº 12.551, de 15.12.2011) Parágrafo único Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. (Incluído pela Lei nº 12.551, de 15.12.2011) 150 Gleibe Pretti

Introdução Arts. 4º ao 6º Empregado em domicílio Empregado em domicílio é aquele empregado típico, com subordinação, não eventual e remunerado. O trabalho em domicílio é o executado na habitação do empregado ou em oficina de família, por conta de empregador que o remunere. Dispõe o art. 83 da CLT que é devido o salário mínimo ao trabalhador em domicílio. De acordo com o art. 70 do Código Civil, domicílio é o local onde a pessoa estabelece sua residência com ânimo definitivo. Em suma, o empregado em domicílio trabalha em sua casa, como ocorrem com as costureiras, overloquistas, bordadeiras etc. Por outro lado, a realização da atividade em outro local não impede a existência do requisito da subordinação. A remuneração mínima do empregado em domicílio é de, pelo menos, um salário mínimo por mês, conforme preceitua o art. 83 da CLT. Vaticina o art. 6º da CLT: não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador e o executado no domicílio do empregado, desde que esteja caracterizada a relação de emprego. O empregado em domicílio tem todos os direitos trabalhistas de um empregado convencional, porém não faz jus a horas extras em razão da ausência de controle por parte do empregador, caso a jornada de trabalho extrapole um período de 8 horas diárias, passará a ter direito ao percebimento de horas extras. Cabe esclarecer que diante de acidente de trabalho sem registro na CTPS e um trabalho por prazo determinado, o empregado em domicílio terá direito à estabilidade de 12 meses, e de toda sorte a gestante também alcança tal estabilidade. Jurisprudência: RELAÇÃO DE EMPREGO TRABALHO EXECUTADO NO DOMI- CÍLIO DO EMPREGADO CONFIGURAÇÃO. Declara-se a existência da relação de emprego quando evidenciado nos autos que a reclamante, no âmbito residencial, realizava tarefas essenciais ao empreendimento econômico da reclamada, trabalho esse também desempenhado dentro do seu próprio estabelecimento, por empregados por ela contratados. O regime domiciliar não obsta o reconhecimento do vínculo empregatício (art. 6-a da CLT). Nesse sentido, na medida em que a empresa optou pelo serviço prestado no âmbito residencial abriu mão da subordinação direta para fazer uso da indireta, que, como dito, não desnatura o contrato de trabalho. In casu, a subordinação delineia-se com a integração CLT Comentada com Doutrina e Jurisprudência 151

Arts. 7º e 8º Introdução da atividade da reclamante na atividade-fim da empresa que, por certo, já conta, periódica e constantemente, com a entrega dos trabalhos prestados pela laborista, realizando, assim, a sua finalidade produtiva. (TRT 3ª Região. RO 01560-2007-014-03-00-2. 8ª Turma. Relatora Convocada Maria Cristina Diniz Caixeta. Data 26-07-2008) Art. 7º. Os preceitos constantes da presente Consolidação salvo quando for em cada caso, expressamente determinado em contrário, não se aplicam: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 8.079, 11.10.1945) a) aos empregados domésticos, assim considerados, de um modo geral, os que prestam serviços de natureza não-econômica à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas; b) aos trabalhadores rurais, assim considerados aqueles que, exercendo funções diretamente ligadas à agricultura e à pecuária, não sejam empregados em atividades que, pelos métodos de execução dos respectivos trabalhos ou pela finalidade de suas operações, se classifiquem como industriais ou comerciais; c) aos funcionários públicos da União, dos Estados e dos Municípios e aos respectivos extranumerários em serviço nas próprias repartições; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 8.079, 11.10.1945) d) aos servidores de autarquias paraestatais, desde que sujeitos a regime próprio de proteção ao trabalho que lhes assegure situação análoga à dos funcionários públicos. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 8.079, 11.10.1945) Parágrafo único (Revogado pelo Decreto-lei nº 8.249, de 1945) Art. 8º. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do 152 Gleibe Pretti

Introdução Arts. 7º e 8º direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Parágrafo único O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste. Fontes do direito do trabalho O Direito do Trabalho possui fontes formais e materiais. As fontes materiais são os fatos que inspiram o legislador a editar a lei. As fontes formais são as impostas pelo ordenamento jurídico, e se dividem em diretas e indiretas. As fontes formais indiretas do Direito do Trabalho são a jurisprudência, a doutrina, os princípios gerais do Direito e o Direito Comparado. Veja brevemente cada uma delas, logo adiante. A jurisprudência, conforme nos ensina, é a interpretação da lei feita pelos juízes e Tribunais nas suas decisões. Depois de reiteradas decisões jurisprudenciais no mesmo sentido, os Tribunais emitem súmulas e precedentes normativos acerca das decisões, que embora não obriguem o juiz em suas decisões, são formas de orientação. Como exceção da obrigatoriedade, existe a Súmula vinculante do STF, introduzida pela EC 45/2004 e a decisão definitiva de mérito proferida pelo STF na ação de constitucionalidade. Insta relembrar que não se usa mais a expressão Enunciados para referir às Súmulas (Resolução 129/2005 do TST). Os Tribunais poderão emitir, além das Súmulas, os precedentes normativos. A Orientação Jurisprudencial (OJ) são tendências, incidentes passíveis de uniformização jurisprudencial caminhando para se transformarem em Súmulas. A doutrina refere-se aos comentários, aulas, tratados, pareceres, monografia, são os posicionamentos dos pensadores do Direito. Os princípios e normas gerais do direito são essenciais ao direito e são critérios que, muitas vezes não expressos, constituem os pressupostos lógicos necessários das normas legislativas. O direito comparado remete-nos às normas aplicadas a outros países desde que não haja sobreposição do interesse de uma classe particular sobre o interesse público. CLT Comentada com Doutrina e Jurisprudência 153

Arts. 7º e 8º Introdução De acordo com o art. 8º da CLT, na ausência de legislação, aplica-se a jurisprudência, a analogia, a equidade, os princípios e normas gerais do Direito, os usos e costumes e o Direito Comparado para solucionar questões trabalhistas. A analogia e a equidade são utilizadas quando não houver norma prevista em lei. A analogia consiste em aplicar a um caso concreto disposição relativa a caso semelhante. Já a equidade é a criação de uma solução própria na hipótese em que a lei for omissa. A analogia assim como a equidade são técnicas de integração com o intuito de suprir lacunas na lei. As fontes formais diretas encontradas no Direito do Trabalho são: a Constituição, as leis, os decretos, portarias, regulamentos, instruções, os costumes, as sentenças normativas, os acordos e convenções coletivas, os regulamentos empresariais e os contratos de trabalho. A Constituição é uma fonte de imensa importância para o Direito do Trabalho uma vez que dela se emanam todas as normas. A Constituição brasileira estabelece em seus arts. 7º ao 11º os direitos básicos dos trabalhadores e de suas entidades representativas. De acordo com o art. 22, I da CF, compete à União legislar sobre Direito do Trabalho. As leis ordinárias são normas cujo processo de elaboração, tramitação e aprovação é ordinário, conforme estabelece o art. 61 da Constituição Federal. A CLT é a principal legislação trabalhista, contudo não é um código, e sim o Decreto-lei nº 5.452/43. Há diversas outras leis esparsas que versam sobre a legislação trabalhista. Os decretos, portarias, regulamentos e instruções são instrumentos previstos em lei que, sem o poder de alterá-las, são aptos a regulamentá-las, explicando-as e detalhando-as. O uso e costume são condutas reiteradas e aceitas como sendo um direito, podendo se referir a uma única empresa, a toda uma categoria econômica, ou até, a todo o sistema trabalhista. As sentenças normativas são decisões proferidas pelos Tribunais do Trabalho quando julgados os dissídios coletivos e abrange toda a categoria econômica e seus respectivos empregados. É reconhecida no art. 7º, XXVI da CF, e seu fundamento está no art. 114, 2º da CF. Ocorre quando os sindicatos não chegam em um consenso na negociação coletiva ou na arbitragem, resultando assim na instauração do dissídio coletivo. A decisão desse dissídio coletivo resulta na sentença normativa, e esta deve respeitar as condições mínimas de proteção ao trabalhador (art. 114, 2º da CF). Os acordos coletivos são ajustados entre sindicato dos empregados e uma ou mais empresas (art. 611, 1º da CLT), enquanto as convenções coletivas são ajustes firmados entre o sindicado dos empregados e o sindicato patronal (art. 611 154 Gleibe Pretti

Introdução Arts. 7º e 8º da CLT). Tanto o acordo como a convenção possuem um efeito normativo acarretando com isso na obrigação do cumprimento do que foi estabelecido. A diferença é que as convenções atingem todos os trabalhadores e empresas integrantes da mesma categoria, dentro do território do respectivo sindicato. Já o acordo coletivo obriga o sindicato, a empresa e todos os seus empregados. Tanto o acordo quanto a convenção coletiva possuem um prazo máximo de 2 anos e devem ser formalizados por escrito, sem rasuras ou emendas, em tantas vias quanto forem os contratantes, passando a vigorar 3 dias após a entrega da via depositada para registro e arquivamento no órgão do Ministério do Trabalho. Os regulamentos de empresa foram instituídos para disciplinar as condições gerais de trabalho, como promoções, prêmios. Integra o contrato de trabalho e abrange todos os empregados desde o início da vigência do contrato de trabalho e é considerado fonte extraestatal, autônoma. Sua concordância pode ser tácita. É um contrato unilateral, mas nada impede a participação dos empregados na sua elaboração. No contrato de trabalho são estipulados direitos e deveres das partes pactuantes, ou seja, empregado e empregador, onde são aprazados condições de trabalho (art. 8º da CLT). Princípios do direito do trabalho Os princípios são a base do direito. No Direito do Trabalho são fundamentos que nos permitem orientar, na falta de disposições legais ou contratuais, a exata compreensão das normas, cujo sentido é obscuro, complementando estas lacunas da lei. Assim, diante da falta de dispositivo legal, aplica-se os princípios (art. 8º da CLT). No Direito do Trabalho existem princípios específicos previstos na Constituição Federal, dentre eles: Igualdade nas relações de trabalho e garantia da dignidade da pessoa humana; Art. 5º, XIII Liberdade de exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão; Art. 7º, I Proteção contra dispensa arbitrária ou sem justa causa; Art. 7º, VI Irredutibilidade dos salários; Art. 7º, XXVI Reconhecimento das Convenções e Acordos Coletivos; Art. 7º, XXVII Proteção em face da automação; Art. 7º, XXX, XXXI, XXXII Princípio da não discriminação nas admissões, contratação ou extinção do contrato de trabalho; CLT Comentada com Doutrina e Jurisprudência 155

Arts. 7º e 8º Introdução Art. 8º Liberdade sindical; Art. 9º Direito de greve; Art. 11 Representação dos trabalhadores nas empresas; Estabelece o art. 8º da CLT que as autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do Direito do Trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. São princípios próprios do Direito do Trabalho: o princípio da proteção ao trabalhador, que se desdobra em in dubio pro operario, na norma mais favorável, e na condição mais benéfica. O princípio da norma mais favorável que também se desdobra no princípio da hierarquia das normas, princípio da elaboração da norma mais favorável e princípio da interpretação mais favorável. Além destes, tem o princípio da irrenunciabilidade dos direitos, o princípio da continuidade da relação de emprego, o princípio da primazia da realidade e o princípio da flexibilização do direito do trabalho. Princípio da proteção do trabalhador O princípio da proteção ao trabalhador tem por objetivo equilibrar a relação laboral tornando-se uma forma de compensar a desigualdade econômica presente nas relações de emprego, ou seja, tratar desigualmente os desiguais, na medida em que se desigualam (Rui Barbosa). Desdobra-se no in dubio pro operario, nas regras da aplicação da condição mais benéfica e da norma mais favorável. O in dubio pro operario determina que, havendo dúvida, o aplicador da lei deve optar pela solução mais favorável ao empregado. A verdadeira aplicação do princípio do in dubio pro operário está na aferição e valoração dos fatos no processo do trabalho para que assim possa se obter a verdade e eliminar a dúvida. Jurisprudência: PRINCÍPIO IN DUBIO PRO OPERARIO. ÔNUS DA PROVA. O princípio in dubio pro operario se traduz em critério de interpretação da norma trabalhista, quando comportar mais de uma interpretação viável. Não se presta a subverter o ônus da prova no processo do trabalho. 156 Gleibe Pretti

Introdução Arts. 7º e 8º Assim, não tendo a reclamante se desincumbido satisfatoriamente de seu ônus probatório quanto ao recebimento de prêmios por fora dos recibos mensais, impõe-se a manutenção do julgado de origem. (TRT 2ª Região. Processo nº: 00925-2005-017-02-00-4. Ano: 2007. Turma: 12ª. Relator: Adalberto Martins. Data de Publicação: 03/04/2009) A aplicação da condição mais benéfica estabelece que mesmo que sobrevenha uma norma mais nova, esta nunca deverá servir para diminuir as condições mais favoráveis ao trabalhador, permanecendo neste caso o trabalhador na situação anterior se mais favorável. Quando houver mais de uma norma aplicável, a opção é aplicar aquela que seja melhor ao empregado, mesmo que hierarquicamente inferior. Jurisprudência: BANESPA. DIFERENÇAS DE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSEN- TADORIA. Tratando-se de complementação de aposentadoria, incide, na hipótese, o entendimento da Súmula 288 do C. TST, aplicando-se a norma em vigor na data de admissão, se mais benéfica. Assim, no caso concreto deve ser aplicado o Regulamento Interno de 1965, em seu art. 106 e parágrafo, que não traçou forma específica de cálculo dos proventos de aposentadoria, incidindo, como suporte interpretativo, o vetor principiológico que elege a prevalência da norma mais favorável e da condição mais benéfica. Daí porque o cálculo deve ser realizado como pretendido na inicial e previsto na norma originária mais favorável, ou seja, utilizando-se o divisor 30, multiplicado pelo tempo de serviço efetivo incidente sobre o resultado da subtração dos proventos de INSS do salário-base (remuneração efetiva da categoria) da época da aposentadoria, que resulta em complemento de aposentadoria maior do que o pago pela reclamada, consoante cálculos embasados na fórmula traçada no Regulamento Interno de 1975, art. 87, parágrafo 8º. (TRT 2ª Região. Processo nº: 00091-2008-026-02-00-0. Ano: 2009. Turma: 4ª. Relator Ricardo Artur Costa e Trigueiros. Data: 03/07/2009) O Princípio da norma mais favorável também pode ser desdobrado em três: princípio da hierarquia das normas, princípio da elaboração da norma mais favorável e princípio da interpretação mais favorável. Determina o princípio da hierarquia que independente da hierarquia entre as normas sempre deverá ser aplicada a que for mais benéfica ao empregado. CLT Comentada com Doutrina e Jurisprudência 157