60 ANOS DA CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS NO ESTRANGEIRO A EXPERIÊNCIA DA PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA COMO AUTORIDADE CENTRAL
OBJETIVO GERAL DA PESQUISA A pesquisa teve com objetivo analisar a prática de implementação da Convenção de Nova York sobre a Prestação de Alimentos no Estrangeiro à luz da experiência da Procuradoria-Geral da República, que atua como Autoridade Central designada pelo Estado brasileiro
OBJETIVOS ESPECÍFICOS (i) as principais linhas de atuação; (ii) as estatísticas de atendimento com recortes por categorias; (iii) os principais gargalos e dificuldades; e (iv) as perspectivas e os desafios em sua atuação
METODOLOGIA A pesquisa realizada enquadra-se no método estatístico de trabalho, ou seja, foram levantados dados a partir de uma base de dados estabelecida na Secretaria de Cooperação Internacional (SCI) do Gabinete do Procurador-Geral da República (Portaria PGR/MPF nº 554, de 13 de agosto de 2014). Assim, do conjunto de procedimentos lá existentes sobre a Convenção de 1956, foram selecionados os que tiveram início após a promulgação da Constituição Federal do Brasil de 1988.
METODOLOGIA A escolha dos critérios de análise pretendeu permitir a coleta das informações que mais poderiam contribuir para: (i) o diagnóstico da situação; (ii) a identificação das condutas tomadas e sua compatibilidade com as normas da Convenção; e (iii) a realização de recomendações no sentido de aprimorar o trabalho da SCI, fundamental para a efetivação de direitos previstos na Convenção
DADOS LEVANTADOS (i) dados geográficos, para se identificar em que locais no Brasil a demanda é maior e a que países se refere a maior parte dos casos, refletindo alta necessidade de cooperação; (ii) o perfil, tanto da parte beneficiada, quanto da requerida, incluindo a idade dos interessados; (iii) dados relativos à temporalidade, como início do processo e duração total do trâmite processual; e (iv) dados relativos diretamente ao processo, como a existência de acordo, de ações internas ou de satisfação por outros meios.
PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS Para o Brasil, há três tratados de interesse referentes especificamente à temática dos alimentos internacionais: (i) Convenção das Nações Unidas sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro, de 1956 (promulgada pelo Decreto nº 56.826 de 02 de setembro de 1965); (ii) Convenção Interamericana sobre Obrigação Alimentar, de 1989 (promulgada pelo Decreto nº 2.428 de 17 de dezembro de 1997); e (iii) Convenção sobre a Cobrança Internacional de Alimentos para Crianças e Outros Membros da Família, bem como o do Protocolo sobre a Lei Aplicável às Obrigações de Prestar Alimentos, concluídos na Haia, em 23 de novembro de 2007 (assinados pelo Brasil, mas não ratificados - ainda na fase de aprovação congressual)
FAMÍLIAS PLURILOCALIZADAS Essa mobilidade de pessoas gerou famílias divididas e impulsionou os dois problemas centrais da prestação de alimentos no exterior: (1) como determinar os alimentos devidos e depois executá-los, na hipótese do credor e do devedor de alimentos encontrarem-se domiciliados ou residentes em Estados diferentes? (2) Como contornar as barreiras jurídicas e econômicas de acesso à justiça do credor de alimentos e, ao mesmo tempo, dar ampla defesa, assegurando o devido processo legal, ao devedor de alimentos, em um ambiente no qual há duas ordens jurídicas envolvidas (a do Estado de domicílio ou residência do credor e a do Estado do domicílio ou residência do devedor)?
PARTES 65 partes (64 Estados e a Santa Sé) 9 da América Latina Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Haiti, Martinica, Guiana Francesa (ambas pela ratificação francesa) e Uruguai
PAPEL DA AUTORIDADE CENTRAL "(i) gerenciar e agilizar o trâmite dos pleitos cooperacionais, recebendo e enviando-os a outro Estado, dispensando-se a via diplomática; (ii) zelar pela adequação das solicitações enviadas e recebidas aos termos do tratado e (iii) capacitar as autoridades públicas envolvidas, de modo a aperfeiçoar os pedidos emitidos fonte: CARVALHO RAMOS, André de. "Direito Internacional Privado e seus aspectos processuais: a cooperação jurídica internacional". In: CARVALHO RAMOS, André de; MENEZES, Wagner. (Org.). Direito Internacional Privado e a nova cooperação jurídica internacional. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2015, pp. 2-16, em especial p.9
NÚMERO DE PROCESSOS 378 iniciados após a Constituição de 1988
ANÁLISE QUANTITATIVA Análise geográfica Perfil das partes Análise temporal Procedimento e resultado Pequeno resumo dos dados coletados
ANÁLISE GEOGRÁFICA
PERFIL DAS PARTES
ANÁLISE TEMPORAL
PROCEDIMENTO E RESULTADO
RESUMO DOS DADOS COLETADOS Os países com os quais o Brasil mais frequentemente coopera com base na Convenção são Portugal, Suíça, Espanha e Chile; as principais cidades no Brasil envolvidas nos pedidos de cooperação são São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, Belo Horizonte e Brasília; na cooperação ativa, o beneficiário normalmente é menor, brasileiro, domiciliado no Brasil, enquanto que na passiva, é menor estrangeiro domiciliado no exterior;
RESUMO DOS DADOS COLETADOS o demandante, quase na totalidade dos casos, não é representado por advogado; quanto à parte requerida, trata-se de homem, na quase totalidade, sendo estrangeiro domiciliado no exterior, para cooperação ativa, e brasileiro domiciliado no Brasil, para cooperação passiva;
RESUMO DOS DADOS COLETADOS a maior parte dos demandantes nasceu entre 1990 e 2012, e a maioria dos casos chegou à PGR a partir de 2004; o tempo de tramitação, tanto passiva quanto ativa, normalmente foi de até 4 anos, considerando ou não os processos em andamento; há equilíbrio entre cooperação ativa e passiva, sendo um pouco maior (52,6%) os casos de cooperação ativa; os casos se iniciam essencialmente de acordo com a convenção;
RESUMO DOS DADOS COLETADOS quanto ao órgão iniciador, há um equilíbrio entre PRG (49,2%) e PR (47,6%), com pequenas participações do poder judiciário e da defensoria; na quase totalidade dos casos, houve reconhecimento de paternidade; os acordos noticiados, a não localização do requerido e o cumprimento do pedido, além da inércia da requerente foram os principais motivos que levaram ao arquivamento dos casos.
ARQUIVAMENTO principais motivos que levaram ao arquivamento dos casos: os acordos noticiados, a não localização do requerido o cumprimento do pedido, a inércia da requerente.
MUITO OBRIGADO Luís Renato Vedovato LRVEDOVA@UNICAMP.BR