Luciane de Jesus Tenório PERFIL FARMACOTERAPÊUTICO DOS DIABÉTICOS ATENDIDOS PELO SUS EM MONTE VERDE - MG



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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Alfenas. UNIFAL-MG Rua Gabriel Monteiro da Silva, 714. Alfenas/MG. CEP 37130-000 Fone: (35) 3299-1000. Fax: (35) 3299-1063 Luciane de Jesus Tenório PERFIL FARMACOTERAPÊUTICO DOS DIABÉTICOS ATENDIDOS PELO SUS EM MONTE VERDE - MG Alfenas/MG 2009

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Alfenas. UNIFAL-MG Rua Gabriel Monteiro da Silva, 714. Alfenas/MG. CEP 37130-000 Fone: (35) 3299-1000. Fax: (35) 3299-1063 Luciane de Jesus Tenório PERFIL FARMACOTERAPÊUTICO DOS DIABÉTICOS ATENDIDOS PELO SUS EM MONTE VERDE - MG Monografia apresentada ao curso de Especialização em Atenção Farmacêutica da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista. Orientadora: Profa. Luciene Alves Moreira Marques Alfenas/MG 2009

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Alfenas. UNIFAL-MG Rua Gabriel Monteiro da Silva, 714. Alfenas/MG. CEP 37130-000 Fone: (35) 3299-1000. Fax: (35) 3299-1063 Luciane de Jesus Tenório PERFIL FARMACOTERAPÊUTICO DOS DIABÉTICOS ATENDIDOS PELO SUS EM MONTE VERDE MG Aprovada em: A banca examinadora abaixo-assinada aprova a Monografia apresentada ao curso de Especialização em Atenção Farmacêutica da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista. Orientadora: Profa. Luciene Alves Moreira Marques Prof. Amilton Marques Prof. Geraldo Alves da Silva

. Dedico este trabalho a meus pais que com muito carinho não mediram esforços para me incentivar e me motivar nesta empreitada.

AGRADECIMENTOS A Deus que providenciou para que meus objetivos fossem realizados; Ao meu namorado Adilson pelo carinho, motivação e apoio; As minhas amigas Diana e Tatiana pela amizade e apoio.

RESUMO Diabetes Mellitus (DM) é um estado de hiperglicemia crônico, produzido por numerosos fatores ambientais e genéticos que geralmente atuam juntos, caracterizado pela falta parcial ou total de insulina, originando alterações no metabolismo dos carboidratos, proteínas e gorduras (SBD, 2006). DM vem sendo reconhecido mundialmente como um importante problema de saúde pública, sendo que têm sido considerados significativos os índices de morbidade e mortalidade em relação à doença (SBD,2006). O presente estudo tem como finalidade analisar o perfil farmacoterapêutico dos portadores de Diabetes Mellitus de Monte Verde MG. Foram entrevistados 34 diabéticos, sendo 23,53% do sexo masculino e 76,47% do sexo feminino. Para a coleta de dados foi utilizado um instrumento contendo perguntas sobre: medicamentos utilizados e se todos estão disponíveis em rede pública, utilização da insulina, hábitos de vida, informações e orientações recebidas, entre outros dados relevantes Os resultados obtidos foram que 52,95% dos entrevistados utilizam somente medicamentos administrados por via oral e 47,05% utilizam além dos medicamentos hipoglicemiantes administrados por via oral também utilizam a insulina administrada por via subcutânea. Dos parâmetros biológicos analisados 82,4% dos entrevistados não estavam com a pressão arterial e a glicemia de jejum controlada. Somente 20% de todo o grupo adquirem todos os medicamentos em rede publica e apenas 38,3% deles realizam consultas médicas em rede pública. 1,76% dos diabéticos entrevistados são fumantes, mas 64,7% deles não praticam atividade física assim como não controlam a alimentação. Os resultados permitiram concluir que além de preocupantes estes dados nos revelam à necessidade de adoção de medidas que previnam os agravos à saúde da população, geram reflexos sobre os custos inerentes às ações desenvolvidas no próprio Sistema Único de Saúde. A presença do farmacêutico nos ambulatórios, PSF e NASF é fundamental para se ter uma farmacoterapia mais efetiva e segura e consequentemente reduzir as complicações decorrentes do diabetes. Palavras-chave: Diabetes Mellitus, Farmacoterapia, Hábitos de vida.

Sumário 1.0 Introdução... 02 2.0 Justificativa... 04 3.0 Objetivo... 05 4.0 Materiais e Métodos... 06 5.0 Resultados... 07 6.0 Discussão... 12 7.0 Conclusão... 17 8.0 Referências Bibliográficas... 18 9.0 Anexos... 20

1.0 Introdução Diabetes Mellitus (DM) é um estado de hiperglicemia crônico, produzido por numerosos fatores ambientais e genéticos que geralmente atuam juntos, caracterizado pela falta parcial ou total de insulina, originando alterações no metabolismo dos carboidratos, proteínas e gorduras (SBD, 2006). Os tipos de Diabetes mais freqüente são o Diabetes Tipo 1, anteriormente conhecido como Diabetes juvenil, que corresponde cerca de 10% do total de casos, e o Diabetes Tipo 2, anteriormente conhecido como diabetes do adulto, que compreende cerca de 90% dos casos. Outros tipos de diabetes encontrado com maior freqüência e cuja etiologia não esta esclarecida é o diabete gestacional, que em geral, é um pré-clinico de diabetes, detectado no rastreamento pré-natal. Outros tipos específicos de diabetes menos freqüentes podem resultar de defeitos genéticos da função das células beta, defeitos genéticos da ação da insulina, doenças do pâncreas exócrino, endocrinopatias, efeitos colateral de medicamentos, infecções e outras síndromes genéticas associadas ao diabetes (BRASIL, 2006). O Diabetes Mellitus configura-se hoje como uma epidemia mundial, traduzindo-se assim como grande desafio para os sistemas de saúde. O envelhecimento da população, a urbanização crescente e a doação de estilos de vida pouco saudáveis o sedentarismo, dieta inadequada e obesidade são os grandes responsáveis pelo aumento da incidência e prevalência do diabetes em todo mundo (BRASIL, 2006). Estima-se que no Brasil, existem mais de cinco milhões de pessoas diabéticas, das quais cerca de 50% desconhecem o diagnostico. Sua prevalência entre as pessoas com idade entre 30-69 anos que moram na região urbana é de 7,6% (SBD, 2008). Clinicamente, os sintomas decorrentes da hiperglicemia incluem um ou mais sintomas como poliúria, polidipsia, perda de peso, polifadiga, visão embaçada, prurido, aumento da susceptibilidade a infecções, entre outros. Conseqüências agudas podem acompanhar o diabetes como cetoacidose metabólica ou síndrome hiperosmolar não cetolica (PINCINATO, 2003). O diabetes é marcado pelo aparecimento de complicações tardias, como retinopatia com potencial perda da visão, nefropatia, que pode evoluir a uma

falência renal, neuropatia periferia com riscos de úlceras nos pés, podendo levar a amputações dos membros; nefropatia autonômica, causando sintomas gastrointestinais, geniturinários, cardiovasculares e disfunções sexuais (PICINATO, 2003). Os mecanismos do aparecimento dessas complicações ainda não estão completamente esclarecidos, mas a duração do diabetes assim como seu controle interagem com outros fatores de risco, como hipertensão arterial, fumo e dislipidemia. O controle intensivo desses fatores através de medidas farmacológicas e não farmacológicas pode reduzir todas as complicações em pelo menos metade (BRASIL, 2006). Por tratar-se de uma doença evolutiva, os pacientes desta síndrome, requerem mudanças positivas no estilo de vida (hábitos alimentares e de atividade física) associado com tratamento farmacológico, muitos deles com insulina, pois as células betas do pâncreas tendem a progredir para um estado de falência parcial ou total ao longo dos anos (BRASIL, 2006). O tratamento insulinoterápico visa mimetizar, tanto quanto possível, o perfil fisiológico da secreção pancreática de insulina. Dessa forma, múltiplas doses diárias desse hormônio no tecido subcutâneo são necessárias no sentido de proporcionar o controle glicêmico, o qual tem sido demonstrado como condição essencial na prevenção das complicações agudas e crônicas desta síndrome (STACCIARINI, 2008). Mas para que o controle glicêmico seja efetivo com o tratamento insulinoterapico, é necessário que o usuário aprenda vários aspectos sobre como utilizar a insulina exógena, pois a ação deste medicamento esta diretamente relacionada a fatores envolvidos desde sua aquisição até a aplicação envolvendo procedimentos básicos para aplicação: delimitação da região de aplicação, rodízio nos locais de aplicação, conservação da insulina, entre outros (STACCIANRINI, 2008). As patologias-alvo, nas quais a prática da Atenção Farmacêutica deve ser aplicada são as doenças crônicas como hipertensão, diabetes e asma, visto que são enfermidades com indicadores potenciais de resultados clínicos específicos (por exemplo: níveis de pressão arterial, glicemia e débito expiratório máximo instantâneo) (STORPIRTIS, 2008).

A Atenção Farmacêutica consiste em uma prática profissional orientada para o paciente, na qual o farmacêutico intervém, em colaboração com outros profissionais da saúde e com o próprio paciente, com o propósito de avaliar, monitorar, iniciar e ajustar a terapia farmacológica. Isso é feito para promover a saúde e prevenir doenças. Por conseguinte, é um conceito fortemente centrado na gestão global da terapêutica farmacológica do paciente e na avaliação do seu grau de satisfação, visando à melhora de sua qualidade de vida (STORPIRTIS, 2008). A maioria das falhas na farmacoterapia pode ser atribuída a uma utilização inadequada dos medicamentos por parte dos usuários. A solução para esse importante problema seria a implementação de programas de Atenção Farmacêutica nas farmácias em níveis hospitalar, ambulatorial e comercial, com o objetivo final de prevenir a morbi-mortalidade devido ao uso de medicamentos, pela prática dirigida a assegurar uma farmacoterapia necessária, segura e efetiva a todos os pacientes (MARQUES, et al., 2009). As falhas na farmacoterapia devem a dois motivos independentes: por um lado, pode alcançar resultados não desejados ou efeito adversos/indesejados, os quais se conhece como um problema de segurança; e, por outro lado, pode não alcançar os resultados terapêuticos desejados, os quais se conhecem por problema de efetividade. Entre os problemas de efetividade, o principal a ser destacado é a não adesão ao tratamento. São vários os fatores que podem influenciar negativamente na adesão levando o farmacêutico a desenvolver uma relação de confiança com o paciente para definir estratégias eficientes que possam solucionar tal problema (MARQUES, et al., 2009).

2.0 Justificativa O Diabetes Mellitus é um importante problema de saúde publica, uma vez que é bastante freqüente na população mundial e esta associada a complicações que comprometem a produtividade, qualidade de vida e sobrevida dos pacientes, alem de envolver altos custos no seu tratamento e no tratamento de suas complicações. Uma epidemia mundial de diabetes (DM) e obesidade estão em andamento. Em 1995, havia 135 milhões de pessoas com DM no mundo e as projeções são de que em 2025, esse número alcance 300 milhões. Cerca de 2/3 desses diabéticos vivem em países em desenvolvimento, onde a epidemia tem maior intensidade. A grande parte, cerca de 90%, são diabético tipo 2 e no nosso país, o único estudo de prevalência realizado no final dos anos 80, demonstrou uma prevalência de diabetes na população de 30-69 anos de 7,6%. É importante ressaltar que quase 50% desses indivíduos diagnosticados não sabiam de sua condição. Possivelmente, após 25 anos, com o envelhecimento da população, o aumento da prevalência de obesidade e sedentarismo, esse número possa estar subestimando o número real de diabéticos no Brasil e um novo estudo de prevalência se faz necessário. Existem projeções de que nas próximas duas décadas, o crescimento do número de indivíduos com diabetes em países em desenvolvimento como Brasil, Índia e China vai ser suas vezes maior do que nos EUA (SBD, 2006). Diante dessa realidade, a prática da Atenção Farmacêutica surge com o propósito de otimizar os resultados da farmacoterapia de forma individual, permitindo as farmacêutico, por meio de um trabalho de cooperação com médicos, enfermeiros e portadores de enfermidades, melhorar os resultados da farmacoterapia ao prevenir, detectar e resolver os problemas relacionados aos medicamentos (PRM) antes que estes dêem lugar à morbimortalidade.

3.0 Objetivo O presente estudo tem como objetivo de avaliar o tratamento utilizado pelos portadores de Diabetes Mellitus para seu controle glicêmico e, a partir daí, avaliar o grau de conhecimento sobre sua doença, medicamentos utilizados e se todos estão disponíveis em rede pública, informações e orientações recebidas, qualidade de vida averiguando hábitos alimentares e atividade física assim como o fumo e obesidade, esquemas de monitorização e utilização da insulina, suas limitações e possibilidade de otimização desses esquemas.

4.0 Materiais e Métodos A pesquisa foi realizada na Estância Climática de Monte Verde, situada no município de Camanducaia MG, de janeiro a dezembro de 2009 (um ano). Monte Verde possui cerca de cinco mil habitantes. Em Monte Verde há uma Unidade Básica de Saúde municipal que dispensa medicamentos à população, inclusive a insulina. Os medicamentos são dispensados pela farmacêutica responsável, frente ao receituário médico, porém a insulina é dispensada pela equipe de enfermagem. Monte Verde possui também o PSF (programa de saúde da família) composto por um médico, uma enfermeira e os agentes comunitários de saúde. Ocorre atendimento medico na unidade e visitas domiciliares por duas vezes na semana. Optou-se em coletar os dados com pessoas portadoras de Diabetes Mellitus em uma drogaria privada onde muitas pessoas procuram a farmacêutica responsável do estabelecimento para orientar-se e informar-se sobre medicamentos que utilizam inclusive para a aplicação da insulina. Foram investigados todos pacientes-clientes, entre homens e mulheres, adultos com idade entre 18-70 anos que sejam portadores de Diabetes Mellitus. Esta pesquisa foi desenvolvida através de entrevista com o próprio paciente, sendo inclusos na pesquisa aqueles que aceitaram participar do processo e assinaram o Termo de Consentimento Pós-Informado em anexo (Anexo 1). Durante a entrevista com o paciente foi possível investigar a história farmacoterapêutica, a postura do paciente em relação à sua doença, hábitos de vida, se utiliza insulinoterapia e quais as condições de conservação, transporte, aplicação, entre outras, conforme o questionário em anexo (Anexo 2). Todos os pacientes tiveram o IMC calculado. O Índice de Massa Corporal (Peso/Altura 2 kg/m 2 ) tem como finalidade avaliar a massa corporal em relação à altura e como pontos de corte adotou-se IMC<18,5kg/m 2 =desnutrição; IMC 30kg/m 2 obesidade (OMS, 1997).

Tabela 1: Classificação do IMC de acordo com a OMS, 1997. IMC (kg/m 2 ) Classificação < 18,5 Desnutrição 18,5-24,9 Eutrofia 25,0-29,9 Sobrepeso 30,0-34,9 Obesidade I 35,0-39,9 Obesidade II A glicemia foi determinada em jejum, utilizando-se um glicosímetro Accu Check Performa (Roche ). A pressão arterial foi aferida esfigmomanômetro aneróide e estetoscópio, com o paciente na posição sentada e o braço elevado na altura do coração (MACHUCA & PARRAS, 2003). Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa com seres humanos da UNIFAL-MG.

5.0 Resultados Foram entrevistados 34 diabéticos sendo que 26 (76,47%) eram do sexo feminino (figura 1). A média de idade de todo o grupo foi de 59,53 anos. 23,53% Homens Mulheres 76,47% Figura 1: Classificação dos pacientes por gênero. Dentre os entrevistados avaliaram-se fatores de risco que interagem diretamente com o controle glicêmico como: tabagismo, obesidade, hipertensão arterial e glicemia. Quanto ao tabagismo percebeu-se uma minoria de fumantes: apenas 1,76% (n=4). Após calcular o IMC (índice de massa corpórea) dos participantes observou-se: 47,05% com IMC entre 18-24,9; 38,24% com IMC entre 25-29,9 e 14,71% com IMC superior a 30 conforme a figura 2: 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 47.05 38.24 14.71 18-24,9 25-29,9 Superior a 30 IMC (indice de massa corpórea) 18-24,9 25-29,9 Superior a 30 Figura 2: IMC (índice de massa corpórea) dos pacientes em estudo.

Realizou-se a aferição da pressão arterial e verificação da glicemia de jejum de todos do grupo e percebeu-se que, segundo padrão de referência para a pressão arterial é de 130x80 e de glicemia é de 120mg/dL; 17,6% dos entrevistados estavam com os parâmetros controlados e a maioria 82,4% estavam com os parâmetros alterados, conforme figura 3 e tabela 2: 17,6% Controlado Alterados 82,4% Figura 3: Parâmetros biológicos (Glicemia de jejum e pressão arterial) dos pacientes em estudo.

Tabela 2: Valores de pressão arterial e glicemia de jejum dos pacientes estudados. Diabéticos Pressão Arterial Glicemia de jejum (mg/dl) (mmhg) 1 120 x 80 144 2 150 x 90 204 3 140 x 90 119 4 150 x 90 208 5 120 x 80 95 6 130 x 80 306 7 150 x 90 280 8 140 x 90 253 9 130 x 80 58 10 130 x 80 222 11 130 x 90 150 12 130 x 90 132 13 160 x 100 91 14 140 x 80 210 15 110 x 70 146 16 140 x 90 157 17 120 x 80 120 18 140 x 80 247 19 120 x 80 135 20 100 x 50 121 21 120 x 80 90 22 120 x 80 161 23 150 x 90 98 24 140 x 90 210 25 130 x 80 150 26 150 x 90 240 27 130 x 90 122 28 140 x 90 301 29 130 x 90 135 30 120 x 80 140 31 140 x 100 326 32 120 x 80 131 33 130 x 80 80 34 130 x 80 290 Dos diabéticos estudados, 52,95% fazem uso somente de medicamentos administrados por via oral para a manutenção do controle glicêmico e 47,05% também utilizam a insulina administrada por via subcutânea. Percebeu-se a utilização concomitante de fármacos anti-

hipertensivos, antidepressivos, ansiolíticos, medicamentos para tireóide, Antiplaquetários, entre outros conforme Figura 4. Número de pessoas 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Hipoglicemiantes orais Anti-hipertensivos Hipoglicemiante Injetável Ansiolíticos Antiplaquetários Medicamentos para Tireóide Antilipêmicos Antidepressivos Fármacos Número de Pessoas Figura 4: Medicamentos utilizados pelos pacientes em estudo. Entre os diabéticos que fazem uso da insulina 100% deles conseguem o fornecimento da insulina na farmácia do SUS (Sistema Único de Saúde). A maioria deles 62,5% (n=16) utiliza duas doses de insulina NPH ao dia, ou seja, uma dose pela manhã e outra antes do jantar enquanto que 37,5% deles (n=6) utilizam apenas uma dose ao dia. A conservação da mesma em todos os casos foi na porta da geladeira e em caso de viagem transportam em caixa de isopor com gelo, com exceção de duas pessoas que possuem a caneta aplicadora de insulina. Percebeu-se a reutilização das seringas descartáveis por 100% dos pacientes. A maioria das aplicações era realizada pelo próprio paciente, outros se deslocavam até o posto de saúde e alguns até a drogaria. O local preferencial para a aplicação da insulina foi o braço, sendo o abdômen o segundo lugar, seguido do glúteo e coxa. As queixas mais ouvidas foram dor, hematomas, agulhas rombudas e aparecimento de nódulos. Questionados sobre o fornecimento dos medicamentos orais utilizados 38,23% (n=13) dos entrevistados compram todos os medicamentos alegando a falta dos mesmos no SUS; 41,17% (n=14) disseram que compram alguns e

recebem outros medicamentos do SUS e apenas 20% (n=8) recebem todos os medicamentos da farmácia do SUS conforme figura 5 abaixo: 38,3% 20% 61,76% Particulares Particulares + SUS SUS Figura 5: Forma de aquisição de medicamentos pelos pacientes em estudo. Em relação às consultas médicas percebeu-se que a grande maioria dos entrevistados 61,76% (n=21) realiza consultas médicas particulares enquanto que 38,3% (n=13) realizam somente pelo Sistema Único de Saúde. A principal reclamação foi à demora e a maneira de como eram atendidos. As respostas foram repetidas quando se investigou sobre a execução de exames laboratoriais, pois 88,23% (n=30) deles realizam tais exames em um laboratório particular. Quanto à auto-monitorização da glicemia, a média foi de até três vezes na semana. Este baixo número foi justificado pelos pacientes devido ao difícil acesso, mau atendimento no SUS, tempo de espera, alto custo das tiras reagentes e pelo fato de considerarem que se automonitoram corretamente. Em relação ao estilo de vida adotado por eles verificou-se que 5,29% (n=12) mantêm uma alimentação equilibrada e praticam atividade física diariamente enquanto que 64,71% (n=22) não controlam a dieta e não praticam atividade física.

6.0 Discussão Diante dos resultados obtidos pode-se perceber a prevalência relevante com relação ao gênero, pois 76,47% dos entrevistados eram do sexo feminino e apenas 23,53% eram do sexo masculino (conforme tabela 2). Tal fato pode ser explicado pelo preconceito dos homens em procurarem atendimento médico e pela sobrevida do sexo feminino ser maior do que a do sexo masculino (PINCINATO, 2003) Após avaliação dos fatores de risco, fatores estes que interferem diretamente com o controle do diabetes, como: tabagismo, obesidade, hipertensão arterial e glicemia, verificou-se que houve um fator positivo em relação ao tabagismo, pois apenas 1,76% dos entrevistados eram fumantes e, o fumo aumenta o risco de morbimortalidade prematura para complicações micro e macrovasculares (BRASIL, 2006). Com relação à obesidade, após cálculo de IMC (índice de massa corpórea) observou-se que cerca de 50% dos diabéticos estavam com sobrepeso e obesidade grau I, conforme tabela 1. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (2006), a obesidade e o ganho de peso estão entre os principais fatores de risco para o Diabetes Mellitus tipo 2, estimando-se que cada quilograma de aumento de peso esteja associado a uma elevação relativa de 9% na prevalência de Diabetes Mellitus. Mais de 80% dos diabéticos tipo 2 apresentam obesidade ou excesso de peso, o que agrava a situação metabólica, predispondo a outras enfermidades como dislipidemias e hipertensão arterial (SBD, 2006). O controle adequado do peso corporal deve estar sempre entre as prioridades no tratamento do paciente diabético (tipo 2), já tendo sido demonstrado que pode melhorar o controle glicêmico, a sensibilidade insulínica, o perfil lipídico, os níveis pressóricos e reduzir a mortalidade. Neste estudo 52,9% dos entrevistados apresentaram a pressão arterial alterada (conforme tabela 5). De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, 2006: as evidências indicam que níveis pressóricos mais baixos que os usuais precisam ser atingidos para que se obtenha máxima proteção contra o desenvolvimento da doença cardiovascular e da progressão da nefropatia

diabética. Sugerem que os níveis da pressão arterial diastólica (PAD) deve estar abaixo de 80mmHg e a sistólica (PAS) abaixo de 130 mmhg. Isto está associado à maior proteção cardiovascular em pacientes diabéticos e deve ser o objetivo a ser atingido nesses pacientes. O Diabetes Mellitus por ser uma doença evolutiva requer mudanças nos hábitos de vida como: alimentação equilibrada e atividade física e constatou-se que 64,71% dos entrevistados adotam um estilo de vida nada favorável e dizem não terem recebido nenhum tipo de orientação quanto ao tratamento não-medicamentoso, somente o que devem ou não comer. A dieta deve ser personalizada e adaptada às condições sócioeconômicas do paciente. As proteínas devem corresponder de 10 a 20% da dieta. O excesso pode levar à nefropatia diabética. As gorduras devem corresponder a no máximo 30%, sendo menos de 10% de gorduras saturadas, 10% de poliinsaturadas e complementar com as gorduras monoiinsaturadas. O paciente diabético deve ingerir 25 a 30g de fibras solúveis e insolúveis ao dia. Os carboidratos devem representar de 50 a 60% do total calórico diário, de preferência carboidratos complexos e com alto conteúdo de fibras solúveis. O paciente deve ser orientado sobre como contar carboidratos de forma a poder fazer substituições que mantenham a normoglicemia. Também, ele deve receber uma tabela que oriente quanto às substituições (MARQUES et al., 2009). A ingesta de sal deve ser limitado a 6g/dia. Devem ser evitados os alimentos processados, como embutidos, conservas, enlatados, defumados e salgados de pacotes do tipo snacks (SBD, 2007). Neste estudo percebeu-se a dificuldade dos pacientes em realizar a automonitorização glicêmica pelo difícil acesso aos equipamentos e tiras reagentes fornecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e por questões financeiras da maioria dos entrevistados. A automonitorização no paciente diabético é um fator de extrema importância, pois ela nos mostra o grau de controle nas glicemias pré e pósprandiais e, ao mesmo tempo, funciona como um fator educativo para o paciente, pois qualquer transgressão alimentar ou omissão de uma refeição se refletirá em hiper ou hipoglicemia (BRASIL, 2006). A automonitorização glicêmica (AMG) é parte integrante do conjunto de intervenções e componente

essencial de uma efetiva estratégia terapêutica para o controle adequado do diabetes. Este procedimento permite ao paciente avaliar sua resposta individual à terapia, possibilitando também avaliar se as metas glicêmicas recomendadas estão sendo efetivamente atingidas. Os resultados da AMG podem ser úteis na prevenção da hipoglicemia, na detecção de hipo e hiperglicemias nãosintomáticas e no ajuste da conduta terapêutica medicamentosa e nãomedicamentosa, tanto para portadores de diabetes mellitus tipo 1 (DM1) como para os portadores de diabetes mellitus tipo 2 (DM2), variando apenas a freqüência recomendada, a qual deve ser definida pelas necessidades individuais e pelas metas de cada paciente (SBD, 2008). De acordo com a Figura abaixo, observa-se que os pacientes diabéticos deste estudo não se enquadram nas diretrizes para automonitorização, recomendadas pela SBD, 2008. Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2008. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, 2006; do ponto de vista prático o ideal é que o paciente apresente: Glicemia de jejum entre 90 e 120 mg/dl; Glicemia pré-prandial de até 140 mg/dl; Glicemia pós-prandial de até 180 mg/dl. Dentre os entrevistados, verificou-se a glicemia de jejum utilizando o glicosímetro Accu-check performa (Roche) e observou-se que cerca de 90% estavam com a glicemia de jejum alterada conforme tabela 4 e 5.

O tratamento insulinoterápico foi verificado em 50% dos pacientes diabéticos entrevistados. O esquema utilizado pela maioria deles foi a convencional com uma ou duas doses de insulina ao dia. Este é o regime insulínico mais comumente utilizado entre os pacientes diabéticos (SBD, 2006). A insulina é um hormônio que deve ser conservado de maneira adequada para que sejam garantidas as suas propriedades farmacológicas. Para a conservação da mesma recomenda-se: As insulinas devem ser armazenadas em geladeiras, na porta ou na parte inferior; A insulina que está em uso poderá ser mantida em temperatura ambiente (15º-30º C) por até um mês. Nesse caso, deixar o frasco no lugar mais fresco da casa, como por exemplo, perto do filtro de água; Em caso de viagens colocarem os frascos de insulina em bolsa térmica ou caixa de isopor. Não é necessário colocar gelo. Caso não tenha bolsa térmica ou isopor, leve o frasco em bolsa comum, junto a você, onde não receba a luz do sol, diretamente. Quanto à conservação da insulina os diabéticos entrevistados mostraram-se positivos, informados e disciplinados em relação a isso. A reutilização de seringas nesses pacientes foi de até seis vezes. Teoricamente, as agulhas deveriam ser descartadas sempre após uma aplicação. Entretanto, na prática, isso não acontece. Sendo assim, a literatura considera como reutilização segura do conjunto seringa/agulha por até oito aplicações, sempre pela mesma pessoa, desde que respeitadas as orientações sobre armazenamento em geladeira ou em lugar adequado, com a devida proteção da agulha por sua capa protetora plástica. A higiene das mãos e dos locais de aplicação é fundamental para proporcionar a segurança necessária quanto à reutilização com conjunto seringa/agulha (MARQUES, et al., 2009). Quanto ao Atendimento do SUS (Sistema único de Saúde) constatou-se após análise dos resultados que a distribuição de medicamentos, incluindo insulina e seringa, assim como as consultas e exames médicos, parecem não satisfazer a maioria de todos os entrevistados. Acredita-se que implementar um programa de educação em diabetes que possa priorizar a capacitação dos profissionais, a fim de qualificar o atendimento a esta clientela, possa minimizar o impacto da doença na família

e, minimizar não só o sofrimento do paciente diabético mas também as complicações decorrentes desta enfermidade. È imprescindível o envolvimento dos profissionais e familiares no cuidado de pessoas diabéticas. Uma estratégia que deve ser utilizada é o incentivo a participação de grupos diabéticos, envolvendo os familiares, o que poderá contribuir para a adesão aos cuidados, visando a prevenção de complicações agudas e crônicas.

7.0 Conclusão Pode-se observar diante dos resultados obtidos que esses dados, além de preocupantes, no que se refere à necessidade de adoção de medidas que previnam os agravos à saúde da população, geram reflexos sobre os custos inerentes às ações desenvolvidas no próprio Sistema Único de Saúde. A necessidade de um profissional farmacêutico que atue não apenas no aspecto gerencial, e sim no contato direto com os usuários, seja na dispensação, no acompanhamento da utilização dos medicamentos, na orientação ao uso ou nas ações coletivas, contribuiria efetivamente para a otimização de recursos fornecidos pelo SUS. Desta forma a necessidade de um profissional especialista em medicamento no trabalho direto com a comunidade alia-se a programas ministeriais, como o Programa Saúde da Família (PSF), e cria-se a oportunidade da efetiva inserção do farmacêutico no Sistema Único de Saúde. A presença do farmacêutico nos ambulatórios, PSF e NASF é fundamental para se ter uma farmacoterapia mais efetiva e segura e consequentemente reduzir as complicações decorrentes do diabetes.

8.0 Referências Bibliográficas PINCINATO, Eder C., Atualização no diagnóstico, classificação para o diabetes mellitus (DA). Revista Brasileira de Ciência da Saúde, São Paulo, v.1, n 1, p.p. 62-67 jan/jun.2003 STACCIARINI, Thaís Santos Guerra; Haas, Vanderlei José and Pace, Ana Emília Fatores Associados à auto-aplicação nos usuários com Diabetes Mellitus acompanhados pela estratégica saúde da família.cad. Saúde Pública, jun/2008, vol.24, nº6,p.1314-1322. ISSN0102-311X. Disponível em http://www.scielo.br acesso em 12/10/2008. DALL Antônia, Cristina and Zanetti, Maria Lúcia Auto-Aplicação de insulina em crianças portadoras de Diabetes Mellitus tipo 1. Ver. Latino-Americana de Enfermagem, jul 2000, vol.8, nº3, p.51-58. ISSN014-1169. Disponível em http://www.scielo.br acesso em 12/10/2008. CASTRO, Ampario del Rocio Vintimilla and Grossi, Sonia Aurora Alves Reutilização de Seringas Descartáveis no Domicílio de crianças e adolescentes com Diabetes Mellitus. Rev. Esc. Enferm. Usp. Jun 2007, vol.41,nº2,p.187-195. ISSN0080-6234. Disponível em http://www.scielo.br. Acesso em 12/10/2008 SBD. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Dados sobre Diabetes Mellitus no Brasil. 2006. Disponível em: http://www.diabetes.org.br/imprens. php. Acesso em 23/09/2008. Brasil.Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção À Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diabetes Mellitus/Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica Brasília: Ministério da Saúde, 2006 56p.