ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA EZEQUIEL SILVA O SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS EM APOIO À GESTÃO DE RECURSOS DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS Rio de Janeiro 2012
EZEQUIEL SILVA O SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS EM APOIO À GESTÃO DE RECURSOS DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS Trabalho de Conclusão de Curso Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Cel R1 Carlos Alberto Gonçalves de Araújo. Rio de Janeiro 2012
Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG. Assinatura do autor Biblioteca General Cordeiro de Farias Silva, Ezequiel O Sistema de Informações Geográficas em apoio à gestão de recursos do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais/Ezequiel Silva.- Rio de Janeiro: ESG, 2012. 64 f.: il. Orientador: Cel R1 Carlos Alberto Gonçalves de Araújo. Trabalho de Conclusão de Curso Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2012. 1. Tecnologia. 2. Sistema de Informações Geográficas. 3. Gestão de Recursos. I.Título.
À minha esposa LUCIMAR, que durante meu período de ausência cuidou de nossos filhos com dedicação, equilíbrio, paciência e carinho, proporcionando-me tranquilidade para dedicação exclusiva ao curso. Aos meus filhos, PÂMELA e GABRIEL, pela compreensão dos momentos em que estive ausente. Aos meus pais, NAIR e MANUEL, que sempre me ensinaram o caminho do trabalho e da verdade. Aos valorosos SOLDADOS DO FOGO, pela sua abnegada missão de sempre salvar vidas e bens alheios.
AGRADECIMENTOS A DEUS, nosso caminho, verdade e vida... Aos amigos, Adelson, Ramalho, Tibúrcio e Jonas, pelo companheirismo vivenciado durante o curso. Ao Cel R1 Carlos Alberto Gonçalves de Araújo pela orientação segura, firme e, sobretudo incentivadora. Na pessoa do Exmº Sr. Contra-Almirante ALEXANDRE, aos nossos colegas do CAEPE/2012, Turma PROANTAR, responsáveis pelas vitórias alcançadas nesta caminhada. Ao Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra por nos possibilitarem melhor conhecermos o Brasil, e assim podermos contribuir para seu desenvolvimento, ampliando nosso sentimento de patriotismo. Ao Professor Jorge Xavier da Silva, chefe do Laboratório de Geoprocessamento (LAGEOP) da UFRJ, responsável pelo desenvolvimento do programa utilizado nesta pesquisa, e que sem o qual não haveria a mínima condição de se obterem os resultados apresentados. A todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram com palavras e/ou ações, para a consecução deste trabalho. Ao Corpo de Bombeiro Militar do Estado de Minas Gerais, na pessoa de seu Comandante-Geral, o Exmº Sr. Cel BM Silvio Antônio de Oliveira Melo, pela confiança e oportunidade. Muito obrigado!
Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora a fazer um novo fim. (Chico Xavier)
RESUMO O presente estudo visa demonstrar como o Corpo de Bombeiros Militar estadual pode contribuir na busca do desenvolvimento de Minas Gerais, que tem como visão tornar-se o melhor estado para se viver, garantindo mais segurança às cidades. A pesquisa identifica a metodologia empregada pela corporação para distribuição de seus efetivos, viaturas e equipamentos, assim considerados estes parâmetros, o seu poder operacional, isto com vistas a atender às suas demandas operacionais. Ela busca também avaliar até que ponto um sistema de informações geográficas pode auxiliar na distribuição destes recursos, considerando que esta ferramenta possibilita diagnosticar a situação atual, modelar cenários, servir de sustentação para a apresentação de propostas, bem como otimizar o processo de tomada de decisão, tornando-o mais eficiente. Com vistas a embasar o trabalho, estabeleceu-se um referencial teórico que permitiu ao autor se aventurar, de forma segura, por novos caminhos, baseando-se na literatura existente a respeito. Sem pretensão de esgotar o assunto, este trabalho é o resultado de uma pesquisa que envolveu diversas fontes, dentre elas a bibliografia existente, artigos veiculados em revistas especializadas e trabalhos realizados por corporações da área de segurança pública de diversos Estados da Federação. As analises obtidas demonstram a necessidade de se empregar uma tecnologia adequada às características da corporação em estudo, como forma de buscar a eficiência na gestão dos recursos, contribuindo desta forma com o alcance do bem comum da população e o desenvolvimento do estado. Palavras-chave: Sistema de Informações Geográficas. Tomada de Decisão. Eficiência, Gestão de Recursos.
ABSTRACT The present study aims to demonstrate how the Military Fire Brigade of the State of Minas Gerais can help in the pursuit of development of Minas Gerais, which has the vision to become the best state to live in, ensuring greater security to cities. The research identifies the methodology used by the corporation for distribution of its personnel, vehicles and equipment, and considered these parameters, its operational power, that in order to meet your operational demands. It also seeks to assess to what extent a geographic information system can assist in the distribution of these resources, whereas this tool allows to diagnose the current situation, modeling scenarios, serve as support for the proposals, as well as optimize the process of decision-making, making it more efficient. In order to ground the work, we established a theoretical framework that allowed the author to venture in a safe into new approaches, based on the existing literature on the subject. No claim to exhaust the subject, this work is the result of a search that involved several sources, among them the existing bibliography, articles published in journals and works done by corporations in the area of public safety from various States of the Federation. The analysis obtained demonstrate the need to employ a technology suited to the characteristics of the corporation under study as a way of seeking efficiency in resource management, thus contributing to the achievement of the common good of the people and development of the state. Keywords: Geographic Information System. Decision Making. Efficiency, Resource Management.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 Delimitação das jurisdições e localização das sedes das unidades operacionais em estudo... 52. FIGURA 2 Localização das unidades operacionais em estudo e suas áreas de influência... 52. FIGURA 3 Mapa conclusivo do equilíbrio das massas nas unidades em estudo... 54
LISTA DE TABELAS TABELA 1 Quantidade de registros efetuados pelo CBMMG, entre 2007 e 2011... 19. TABELA 2 Dados de atendimentos e de efetivos das unidades em estudo... 50. TABELA 3 Categorização de equipamentos e viaturas... 51. TABELA 4 Dados de viaturas das unidades em estudo... 51. TABELA 5 Valores resultantes da interação efetivos/viaturas/equipamentos e atendimentos por unidades... 51
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 11 2 O ESTADO DE MINAS GERAIS E SEU CORPO DE BOMBEIROS MILITAR... 14 2.1 O ESTADO E O PLANO MINEIRO DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO (PMDI)... 14 2.2 O CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS... 16 2.3 O PLANO ESTRATÉGICO DO CBMMG... 20 3 A TECNOLOGIA E O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO... 25 3.1 O PROCESSO DECISÓRIO... 25 3.1.1 A essência do processo decisório... 25 3.1.2 O valor da informação e do processo de comunicação na tomada de decisão... 29 3.2 A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA NUM AMBIENTE DE MUDANÇAS... 32 3.3 O SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG): A TECNOLOGIA EM APOIO AO PROCESSO DECISÓRIO... 35 4 A TECNOLOGIA NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA... 39 4.1 A TECNOLOGIA APLICADA... 39 4.1.1 O emprego racional da água em incêndios no Rio de Janeiro... 39 4.1.2 Distribuição de unidades policiais no Rio Grande do Norte... 42 4.1.3 O controle e combate de queimadas no Estado do Acre... 43 5 O EMPREGO DA TECNOLOGIA NAS AÇÕES DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS COMO FORMA DE CONTRIBUIR PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO... 45 5.1 A TECNOLOGIA EM APOIO ÀS AÇÕES DO CBMMG... 46 6 CONCLUSÃO... 57 REFERÊNCIAS... 61
11 1 INTRODUÇÃO Na atualidade, temos percebido mudanças em antigas estruturas econômicas, sociais, políticas e gerenciais, e que deitam seus reflexos, principalmente, sobre a forma de identificar, planejar e equacionar as intrincadas questões do dia a dia, tanto do ponto de vista individual, quanto do ponto de vista coletivo, quer seja em âmbito local, regional, nacional ou internacional. Isso tem exigido da sociedade organizada e do Estado, em todos os níveis governamentais, a inovação de posturas, a adoção de métodos administrativos mais eficientes e a adequação de respostas que sejam mais rápidas e consentâneas com o espírito de modernidade, tendo como escopo, o bem comum, calcado nos valores da liberdade, da igualdade, da fraternidade e da justiça social. Baseado nessa concepção, o desafio desta pesquisa reside em contribuir com o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais (CBMMG), na identificação de melhores práticas para gerenciar com eficiência e eficácia seus recursos humanos e logísticos, objetivando um atendimento com qualidade e rapidez à população mineira, observada a política estadual de defesa social que tem como foco cidades cada vez mais seguras. Sabe-se que o processo decisório, quer seja no mundo empresarial, quer seja na esfera da administração pública, reveste-se de singular importância, pois os destinos de inúmeras pessoas são alterados, de uma forma ou de outra, dependendo da amplitude e da complexidade das decisões que são tomadas. Ao administrador que irá pautar sua decisão na escolha de uma alternativa entre várias selecionadas, não poderá fazê-la unicamente com base em suas intuições e suas impressões pessoais, principalmente pelo fato de que os problemas que se lhes são apresentados, encontram-se circundados por inúmeras circunstâncias desfavoráveis e imprevisíveis, dentre estas, citam-se as incertezas que não se afloram com os problemas e o reduzido espaço de tempo para se decidir. Para tanto se deve identificar dentre as ferramentas disponíveis ao seu alcance, aquela que aliada à sua experiência e intuição possa proporcionar o auxílio necessário na identificação de alternativas adequadas à condução do seu processo decisório.
12 Do exposto, questiona-se de que forma o sistema de informações geográficas (SIG) pode auxiliar no processo decisório de distribuição do poder operacional das unidades operacionais do CBMMG, lotadas no município de Belo Horizonte/MG? Este questionamento se reveste de vital importância, pois com relativa frequência, depara-se com diversos veículos da mídia noticiando fatos em que há uma suposta demora na chegada dos bombeiros aos locais de ocorrência. Sabe-se que muito mais do que dar satisfação à mídia, cumpre aos órgãos públicos, e mais especificamente aqueles destinados à segurança pública, desempenharem suas atribuições com competência e com respeito à população. Entretanto, nem sempre as condições que cercam estes atendimentos são as mais favoráveis, desde a localização do aquartelamento bombeiro militar, até as vias urbanas utilizadas para o deslocamento, todos estes ingredientes podem influenciar no tempo de resposta ao atendimento. A hipótese básica da pesquisa é que os recursos humanos e logísticos das unidades operacionais em estudo podem ser distribuídos adequadamente à demanda operacional de suas áreas de responsabilidade, com o auxílio do sistema de informações geográficas. Como hipótese secundária, tem-se que a melhoria na qualidade das informações, com o auxílio de ferramentas tecnológicas, aperfeiçoará o processo decisório de distribuição do poder operacional do CBMMG. Para a hipótese básica, a variável independente é o sistema de informações geográficas, e como variáveis dependentes, a prestação de serviços e a distribuição dos recursos humanos e logísticos. O objetivo geral deste trabalho delimita-se em verificar quais as reais possibilidades que um sistema de informações geográficas dispõe que auxilie na otimização da distribuição do poder operacional das unidades do CBMMG. Com vistas a atingir o objetivo geral definido e para seu melhor detalhamento, foram estabelecidos dois objetivos específicos, quais sejam, descrever a atual metodologia empregada pela corporação para a distribuição de seus recursos, humanos e logísticos, e propor uma metodologia científica para auxiliar no processo decisório de distribuição desse poder operacional. Acredita-se que existam ferramentas tecnológicas utilizadas em apoio aos processos decisórios da atualidade, com características e de condições
13 elementares, que possam subsidiar a busca de solução para o problema identificado. Neste contexto, vislumbra-se que através do sistema de informações geográficas, com o emprego do geoprocessamento, tenha-se uma alternativa de gestão disponível para que o CBMMG melhore sua prestação de serviços, com os recursos de que dispõe. Para atingir os objetivos propostos, e como metodologia de pesquisa, foi realizado um levantamento na literatura existente. Este trabalho está organizado em seis capítulos. O primeiro Capítulo, que se refere a esta Introdução, apresenta o problema central, os objetivos, a metodologia da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do trabalho. O Capítulo 2 apresenta o Estado de Minas Gerais e o seu Corpo de Bombeiros Militar, como forma de contextualizar o ambiente alvo da pesquisa. No Capítulo 3, conceitos que envolvem o processo de tomada de decisão, aspectos relacionados com tecnologia e a correlação entre estes dois preceitos, são aqui tratados. O Capítulo 4 descreve alguns estudos de caso, abrangendo o emprego da tecnologia na gestão da segurança pública. No Capítulo 5 discute-se como a tecnologia pode auxiliar o CBMMG a contribuir com o desenvolvimento de Minas Gerais. Este capítulo também se presta a descrever a aplicação do sistema de informações geográficas, como uma proposta no auxílio da distribuição dos efetivos, viaturas e equipamentos da corporação, identificando-se as potencialidades desta ferramenta tecnológica. A partir do conhecimento reunido nos cinco primeiros capítulos, no Capítulo 6 é relatada a conclusão, que retrata a contribuição da tecnologia no processo decisório de distribuição do poder operacional das unidades operacionais do CBMMG.
14 2 O ESTADO DE MINAS GERAIS E SEU CORPO DE BOMBEIROS MILITAR Antecedendo as discussões que permeiam o presente trabalho, torna-se necessária uma breve explanação dos aspectos que envolvem as principais características de Minas Gerais e seu plano de desenvolvimento, bem como uma breve apresentação da situação atual do seu Corpo de Bombeiros Militar, como forma de contextualizar o campo exploratório da pesquisa. 2.1 O ESTADO E O PLANO MINEIRO DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO (PMDI) Minas Gerais, em 2010, apresentava uma população estimada de 19.597.330 habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), distribuída entre os seus 853 municípios, possuindo uma extensão territorial de 586.520,368 Km², lhe conferindo uma densidade demográfica de 33,41 hab/km². Possui a maior malha rodoviária do Brasil, equivalente a 16% de toda a malha viária existente no país. No estado existem 269.546 km de rodovias. Deste total, 7.689 km são de rodovias federais, 23.663 km de rodovias estaduais e 238.191 km de rodovias municipais. No período de 2005 a 2009, o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais passou de R$ 192 milhões para R$ 287 milhões. Em relação ao PIB nacional, em 2009, o estado participou com 8,9% do total brasileiro naquele ano. Conforme se depara destas informações elementares, verifica-se que o estado apresenta infraestrutura relevante, compatível com suas dimensões territoriais, o que lhe garante uma significativa postura geopolítica em relação às demais unidades da Federação. Estas mesmas dimensões possibilitam uma vastidão de estudos geográficos, pois apresentam inúmeros fenômenos espaciais e temporais, que podem muito bem servir de insumos para o emprego de ferramentas tecnológicas.
15 O plano de desenvolvimento do estado tem como referência os ditames da Constituição Federal de 1988, conforme previsto no 1º do art. 165, ao definir que cabe ao Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas para consecução das políticas públicas. Operacionalizando esse intento, a Constituição do Estado de Minas Gerais define no parágrafo único do art. 154, que o plano plurianual deverá ser elaborado em consonância com o Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI), com respaldo no art. 231 que assim prevê: O Estado, para fomentar o desenvolvimento econômico, observados os princípios da Constituição da República e os desta Constituição, estabelecerá e executará o Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado, que será proposto pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e aprovado em lei. Nesse sentido, o PMDI é o instrumento de planejamento de longo prazo da Administração Pública Estadual, responsável por balizar a elaboração dos outros instrumentos de planejamento. A principal função do PMDI está na definição da visão de futuro e das diretrizes ou objetivos estratégicos do governo, estabelecendo, portanto, a estrutura superior do PPAG a balizar a construção de todos os programas e ações do plano. Desde 2003, o PMDI apresenta como visão de futuro TORNAR MINAS O MELHOR ESTADO PARA SE VIVER. Essa visão é o ponto de partida para a construção da estratégia de desenvolvimento e que incorpora quatro atributos fundamentais, quais sejam: prosperidade, qualidade de vida, sustentabilidade e cidadania. No PMDI, foram identificados dez desafios a serem superados pela sociedade mineira, visando atingir essa visão de futuro. Estes desafios representam focos prioritários, de alta relevância e de elevado potencial de impacto, no desenvolvimento de Minas Gerais, sendo eles: a) reduzir a pobreza e as desigualdades; b) aumentar a empregabilidade e as possibilidades de realização profissional; c) garantir o direito de morar dignamente e viver bem; d) desenvolver e diversificar a economia mineira e estimular a inovação; e) viver mais e com saúde; f) transformar a sociedade pela educação e cultura; g) aumentar a segurança e a sensação de segurança;
16 h) promover e garantir a utilização sustentável dos recursos ambientais; i) ampliar e modernizar a infraestrutura e os serviços públicos; e j) assegurar os direitos fundamentais e fomentar a participação cidadã. Os desafios traçados no PMDI se justificam diante das características apresentadas pelo estado. Logo a seguir, tem-se a apresentação do Corpo de Bombeiro Militar do estado, sua missão, sua estrutura, bem como seus objetivos estratégicos, definidos em seu Plano Estratégico. 2.2 O CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS A história dos serviços de bombeiros teve origem com os hebreus e os gregos, quando criaram os primeiros Vigias Noturnos, cuja missão era efetuar rondas e dar alarmes em caso de fogo, além de combatê-lo. Na antiga Roma este serviço foi conservado e aprimorado, com relatos históricos de que o primeiro corpo de bombeiros organizado funcionou durante o primeiro século antes de Cristo. No Brasil, os portugueses apresentaram a arte de apagar incêndios à sua colônia, que traziam em suas embarcações os marinheiros denominados Vigias do Fogo. Somente em 2 de julho de 1856, foi que D. Pedro II assinou o Decreto Imperial nº 1.775, que instituiu pela primeira vez o Serviço de Extinção de Incêndio (FERREIRA, 2011). O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais tem suas origens nos tempos da construção da capital, conforme a "História Média de Belo Horizonte" do historiador Abílio Barreto, edição de 1936 (MINAS GERAIS. Histórico, 2000). Pela Lei nº 557, de 31 de agosto de 1911, assinada pelo então Presidente Júlio Bueno Brandão, foi autorizado ao Executivo dispensar a quantia de 20 contos de réis para organizar a Seção de Bombeiros Profissionais, aproveitando o pessoal da Guarda Civil. Em 08 de maio de 1912, Américo Ferreira Lopes, Chefe da Polícia do estado, para cumprimento da Lei nº 557, determinou o seguimento na mesma data de uma turma de guardas-civis para o Rio de Janeiro, a fim de estagiar naquele corpo de bombeiros.
17 O primeiro comandante dos bombeiros foi designado em 1912 sendo o Capitão Antônio Augusto de Oliveira Jardim que comandou no período de 30 de agosto de 1912 a 15 de maio de 1915 e ficou encarregado de organizar a citada companhia anexada ao Primeiro Batalhão da Força Pública, do qual foi separada novamente em 1º de outubro de 1914, sendo anexada em 18 de maio de 1915 como Seção de Bombeiros à Primeira Companhia do Primeiro Batalhão da Força Pública. Naquele ano ainda, o estado contratou um oficial de bombeiros do Distrito Federal para instruir e orientar tecnicamente a Seção de Bombeiros, tratando-se do Alferes João de Azevedo Teixeira. As diversas atividades executadas pelos Corpos de Bombeiros Militares, órgãos estaduais destinados à proteção da vida, tem respaldo na Carta Magna, além de outros documentos legais doutrinários. A Constituição Federal de 1988 inseriu os Corpos de Bombeiros Militares no contexto da segurança pública, trazendo a matéria no Título V, denominado Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas, mais especificamente no Capítulo III, denominado Da Segurança Pública. O artigo 144 da Constituição Federal tem a seguinte redação: CAPÍTULO III DA SEGURANÇA PÚBLICA Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: (...) V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. Nos parágrafos 5 e 6, ainda do mesmo artigo, pode-se ler que: 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. Em Minas Gerais, o Corpo de Bombeiros Militar tem a definição legal de suas missões na Constituição Estadual, que assim prescreve: DA SEGURANÇA PÚBLICA Art.142 (...) II ao Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação e a execução de ações de defesa civil, a prevenção e combate a incêndio, perícias de incêndio, busca e salvamento e estabelecimento de normas relativas à segurança das pessoas e de seus bens contra incêndio ou qualquer tipo de catástrofe; As atribuições previstas no artigo 142 da Constituição do Estado foram inseridas pela Emenda à Constituição nº 39, de 02 de Junho de 1999, quando da
18 desvinculação do Corpo de Bombeiros Militar da Polícia Militar, atribuindo à corporação a competência de coordenar e executar ações de defesa civil, perícias de incêndio e estabelecimento de normas relativas à segurança contra incêndios ou qualquer tipo de catástrofe, além de executar as demais atividades de prevenção e combate a incêndios e busca e salvamento. O CBMMG é órgão integrante do sistema de administração geral do estado, nos termos da Lei Complementar nº 54, de 13 de dezembro de 1999, com autonomia orçamentária e financeira. A partir de 2003, com a edição da Lei Delegada nº 49, de 2 de janeiro de 2003, que criou a Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS), e consequente extinção da Secretaria de Estado de Segurança Pública, a corporação contribui com a referida secretaria no cumprimento de suas competências legais, no âmbito da coordenação das políticas públicas de segurança pública. O Corpo de Bombeiros Militar, em sua estrutura, além do Comando-Geral (CG) e Estado-Maior (EMBM), em nível estratégico, possui administrativamente, sete diretorias, uma auditoria setorial, uma corregedoria e duas assessorias: a) Diretoria de Recursos Humanos (DRH); b) Diretoria de Apoio Logístico (DAL); c) Diretoria de Contabilidade e Finanças (DCF); d) Diretoria de Atividades Técnicas (DAT); e) Diretoria de Assuntos Institucionais (DAI); f) Diretoria de Ensino (DE); g) Diretoria de Tecnologia e Sistemas (DTS); h) Auditoria Setorial (AUD); i) Corregedoria do Corpo de Bombeiros Militar (CCBM); j) Assessoria de Assistência à Saúde (AAS); k) Assessoria de Gestão Estratégica e Inovação (AGEI). Em nível de execução administrativa, conta atualmente com quatro unidades: a) Academia de Bombeiro Militar (ABM); b) Centro de Suprimento e Manutenção (CSM); c) Ajudância-Geral (Aj. Geral); d) Centro de Atividades Técnicas (CAT).
19 Operacionalmente, possui um Comando Operacional de Bombeiros (COB), o qual é responsável por onze Batalhões de Bombeiros Militar (1, 2, 3 e o Batalhão de Operações Aéreas - BOAer -, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o 4 em Juiz de Fora, o 5 em Uberlândia, o 6 em Governador Valadares, o 7 em Montes Claros, o 8 em Uberaba, o 9 em Varginha e o 10 em Divinópolis) e um Centro Integrado de Atendimento e Despacho (CIAD). Ao todo, há frações de bombeiros em 52 (cinquenta e dois) municípios mineiros. Até maio de 2012, conforme dados do Estado-Maior do CBMMG, a corporação contava com 836 (oitocentas e trinta e seis) viaturas, entre veículos operacionais, leves, pesados e administrativos. O efetivo existente em junho de 2012 era de 5.556 (cinco mil, quinhentos e cinquenta e seis) militares, para um previsto de 7.999 (sete mil, novecentos e noventa e nove), conforme a Lei n 19.987, de 28 de dezembro de 2011. No ano de 2010, o CBMMG atendeu 294.299 (duzentas e noventa e quatro mil, duzentas e noventa e nove) ocorrências, sendo que 45,10% (quarenta e cinco virgula dez por cento) destas foram referentes a salvamentos e atendimentos préhospitalares (APH). Já em 2011, este número chegou a 335.885 (trezentos e trinta e cinco mil, oitocentos e oitenta e cinco), com 45,45% (quarenta e cinco virgula quarenta e cinco por cento) das ocorrências inerentes a salvamentos e APH. Os atendimentos de prevenção e combate a incêndio, em 2010 e 2011, representaram em média, 28,98% (vinte e oito vírgula noventa e oito por cento) do total das ocorrências atendidas. Tabela 1: Quantidade de registros efetuados pelo CBMMG, no período de 2007 a 2011. ANO PREV SALV APH INC OUT TOTAL 2.011 69.773 83.303 69.369 21.279 92.161 335.885 2.010 73.626 52.293 80.450 17.249 70.681 294.299 2.009 76.372 58.129 76.372 12.425 66.469 289.767 2.008 73.559 57.396 73.559 12.270 64.548 281.332 2.007 87.527 48.038 102.952 16.919 33.477 288.913 Fonte: CBMMG (EMBM). Constata-se que as ocorrências de salvamentos e atendimentos préhospitalares tem demandado maior esforço operacional por parte dos bombeiros militares em Minas Gerais. O que também pode ser explicado pela adoção de medidas preventivas nas diversas instalações prediais, resultado da evolução
20 tecnológica dos equipamentos, da cultura de segurança e das legislações de prevenção contra incêndios editadas em decorrência de fatos trágicos ocorridos no Brasil em décadas passadas, e porque não dizer, no próprio estado. 2.3 O PLANO ESTRATÉGICO DO CBMMG No final do ano de 2010 o CBMMG, por meio da Resolução nº 394, de 28 de dezembro de 2010, publicou o seu Plano Estratégico, abrangendo o período compreendido entre 2011 e 2020. Extrato das palavras do Comandante-Geral do CBMMG, no preâmbulo do Plano Estratégico, assim expressam: A cada combatente que ao se fardar para o serviço, carrega a responsabilidade de salvar outrem, mesmo que isso ponha em risco a própria vida, nos comprometemos a valorizá-los, pois não existe organização sem pessoas. Repactuamos os pilares hierarquia e disciplina e convocamos a todos para diuturnamente assegurarmos a sociedade mineira um atendimento rápido e com qualidade, observada a política estadual de defesa social tendo como foco cidades cada vez mais seguras. Percebe-se nitidamente que a primeira preocupação de seu dirigente máximo é com a valorização dos seus recursos humanos, mesmo porque para que haja comprometimento e envolvimento de todos com o cumprimento das atribuições institucionais, há que se iniciar pela valorização de seus integrantes, garantindo-lhes condições de trabalho e um ambiente favorável à motivação. Como segundo aspecto, identifica-se o compromisso institucional de oferecer à sociedade mineira uma prestação de serviço condizente, como foco de uma política estadual de defesa social, que também se subsumi com a missão da SEDS de promover a segurança da população mineira, proporcionando a melhoria da qualidade de vida das pessoas, consubstanciada na ampliação da segurança nas cidades mineiras. Estas máximas tem respaldo no esforço do estado, quando estabeleceu como foco central de sua política de desenvolvimento integrado, a visão de TORNAR MINAS O MELHOR ESTADO PARA SE VIVER. Vê-se claramente que
21 as ações pretendidas pela SEDS e pelo CBMMG reafirmam os anseios governamentais. Os resultados esperados com a implementação do Plano Estratégico, e que refletirão diretamente na segurança da população, são expressos pelos cinco aspectos que se seguem: a) proporcionar respostas mais eficientes às catástrofes; b) diminuir o tempo de resposta de atendimento; c) proporcionar o sentimento de proteção com ações de qualidade; d) proporcionar educação de segurança pública; e, e) fazer do CBMMG uma organização competente e eficiente na regulação de eventos e estruturas com potencial de risco. Tendo como referência a busca dos resultados acima dispostos, definiramse como ações o seguinte: a) capilarização planejada para estar presente em todas as cidades com mais de trinta mil habitantes; b) produção de conhecimento de proteção pública; c) disseminação de informações de proteção pública; d) regular atuação de brigadistas e voluntários; e) modernização de conceitos operacionais e de emprego de tecnologia; e, f) implantação da gestão estratégica no CBMMG. Dos conceitos extraídos do Plano Estratégico da corporação, e acima descritos, um ponto desperta atenção e perpassa pela discussão que se faz neste trabalho. Trata-se do item que diz respeito à diminuição do tempo de resposta de atendimento. Para melhor entender o que significa para a corporação a redução do tempo de resposta nos atendimentos das emergências e o que representa isto na prestação de seus serviços, serão discorridas algumas considerações a seguir. Como verificado no artigo 142 da Constituição Estadual, e de forma ampla, os atendimentos dos bombeiros militares, ante o acionamento do tridígito 193, dizem respeito às emergências relacionadas ao combate a incêndio, buscas e salvamentos e atendimentos pré-hospitalares (APH). Segundo Giglio-Jacquemot (apud ALBUQUERQUE, 2010, p. 34) entende-se como urgência algo que exige uma ação rápida e indispensável e emergência como