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Transcrição:

0 IMPERIALISMO A Expansão capitalista e o colonialismo "Na segunda metade do século XIX, mais concretamente a partir de 1870, iniciouse o grande salto da expansão colonialista européia. Em menos de 30 anos, a febre colonial chegou aos confins do globo. A Grã-Bretanha e a França alargaram e consolidaram seus domínios na Ásia ao mesmo tempo em que se lançaram na grande aventura africana. A Alemanha de Otto von Bismarck (1815/1898), estimulada por um desenvolvimento econômico sem precedentes, provocou a divisão da África. Os holandeses aperfeiçoaram seus métodos de exploração na Insulíndia (hoje Indonésia), e o rei Leopoldo II (1835/1909), da Bélgica, instalou no Congo (hoje Zaire) um "Estado independente". A partir de 1898, após apoderar-se de Porto Rico, Cuba e Filipinas, o governo dos Estados Unidos desencadeou um verdadeiro furacão imperialista. (...) Alguns dados darão a idéia desta extraordinária expansão. Em 1875, os países europeus dominavam apenas 11% do território africano; em 1902, seu domínio estendia se a 90%. No norte da -África, até 1880, se excetuarmos a Argélia, unicamente no Egito e Tunísia existiam indícios de controle europeu. Três decênios mais tarde, os governos europeus tinham a soberania de quarenta unidades políticas em que haviam repartido o continente africano. Como se produziu uma mudança tão espetacular? Que impulsos se ocultavam por detrás do arrebatamento colonialista? (MADRIDEJOS, Mateo. Colonialismo e Neocolonialismo. Rio de Janeiro, Salvat Edit., 1979, p. 23 a 25.) Na primeira metade do século XIX, a expansão européia foi limitada. A Inglaterra manteve seu domínio sobre a Índia, a parte mais importante de seu império ultramarino remanescente da época moderna e ocupou as cidades do Cabo e de Natal no sul da África. A França iniciou, em 1830, um longo processo de colonização da Argélia (norte da África). A partir de 1870, o forte crescimento industrial, a intensa competição por mercados, a passagem do capitalismo à fase do capitalismo monopolista e a grave crise econômica de superprodução levaram os governos da Inglaterra, da França, da Alemanha, dos Estados Unidos e mais tarde do Japão a assumirem uma política expansionista em busca de novos mercados e áreas de investimentos, dando origem ao IMPERIALISMO. Essa política resultou na repartição quase completa da África na ocupação de vastos territórios da Ásia ou sua subordinação a influência européia. Em 1900, a

Grã-Bretanha havia incorporado a seu império 4 500 000 milhas quadradas; a França, 3 500 000; a Alemanha,1 000 000; a Bélgica, 900 000;- a Rússia, 500 000; a Itália, 185 000; e os Estados Unidos, 125 000 milhas quadradas. A burguesia européia, na busca crescente de lucros passou a financiar a exploração de minas, as monoculturas, a eletrificação de cidades e a construção de portos, pontes, canais e ferrovias, a fim de favorecer o setor exportador de cada região sob sua influência. Assim, a dominação econômica de caráter mais geral trazida pelo Imperialismo, acrescentou-se a dominação política, quase sempre estabelecida através da conquista militar, caracterizando uma nova forma de Colonialismo. Para a burguesia, o Estado que até então existia para preservar a propriedade e a segurança de seus cidadãos, deveria agora apoiar a política imperialista, garantindo o capital investido fora da Europa. "Nesse momento, ela (a burguesia) abandona a postura liberal, ou seja, de não intervenção do Estado em questões econômicas, para preservar sua taxa de lucro, deixando também de ser pacifista e humanista". (Arendt, Hannah. 0 Sistema Totalitário. Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1978, p. 201.) A posse de colônias significava ter o "status" de potência e não possuí-las era reconhecer uma situação de inferioridade em relação aos demais países industrializados. Nesse sentido, o Imperialismo esteve também ligado ao desenvolvimento do nacionalismo e converteu-se numa política nacional seguida pelos Estados europeus, financiados por fundos públicos e apoiada pela criação de aparelhos administrativos nas regiões ocupadas. AS JUSTIFICATIVAS EUROPÉIAS PARA 0 IMPERIALISMO Os políticos, os homens de negócio e os governantes europeus encaravam o Imperialismo como um fator necessário à prosperidade econômica e como uma forma de diminuir os graves problemas sociais de seus países. 0 discurso de Cécil Rhodes, imperialista inglês, milionário e 12 ministro da Colônia do Cabo na África do Sul, proferido em 1895, mostra claramente as raízes socioeconômicas do Imperialismo: "Ontem estive no East-End (bairro operário de Londres) e assisti a uma assembléia de desempregados. Ao ouvir ali discursos exaltados, cuja nota dominante era: pão! pão!, e ao refletir, de regresso a casa, sobre o que tinha ouvido, convenci-me, mais do que nunca, da importância do imperialismo... A idéia que acalento representa a solução do problema social: para salvar os 40 milhões de habitantes do Reino Unido de uma mortífera guerra civil, nós, os políticos coloniais, devemos apoderar-nos de novos territórios; para eles enviaremos o excedente de população e neles encontraremos novos mercados para os produtos das nossas fábricas e das nossas minas. 0 império, sempre o tenho dito, é uma questão de estômago. Se quereis evitar a guerra civil, deveis tornar-vos

imperialistas." (CATANI, Afrânio Mendes. 0 que é Imperialismo. São Paulo, Editora Brasiliense, 1982, p. 36.) Entretanto, a fim de justificar a violência, e as atrocidades que estavam sendo cometidas no processo de conquista e ocupação das colônias, os europeus introduziram critérios étnicos que estabeleciam distinções entre os dominadores (brancos) e os dominados (de outra cor), estando al implícita a idéia de "superioridade" da civilização e da raça européias. 0 colonialismo passou a ser visto como uma tarefa árdua que beneficiava muito mais o colonizado do que o colonizador. Caracterizava-se como uma missão e um "dever moral" do europeu, a fim de acabar com as doenças tropicais, com o canibalismo, o escravismo e o paganismo e de levar a higiene, a instrução, o cristianismo, a ciência, enfim o progresso, aos povos atrasados. 0 nativo africano ou asiático era visto pelo colonizador como uma mão-de-obra disponível e barata para trabalhar em suas fazendas. Os europeus fossem eles soldados, funcionários públicos ou agricultores, consideravam-se superiores aos habitantes das colônias, aos quais davam ordens. Nas colônias, eles se sentiam verdadeiros cidadãos de seus países e assumiam uma importância que não possuíam em sua pátria. Segundo o historiador Hobsbawn, "em Dakar ou Mombaça, o mais modesto funcionário era um amo e era aceito como um gentleman por pessoas que não teriam notado sua existência em Paris ou Londres; o operário branco era um comandante de negros." (A Era dos Impérios. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988, p. 107.) 0 poeta inglês Rudyard Kipling, nascido na Índia, ao referir se a presença a européia no mundo, falava do "fardo do homem branco", para quem a superioridade criava obrigações: "Toma o fardo do Homem Branco, as guerras selvagens da paz. Enche o estômago da fome e faz com que cesse a doença. E quando estiver mais próximo nessa busca em favor de outrem, vê como a indolência e a loucura pagã arruinam tuas esperanças". Assim, do ponto de vista do europeu, a obra civilizadora legitimava a dominação política e econômica, embora as populações submetidas não fossem consultadas sobre seus próprios interesses nessa troca. O termo imperialismo popularizou-se como sinônimo de política externa americana, pelo uso que dele fizeram os partidos nacionalistas e os teóricos de esquerda do mundo inteiro. Especialmente depois da segunda guerra mundial, o

antiimperialismo foi reivindicado como ponto programático de todas as organizações políticas progressistas dos países dependentes. Imperialismo é a política de dominação econômica de uma nação sobre outras, acompanhada ou não de ocupação territorial, com maior ou menor ingerência nos assuntos de estado das nações dominadas e com uso eventual de força militar para garantir a hegemonia. Usado a partir do final do século XIX, o termo imperialismo define, na atualidade, as relações econômicas dos países desenvolvidos com os países pobres e se confunde com "dependência" e "neocolonialismo". As duas grandes correntes do pensamento econômico contemporâneo, o liberalismo e o marxismo, abordam o fenômeno do imperialismo. Para a primeira, ele é uma opção das grandes potências industriais, que poderiam seguir outro caminho de desenvolvimento econômico. Para o pensamento marxista, o imperialismo é a etapa superior e inevitável do capitalismo, condição de sobrevivência do sistema. Liberalismo e imperialismo. O primeiro estudo sistemático do imperialismo surgiu em 1902 com Imperialism, do autor inglês John Hobson, para quem o fenômeno se devia à acumulação de capital excedente que devia ser exportado. Seriam motivações importantes do expansionismo a busca de novas fontes de matériasprimas e de mercados. A originalidade da obra de Hobson consiste em atribuir ao imperialismo raízes econômicas, o que forneceu as bases para a interpretação marxista. Para o economista Joseph Schumpeter, que em sua obra mais conhecida, Capitalism, Socialism and Democracy (1942), conclui que o capitalismo acabará por esgotar-se e dar lugar a alguma forma de controle centralizado da economia, a política imperialista não tem relação com a natureza do capitalismo, que é pacifista em essência. O expansionismo se deve a um impulso atávico de luta, remanescente em estruturas e camadas sociais pré-capitalistas, que dependem para sua sobrevivência de guerras e conquistas. Teoria marxista-leninista do imperialismo. As décadas de 1870 e 1890 assistiram a um retrocesso da economia de livre mercado e a um retorno da intervenção estatal na economia. A contrapartida internacional desse fenômeno ocorrido localmente foi o imperialismo. Os países mais poderosos da Europa, depois de quase um século de indiferença em relação a suas colônias de ultramar, em cerca de vinte anos repartiram entre si praticamente todo o mundo ainda não colonizado. Para os teóricos marxistas, a necessidade de exportação de capital excedente não justifica o expansionismo imperialista, como pretende o pensamento liberal, pois apenas o Reino Unido e a França investiam fora de suas fronteiras e preferiam para isso outros países

europeus, como a Rússia, ou o hemisfério ocidental, ao invés de suas próprias colônias. No final do século XIX estavam consolidadas as grandes potências internacionais, nas quais a força econômica preponderante era o capital financeiro, proveniente da aliança entre bancos e indústria. Transcorrida a primeira década do século XX, o mundo inteiro estava sob o controle direto ou indireto de alguma das grandes potências européias: Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica e outras. Com grande quantidade de capital excedente, os grupos econômicos passaram a investir em colônias e semi-colônias, e a suposição de que essa iniciativa geraria grandes lucros provocou a aceleração da corrida pela liderança entre os mais poderosos. Por volta de 1914, insatisfeitas com a maneira como o mundo estava dividido, coalizões rivais de países imperialistas desencadearam a primeira guerra mundial, com o fim de promover uma redivisão do mundo. V. I. Lenin, na clássica obra sobre o tema intitulada Imperializm, kak vixaia stadia kapitalisma (1917; Imperialismo, etapa superior do capitalismo), explica a primeira guerra mundial como conseqüência do caráter expansionista do capitalismo monopolista. Do ponto de vista teórico, Lenin encara o imperialismo como a culminação necessária do capitalismo. Essa nova fase do sistema envolve mudanças sociais e políticas, mas sua essência é a substituição do capitalismo competitivo pelo capitalismo monopolista, estágio avançado do sistema em que o capital financeiro domina a vida econômica e política da sociedade. A concorrência prossegue, mas apenas entre um pequeno grupo de gigantescos conglomerados, capazes de controlar setores inteiros da economia nacional e internacional. O investimento estrangeiro desempenha papel fundamental na teoria leninista do imperialismo. Ele se materializa na instalação de empresas de um país em outro, ou na participação acionária em empresas já existentes. O capital estrangeiro pode também assumir a forma de empréstimos ou financiamentos. A exportação para a metrópole dos lucros produzidos nos países periféricos, no entanto, não constitui o único objetivo do investimento estrangeiro. Além das vantagens oferecidas pela força de trabalho mais barata e facilidades legais e tributárias, o país investidor procura também controlar fontes de recursos naturais e matérias-primas e abocanhar grandes fatias dos mercados periféricos, com o fim de estender o controle econômico e político para além de suas fronteiras.