DOCUMENTÁRIO PAZ NO MUNDO CAMARÁ PÕE HERANÇA CULTURAL AFRICANA EM DISCUSSÃO NESTA SEXTA NO FAN Exibição no CentoeQuatro inclui apresentação de capoeiristas e roda de conversa sobre os movimentos de resistência da diáspora, com mestres da capoeira, do congado e do samba O 7º Festival de Arte Negra FAN BH 2013 exibe nesta sexta-feira, 25 de outubro, o doc PAZ NO MUNDO CAMARÁ: A Capoeira Angola e a volta que o mundo dá, no CentoeQuatro, às 14h. A sessão será seguida de roda de conversa e de capoeira angola. Contato, Reflexão e Experenciação A proposta dessa atividade vai para além da simples exibição de um filme. Trata-se de uma ação cultural vivencial de incursão no universo cultural afro de raiz através do contato, da reflexão e da experenciação. PROGRAMAÇÃO: 14h: CONTATO: exibição do filme PAZ NO MUNDO CAMARÁ: a Capoeira Angola e a volta que o mundo dá [conheça a versão afro-brasileira da história do Brasil] 14h55: REFLEXÃO: Roda de Conversa com o tema "A representação do negro nas artes visuais" com a participação de mestres populares do ALDEIA KILOMBO SÉCULO 21 e convidados SAMBA: Mestre Conga, Baluarte do Samba de MG CANDOMBLÉ: Tatetu Arabomi, do terreiro Bakise Bantu Kasanje DANÇA: Rui Moreira, Cia SeráQuê? Mediadores: Mestre João Angoleiro Eu Sou Angoleiro_ Grupo de Capoeira Angola e Carem Abreu ATOS Central de Imagens 15h45: EXPERENCIAÇÃO: Roda de Capoeira do Eu Sou Angoleiro_ Grupo de Capoeira Angola e convidados 1 www.atosimagens.com.br
Sobre o filme PAZ NO MUNDO CAMARÁ: a Capoeira Angola e a volta que o mundo dá foi co-produzido pela Atos Central de Imagens e a Associação Cultural Eu Sou Angoleiro, a Acesa, ambas sediadas em BH. Com direção de Carem Abreu, o documentário recompõe a mudança de status da capoeira no Brasil, da marginalidade à condição de Patrimônio Cultural. Símbolo dos movimentos de luta e resistência do povo negro trazido ao Brasil pela diáspora africana, a prática da Capoeira Angola remonta ao século 16, no contexto da luta e da resistência ao regime escravagista. A disseminação da capoeira só se daria, no entanto, três séculos mais tarde, após a abolição da escravatura, quando passa a ser percebida como atividade da maladragem e tratada como problema social e caso de polícia. A versão de 54 minutos exibida no FAN integra os conteúdos do DVD homônimo, que inclui dois curtas-metragens: um de 19 minutos (uma versão compacta do filme, em exibição no Canal Brasil desde 2011) e outro de três minutos, com o registro dos bastidores da oficina audiovisual oferecida a jovens capoeiristas, produtores do curta em questão. O encarte do DVD (bilíngue, com 12 páginas) contém o resumo da extensa pesquisa realizada pela jornalista Carem Abreu e a antropóloga Carolina Césari (ambas capoeiristas angoleiras), base de sustentação histórica para o desenvolvimento do documentário, realizada no RJ, BA, PE, AL e MG, com mais de 40 entrevistados e 50 locações. Signo da identidade nacional Um dos elementos mais influentes e marcantes na constituição da identidade nacional brasileira, a capoeira ganhou com este projeto uma leitura histórica abrangente e inédita, fruto de três anos de registros audiovisuais em cinco estados e 58 locações do país. Entre 2008 e 2010, PAZ NO MUNDO CAMARÁ: A Capoeira Angola e a Volta que o Mundo Dá colheu depoimentos de praticantes e estudiosos na Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e no Quilombo dos Palmares, em Alagoas. Ao todo, cerca de 50 pessoas foram entrevistadas, entre mestres da Capoeira Angola e de manifestações culturais de matriz africana, artistas e pesquisadores do universo capoeirístico. A extensa pesquisa da jornalista Carem Abreu e da antropóloga Carolina Césari (ambas capoeiristas angoleiras), base de sustentação histórica para o desenvolvimento do documentário, 2 www.atosimagens.com.br
foi resumida e incorporada ao encarte que acompanha o DVD. Uma viagem no tempo que nos transporta a 1602, no Quilombo dos Palmares, em Alagoas, e chega até dezembro de 2011, com a morte de mestre João Pequeno de Pastinha, em Salvador. As pesquisadoras apresentam uma abordagem inédita na pesquisa sobre a contribuição afro para cultura e a história do Brasil. Elas identificara quatro movimentos marcantes no processo de sedimentação da capoeira no contexto social brasileiro: Da Origem à Diáspora, compreende as mudanças ocorridas nos séculos 16 ao 18; Marginalização e Perseguição, as dos séculos 18 a 20; Folclorização e Institucionalização são relativos aos séculos 20 e 21; e Globalização e Projetos Sociais corre em paralelo ao anterior, a partir do século passado. Os quatro primeiros séculos da presença da capoeira no Brasil são reconhecidos, sobretudo, por suas características históricas e sociais. A partir da primeira metade do século 20, a legitimação conferida pelo Modernismo às manifestações culturais da população de ascendência africana contribuiria diretamente para emprestar-lhe a imagem de instrumento de sociabilização. O que levaria, mais recentemente, à sua grande identificação com alguns dos mais expressivos movimentos em defesa da cultura da paz e da inclusão social. PAZ NO MUNDO CAMARÁ foi produzido com recursos do Prêmio Capoeira Viva (2007) e do Fundo Estadual de Cultura de Minas Gerais (2008). O projeto foi finalizado a partir da sua seleção pelo edital de 2011 do Centro Técnico do Audiovisual, o CTAV, com a mixagem de som em Dolby Stereo 2.0 e 5.1. O documentário foi também um dos seis finalistas da Região Sudeste ao Prêmio Afro 2011, da Fundação Palmares e Ministério da Cultura, na categoria Artes Visuais. O arco institucional do projeto envolve apoios da Casa Civil da Presidência da República, Arquivo Nacional, Universidades FUMEC, Instituto Carybé, Fundação Palmares, IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico da Bahia e Museu do Folclore. Capoeira Regional e Capoeira Angola CAPOEIRA REGIONAL: Mestre Bimba criou em 1937 a Luta Regional Baiana, a partir da prática que ele tinha na capoeira de raiz, essa ancestral, que desde a criação da Regional passou a ser denominada como Angola. A capoeira regional começou a receber a atenção do governo a partir de uma apresentação dessa nova luta que Mestre Bimba fez a Getúlio Vargas, então presidente do Brasil. Populista, Vargas entendeu a capoeira como uma luta genuinamente nacional e passível de se tornar o esporte nacional por ele almejado, mediante, obviamente, sua associação à Federação 3 www.atosimagens.com.br
Brasileira de Boxe. A Capoeira Regional defende a origem da capoeira no Brasil e é caracterizada mais como uma luta, do que como uma arte, pois associa a sua prática movimentos de lutas orientais como o judô, o caratê e até mesmo o circo, o boxe e atualmente o jiu jitsu. Essa nova capoeira foi amplamente aceita e praticada por estudantes universitários e indivíduos das classes mais altas, que contribuíram para a difusão nacional e internacional e o embranquecimento da capoeira. CAPOEIRA ANGOLA: Em 1921, numa roda de capoeira no bairro da Gengibirra (Salvador), Mestre Pastinha recebeu dos antigos praticantes da arte da capoeiragem o dever de zelar pela tradição da capoeira. Essa capoeira tradicional, afro-brasileira, para se diferenciar da Regional, em 1937 passou a ser denominada Capoeira Angola. O cunho angola passou a ser utilizado pelo fato desses capoeiristas acreditarem que a origem da capoeira está relacionada à cultura africana, por isso a capoeira angola hoje é conhecida e difundida como uma cultura de raiz de matriz africana. Em 1941 Mestre Pastinha criou não só o Centro Esportivo de Capoeira Angola, mas formatou toda uma filosofia ligada à pratica e ao ser angoleiro. A originalidade da atividade chamou atenção de grandes personalidades da classe artística da época, como Jorge Amado, Pierre Verger e Carybé. Setores das camadas mais abastadas passaram a se interessar pela capoeira praticada pelos negros, visitando também o espaço de Mestre Pastinha no Pelourinho e se tornaram capoeiristas. Nesse momento, que dura até meados da década de 1970, a capoeira passa por um processo de institucionalização e consolidação. E passa a ser vista com bons olhos pela sociedade. A partir daí surgem muitas academias, mestres e discípulos que fizeram da capoeira angola uma manifestação cultural brasileira de grande visibilidade e importância no Brasil e no MUNDO. O processo de institucionalização da capoeira no Brasil se concretiza em 2008, quando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) registra a capoeira como bem cultural imaterial brasileiro. Mais que uma sequência de movimentos corporais executados ao som do berimbau e dos atabaques, a Capoeira Angola é considerada hoje um dos mais importantes elementos constituidores da identidade nacional. Presente em todos os estados brasileiros e em mais de 150 países do mundo, ela é a raiz de expressões culturais variadas, com influências sobre a linguagem, a gastronomia, os costumes, a 4 www.atosimagens.com.br
dança e a música, em manifestações como o samba e o frevo. Incorporada crescentemente ao currículo escolar, como um instrumento pedagógico transversal que envolve temas históricos, culturais, sociais, políticos e religiosos, a capoeira é associada a valores como disciplina, respeito aos mais velhos, humanização, autovalorização e autocontrole. A reboque da musicalidade e da ginga, ilustra a cultura da roda (de capoeira, de samba, de conversa) e o jeito brasileiro de ser isento de fronteiras étnicas, capaz de transformar violência em camaradagem e de ser um aliado na busca da paz pessoal, local e mundial. SERVIÇO O QUÊ?: Exibição do documentário PAZ NO MUNDO CAMARÁ: a Capoeira Angola e a volta que o mundo dá (2012, 54 min). Direção: Carem Abreu. A sesão será seguida de roda de capoeira e roda de conversa com mestres da capoeira, da dança afro e do samba. QUANDO?: sexta, 25 de outubro, 14h. ONDE?: CentoeQuatro - Praça Rui Barbosa, Centro, Belo Horizonte QUANTO?: Entrada franca. CONTATOS PARA ENTREVISTAS CAREM ABREU 31 9297-1582 caremabreu@yahoo.com.br 5 www.atosimagens.com.br