2 Mercado de Derivativos Climáticos



Documentos relacionados
13. Derivativos 1/3/2009 1

Conhecimentos Bancários

Conhecimentos Bancários. Item Derivativos

3 Precificação. 3.1 Métodos de Precificação

Currículo Sintético. Edson Ferreira de Oliveira. Mestre em Administração Universidade Mackenzie

21/06/ Carlos R. Godoy 2. Renda Variável. Agenda da Aula Mercados de Futuros - Derivativos. Mercados Futuros: Derivativos

28/11/2016. Renda Variável. Mercado Financeiro I RCC Mercados de Futuros - Derivativos. Agenda da Aula Mercado de Futuros

Certificação CPA20 V 9.8

Canais de negociação: Home Broker Mesa de Operações Boleta Rápida AE Broadcast Ágora Station

Contratos Derivativos Opções sobre Futuro de Soja Brasil

Câmbio: Mecanismos de hedge. Reinaldo Gonçalves

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO CAPÍTULO 2 CONCEITOS BÁSICOS DE MERCADOS FUTUROS CAPÍTULO 3 MERCADO FUTURO DE DÓLAR COMERCIAL

O mercado de câmbio Mercado de câmbio

Preparatório Ancord. Módulo 15 Mercados Derivativos

Gestão de Risco e Derivativos. 3. Gestão de Risco e Derivativos. Derivativos : Conceito. Como se hedgearnas seguintes situações?

2 Mercado de Juros no Brasil

Lucratividade: Crescer, Sobreviver ou Morrer

Contratos Derivativos Opções sobre Futuro de DI

Contratos Derivativos. Opções sobre Futuro de Milho

Perfis de Investimento

Investimentos II APRESENTAÇÃO DE APOIO. 3º Encontro. Pós-Graduação em Finanças, Investimentos e Banking

FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS FATECS CURSO: ADMINISTRAÇÃO ÁREA: ADMINISTRAÇÃO GERAL

Financiamento. Remuneração de Carteira de ações

CF PETRO. Mercados e Instrumentos Financeiros II RCC Faça parte deste Grupo. Mercados e Instrumentos Financeiros II

Derivativos. Que é um Derivativo. Que é um Derivativo. Prf. José Fajardo Fundação Getulio Vargas. Contrato Duas Partes

Mercados e Instrumentos Financeiros II. Fundamentos de Opções. Mercados Futuros. Hedge com Futuros e Opções. Fundamentos de Opções

Elevada Liquidez Internacional Molda as Cotações 1

Derivativos e Governança Corporativa

Princípios de Investimento

Introdução. José Valentim Machado Vicente, D. Sc. Aula 1 1

Mercado Cambial: Uma Abordagem de Ativos Financeiros

Finanças 3. Opções Lista de Exercícios

COMO SANTANDER GERENCIA SEUS RISCOS?

Fundo de Investimento em Direitos Creditórios FIDC

Mestrado em Finanças e Economia Empresarial EPGE - FGV. Curso de Derivativos. Alexandre Lowenkron.

Step-up. Proteção com ganho mínimo

CONCEITOS BÁSICOS DE NEGOCIAÇÃO EM OPÇÕES

Certificado de Recebíveis Imobiliários CRI

CURSO ON-LINE PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI. Questão 33 Prova de Inspetor (Questão 29 Prova de Analista de Mercado de Capitais)

ECONOMIA DA EDUCAÇÃO Módulo 1 Princípios de Economia

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Léo França Porto

FORMULÁRIO DE INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES FUNDO INVESTIMENTO EM COTAS FUNDOS INVESTIMENTO CAIXA GERAÇÃO JOVEM RENDA FIXA CRÉDITO PRIVADO LONGO PRAZO

Mercado a Termo. Mercado a Termo Última atualização: 14/03/06 1

APREÇAMENTO DE DERIVATIVOS CLIMÁTICOS NO BRASIL: ANÁLISE DE MODELOS ATUARIAIS

OPÇÕES. CARTA ATIVA WEALTH MANAGEMENT Abril de 2018

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto Departamento de Economia

Informações Fundamentais ao Investidor PRODUTO FINANCEIRO COMPLEXO

Apresentação Pessoal

COE CERTIFICADO DE OPERAÇÕES ESTRUTURADAS SAIBA TUDO SOBRE ESSE INVESTIMENTO

rios ria Mercado de Futuros Agropecuários Comercialização Agropecuária Graduação em Agronomia/Zootecnia

E-BOOK INVESTIMENTOS NO EXTERIOR

Míni de Café WEBTRADING. É acessível. É descomplicado. É para você.

O crescimento destes instrumentos está muito associado ao uso, cada vez mais difundido, da engenharia financeira para operações entre bancos,

Estrutura de Gerenciamento de Risco de Mercado - CPBofAML

Relatório de Gerenciamento de Riscos

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O SANTANDER FIC RENDA FIXA SIMPLES / Informações referentes a Maio de 2016

Exercícios 2ª Avaliação

PROSPETO INFORMATIVO EUR BAC DUAL PORTUGAL PRODUTO FINANCEIRO COMPLEXO

MANUAL DE CLUBES DE INVESTIMENTO XP INVESTIMENTOS CCTVM S/A. Departamento de Clubes

Comitê de Tesouraria. Melhores práticas de hedge em cenários de incertezas Elcio Ito Diretor de Finanças BRF Brasil Foods

TEMA 1. MERCADO FINANCEIRO E TRIBUTAÇÃO. Introdução Sistema Financeiro Nacional. Mercado de Crédito

Os mercados do milho e sorgo: produção, preços, riscos e estratégias de comercialização

Relatório Mercatto OABPREV RJ Fundo Multimercado

Opções de IDI. Operando Reuniões do COPOM e o CDI. Riccardo Aranha

PRODUTO FINANCEIRO COMPLEXO DOCUMENTO INFORMATIVO EUR BES PSI NOTES

Análise do Uso de Derivativos em Fundos de Investimentos

CONTRATOS DERIVATIVOS. Futuro de Cupom de IPCA

BPI αlpha O FEI que investe em Produtos Estruturados.

Mestrado em Finanças e Economia Empresarial EPGE - FGV. Curso de Derivativos. Alexandre Lowenkron.

Variáveis que afetam a demanda 1

TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA OPERAR MINI CONTRATOS

Estrutura de Gerenciamento de Risco de Mercado - CPBofAML

Como as ações reagem aos eventos

Teoria das organizações. Stakeholders, Gerência e Ética

Opções sobre Futuro de Açúcar Cristal

Tema 3: Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado. Objetivos. Relembrando

Rio de Janeiro, novembro de Renato Andrade

Fence. Participação na alta com Proteção Parcial

Fundo de Investimento em Ações - FIA

Tudo o que você precisa saber para operar Mini Contratos

SAIBA TUDO SOBRE TESOURO DIRETO

AULA 5 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE AÇOES. Prof Mestre Keilla

Hedge Accounting Eduardo Flores. out-17

PANORAMAS DE MERCADO DE GRÃOS: MILHO E SOJA FLAVIO ANTUNES CONSULTOR EM GERENCIAMENTO DE RISCOS. Bebedouro, 21 de junho de 2017

Booster. Participação Dobrada na Alta

Q U E R O - Q U E R O F I N A N C I A D O R A S /A

Fence sem o ativo. Participação na queda

Índice. 1. Termo Mais sobre termo Ordens Margens e Garantias Liquidação Fatores de Risco

Análise e Projeto de Sistemas

MANUAL DE GESTÃO DE RISCO PARA FUNDOS DE INVESTIMENTOS OBJETIVO

PRINCIPAIS FATORES DE ANÁLISES. INVESTIMENTOS e RISCOS

IFSC Câmpus Lages Economia Microeconomia Profª. Larisse Kupski

Ativo Ativo--Objeto da Ação Objeto da Ação Ativo Ativo--Objeto da Ação Objeto da Ação ativ ati o v s tangíveis tangívei ou físic físi o c s, como

NEWS No: 27 Rentabilidade da indústria melhora 2 de junho de Dublin Resiliência

LAVANDERIAS COMERCIAIS. Controles Quantum

Transcrição:

2 Mercado de Derivativos Climáticos 2.1 Análise de Risco 2.1.1 Risco climático. A área de gestão de risco é uma das que está crescendo mais no setor de energia, principalmente após a liberação e estímulo a competição na indústria de energia. Conforme explicitou Montano, 2004, nos vários países que ocorreram a desregulamentação do comércio de energia elétrica houve um aumento no desenvolvimento e utilização de instrumentos de gerenciamento de risco. A energia elétrica possui propriedades bem específicas de utilização, comercialização e produção. Esta pode sofrer significativas alterações no preço em função de grandes variações na demanda proveniente das condições do clima. Um importante característica do risco deste mercado é a produção e utilização da energia de forma quase que simultânea, sem possibilidade de armazenamento e sem grandes espaços de tempo para o planejamento. A partir do final da última década a exposição climática das empresas deixou de ser somente um fato aceitável e se tornou um instrumento importante de gerenciamento das decisões estratégicas, como explica Elithorpe e Putnam, 2000. O instrumento de derivativos climáticos permite aos usuários comprar e vender os riscos relacionados ao clima e gerenciar esta nova categoria de risco, que até o momento vinha tendo pouca atenção. O impacto do risco climático no faturamento e no fluxo de caixa das companhias de serviços públicos de energia é devido principalmente às variações na demanda de energia. Os fundamentais e comprovados exemplos de risco climático que podem afetar negativamente a performance do setor de energia são: um inverno mais quente que o normal e um verão mais frio que o normal, pois reduzem a demanda de energia para aquecimento e resfriamento de ambientes, respectivamente.

Capítulo 2 Mercado de derivativos climáticos 18 Os instrumentos de hedge climático são estruturados para facilitar a transferência do risco climático de uma companhia para um terceiro que seja mais receptivo ou capaz de lidar com este risco. Como expõe Cão e Wei, 2003, os contratos são semelhantes aos dos derivativos convencionais, exceto pelo fato do pay-off variar de acordo com as condições do clima. Os derivativos climáticos diferem dos derivativos convencionais, pois não possuem nenhum ativo objeto ou preço original negociável que dê forma à base do derivativo. Por exemplo, os derivativos financeiros são baseados em partes, índices, títulos, taxas de troca ou moedas correntes, que influenciam os volumes negociados dos produtos. Já o ativo objeto do derivativo de clima é baseado nos dados das condições climáticas, como temperatura, que influenciam o volume negociado dos bens. Os derivativos de clima não foram criados com a finalidade fazer hedge de preço, pois é impossível pôr um preço sobre o clima. Os derivativos de clima protegem contra outros riscos em que o clima tem grande influência, tal como o risco de declinio da demanda em conseqüência da mudança no tempo e das mudanças de preço que poderiam resultar desta. A idéia por trás de um hedge de volume é que os resultados de setores sensíveis a este podem estar sujeitos à grande volatilidade, mesmo se os preços permanecerem sem alterações, seja devido a uma mudança na demanda ou no volume ofertado. Dependendo do setor em questão, um hedge perfeito necessita que seja feito sobre o risco do preço por derivativos convencionais e sobre o risco do volume por derivativos de clima. Isto significa que coberturas extremamente flexíveis podem ser projetadas, como por exemplo, os diferentes riscos do clima podem ser combinados entre si ou até mesmo com diferentes tipos de riscos financeiros e de mercado. 2.1.2 Risco de Base. Primeiramente, parece óbvio que o hedge de clima tem muito pouco a ver com seguro no sentido clássico, embora ambas as ferramentas possam ser usadas com um objetivo similar em mente. Uma diferença essencial em relação ao seguro é que uma companhia não necessita incorrer, nem provar nenhuma queda nos rendimentos a fim de receber um pagamento como compensação. Como explica

Capítulo 2 Mercado de derivativos climáticos 19 Auer, 2003, as condições de tempo que fazem a empresa colocar dinheiro sobre um derivativo climático podem nem afetar diretamente seu negócio, mas podem proteger seu lucro por meio das condições de tempo que afetem outras localidades, incluindo seus principais concorrentes. Por exemplo, produtores de vinho na região A poderiam proteger-se contra uma colheita recorde na região B, a qual em conseqüência do aumento da oferta de uvas, poderia conduzir a uma queda drástica nos preços de mercado. Uma apólice de seguro tradicional poderia somente proteger os vinicultores da região A contra às perdas de sua própria colheita, pois este não oferece a possibilidade do cliente levar em conta a situação dos seus concorrentes. Usando um derivativo climático, os níveis de lucro da companhia são menos dependentes das flutuações do mercado, dado que as rendas mínimas são projetadas antecipadamente, e as previsões financeiras são mais exatas e previsíveis, possibilitando que o hedge de preço e de volume possam trabalhar juntos para garantir a estabilidade financeira da empresa. A efetividade e a eficiência da transferência de risco é determinada principalmente pelo risco de base, que é a dependência estocástica do clima local assegurado com a precisão do instrumento utilizado para medir o estado climático. Segundo Dischel, 2001, quanto menor o risco de base mais eficiente será a transferência de risco por derivativos, pois parte do risco de base dos derivativos climáticos vem do componente espacial. Este risco é muito difícil de ser estimado pois depende da relação direta entre o índice ou métrica utilizada no hedge e o impacto nos resultados da companhia. Em seu cálculo estão incluídos a parte exata, como estudos de correlação, e a parte subjetiva que vem da experiência e expectativa do tomador de decisão. A aplicabilidade dos derivativos climáticos depende fortemente do grau de risco de base. Altos graus desse risco podem fazer com que estes instrumentos não fiquem atrativos e as operações dos negócios vulneráveis as condições de climas adversos.

Capítulo 2 Mercado de derivativos climáticos 20 2.2 Mercado de Energia O clima tem um importante papel em todas as áreas de utilização da energia elétrica, pois a utilização desta é diretamente afetada pelas condições climáticas. A temperatura é uma das variáveis climáticas que afeta de forma mais significativa a demanda por energia e sua influência se dá pelas necessidades de aquecimento e resfriamento de ambientes, alimentos, máquinas e objetos. Um verão mais quente que o esperado ou um inverno mais frio que o normal podem fazer com que o a demanda por eletricidade aumente drasticamente. Inversamente, um verão mais brando ou um inverno que apresente uma temperatura mais amena causariam uma redução na demanda. De acordo com Dischel, 2001a, o setor da energia há muito tempo encontrou os benefício do hedge de clima, pois as companhias continuam a ter entraves com as condições de tempo adversas. Além da segurança nos rendimentos e uma maior estabilidade dos resultados financeiros, pode resultar na valorização das ações. Diferente do que ocorre com outras mercadorias, o mercado à vista de energia elétrica funciona como um mercado futuro. Como essa energia não pode ser estocada, sendo produzida no instante do seu consumo, sua negociação é feita antes de sua geração, baseada numa demanda prevista e numa oferta estimada. Pode-se dizer que o que é vendido não é o produto em si, mas uma parte da capacidade produtiva em determinado momento, por um certo período de tempo. Sua principal diferença em relação aos contratos futuros é que no mercado spot de energia elétrica, a quantidade comprada não é fixa, ela depende da demanda efetiva (ex-post). Dessa forma o sucesso do gerenciamento de risco no mercado de energia é fortemente dependente das flutuações na temperatura, pois há uma estreita correlação entre consumo de eletricidade e temperatura atmosférica no dia. Nos estados do sul dos Estados Unidos como também em muitas cidades brasileiras, caso do Rio de Janeiro, a demanda de eletricidade soa em resposta às altas temperaturas do verão devido ao aumento na utilização de sistemas de condicionamento de ar.

Capítulo 2 Mercado de derivativos climáticos 21 2.3 Mercado de Derivativos Os contratos de derivativos climáticos existem para ajudar os negócios e proteger seus rendimentos durante épocas da demanda comprimida ou de custos excessivos por causa de condições de tempo inesperadas ou desfavoráveis. Estes são projetados primeiramente para encontrar-se com as necessidades de hedge do mercado over-the-counter. Os negociantes de swaps e opções podem encontrar-se fora de seu risco usando contratos líquidos padronizados do mercado com contratos de benefício adicional de transparência do preço fornecido por mercados de trocas e negociações. Os principais contratos de derivativos climáticos são negociados na CME e na bolsa de valores de Londres (LIFFE, London International Financial Futures Exchange). Desde a sua criação, em 1997, o mercado tem se expandido fortemente e, atualmente, os contratos são oferecidos globalmente em três áreas: Estados Unidos, Ásia/Pacífico e Europa. Apesar do grande crescimento na Europa e na Ásia, os Estados Unidos ainda dominam o mercado mundial, seguido pela Europa e pela Ásia. Como salienta Jewson, 2004, a expansão do mercado de derivativos de clima será provavelmente direcionada não só para as empresas diretamente afetadas, mas também por demais partes não diretamente relacionadas. Um grande número de organizações financeiras, incluindo bancos, companhias de seguros e fundos de investimentos estão começando a apostar nos derivativos de clima como uma área com grandes possibilidades de lucro. Os derivativos climáticos estão tornando-se também mais e mais populares como um instrumento de marketing e as companhias de energia se depararam com o desafio de integração dos derivativos climáticos em sua gerência de risco total, pois este permite considerar volume, preço e outros riscos de mercado usando uma combinação apropriada de produtos de hedge financeiros. Também, onde há uma correlação negativa, os derivativos climáticos podem ser usados para fazer hedge dos riscos que se relacionam à economia real. Além do mais, os derivativos climáticos, como todos os derivativos, podem a princípio ser usados para finalidades especulativas, embora seu objetivo declarado seja oferecer as companhias em setores sensíveis ao clima uma ferramenta de gerência do risco que permita uma proteção eficientemente dos riscos climáticos.

Capítulo 2 Mercado de derivativos climáticos 22 Atualmente, nos principais mercados, os derivativos de clima para os usuários finais são estruturados e negociados num mercado primário. Neste contexto, o termo "end-user" se refere as instituições que enfrentam o risco climático em seu negócio principal, tal como companhias de serviço público de energia, empresas de construção, entretenimento e negócios agro-pecuários. O mercado secundário é composto predominantemente de bancos de investimento e de corretoras de valores que especializaram-se em derivativos climáticos. Tipicamente as transações entre hedgers e especuladores são realizadas no mercado primário enquanto que as transações entre os especuladores ocorrem no secundário. Nos Estados Unidos o mercado primário transaciona normalmente no mercado de balcão, negociado privativamente entre duas partes. Uma parte crescente do mercado secundário é negociado na CME, que age principalmente trazendo transparência e eliminando o risco de crédito. Cada transação com o mercado primário gera diversas transações no mercado secundário. É esperado que a padronização crescente dos contratos conduza a uma ascensão no número de negociadores e de transações de mercado. Os índices de contratos negociados na CME são acordos legalmente acertados para comprar ou vender o valor do índice em uma data futura específica. Os contratos são estabelecidos em dinheiro, similares a outros produtos da CME tais como o Eurodollar e os contratos de futuros S&P 500. A toda hora, os contratos mensais de futuros de HDD e de CDD, de sete meses consecutivos das opções são listados. Por exemplo, em 15 de setembro, 2003 haveria sete meses consecutivos dos futuros de HDD listados com os meses da expiração listados de outubro de 2003 a abril 2003, e sete meses consecutivos de futuros de CDD (abril 2003 a outubro 2003). No mercado OTC do Estados Unidos a estação tradicional de HDD cobre os meses de outubro a março e a estação de CDD cobre tradicionalmente de maio a agosto. De abril e setembro são chamados de meses de "ombro". 2.4 Mercado Financeiro Dentre as principais finalidades dos derivativos a que mais se destaca é utilização para proteção, sendo utilizado para gerenciar os riscos de alterações nos

Capítulo 2 Mercado de derivativos climáticos 23 preços. No mercado de derivativos as flutuações se dão nos preços dos ativos objeto. Uma das características mais importantes dos derivativos é que, diferentemente de uma ação, este não representa um direito de posse, mas sim um direito de comprar ou vender num momento no futuro uma determinada quantidade da commodity a um preço pré-estabelecido que é conhecido como preço de exercício ou strike price, como expõe Davis, 2001. O mercado de derivativos é seguro e possui uma série de restrições e obrigações que asseguram a todos os participantes seus direitos. O mercado de opções negocia o direito de venda ou compra de uma ação no futuro mas não o prende a nenhuma obrigação. O detentor da opção adquire o direito pela firmação do contrato e quem vende a opção, o lançador, assume uma obrigação. A opção de compra (call) confere ao titular o direito de comprar o ativo objeto no futuro a um preço pré-determinado, com o lançador assumndo a obrigação de vendê-lo nas mesmas condições. De forma análoga, mas inversa, uma opção de venda (put) confere ao titular o direito de vender o ativo-objeto no futuro a um preço pré-determinado, mas agora é o lançador que assume o dever da compra. Já o swap é um contrato em que os agentes do mercado combinam uma permuta de fluxos de caixa entre si, de acordo com as cláusulas do contrato e considerando que ambas as partes possuem direitos iguais. Os swaps mais comuns são os de taxas de juros, de moedas e de commodities. Um número de considerações importantes diferencia os derivativos climáticos dos derivativos convencionais, explica Campbel e Diebold,2002. Primeiramente, no caso dos derivativos climáticos, o ativo objeto não é negociado no mercado spot. Segundo, são úteis para fazer hedge de quantidade, mas não necessariamente de preços como nos derivativos financeiros, ou seja, os derivativos de clima oferecem proteção contra variações na demanda relacionadas ao clima. Terceiro, embora a liquidez do mercado de derivativos climáticos venha aumentando, este nunca terá a liquidez do mercado de commodities, pois o clima é por natureza específico de cada local e não padronizado. Quarto, há os fatores dinâmicos da variância como a média e os ciclos sazonais nas variáveis climáticas.