COMPORTAMENTO DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA EM INDIVÍDUOS IMERSOS EM DIFERENTES TEMPERATURAS DE ÁGUA 1



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Transcrição:

ARTIGO COMPORTAMENTO DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA EM INDIVÍDUOS IMERSOS EM DIFERENTES TEMPERATURAS DE ÁGUA 1 Fabiane Graef Müller* Eduardo dos Santos* Leonardo Peyre Tartaruga* Walter Celso de Lima* Luiz Fernando Martins Kruel* RESUMO O objetivo deste estudo foi analisar o comportamento da freqüência cardíaca de indivíduos imersos na posição vertical, na profundidade entre apêndice xifóide e ombros, em três temperaturas de água (27, 30 e 33ºC). A amostra foi composta por 14 indivíduos do sexo masculino, praticantes de atividades aquáticas, na faixa etária de 18 a 35 anos. A freqüência cardíaca foi verificada através de sensores de batimentos cardíacos da marca Polar, modelo Beat. O comportamento da freqüência cardíaca foi determinado por meio das variações existentes entre a freqüência cardíaca dos indivíduos na posição vertical fora d água e durante a imersão, em repouso. A análise dos dados foi feita utilizando-se a estatística descritiva, a análise de variância (ANOVA), o teste F, para comparar as classes das variáveis classificatórias, e o teste post-hoc de Bonferroni (p 0,05), para a localização das diferenças. Verificou-se que houve bradicardia durante a imersão, nas três temperaturas aquáticas. A bradicardia média na temperatura de 33ºC foi de 17,85±10,67 bpm; em 30ºC, de 24,14±11,16 bpm; e, em 27ºC, de 33,75±11,27 bpm. As diferenças entre as médias mostraramse estatisticamente significativas somente entre a temperatura de 27ºC e a de 33ºC. Conclui-se que, durante a imersão aquática em temperaturas variando entre 27 e 33ºC, a bradicardia tende a aumentar com a diminuição da temperatura. Palavras-chave: freqüência cardíaca, imersão, temperatura aquática Introdução O número de pessoas que adere a programas de atividades físicas aquáticas vem se tornando cada vez maior, basta observar a quantidade de 1 Trabalho classificado em 1 o lugar no I PESQUISA EM ATIVIDADES FÍSICAS - ENAF. * Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 1, p. 7-23, 2001 7

novos locais destinados a essas práticas. Os prazeres e benefícios do trabalho aquático foram descobertos há vários séculos (BECKER, 2000), mas somente nos últimos anos mostraram-se amplamente divulgados e popularizados. Sabe-se que o sistema cardiovascular reage de formas diferenciadas em situação de imersão, de acordo com a posição adotada, com a ausência ou presença de esforço (e sua intensidade), com o tipo de exercício, com a profundidade da imersão e com a temperatura da água (KRUEL, 1994). O exercício físico realizado no meio aquático produz respostas fisiológicas diferentes daquelas em condições de ar livre, devido ao efeito hidrostático no sistema cardiovascular e à intensificação da perda de calor na água (AVELLINI et al., 1983); mesmo em situação de repouso, existem modificações cardiovasculares determinadas pela imersão na água (FARHI e LINNARSSON, 1977). Dentre os parâmetros circulatórios influenciados pela imersão aquática, destaca-se a freqüência cardíaca (FC). A simplicidade de medição da freqüência cardíaca e suas relações com o consumo de oxigênio, com a carga de trabalho e com o treinamento transformaram-na no índice circulatório mais usado durante o exercício (FOX et al., 1991). Por ser a freqüência cardíaca utilizada para classificar a intensidade dos esforços físicos e para montar os programas de treinamento (LEITE, 1984), e diante das influências provocadas pelo meio líquido, a aplicação da freqüência cardíaca adequada ao treinamento em terra nos programas de exercícios físicos aquáticos é questionável. Para SHELDAHL (1985), as alterações na freqüência cardíaca em ambiente aquático são causadas pela temperatura da água e/ou pela hipervolemia central, e a freqüência cardíaca para o treinamento na água não deve ser a mesma dos exercícios em terra. O comportamento da freqüência cardíaca durante a imersão tem relação com a manutenção da temperatura corporal. Uma das principais respostas fisiológicas decorrentes da exposição ao frio é a vasoconstrição periférica, que desvia o sangue da superfície da pele para áreas centrais; portanto, a diminuição da temperatura deve causar redução na freqüência cardíaca (FOX et al., 1991). No meio aquático, os mecanismos reguladores da temperatura corporal atuam da mesma forma que em outro ambiente, ressalvando-se que há acentuação nas respostas fisiológicas devido à perda de calor de modo mais intenso (BATES e HANSON, 1998). Um corpo imerso na água participa de um sistema dinâmico, havendo troca de energia calórica entre este corpo e a água até equilibrar o sistema. A água retém 1.000 vezes mais calor que um volume igual de ar (RUOTI et al., 2000), e essa particularidade faz com que o organismo remova mais calor quando em água fresca (SHELDAHL, 1985). A perda de calor na água é considerada 8 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 1, p. 7-23, 2001

cerca de 25 vezes maior em comparação com o ar, segundo KOLLIAS et al. (1974), ou em torno de 20 vezes, conforme ASTRAND e RODAHL (1987). Esta perda de calor pode acontecer por condução, através do movimento da energia térmica do corpo mais quente para a água mais fria, ou por convecção, por meio do movimento da água contra o corpo, mesmo se ambos estiverem na mesma temperatura (BATES e HANSON, 1998). Pesquisas relativas ao comportamento da freqüência cardíaca em situação de imersão aquática já encontraram tanto taquicardia (DENISON et al., 1972; JOHNSON et al., 1977; WHITLEY e SCHOENE 1987; KENNY et al., 1996) quanto nenhuma alteração na freqüência cardíaca (ARBORELIUS et al., 1972; BEGIN et al., 1976; BLOMQVIST 1983); contudo, a maior parte dos estudos aponta para bradicardia (MAGEL e FAULKNER, 1967; McARDLE et al., 1971; DIXON e FAULKNER, 1971; HOLMÉR et al., 1974a; HOLMÉR et al., 1974b; RISCH et al., 1978a; RISCH et al., 1978b; SHELDAHL et al., 1984; VILAS-BOAS, 1989; TOWN e BRADLEY, 1991; SVEDENHAG e SEGER, 1992; KRUEL, 1994; FRANGOLIAS e RHODES, 1995; DIAS et al., 1997; DENADAI et al., 1997; SCOLFARO et al., 1998; COERTJENS et al., 2000). Ao acrescentar a variável temperatura do meio líquido, as opiniões dividem-se entre bradicardia (CRAIG e DVORAK, 1966; RENNIE et al., 1971; HOLMÉR e BERGH, 1974; McARDLE et al., 1976; McMURRAY e HORVATH, 1979) ou taquicardia (STRONG et al., 1985), aumentadas com a redução da temperatura, e também manutenção da freqüência cardíaca mesmo com as alterações na temperatura (COSTILL et al., 1967; RENNIE et al., 1971), embora a tendência maior seja aceitar o aumento da bradicardia causado pela diminuição da temperatura da água. O objetivo geral deste estudo foi analisar o comportamento da freqüência cardíaca em indivíduos imersos na posição vertical, na profundidade entre apêndice xifóide e ombros, em três temperaturas de água (27, 30 e 33ºC). O Quadro1 apresenta uma síntese das pesquisas que fornecem dados sobre a freqüência cardíaca em diferentes temperaturas de água. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 1, p. 7-23, 2001 9

Quadro 1 - Pesquisas que fornecem dados sobre a freqüência cardíaca em diferentes temperaturas de água 10 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 1, p. 7-23, 2001

Material e método A amostra de pesquisa foi composta por 14 indivíduos do sexo masculino praticantes de atividades aquáticas há mais de um ano, da cidade de São Leopoldo - RS, isentos de patologias e com idade entre 18 e 35 anos. O procedimento de amostragem foi intencional, não-aleatório. As informações sobre o protocolo de coleta de dados foram fornecidas por escrito, juntamente com o convite para a participação no estudo e o termo de consentimento, devidamente assinado por todos. O tempo mínimo de um ano de prática de atividades aquáticas foi considerado suficiente para impedir que a falta de contato com o meio aquático pudesse influenciar o comportamento da freqüência cardíaca. Considerou-se prática de atividades aquáticas a execução de exercícios físicos na água durante o tempo mínimo de 45 minutos, com a freqüência semanal de duas vezes ou mais. A faixa etária foi determinada com base no estudo de DIAS et al. (1997), que revela não existir variação significativa no comportamento da freqüência cardíaca de indivíduos inseridos nessa faixa. Na verificação da freqüência cardíaca dos indivíduos analisados, foram utilizados dois sensores de batimentos cardíacos da marca Polar, modelo Beat. Para verificar o peso dos participantes, empregou-se uma balança de alavanca da marca Welmy, com escala apresentando resolução de 100 g. Para verificar a estatura dos analisados, foi utilizado um estadiômetro Welmy metálico, acoplado à balança, com escala métrica apresentando resolução de 0,5 cm. Os dados coletados foram registrados em uma ficha de dados individuais, contendo os dados a seguir: nome do indivíduo, idade, peso, altura, tempo de prática de atividades aquáticas, freqüência cardíaca de repouso (em 27, 30 e 33ºC), freqüência cardíaca inicial (em 27, 30 e 33ºC), freqüência cardíaca final (em 27, 30 e 33ºC). A fim de anotar os valores da temperatura aquática e da temperatura e umidade relativa do ambiente, usou-se uma ficha de registro das condições ambientais. Para verificar a temperatura da água, foi utilizado um termômetro químico, de líquido vermelho, da marca Incoterm, com resolução de 0,5ºC. Para verificar a temperatura e a umidade do ambiente da piscina, foi utilizado um termoigrômetro de bulbo seco e úmido, da marca Incoterm, apresentando resolução de 1ºC. A temperatura e a umidade relativa do ambiente foram registradas a cada intervalo de uma hora. Os dados foram coletados nas dependências da clínica de Fisioterapia Centro Ortopédico, localizada na cidade de São Leopoldo - RS. A piscina apresentou as seguintes características: 4 m de comprimento, 3,80 m de largura R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 1, p. 7-23, 2001 11

e 1,20 m de profundidade, em ambiente fechado. A coleta dos dados ocorreu em três etapas (1 a etapa: 33ºC; 2 a etapa: 30ºC; 3 a etapa: 27ºC), com intervalo de 7 ou 14 dias. A realização das medidas antropométricas deu-se através dos procedimentos sugeridos por FERNANDES FILHO (1999). Os indivíduos, analisados individualmente ou em duplas, foram equipados com sensor de batimentos cardíacos e receberam novamente as informações sobre os procedimentos aos quais seriam submetidos. A seguir, foi verificada a freqüência cardíaca de repouso, obtida após a permanência em repouso por 10 minutos, na posição deitada, ao lado da piscina. Logo após, imediatamente antes de entrar calmamente na piscina, foi registrada a freqüência cardíaca inicial, na posição de pé. Então, cada indivíduo entrou na piscina e colocou-se na posição básica: descontraidamente em pé, braços relaxados, joelhos flexionados, permitindo atingir a profundidade de imersão entre o apêndice xifóide e os ombros. Decorridos dois minutos, foi coletada a freqüência cardíaca final (Figura 1). Figura 1 Coleta da freqüência cardíaca final. Os dados foram anotados na ficha de dados individuais. O comportamento da freqüência cardíaca foi analisado por meio das variações existentes entre a freqüência cardíaca inicial e a freqüência cardíaca final, nas três diferentes condições de temperatura da água (33, 30 e 27ºC). Na análise dos dados coletados, foram utilizados a estatística descritiva, o teste de normalidade de Shapiro-Wilk, o teste de homogeneidade de Levene, a análise de variância (ANOVA) e o teste F para comparar as classes das 12 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 1, p. 7-23, 2001

variáveis classificatórias. Para a localização das diferenças, utilizou-se o teste post-hoc de Bonferroni (p 0,05). Foi utilizado o pacote estatístico computacional SPSS for Windows, versão 8.0. Resultados e discussão A caracterização da amostra é apresentada na Tabela 1. Tabela 1 - Médias e desvios-padrão da idade, tempo de prática de atividades aquáticas, massa, estatura e índice de massa corporal VARIÁVEL MÉDIA DP Idade (anos) 25,21 ±5,81 Tempo de prática ativ. aquáticas (anos) 9,71 ±5,98 Massa (kg) 75,99 ±7,21 Estatura (m) 1,76 ±0,05 Índice de massa corporal (kg/m 2 ) 24,39 ±1,48 A temperatura ambiente durante a coleta dos dados ficou entre 21,5 e 23ºC. A umidade relativa variou entre 73 e 100%. Para testar a normalidade dos resultados, empregou-se o teste de Shapiro- Wilk. De acordo com a Tabela 2, pode-se verificar que os resultados apresentaram distribuição normal. Tabela 2 - Resultados do teste de normalidade TEMPERATURAS Shapiro-Wilk SIG. 33ºC 0,893 0,12 30ºC 0,953 0,58 27ºC 0,957 0,68 Para testar a homogeneidade da variância dos resultados, foi usado o teste de Levene (Tabela 3). De acordo com os dados apresentados, verifica-se que houve homogeneidade na variância. Tabela 3 - Resultados do teste de homogeneidade da variância HOMOGENEIDADE Levene SIG. Baseada na média 0,079 0,92 Baseada na mediana 0,036 0,96 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 1, p. 7-23, 2001 13

As médias dos valores de bradicardia encontrados durante a imersão nas diferentes temperaturas aquáticas são apresentadas na Tabela 4. Na comparação das médias utilizaram-se a análise de variância (ANOVA) e o teste F, obtendo-se diferenças estatisticamente significativas; o índice de significância encontrado entre os grupos foi de 0,004. A fim de verificar em quais temperaturas encontravam-se as diferenças entre as médias dos valores de bradicardia, utilizou-se o teste post-hoc de Bonferroni, que mostrou um índice de significância de 0,003 entre as temperaturas de 33 e 27ºC, de 0,44 entre as temperaturas de 33 e 30ºC e de 0,10 entre as temperaturas de 30 e 27ºC. Os resultados apresentados demonstraram não existir diferenças estatisticamente significativas entre as médias de bradicardia encontradas nas temperaturas aquáticas de 27 e 30ºC, bem como entre as temperaturas de 30 e 33ºC. Entretanto, existe diferença estatisticamente significativa entre as médias de bradicardia encontradas nas temperaturas de 27 e 33ºC. Tabela 4 - Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos da bradicardia nas diferentes temperaturas aquáticas TEMP MÉDIA DP 95% DO INTERVALO DE CONFIANÇA MÍNIMO MÁXIMO O C (bpm) (bpm) DA MÉDIA (bpm) (bpm) LIMITE INFERIOR LIMITE SUPERIOR 33 17,85 a ±10,67 11,40 24,30 5,0 43,0 30 24,14 ab ±11,16 17,70 30,59 2,0 48,0 27 33,75 b ±11,27 26,60 40,90 17,0 56,0 Ao observar a Tabela 4, constata-se redução média na FC, que varia de 17,85±10,67 bpm na temperatura aquática de 33ºC a 33,75±11,27 bpm na temperatura aquática de 27ºC. Observa-se também, através dos valores mínimos e máximos, a grande variabilidade individual existente. A bradicardia durante a imersão mostrou-se mais acentuada com a diminuição da temperatura da água. A FC demonstrou uma redução média de 7 bpm da temperatura de 33 para 30ºC e de 9 bpm da temperatura de 30 para 27ºC; de 33 a 27ºC, a redução total foi de 16 bpm. Foi encontrada redução na freqüência cardíaca final (imersão aquática) em todos os indivíduos analisados, nas três diferentes temperaturas aquáticas utilizadas para coletar os dados. Outros estudos também constataram que ocorre bradicardia durante a imersão aquática. Esse comportamento da freqüência cardíaca foi encontrado nas pesquisas de MAGEL e FAULKNER (1967), McARDLE et al. (1971), 14 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 1, p. 7-23, 2001

DIXON e FAULKNER (1971), HOLMÉR et al. (1974a), HOLMÉR et al. (1974b), RISCH et al. (1978a), RISCH et al. (1978b), SHELDAHL et al. (1984), VILAS-BOAS (1989), TOWN e BRADLEY (1991), SVEDENHAG e SEGER (1992), KRUEL (1994), FRANGOLIAS e RHODES (1995), DIAS et al. (1997), DENADAI et al. (1997), SCOLFARO et al. (1998) e COERTJENS et al. (2000). Os estudos citados, com exceção de DIAS et al. (1997) e COERTJENS et al. (2000), foram realizados com indivíduos jovens ou adultos, incluídos na faixa etária dos 17 aos 35 anos. Vale ressaltar que, nos estudos de DIAS et al. (1997) e COERTJENS et al. (2000), a faixa etária utilizada abrangeu de crianças a idosos e, devido ao tamanho da amostra, os resultados permitiram concluir que não existe diferença significativa no comportamento da FC durante a imersão aquática entre indivíduos de diferentes idades. Na grande maioria dos estudos citados no parágrafo anterior, a amostra foi composta por indivíduos praticantes de atividades físicas regulares. A temperatura aquática usada para a coleta dos dados nestas pesquisas variou entre 25 e 35ºC, ou seja, temperaturas inferiores à temperatura termoneutra em relação à FC. Todos esses fatores contribuem para a maior credibilidade dos resultados apontados. Alguns estudos avaliaram a FC durante o repouso, outros durante o exercício físico, submáximo ou máximo; da mesma forma, variaram a profundidade e a posição de imersão adotadas, sendo fornecidos dados que apresentaram reduções maiores ou menores na FC de acordo com a situação específica. Com exceção das pesquisas de RISCH et al. (1978a e 1978b), KRUEL (1994), DIAS et al. (1997) e COERTJENS et al. (2000), todos os estudos citados foram realizados em situação de exercício físico. Apesar dessas diferenças na metodologia utilizada, o ponto comum foi a bradicardia encontrada durante a imersão aquática, independentemente do seu percentual em relação à situação fora d água. Isso vai de encontro à afirmação de PAULEV e HANSEN (1972), de que a bradicardia decorrente da imersão é uma alteração fisiológica amplamente aceita, mesmo havendo discordância acerca da sua origem e do seu grau de diminuição. Com resultados discordantes dos expostos anteriormente, ARBORELIUS et al. (1972), BEGIN et al. (1976), GREEN et al. (1990), COSTILL (1971), DENISON et al. (1972), JOHNSON et al. (1977), WHITLEY e SCHOENE (1987), KENNY et al. (1996) e LAZZARI e MEYER (1997) não encontraram redução na freqüência cardíaca durante a imersão aquática. A influência da temperatura da água é considerada com maior relevância nas pesquisas realizadas por CRAIG e DVORAK (1966), COSTILL et al. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 1, p. 7-23, 2001 15

(1967), RENNIE et al. (1971), HOLMÉR e BERGH (1974), McARDLE et al. (1976), McMURRAY e HORVATH (1979) e STRONG et al. (1985), as quais utilizaram três ou mais temperaturas para coletar os dados. Podem ser consideradas semelhantes ao presente estudo, visto que objetivaram comparar as respostas da FC às diferentes temperaturas de imersão aquática. As amostras das pesquisas selecionadas envolveram indivíduos jovens e adultos, fisicamente ativos, com idade entre 14 e 34 anos. As temperaturas aquáticas utilizadas para coletar os dados variaram entre 17 e 37ºC, permitindo uma visão abrangente sobre o comportamento da FC nestas diferentes temperaturas. Dos estudos citados, apenas COSTILL et al. (1967) não verificaram diferenças significativas no comportamento da FC em diferentes temperaturas de água. As pesquisas realizadas posteriormente discordam desses resultados. CORSINO et al. (1995) afirmam que a resposta da FC máxima e submáxima em testes na água também é menor do que nos testes em terra e que a redução é mais pronunciada quanto mais fria for a água. No presente estudo, a diminuição da temperatura aquática de 33 para 27ºC provocou a redução média da FC em 16 bpm. Resultados semelhantes foram encontrados por HOLMÉR e BERGH (1974) ao analisarem a atividade de natação em piscina de fluxo e por McARDLE et al. (1976) e McMURRAY e HORVATH (1979) quando analisaram o exercício em cicloergômetro aquático. HOLMÉR e BERGH (1974) relataram redução de 7 bpm ao comparar a FC obtida na temperatura aquática de 34ºC com aquela obtida na temperatura de 26ºC e de 15 bpm de 34 para 18ºC. McARDLE et al. (1976) observaram diminuição de 10 bpm da temperatura de 33 para 25ºC e de 15 bpm de 33 para 18ºC. McMURRAY e HORVATH (1979) verificaram redução de 6 bpm da temperatura de 35 para 30ºC, de 17 bpm de 35 para 25ºC e de 19 bpm de 35 para 20ºC. As pequenas diferenças no grau de bradicardia podem ser devidas à atividade física, pois os dados indicam que a bradicardia que acompanha a redução da temperatura da água é um pouco mais pronunciada durante o repouso. Pode-se inferir que o exercício físico diminui o estresse térmico causado pela água fria, visto que, segundo SAGAWA et al. (1988), o exercício é mais vantajoso do que o repouso para manter a temperatura corporal central. Para HOLMÉR e BERGH (1974), o calor gerado pelo trabalho muscular auxilia a equilibrar a perda de calor na água fria. RENNIE et al. (1971) não especificaram os valores de FC encontrados no seu estudo, apenas afirmaram não ocorrer bradicardia na temperatura aquática de 36ºC e apresentaram percentual de 20 a 25% para a bradicardia existente em temperaturas aquáticas abaixo de 34ºC. CRAIG e DVORAK (1966) 16 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 1, p. 7-23, 2001

também não fornecem os valores da FC coletada na referida pesquisa, porém afirmam haver aumento na FC em temperaturas aquáticas de 36 e 37ºC e redução na FC em temperaturas abaixo de 35ºC. STRONG et al. (1985), embora relatem uma bradicardia de 1,8 bpm em água na temperatura de 32ºC, curiosamente encontraram aumento na FC durante a imersão horizontal total em temperaturas abaixo de 28ºC. Segundo McARDLE et al. (1976), há redução na circulação sangüínea periférica com a imersão em água fria, como forma de impedir a dissipação do calor corporal e manter o equilíbrio térmico do organismo. A ação conjunta da pressão hidrostática e da vasoconstrição periférica seria responsável por aumentos no volume sangüíneo central e no retorno venoso, resultando em maior volume de ejeção sistólica para compensar a bradicardia existente. McARDLE et al. (1976) afirmam que a bradicardia relatada durante a imersão não é um efeito inerente à própria imersão, mas uma resposta à temperatura da água. Esse fato foi comprovado por RENNIE et al. (1971) e CRAIG e DVORAK (1966), pois seus estudos demonstram que a FC permanece igual ou mostra aumento em temperaturas aquáticas de 36 ou 37ºC, enquanto ocorre bradicardia abaixo de 35 ou 34ºC. A temperatura termoneutra em relação à freqüência cardíaca, ou seja, aquela temperatura que não provoca desequilíbrio térmico corporal causador de alterações na FC, situa-se entre 35 e 35,5ºC (CRAIG e DVORAK, 1966). SVEDENHAG e SEGER (1992) confirmam que os ajustes cardiovasculares durante a imersão dependem da temperatura da água, lembrando o quanto a vasoconstrição e a vasodilatação são importantes na hemodinâmica. Dessa forma, pode-se inferir que, com a diminuição da temperatura da água, o maior estresse provocado pelo frio seria responsável pelo aumento da bradicardia. Vale relembrar que a termocondutividade da água é cerca de 20 vezes maior que a do ar (ASTRAND e RODAHL, 1987), produzindo maior perda de calor. Os ajustes a temperaturas inferiores incluem vasoconstrição periférica e bradicardia elevada como medidas preventivas da hipotermia. Conclusões Os dados obtidos neste estudo permitem concluir que a temperatura da água exerce efeito sobre a freqüência cardíaca de indivíduos submetidos à imersão na posição vertical, na profundidade entre apêndice xifóide e ombros. A variação existente na freqüência cardíaca durante a imersão vertical aquática nas temperaturas de 33, 30 e 27ºC consiste na diminuição dos R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 1, p. 7-23, 2001 17

batimentos cardíacos. Ainda, as alterações significativas na freqüência cardíaca decorrentes das modificações nas condições térmicas de imersão indicam aumento da bradicardia quando a temperatura aquática é diminuída, considerando-se a faixa de variação entre 33 e 27ºC. Aceita-se que as alterações na freqüência cardíaca encontradas consistam em indicadores dos mecanismos fisiológicos responsáveis pela manutenção da temperatura corporal, diretamente influenciada pela temperatura do ambiente. Esse conhecimento deve ser aplicado na prescrição e no controle da intensidade dos exercícios aquáticos, visto que não é suficiente saber quais são as variações apresentadas pela freqüência cardíaca durante a imersão, mas também se estas são provocadas pela temperatura da água ou pela intensidade do exercício. A realização de pesquisas utilizando uma faixa maior de variação na temperatura da água seria de grande contribuição científica. Da mesma forma, pesquisas abrangendo diferentes tipos e intensidades de exercício poderiam elucidar melhor o comportamento da freqüência cardíaca em indivíduos imersos no meio aquático. ABSTRACT Heart Rate Behavior of Immersed Individuals at Different Water Temperatures The purpose of this study was to analyze the behavior of the heart rate of immersed individuals in the vertical position, at a depth between the xiphoid appendix and the shoulders, at three water temperatures (27, 30 and 33 o C). Fourteen male individuals, who practice water activities, aged from 18 to 35 years old, composed the sample. The heart rate was checked with Polar heart beat sensors, Beat model. The heart rate behavior was determined through the existing variations between the individual s heart rate in the vertical position outside the water and during immersion, at rest. The data analysis was calculated by descriptive statistics, variance analysis (ANOVA) and F test to compare classes of classification variables, and Bonferroni s post-hoc test (p 0,05), to locate the differences. Bradycardia was detected during immersion at all three temperatures. The average bradycardia at 33 o C was 17,85±10,67bpm; at 30 o C, it was 24,14±11,16bpm; at 27 o C, it was 33,75±11,27pm. The differences between averages were only statistically significant between 27 C and 33 o C. Therefore, the bradycardia tends to increase with the reduction of water temperature during water immersion in temperatures varying from 27 to 33 o C Key words: heart rate, immersion, water temperature. 18 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 1, p. 7-23, 2001

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