Liquidação de Sentença e suas Modificações



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Transcrição:

Processo Sincrético No Novo CPC temos apenas dois processos: de conhecimento e de execução. Deixa de haver o processo cautelar, porém as cautelares foram alocadas para o livro da Tutela Provisória. Inicia-se o processo de conhecimento com a petição inicial, resultando em uma sentença, evoluindo-se então o processo de execução, que é da sentença ao pagamento. O Novo Código de Processo Civil é um processo apenas com duas fases, de conhecimento e de execução. Agora sincretismo processual continua, de maneira que o Livro I da Parte Especial do novo CPC, é denominado "Do Processo de Conhecimento e do Cumprimento de Sentença". O Livro II é denominado "Processo de Execução dos Títulos Executivos Extrajudiciais (cheque NP, contratos etc.) e o Livro III é destinado a tratar basicamente dos Recursos. Os recursos saem do processo de conhecimento do CPC de 1973 e no CPC de 2015 ganha livro próprio. Pretensa Redução de Recursos no NCPC Foi extinto o agravo retido, todavia, tal recurso, de pouca utilização, quase nada representou em termos de efetividade. Foi extinto os Embargos Infringentes, todavia, sempre que um julgamento de apelação tiver votação por maioria, outros desembargadores serão chamados para julgar novamente o caso. Deixou-se de ter os Embargos Infringentes para fazer prevalecer o voto divergente, todavia, tendo embargos de apelação com votos por maioria, outros juízes deverão ser chamados para refazer o julgamento, caso em que se trata de "embargos infringentes de ofício". Então, deixou-se de ter os embargos infringentes, que eram manuseados pelas partes, para ter os Embargos Infringentes automáticos ou de ofício, pois independerão de pedido das partes. No caso da apelação, que se pretendia que perdesse o efeito suspensivo, permaneceu na mesma, ou seja, com os efeitos suspensivos, sendo que a novidade foi apenas no sentido de que o juiz de primeiro grau não faz mais controle de admissibilidade da apelação. O Advogado encaminha o recurso de apelação ao juiz do primeiro grau, que a recolhe com as contrarrazões e a remete ao Tribunal, o qual fará o controle de admissibilidade. Os pressupostos de controle de admissibilidade realizado pelo Tribunal consiste em tempestividade, preparo etc. Desta forma, os recursos permanecem os mesmos. Liquidação de Sentença e suas Modificações

Na liquidação de sentença tivemos modificação apenas em relação a sua sistemática, não havendo alteração na matéria. No CPC de 1973 a liquidação de sentença estava na parte de execução e passa para o processo de conhecimento. Deixamos de ter o procedimento sumário, tendo agora somente o procedimento comum e eventualmente os procedimentos especiais (possessória, consignação em pagamento etc.). Desta maneira, em termos de procedimento gral, temos apenas o procedimento comum, que nada mais é que o rito ordinário. Neste procedimento comum, detectamos somente uma diferença em relação ao anterior rito ordinário, que é a realização de uma audiência de conciliação e mediação no começo. Tirando referida audiência, os demais procedimentos são os mesmos do rito ordinário, portanto, nenhuma novidade relevante no que tange a este procedimento. Tipos de Liquidação de Sentença Temos três tipos de liquidação de sentença: 1 Liquidação por Arbitramento; 2 Liquidação por Artigos; e 3 Liquidação por Cálculo. Impende salientar que a liquidação por cálculos deixa de compor o rol taxativo, embora permaneça da mesma forma, eis que foi transferia da liquidação para a execução. Portanto, ao se falar em liquidação de sentença, se fala somente em liquidação por arbitramento e liquidação por artigos. Liquidação por Arbitramento A liquidação por arbitramento está regrada no Novo Código de Processo Civil que estabelece: Art. 510. Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o procedimento da prova pericial. Esta modalidade de liquidação é utilizada sempre que para se chegar ao valor da condenação, o quantum debeatur, se faz necessário a atuação de um perito ou algo do gênero, para se chegar a um valor, como no caso de desvalorização de imóvel, que não foi apurado na fase de conhecimento, mas agora na fase liquidatória. Nesta modalidade de liquidação não tem contestação, sendo que a contestação caberá na liquidação pelo procedimento comum.

Se faz o requerimento de liquidação e se parte para a perícia, no entanto, as partes podem trazer documentos, pareceres, para substituir a perícia, com elementos técnicos para que o arbitramento possa ser realizado. Liquidação por Artigos Denominada no Novo CPC de Liquidação Pelo Procedimento Comum, Esta modalidade de liquidação é utilizada quando precisar ser alegado e provado fato novo, como no caso de sentença penal condenatória transitada em julgado, a qual tem a finalidade indenizatória pelo ato do criminoso. Liquida-se o valor da indenização pelo crime cometido, no cível, o que exige a alegação de fato novo, em razão da extensão do dano, como dano moral, dano estético, lucro cessantes, lucros emergentes etc. Desta maneira a quantificação de tais danos depende de prova de um fato novo. No CPC de 1973, tais se realizavam por cálculo. Na nova ordem processual, no que se refere à liquidação, o legislador, no artigo 509, estabelece: Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor: I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação; II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo. 1º Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta. 2º Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença. 3º O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará à disposição dos interessados programa de atualização financeira. 4º Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou. Da exegese do artigo 509, do Novo Código de Processo Civil, verificamos que o legislador tratou apenas de dois tipos de liquidação, ou seja, a liquidação por arbitramento e a liquidação pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo. Com o Novo CPC, apenas houve alteração na nomenclatura. Desta maneira, a liquidação por arbitramento continua. A liquidação por artigos continua, todavia, com nome novo: liquidação por procedimento comum. Liquidação por Cálculo No que se refere à liquidação por cálculo, ela continua, no entanto, ela foi transladada da liquidação para a execução.

A liquidação por cálculo não tem nenhum procedimento, eis que o juiz não dará nenhuma decisão por liquidação por cálculo. Quem faz referido cálculo é o credor, por meio de memória do cálculo. Passa a ser expressamente uma providencia da execução, para o cumprimento de sentença. Liquidação pelo Procedimento Comum Como dito alhures, a liquidação pelo procedimento comum é a nova nomenclatura da liquidação por artigos, a qual é claramente tratada no artigo 511, que estabelece: Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, a seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial deste Código. É preciso que o devedor seja intimado para contestar. Aqui temos um complicador. Já se tem a sentença, eis que o procedimento comum restou desenvolvido, com contestação, citação, produção de provas. Se tiver que fazer liquidação pelo procedimento comum, começa tudo de novo.

Intima o requerido para contestar em 15 e se aplica o mesmo procedimento comum, visando chegar na sentença de liquidação, que completa a sentença de mérito. A sentença de mérito só resta completa quando tiver o valor. Em razão de se ter que aplicar todo o procedimento comum na liquidação, implica em utilização de todos os procedimentos, inclusive contestação, o que dá a impressão de uma enorme morosidade para realmente se chegar à finalização com a sentença de mérito completa. O ideal é não se utilizar da liquidação pelo procedimento comum. No processo sincrético, se inicia a fase de conhecimento por uma petição inicial, cita-se o réu, ocorre a contestação e se chega à sentença. Sendo a sentença ilíquida, por não conter valor, ela não pode ser executada imediatamente. Agora o advogado faz um requerimento pedindo a liquidação. Sendo pelo procedimento comum, vai intimar a parte contrária para contestar, produzir provas e se chega a decisão de liquidação. Impende salientar que da sentença cabe recurso, apelação e demais recursos, até chegar a coisa julgada. Na decisão de liquidação, cabe agravo de instrumento e quando transitar em julgado, se requer execução para receber o valor. Assim, verificamos que temos 3 fases: fase 1, de conhecimento; fase 2 de liquidação; e 3 fase de cumprimento. Em tese isto não dá certo, por isso se vale da liquidação provisória. Liquidação Provisória O artigo 512 do Novo Código de Processo Civil estabelece que: Art. 512. A liquidação poderá ser realizada na pendência de recurso, processando-se em autos apartados no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes. Feita a inicial, contestada e resultando numa sentença, mesmo que haja recurso, pede-se a liquidação provisória. Pede-se a liquidação provisória ainda que a apelação tenha duplo efeito. Recebida no duplo efeito a sentença não permite a liquidação. Em tese, saindo a sentença a parte deveria pagar, mas ela pode recorrer. Ela recorrendo, desde logo se pede a liquidação provisória, tanto na liquidação por arbitramento ou por procedimento comum. Não sendo pedida a liquidação provisória, não se aplica a regra do artigo 512, mas a do artigo 511 e aí é só sofrimento em razão da morosidade. Então, a apelação recebida no duplo efeito, proíbe a execução, mas não obsta a liquidação provisória. Mesmo com efeito suspensivo e em fase de recurso, se permite a liquidação provisória.

O processamento se dará em autos apartados. Modalidades de Cumprimento de Sentença Na Parte Especial do Novo Código de Processo Civil, Livro I, Título II, temos o Cumprimento de Sentença. O legislador foi esmerado ao elaborar as nomenclaturas, com preciosismo processualista, que resumidamente são as seguintes: - Capítulo I Das disposições gerais; - Capítulo II Execução Provisória; - Capítulo III Execução Definitiva; - Capítulo IV Execução de alimentos; - Capítulo V Execução Contra a Fazenda Pública; e - Capítulo VI Sentença Mandamental. Em razão de se ter substituído a palavra execução de sentença por cumprimento de sentença, resultou nos títulos enormes, que acima resumi, todavia, expressamente o Código traz: - Capítulo I Das disposições gerais; - Capítulo II Do Cumprimento Provisório da Sentença Que Reconhece a Exigibilidade de Obrigação de Pagar Quantia Certa - Execução Provisória; - Capítulo III Do Cumprimento Definitivo da Sentença que Reconhece a Exigibilidade de Obrigação de Pagar Quantia Certa - Execução Definitiva; - Capítulo IV Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de Prestar Alimentos - Execução de alimentos; - Capítulo V Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de Pagar Quantia Certa Pela Fazenda Pública - Execução Contra a Fazenda Pública; e - Capítulo VI Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de Fazer, de Não Fazer ou de Entregar Coisa - Sentença Mandamental. Sujeitos do Processo em Relação ao Juiz Os poderes, deveres e responsabilidade do juiz estão dispostos no artigo 139 do Novo Código de Processo Civil, que estabelece: Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento; II - velar pela duração razoável do processo; III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias;

IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais; VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso; IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais; X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o Art. 5º da Lei n o 7.347, de 24 de julho de 1985, e o Art. 82 da Lei n o 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva. Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser determinada antes de encerrado o prazo regular. Aqui destacamos o disposto no inciso IV, de maneira que o juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária. Para fazer executar e efetivar qualquer ordem judicial. Este dispositivo municiou os juízes com poder geral de efetivação de qualquer ordem judicial, inclusive de pagar quantia. Este dispositivo basta, om sua aplicação, sua aplicação para fazer valer o disposto nos artigos 513 a 535, nas obrigações de fazer, não fazer e entregar. Este artigo permite ao juiz aplicar ao devedor multa diária, caso ele não queira pagar quantia certa. Desta forma, dentro da proporcionalidade e razoabilidade, o juiz verificará qual medida deve ser aplicada no caso concreto. Cumprimento de Sentença por Quantia Certa O CPC de 1973 trata da matéria no art. 475-J, sendo que o Superior Tribunal de Justiça fez profundas alterações na interpretação deste artigo. Tinha a sentença que transitou em julgado. Os autos baixam ao primeiro grau e as partes são intimadas. O credor por seu advogado requer o cumprimento

de sentença, instruído com a memória atualizada com o cálculo aritmético. O juiz intima o devedor pelo advogado. Intimado, abre prazo de 15 dias para pagar, sob pena de não pagando, ser multado em 10% e honorários advocatícios. Agora, sobre os valores resultantes, incidirá a penhora. Feita a penhora, intima-se o devedor pelo advogado para que em 15 dias o executado impugne. No CPC de 2015, a matéria é tratada no artigo 513, que consolidou os entendimentos do STJ e ainda realizou as modificações necessárias para resolver os problemas que se enfrentava até então. Assim, o cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do exequente, devendo ser intimado o devedor. A regra é que o devedor será intimado para cumprir a sentença pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos. O devedor não tendo advogado, outros meios foram colocados pelo legislador para resolver, de maneira que a intimação será por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos. A intimação, no caso do devedor residir em condomínio, a citação será recebida pelo porteiro. Assim sendo, o devedor não tendo advogado constituído, será intimado pelo correio com aviso de recebimento. Se o réu foi citado na fase de conhecimento e foi revel, será intimado novamente por edital no cumprimento de sentença. O artigo 513 em seu 4º estabelece que: 4º Se o requerimento a que alude o 1º for formulado após 1 (um) ano do trânsito em julgado da sentença, a intimação será feita na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de recebimento encaminhada ao endereço constante dos autos, observado o disposto no parágrafo único do Art. 274 e no 3º deste artigo. Passado um ano do trânsito em julgado da sentença, o devedor deverá ser intimado pessoalmente pelo correio e não mais o advogado. É preciso atenção para a ocorrência da prescrição intercorrente. Cumprimento Definitivo O cumprimento de sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa, é tratado no artigo 523 do Novo Código de Processo Civil. Havendo condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver, de forma que o legislador expressamente estabeleceu o acréscimo de custas.

Na hipótese de não haver o pagamento voluntário, aplica-se multa de dez por cento e mais dez por cento de honorários advocatícios. Nada obsta que o devedor se antecipe e antes de 15 dias deposite o valor que ele entenda como o correto. Impugnação e o momento de sua apresentação De conformidade com o disposto no artigo 525, do novo Código de Processo Civil, restando transcorrido o prazo do artigo 523 e não havendo pagamento voluntário, abre-se o prazo de quinze dias para que o executado, independentemente de intimação ou penhora, apresente sua impugnação. No CPC de 1973, se exigia a penhora. Já no Novo CPC, a impugnação pode ser feita sem a penhora. O devedor sendo intimado, abre-se o prazo de 15 dias para pagar. Não pagando, abre-se automaticamente o prazo de quinze dias para impugnar. Na impugnação, o executado poderá alegar: I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; II - ilegitimidade de parte; III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; IV - penhora incorreta ou avaliação errônea; V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença. A impugnação não tem efeito suspensivo, todavia, pode ser que por garantia por penhora e um bom argumento, se convença o juiz a dar efeito suspensivo. Exceção de Pré-Executividade O manuseio da exceção de pré-executividade foi uma criação dos Tribunais e da Doutrina, a qual restou legalizada nos artigos 518 e 525 do Novo Código de Processo Civil. Aplica-se o disposto do referido artigo a todas as questões relativas à validade do procedimento de cumprimento da sentença e dos atos executivos subsequentes poderão ser arguidas pelo executado nos próprios autos e nestes serão decididas pelo juiz. Estende-se a aplicação do artigo 518 a todos os cumprimentos de sentença. Da exegese do artigo 518, verificamos que o legislador não falou em impugnação, mas se trata de defesa por simples petição nos próprios autos. O prazo para apresentar exceção de pré-executividade é o disposto no artigo 525 parágrafo 11: as questões relativas a fato superveniente ao término do

prazo para apresentação da impugnação, assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular esta arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato. Desta maneira o prazo da exceção de pré-executividade é de 15 dias. Além da impugnação, a parte poderá apresentar a exceção de préexecutividade. Execução Provisória Somente cabe a execução provisória se o recurso não tiver efeito suspensivo, precisa fazer caução etc. No CPC de 1973, a matéria é do artigo 475-O. No Novo Código de Processo de Civil de 2015, a matéria é tratada no artigo 520: Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime: I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido; II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos; III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução; IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos. 1º No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do Art. 525. 2º A multa e os honorários a que se refere o 1º do Art. 523 são devidos no cumprimento provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa. 3º Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto. 4º A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não implica o desfazimento da transferência de posse ou da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação dos prejuízos causados ao executado.

5º Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-se, no que couber, o disposto neste Capítulo. Agora na execução provisória, cabem tanto a multa de dez por cento quanto os honorários de dez por cento. Desta maneira, no cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do artigo 525, ou seja, transcorrido o prazo de 15 dias sem o pagamento voluntário, inicia-se outro prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação. No que se refere à multa e honorários estabelece o 2º do artigo 520 que a multa e os honorários ( 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento), são devidos no cumprimento provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa. No que se refere ao depósito tempestivo, vindo o executado depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto.